Com um almoço da família à antiga, com múltiplas viagens pelo passado, com o regresso dos avós, do pai, e claro, de muitos lugares onde fomos felizes, em quase mil aventuras, tanto em Salir de Matos, como no Bairro da nossa meninice, ou em espaços especiais, como o Parque ou o nosso Mar...
Parque que nos levou a uma revisitação do Museu do nosso Malhoa, um lugar especial na nossa infância (pensava que era só eu que o recordava com um olhar ternurento, mas o meu irmão ao almoço, quando falámos que íamos passar por lá, também nos disse que era um sítio especial, desde sempre...).
E claro, aquele espaço não nos desilude, mesmo que a sua arte tenha pouco de moderna. Talvez até seja por causa dele que sou tão "conservador" nos meus gostos artísticos...
Depois fomos ver o Mar, aquele que tem uma cara séria e uma voz de trovão. Esse mesmo, o da Foz do Arelho. Antes ainda passámos pela Lagoa de Óbidos, que nos sorriu agradada com a visita.
E depois fomos pela estrada Atlântica, até Salir do Porto e depois São Martinho do Porto.
Contei que Salir era a praia da nossa infância. Íamos no "Comboio-Correio", quase sempre lotado de veraneantes, nesses longínquos anos sessenta. Claro que mal crescemos um palmo, tanto eu como o meu irmão e os amigos do bairro, elegemos a Foz do Arelho, como a "praia da nossa vida"...
Já em São Martinho do Porto fui contando à nossa "estreante" no Oeste, que esta praia além de ser a "banheira das duquesas", era o espaço de eleição dos "betinhos", tanto do Oeste como da Capital. Além deste pormenor, eles perceberam que aquele Mar era mais "sujo". Acrescentei que também era mais sonso, não tinha nada a ver com a Foz do Arelho...
E depois foi o regresso a casa.
Quando comecei a escrever estas notas de viagem, pensava que "somos, mas já não somos", destes lugares, mesmo que eles fiquem para sempre, dentro de nós...
(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)