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segunda-feira, novembro 04, 2024

Nem nas catástrofes se esquece (ou esconde) a "partidarite"...


E triste perceber que nem em situações de catástrofe, com as pessoas a precisarem de toda a ajuda possível, com o máximo de urgência, os partidos políticos conseguem esquecer as diferenças e os interesses políticos existentes no seu seio.

Acredito que em Portugal (mesmo com muito menos meios...), era impossível acontecer o que se passou em Espanha, por não existirem as "regiões" (tão desejadas por vários caciques locais...), nem as "autonomias", que têm coisas positivas, e muitas outras negativas, como todos ficámos a perceber. 

Talvez a pior de todas seja a facilidade com que crescem os pequenos poderes, aqui e ali, alimentando uma "corte" interesseira, e sempre atenta, em volta de pequenos ditadores, capazes de comprarem sapatos de salto alto, para não andarem sempre em bicos de pés...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, setembro 19, 2024

Os "fora da lei", que são tão perigosos como os incendiários...


Vou falar pela última vez dos incêndios, pelo menos nos tempos mais próximos.

Incomoda-me bastante que se continue a falar das alterações climáticas, do abandono do interior ou da falta de ordenamento florestal, quando há culpados, gente com responsabilidade, que devia fazer cumprir a  lei, e não o faz.

Os incêndios só chegaram às povoações porque não foi feita a limpeza nos terrenos próximos, alguns dos quais nem sequer deviam existir, porque depois de 2017, foram aprovadas várias leis que delimitam as áreas de floresta ou matas, tanto junto às localidades como junto às estradas.

Infelizmente, o habitual facilitismo português faz com que não se cumpra a lei. A GNR fecha os olhos e não multa, nem obriga as pessoas a limparem os seus terrenos, os autarcas das Juntas de Freguesia, assobiam para o ar e fingem não perceber o risco em que colocam os habitantes de aldeias e vilas, que vivem no meio da natureza. 

Quando  surgem situações climáticas completamente anómalas, com temperatura a mais, humidade a menos e demasiado vento, o fogo transforma-se num verdadeiro pesadelo, quase sempre incontrolável. 

Mas isto não deve fazer com que se esqueçam os dramas humanos, que poderiam ter sido evitados. Para que tal acontecesse, bastava que se cumprisse a lei e se fizesse a prevenção tão necessária...

Embora pouca gente fale deles, estes "fora da lei", são tão perigosos como os incendiários.

(Fotografia de Luís Eme - Oeste)


quarta-feira, setembro 18, 2024

Portugal: o país onde a culpa normalmente "morre solteira"


Tenho lido e ouvido muitas críticas, que falam de "populismo" e de "demagogia", em relação ao discurso de ontem do primeiro-ministro.

Luís Montenegro disse que vão existir consequências sobre a catástrofe dos incêndios, que desta vão atrás dos culpados e dos muitos interesses instalados.

O "populismo" interessa-me pouco. Tenho medo é da "demagogia". Que o primeiro-ministro tenha dito todas estas coisas apenas para "inglês ver", e que amanhã ele e os outros governantes continuem a assobiar para o ar.

Quem está no terreno, sabe que mais de metade dos incêndios são provocados por "mão criminosa". Normalmente são ateados quase em simultâneo, e em zonas diferentes, onde há muito pouca probabilidade de surgirem devido a causas naturais.

E continua a existir muita incúria dos proprietários, que não limpam os seus terrenos, os seus pinhais e eucaliptais (inclusive o Estado...). Quando estes se localizam próximos de povoações ou de casas, têm de ser encarados como práticas criminosas, casos de policia. E nestes casos, também há responsabilidades públicas, tanto da parte das autoridades policiais como do poder local (Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais).

Os "comentadores" televisivos agarram-se muito às alterações climáticas, como se elas fossem as grandes causadoras destes dramas, que vão destruindo o país. 

Continuo a pensar que somos nós, os grandes culpados da maior parte das tragédias. Sobretudo quando se trata de povoações. É notório que não fizemos o suficiente para as proteger (as imagens televisivas são o grande exemplo, mostrando-nos terrenos e matas por limpar, rente a casas e a aldeias...). Como escrevi anteriormente, muitos destes culpados têm rosto e nome.

