Todos os que a viveram falam de uma "jornada única".
E 50 anos depois desta Festa dos Trabalhadores, é bom recordá-la, por vários motivos, até porque os donos das grandes superfícies comerciais continuam a apostar em levar as pessoas para as suas lojas, retirando-as das ruas festivas, com a oferta de pechinchas, que podem ir das "batatas", passando pelos "sabonetes" e parando no "papel higiénico".
Mas há coisas mais importantes para falar. Provavelmente nunca existiu tanto trabalho precário como nos nossos dias. Sem esquecer a aproximação à "escravidão", se olharmos para as condições que são oferecidas aos estrangeiros que trabalham na agricultura, na pesca, na hotelaria e restauração (com os patrões a serem capazes de dizer que "os portugueses não querem trabalhar", por não aceitarem estas condições miseráveis...).
Mas como este governo (e o anterior...) preocupa-se mais em andar atrás das "empregadas domésticas" clandestinas, que em acabar com as condições de exploração e miséria em que se vive e trabalha em Portugal. Está tudo dito.
Do que ninguém terá dúvidas, é que é preciso continuar a lutar, até porque se há coisa que sabemos (ou pelo menos devíamos saber...), é que a direita nunca deu nada aos trabalhadores, se esquecermos as migalhas do costume.
Basta recordar que o tão falado "choque fiscal" do Montenegro vai beneficiar sobretudo as grandes empresas, ou seja quem mais tem lucrado nos últimos anos, primeiro com a pandemia depois com as guerras.
É por isso que é importante não esquecer que, desde Abril de 1974 que os lucros do trabalho nunca estiveram tão mal divididos.
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)