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sábado, setembro 07, 2024

«Então, está satisfeito com o novo treinador do Benfica?»


Penso que poucas mulheres, com mais de 90 anos, faziam a pergunta "sacramental" da semana: «Então, está satisfeito com o novo treinador do Benfica?»

Sei que ela fez esta pergunta depois dos canais de televisão terem dedicado demasiadas horas de emissão ao assunto (se há coisa que dá audiências é o Benfica, da televisão às bancadas dos estádios...).

Mas isso não diminui o seu interesse lúdico pelo futebol (na falta de outras diversões, habituou-se a ouvir os relatos de futebol, do seu Sporting e dos outros...). 

A solidão tem destas coisas...

Embora acredite que ela sempre tenha gostado deste desporto apaixonante, que consegue colocar 22 homens ou mulheres a correrem atrás da bola em simultâneo, onze contra onze, que querem meter a bola na baliza da equipa adversária... 

Só que na sua infância e adolescência, era praticamente proibido a uma jovem mulher praticar esta modalidade, mesmo que sentisse ter mais jeito que alguns rapazolas (sempre houve miúdas que no recreio das escolas demonstravam ter mais habilidade para o jogo "do chuto da bola" que muitos rapazes...).

Voltando à minha sogra, disse-lhe que só ficava satisfeito se o treinador ganhasse os próximos jogos...

Pois é, o futebol é o "mundo" onde é possível passar, em segundos, de besta em bestial e vice-versa...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


domingo, agosto 11, 2024

O homem que voltou a estar quase sozinho...


Parecia a quase todos que os maus tempos estavam ultrapassados.

Quem chegou parecia ser melhor do que os iam partir.

O rio da esperança voltou a correr em direcção ao mar.

Eu sei. Ele sabe. Todos sabem. Tudo muda muito depressa neste mundo. A diferença entre "besta" e "bestial" são apenas duas letras a mais que facilmente são colocadas de lado.

E logo no primeiro dia, que era a sério, as coisas tinham de correr da pior maneira possível. Não sei se fizeram uma "lista de culpados". Ou sei. Antes de a começarem, o primeiro da lista já era o Rui Costa.

Não vale a pena falar de azar, porque isso não existe no futebol, como dizia o meu pai. Há apenas bolas que entram e bolas que batem na trave ou no poste e vão para fora. As que vão para a "quinta", não contam...

E agora, o homem voltou a estar quase sozinho. Não está completamente só, porque o Rui não é um "rato de porão" (como por exemplo, o presidente do Braga)...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


sábado, janeiro 20, 2024

Sim, "somos todos diferentes e todos iguais"...


Por múltiplas razões (sim, nunca é uma só), depois de estar muito tempo sem organizar e montar uma exposição, fiz a primeira, do ano (e dos últimos anos...), uma homenagem a um amigo que comemora o centenário neste 2024 que se inicia (ano que promete ser mais activo, para mim, felizmente...).

Durante a viagem de ida e volta para casa tive a companhia de uma amiga, que vive um daqueles dramas que só quem passa por ele, sabe o turbilhão de emoções que entram dentro de nós, nos dias, meses e até anos seguintes (a perda de um companheiro ou companheira de uma vida...). Sinto que ela está a reagir bem. Está a tentar fugir da solidão, do vazio que ocupa parte dos seus dias. Mas é sempre mais fácil para nós falarmos, que para quem vive os dramas que a vida nos impõe...

Quando nos deixámos, voltei a pensar na exposição. Sim, é uma exposição diferente de muitas outras, só faz sentido para quem a entende... para quem perceba que se trata de uma viagem em volta de 100 imagens, cada uma com a sua história...

E lá vem a velha questão, quase filosófica, mas que diz tanto da vida: "Somos todos diferentes e todos iguais"... seja na forma de olhar, seja na forma de viver.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, fevereiro 15, 2023

«Perdi o hábito de ir ao café e de estar ali sentado a ver o mundo a passar»


O telefonema soava-me a "urgência". 

Embora soubesse que do outro lado estava uma pessoa complicada, que gostava mais de desenhar e pintar do que falar.

Mas o café era uma fonte de inspiração. Da mesma forma que eu às vezes escrevia em guardanapos de papel bíblia, ele desenhava, projectava... Foi por isso que estranhei.

Foi então que ele me disse que muitos dos amigos deixaram de ir aos dois ou três cafés que ele frequentava durante a pandemia e que nunca mais voltaram...