Espero que o primeiro-ministro, (tal como as ministras da Justiça e da Administração Interna nas suas áreas de actuação...), não se fique pelos discursos, enfrente este problema, com seriedade e sem medo. 

Não podemos continuar a fingir que não se passa nada, com a culpa a "morrer solteira".

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


sábado, março 09, 2024

Uma reflexão mais abrangente, sobre estes tempos estranhos...


O dia de ontem acabou por me fazer refletir sobre estes tempos estranhos em que vivemos, em que a liberdade individual há já algum tempo, que anda a ser alvo de vários ataques, com múltiplas tentativas para a "capturar" e transformar em liberdade colectiva, tornando-nos, aparentemente, mais fáceis de manobrar. É isso que se passa nos regimes totalitários (Rússia, China, Coreia, Irão, Turquia, etc), mas também noutros, como o Israel ou os EUA, que há muitos anos que finge ser o "país mais livre do mundo", mas que sempre gostou de condicionar a liberdade e o gosto dos outros.

Como é normal nestas coisas, não conseguimos escapar ilesos destes tempos, em que o mundo se tornou mais pequeno, e o materialismo tenta dar cabo de qualquer idealismo que se baseie numa sociedade mais igualitária, onde todos tenham os mesmos direitos, sejam homens, mulheres, brancos, pretos, heterossexuais, homossexuais, muçulmanos, cristãos, etc.

Há o regresso de um conservadorismo bacoco, próprio dos séculos anteriores ao número vinte, que se mete com tudo o que cheire a liberdade e originalidade. Volta a censurar livros, filmes, canções ou peças de teatro, da mesma forma que tenta manietar, e proibir, as opções sexuais de cada um de nós.

Isso explica-se com o aparecimento dos movimentos saudosistas da extrema-direita e com a legião de seguidores que vão angariando, inclusive no nosso país. Por descender de uma família de libertários, pensava que toda a gente gostava de viver em liberdade. Parece que estava enganado...

Voltando ao dia de ontem, é também por "estas coisas", que tarda a igualdade entre homens e mulheres.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, setembro 15, 2023

Este Portugal macabro que é escondido nos anexos da nossa sociedade moderna e europeia...


Não me ocorre outro nome para classificar este nosso País, onde ainda acontecem demasiados episódios macabros, como os relatados na última semana em vários canais televisivos (retirando a quase exclusividade deste género noticioso ao CMTV).

Cada vez tenho menos dúvidas de que existem demasiadas pessoas a exercer as profissões erradas. Basta pensar na assistência social que não foi prestada à família de Peniche (um pai com notórios problemas de saúde e sem o mínimo de condições para educar as suas duas filhas, uma delas ainda menor...). Foi preciso um assassínio para acordar a Localidade e o próprio País, de que estamos longe de ser o tal Portugal moderno e europeu.

E não é menos triste o que se passa nos nossos bairros sociais, como o que foi também relatado em várias reportagens televisivas, sobre as barreiras de tijolo que substituem as portas e as janelas das casas ocupadas ilegalmente, quando os seus habitantes são despejados, e por ali ficam anos e anos, sem que as casas sejam recuperadas e entregues a quem precisa (são 700 de Norte a Sul segundo as reportagens...).

Somos contra a ocupação ilegal de qualquer casa ou terreno, mas somos ainda mais contra este Estado, que finge que está tudo bem e em vez de recuperar as suas casas (para as entregar a quem realmente precisa e está inscrito nas listas de espera), faz o mais fácil: aponta o dedo aos privados que têm casas devolutas.

Curiosamente, nestes casos raramente se ouve alguém do PS ou do PSD, a dizer o que quer que seja. Eles sabem muito bem que são  os principais responsáveis por todos estes problemas sociais, que se agravam, ano após ano, e são ignorados pelo Poder Local e pelo Poder Central, que prefere "assobiar para o ar"...

(Fotografia de Luís Eme - Monte de Caparica)


sexta-feira, agosto 25, 2023

"Males que parecem não ter cura" (parecem...)


Nos últimos tempos evitamos falar dos incêndios na mesa do café, por estarmos todos de acordo. É um daqueles "males que parecem não ter cura", ano após ano.

