Segundo a tradição - e também legislação - hoje não é dia para falar de partidos, eleições, governantes, etc. É por isso que vou escrever sobre algo de que gosto muito, mas que está povoado de zonas cinzentas, de gente que nunca gostou profundamente de desporto, particularmente de futebol. A única coisa que os motiva são as vitórias dos seus clubes, com a ajuda de árbitros, fiscais de linha ou juristas, demasiado coloridos.
Já disse várias vezes que gosto do Benfica. Penso que a única razão que encontro para "este gostar" é a "magia" da fotografia do José Águas, a sorrir, com a Taça dos Clubes Campeões Europeus, pendurada num quadro na sala da casa do vizinho de cima, no prédio onde vivi a minha meninice, no Bairro dos Arneiros, nas Caldas da Rainha. Até porque lá por casa era tudo "lagarto", a mãe, o pai e o mano.
Mas o que eu quero mesmo é falar de futebol, da actualidade, mas sem me afastar dos relvados. Falar apenas dos jogadores, dos treinadores e da bola. Neste caso particular, falar da "crise" do Benfica, do seu treinador e dos seus jogadores.
Como não tenho a memória curta, não esqueço que o Benfica que praticou melhor futebol nos últimos vinte anos, foi o de Jorge Jesus. Até ao momento Rui Vitória demonstrou ser um bom líder, sereno, competente, mas, talvez demasiado "frio" e "apagado". Pelo menos é essa a ideia que passa, para quem vê a sua equipa do Benfica a jogar, mais calculista que apaixonada por um futebol desgarrado e bonito.
Jorge Jesus só provou, que de facto é um grande treinador, na época seguinte a ter perdido "tudo" (podia ter sido Campeão Nacional, ganhar a Liga Europa e vencer a Taça de Portugal...). Conseguiu colocar os pés no chão e vencer os dois campeonatos seguintes, praticamente com os mesmos jogadores...
Rui Vitória para muitos tem hoje um "teste de fogo", na Madeira. Para mim, nem por isso. O seu verdadeiro teste é conseguir retirar da equipa "jogadores intocáveis", como é o caso de Luisão, que pode ser muito importante como líder no balneário, mas que já não tem capacidade física para ser titular de uma equipa com a grandeza do Benfica. E claro, conseguir que o "Benfica jogue à Benfica" (sempre a querer ganhar, em qualquer relvado...), o que ainda não aconteceu esta época.
Voltando ainda ao Luisão, muito mal vai o Benfica se não tem um jogador com qualidade suficiente para o substituir...
(Fotografia de autor desconhecido - mas eu gostava que fosse do grande Nuno Ferrari)