Além de existirem mais interesses económicos no "negócio" de se apagarem fogos, que na sua prevenção (é por isso que quando viajamos por esse país fora, continuamos a ver bermas das estradas por limpar e eucaliptos e pinheiros plantados a poucos metros das vias, sem cumprir os tais mínimos exigidos...), há demasiados bandidos a provocar estas fogueiras gigantescas. Sim, mais de 70 por cento dos fogos no nosso país são de origem criminosa. Alguns podem ser acesos por "maluquinhos" que deliram com as chamas, mas outros, em lugares onde existem vários interesses à sua volta, são "encomendados".

E é isso que não compreendemos. Ouvimos falar da prisão de um ou outro incendiário, mas nunca se sabe se existe alguma investigação sobre as verdadeiras causas destes atentados feitos à nossa flora e fauna...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)



quarta-feira, fevereiro 08, 2023

"Milagres" no Meio dos Escombros...


O terramoto que ceifou milhares de vidas na Turquia e na Síria, deixa muitas questões no ar. 

Mas o mais curioso, é que, mesmo nas notícias televisivas que nos últimos anos têm apostado mais no "sangue" e na "morte" que na "vida" (não sei se por influência local, imagino que as primeiras imagens difundidas foram das televisões locais...), têm sido bem mais positivas do que estamos habituados. E ainda bem.

Até agora o maior destaque tem sido a vida humana, os quase "milagres" que têm acontecido, todos os dias, com o salvamento de dezenas de crianças (as imagens de um recém-nascido, que sobreviveu à própria mãe, deixam-nos sem palavras...), que têm sido o foco das notícias, deixando a esperança a pairar no meio dos escombros, muitas horas depois da terra tremer...

(Fotografia de Luís Eme - Arealva)


sexta-feira, setembro 16, 2022

A Violência e a Incerteza que nos Rodeia (cada vez mais)...


Embora exista hoje uma maior exploração de todo o género de criminalidade (até há um canal televisivo que trata todos estes casos como se fossem novelas...), também se sente, aqui e ali, que a nossa sociedade está mais violenta.

Não foi por isso de estranhar que um dos amigos com quem tomo café, quando conseguimos acertar os relógios, me dissesse a meio desta semana, sem ironia (depois do que fizeram à esposa e aos filhos de Sérgio Conceição rente ao Estádio do Dragão...), que o "coronavírus" não nos afectou apenas os aparelhos respiratório e cardiovascular, também nos afectou o "cérebro".

Por perceber que ele não estava a brincar, disse-lhe que a invasão da Rússia à Ucrânia, era capaz de nos estar a afectar mais o cérebro que a pandemia... 

E ainda podemos somar a estes dois acontecimentos trágicos, as alterações climáticas, que nos afectam  mais do que pensamos (e o "cérebro" não passa ao lado de todos estes dramas...).

Até porque, não tenho qualquer dúvida que devemos estar a viver um dos momentos de maior incerteza em relação ao futuro da humanidade.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, agosto 13, 2022

Um Livro é Muito mais que um Simples Objecto...


A primeira sensação que tenho, ao ter conhecimento da tentativa de assassinato a Salman Rushdie de ontem, em Nova Iorque ( durante um evento literário, por parte de um jovem extremista de origem islâmica), é que surge completamente fora de tempo.

Quase todos pensavam que a condenação à morte defendida pelo Ayatollah Khommeini, em 1989, depois da publicação dos Versículos Satânicos já estava ultrapassada (até porque o Governo Iraniano em 1998 anunciara publicamente que não defendia a sua morte...), acontece esta tragédia.

Depois de mais de uma década a viver escondido, praticamente "fora do mundo" e com identidade falsa, Salman Rushdie, a partir de 2003 começou a tentar levar uma vida o mais normal possível, mas sem descurar a sua segurança pessoal, até porque a "guerra" entre o Oriente e o Ocidente estava ao rubro no começo do milénio.

A sua passagem do Reino Unido para os Estados Unidos da América, não aconteceu por acaso. Rushdie queria se sentir mais livre, voltar a ser um escritor e a sentir a proximidade dos leitores. O que em parte conseguiu. Até ontem...

Um livro é muito mais que um objecto, mas está longe de ser uma "arma mortifera", mesmo que assuste todos aqueles que continuam a ter medo (é ódio) da palavra liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, agosto 12, 2022

É Apenas Meia-Verdade, a "Legalenga" de que Todos os anos se Repetem os Mesmos Erros nos Incêndios


Olho para este incêndio da Serra da Estrela, que andou, a saltar de montanha em montanha, de concelho em concelho, com espanto e também alguma incredulidade. 

Por conhecer alguma da área ardida, fico com a sensação que se poderia ter feito mais, muito mais, para se estancar aquela que viria a ser uma verdadeira tragédia no nosso património natural.

Embora perceba o "deixa arder", quando não estão em risco vidas humanas e habitações, penso que ainda se tem de melhorar bastante a forma como se luta contra os incêndios. Compreendo perfeitamente que os bombeiros tenham deixado de cometer actos quase suicidas, quando se deslocavam para locais, onde não estavam devidamente protegidos (perderam-se vidas e viaturas de forma estúpida...), mas não se pode perder a oportunidade de combater os incêndios, em áreas onde é possível lutar de igual para igual para com ele. Digo isto porque a Serra da Estrela está longe de ser apenas arvoredo. Houve áreas de vegetação (rica para a pastagem de animais e que lhes irão fazer bastante falta...), onde se poderia ter feito muito mais do que se fez. 

Também penso que devem continuar a existir problemas ao nível do comando (basta estar atento ao que se vai dizendo...) quando estão mais de mil homens no terreno, com gente a mais a mandar, e algumas vezes "mal". Era bom que os diferendos entre a Protecção Civil e o Comando dos Bombeiros, fossem sanados, de uma vez por todas, e que se falasse e lutasse a uma só voz.

É por isso que eu digo, que é meia-verdade, a "legalenga" de que todos os anos se repetem os mesmos erros, pelo menos no combate aos incêndios. 

Onde se continua a falhar de forma incompreensível, é na prevenção. 

As autarquias locais e as suas populações continuam a não cuidar do que é seu e de todos (passei por bermas da estrada em Julho e Agosto com vegetação acima da minha cintura...). Já deviam ter percebido a incúria de uns pode ser a desgraça de todos...

(Fotografia de Luís Eme - Vila Velha de Rodão)


sexta-feira, julho 15, 2022

Se Fossemos um País Normal...


Se fossemos um país normal, os presidentes de juntas de freguesia e de câmaras, seriam os últimos a querer falar para as televisões, porque muito do que não se fez nas suas terras - na prevenção contra os incêndios - é responsabilidade sua.

Mas como se percebe com facilidade, são os primeiros a falar. Não deixa de ser curioso, não vermos jornalistas a fazer perguntas incomodas sobre o que não se fez de limpeza rente às casas das suas freguesias, fechando os olhos às distâncias de segurança que devem existir.

Se fossemos um país normal, muitos dos repórteres que estão no terreno deviam fazer o que o presidente Marcelo fez (segundo o testemunho do próprio), aceitar as recomendações dos responsáveis que lhe disseram que a sua presença perto nas frentes de fogos, era mais prejudicial que benéfica...  

Normalmente só vejo as notícias da noite, por isso escapou-me o quase "relato de futebol" (que às vezes é transferido para as provas de atletismo dos Jogos Olímpicos) de ontem, do repórter Amílcar Matos da CNN, quase feliz por se estar quase a bater um recorde nacional. 

« "48º é o número que se quer atingir, hoje, aqui em Coruche. Se esse número [de graus] for batido temos recorde batido e Coruche faz a festa"... E uma legenda 'informa' a audiência que "Coruche pode bater hoje o recorde europeu"!»

O mais grave é que o jornalista deve achar que fez bem o seu papel. Tal como os presidentes de junta e de câmara...

Se fossemos um país normal, de vez em quanto fazíamos autocrítica, em vez de passarmos o tempo a "sacudir o capote" e a apontar o dedo na direcção dos outros.

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quarta-feira, julho 13, 2022

A Tragédia do Costume...


Tenho cada vez mais dificuldade em falar dos nossos incêndios.

Tanta incúria e tanta maldade...

Faz-me confusão continuar a ver casas a arder, cercadas de mato. Percebe-se que os seus donos não cumprem a lei. Não entendo porque razão são tão pouco cuidadosos com os seus próprios bens...

Mas quando em muitos casos são as próprias autarquias que não cumprem a lei... Sim, basta andarmos pelo país fora para vermos bermas por limpar e árvores por cortar.

Para os incendiários ainda tenho menos palavras. Deverão causar mais de 70% dos fogos, quase sempre impunemente...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


domingo, junho 26, 2022

Este Acordar Tarde Demais...


Este nosso hábito de "acordar tarde demais" para os problemas, faz sempre vítimas, muitas vezes de uma forma irremediável, como aconteceu em Setúbal, com uma menina de três anos, que foi abandonada por todos nós (mesmo sem sabermos...).

Se pensar que o "Estado" somos nós (é o que os governantes dizem...), fomos todos nós que permitimos o que aconteceu à pequenina Jéssica - que na sua tão curta existência, poucas vezes deve ter sentido o significado da palavra amor...

Se por um lado, há por aí demasiadas pessoas que não são dignas de ter filhos, por outro, há demasiados funcionários de serviços de apoio social, que são completamente incompetentes.

Sobra ainda outra pergunta, não menos importante: onde estiveram durante todo este tempo, os familiares, amigos e vizinhos, que deviam ser os primeiros a defender todas as "Jéssicas" deste mundo?

O que não aconteceu, mais um vez...

Além do espectáculo gratuito que é aproveitado pelas televisões, não valem de nada as "esperas" nos tribunais e os "gritos" nos velórios, no dia seguinte. 

Vêm sempre com o atraso fatal de dias, meses ou anos...

(Fotografia de Luís Eme - Peniche)


sábado, junho 18, 2022

Correr Atrás, à Frente ou ao lado da "Felicidade"...


Era para escrever sobre duas ou três coisas, mas a notícia que narrava a morte de um jovem actor norte-americano, Tyler Sanders, com apenas 18 anos, encontrado sem vida na sua casa, mudou tudo.

O meu primeiro pensamento foi que os jovens que costumam pôr termo à vida (sei que estou a especular, pode não ter sido o caso...), são aqueles que aparentemente têm tudo para serem felizes. Fazem o que gostam e ganham bom dinheiro. Claro que as coisas não são bem assim. Nunca são. Quem escolhe ser actor, está longe de ser uma pessoa feliz. É por isso que precisa tanto de viver outras vidas...

O mais curioso, foi o desaparecimento de Tyler acontecer quase em simultâneo com o do actor francês Jean-Louis Trintignant, com 91 anos, doente há já algum tempo.

Há pessoas como o Jean-Louis Trintignant que parecem estar a mais no mundo do espectáculo, por não usarem na lapela a "estrela de famoso" (podia estar a falar do meu amigo Xico...). Não sobem aos palcos por causa da fama, mas sim porque querem (e precisam) experimentar outras vidas, têm necessidade de começar de novo para voltarem a cometer os mesmos erros... 

Jean-Louis Trintignant nunca conseguiu fugir da "alma" que transportava dentro de si, foi sempre discreto, autêntico e nunca conseguiu esconder a timidez que se sentia na forma como olhava para o lado de fora do mundo. Nem mesmo depois dos 80, quando foi um dos protagonistas do filme "Amour" (2012), de Michael Hanke, ao lado de Emmanuele Riva...

Eu sei que cada vida é um drama, mas poucos viveram a tragédia pessoal de Jean-Louis, que perdeu duas filhas dos três  que teve. E a última de uma forma completamente bárbara (espancada até à morte pelo companheiro...).

E ficou por cá até ao fim, a correr atrás, à frente ou ao lado da "felicidade", essa coisa fugaz que de vez enquanto nos acena a dizer bom dia ou boa tarde...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, setembro 07, 2020

Particularidades do Nosso tão Mal Amado País...


Quando se diz mal sobre qualquer coisa do nosso país, interrogo-me sempre se nos outros países não se passará a mesma coisa. Em alguns casos, fico a pensar que sim, noutros nem por isso. Cada vez estou mais convencido que são coisas só nossas.

É o caso das várias dezenas de incêndios que têm início depois da meia-noite... e que só podem nascer a partir de mãos humanas, cobardes e criminosas...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)

segunda-feira, agosto 10, 2020

Tempos de Solidão...


Se tivesse de dar um título a esta fotografia seria, "Tempos de Solidão...".

Sei que é fácil encontrar por aí muitas esplanadas, cheias de gente... Mas também sei que há muito mais as pessoas, que passam a maior parte dos seus dias, fechadas em casa.

Pessoas que quase que só saem à rua para comprar os bens essenciais necessários para a sua sobrevivência... 

E nem vou falar da "solidão colectiva" (obrigatória...), das gentes que estão fechadas em lares, impossibilitadas de receber a visita das pessoas que mais amam...

(Fotografia de Luís Eme - Vila Franca de Xira)

domingo, agosto 02, 2020

A Liberdade neste Outro Agosto...


Este Agosto é diferente, tal como foram o Março, o Abril, o Maio, o Junho e o Julho.

Não quero, de todo, ser pessimista e dizer que a vida nunca mais será igual.  Até por pensar que essa é a vontade de uma mão cheia de governantes por esse mundo fora, que nos preferem ver quase "aprisionados", ou pelo menos, sem a liberdade de antes... 

É também por isso que temos de contrariar este ciclo exasperante, tão ao gosto desses governantes de um tempo, que podemos considerar quase maluco.

É possível viver com cuidado, sem descurar essa coisa única, que é a Liberdade...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

segunda-feira, julho 06, 2020

Lisboetas (e vizinhança...) quase "Proscritos"...


Embora exista uma explicação sociológica (tal como existiu para o Norte, no início da pandemia, onde se continuou a trabalhar, até mais tarde...), os jornalistas adoram "rótulos", da mesma forma que os comentadores adoram "disparar com os dedos"... E agora somos nós, que vivemos na Área Metropolitana de Lisboa os "maus da fita".

Se as pessoas que dão notícias não começarem a ter um comportamento normal, somos quase proibidos de nos deslocar, para Sul ou para Norte, ficando "proscritos", até que apareça no horizonte noticioso, algo de novo para explorar...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, junho 20, 2020

«Morre-se muito por amor...»


Não sou muito apreciador de frases curtas e enigmáticas. 

Embora nunca tenha experimentado, tenho a sensação de que não deveria ser bom em jogos como o "policiário", talvez por ser demasiado distraído.

Ela perguntou-me se estava tudo bem e depois quis saber se eu tinha visto as notícias. Disse que não. Raramente a televisão se liga à hora de almoço cá por casa, e rádio, quase que só a ouço no carro...

E depois disse-me: «Morre-se muito por amor...» Eu respondi-lhe com um lugar-comum deslavado, dizendo que para o ano ainda se morre mais...

Depois soube que o actor Pedro Lima tinha aparecido morto numa das praias de Cascais. Embora nunca tivéssemos falado, cruzei-me com ele duas ou três vezes, em Almada, quando ele participou numa das peças da companhia residente. Percebi que ele não era uma daquelas "vedetas"  que correm todos os corredores de supermercado, para verem se reparam nelas, preferia a descrição. Mas não posso, nem devo dizer mais nada... a não ser que era um bom actor (reparei nisso em duas ou três peças de teatro...).

Um dia destes ficarei a saber  o porquê da frase que misturou a morte com o amor, um clássico que é anterior ao "Romeu e Julieta" e pratica-se um pouco por todo o lado...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

terça-feira, junho 16, 2020

Quase que Estamos Proibidos de Chorar e de Sorrir...


A proibição dos festejos do Santo António, nos bairros lisboetas -  e um pouco por todo o país -, foram o primeiro grande sinal de que o regresso a uma vida normal, é uma grande incógnita.

E quando pensamos que todas as manifestações que eram animadas pela presença massiva de pessoas, estão proibidas, ou realizam-se com grandes limitações, experimentamos uma sensação estranha, é como se a vida ficasse quase parada.

Falo de casamentos, baptizados, aniversários, homenagens, procissões, mas também de festivais de música, de teatro, de cinema, além das festas populares (o exemplo do Santo António em Lisboa, diz tudo...), que alegravam os bairros e também as aldeias. E claro, dos jogos de futebol.

Mas até os funerais, que embora sejam manifestações com um sentido mais triste e introspectivo, não permitem que todos aqueles que se queriam despedir pela última vez de um amigo, o possam fazer...

Ou seja, quase que estamos proibidos de chorar e de sorrir...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)