E foi ainda mais longe, quando disse que não se sentia bem sentado sozinho na esplanada. Viúvo há meia dúzia de anos, só agora é que sente o vazio que ficou em todo o lado.

Isso fez com que insistisse para bebermos um café depois do almoço. Ele disse que sim, mas lamentou-se: «Perdi o hábito de ir ao café e estar ali sentado a ver o mundo a passar.»

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, junho 03, 2022

Perguntar as Horas para Ouvir as Vozes das Pessoas que Passavam...


Subia a avenida quando uma senhora com mais de oitenta anos, que estava à sua janela, num daqueles prédios com cave e com rés de chão alto, com um ar doce e cândido me perguntou se eu lhe dizia as horas. Apanhado de surpresa, olhei para o telemóvel e disse as horas à senhora, que se mostrou muito agradecida.

Meia-hora depois, desci a avenida, em sentido contrário e reparei que a senhora continuava à janela e a fazer a mesma pergunta a quem passava. Percebi porque uma das pessoas ainda usava relógio, olhou para o pulso antes de lhe responder...

Não sei se a senhora tinha algum problema de saúde ou se padecia apenas de solidão... e tinha necessidade de olhar para as pessoas e de ouvir as suas vozes, mesmo que fosse para apenas lhe oferecerem horas e minutos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, março 02, 2022

«Num mundo normal o Putin estava cercado por todos os lados»


Acho que todos pensamos a mesma coisa, mas não dizemos.

Não sei se vivemos num mundo "anormal", mas percebi perfeitamente o que o Carlos quis dizer, quando disse:

«Num mundo normal o Putin estava cercado por todos os lados e já tinha sido obrigado a recuar e a enfiar o rabinho por entre as pernas.»

Infelizmente vivemos num tempo em que os interesses pessoais, se têm sobreposto, com cada vez mais "normalidade", ao interesse comum... 

(Fotografia de Luís Eme - Arealva)


quinta-feira, janeiro 13, 2022

Egoísmo e Individualismo não São Sinónimos


Hoje esteve na mesa uma daquelas discussões que, parecem simples, mas que "conversadas", gerem sempre alguma controvérsia.

Éramos três à mesa e eu acabei por ser "derrotado" por 2-1, por achar que o egoísmo não é sinónimo de individualismo.

Argumentei que uma pessoa pode ser solitária e individualista, mas ter gestos solidários para com a sociedade. Ou seja, não vê apenas o seu umbigo à sua frente.

Os meus dois amigos não ficaram nada convencidos, mas também não tentaram que eu mudasse de ideias. 

Para eles era muito difícil esperarem um gesto solidário, de alguém que não morre de amor pelo "colectivismo"...

(Fotografia de Luís Eme - Niza)


domingo, outubro 03, 2021

Viagens sem Rede (Dentro e Fora de Mim...)


Não tenho grandes dúvidas de que faço parte ao grupo de pessoas que precisam mais de silêncio e de solidão, que da confusão do quotidiano.

Sinto-me melhor a caminhar sozinho, ou a dois (mais que dois podem ser uma multidão...), por lugares calmos, onde os sons do mar, dos pássaros ou das árvores, não são abafados pelas vozes humanas.

Sei também que o gosto da escrita encontra mais palavras dentro do silêncio dos espaços abertos e isolados que no burburinho citadino.

Claro que este meu pensamento é controverso, porque também gosto de andar pelas ruas movimentadas, ou de estar sentado numa esplanada ruidosa com amigos. Lugares tantas vezes inspiradores, pelas palavras que andam à solta de mesa em mesa...

Mas nós somos o que somos, mesmo os que gostam da palavra coerência, não conseguem fugir de uma ou outra contradição...

Toda esta conversa porque ainda há amigos que insistem que devia ter conta do facebook, para estarmos mais próximos. O meu último argumento, de não gostar de visitar centros comerciais, especialmente aos fins de semana, não surtiu grande efeito, eles disseram que também não se passeiam por lá...

Mas talvez eu não queira nem precise dessa proximidade...

E é aqui que descubro que sou mais solitário do que pareço. Tirando uma ou outra pessoa, de quem tenho bastantes saudades, de ver e de conversar, estou longe de querer voltar aos tempos de liceu ou de revisitar esta ou aquela namorada...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, maio 27, 2021

As Palavras que Estão Dentro das Fotografias...


Estava a organizar algumas das fotografias que fui tirando nos últimos dois anos, quando, no meio de tantas imagens descobri uma, que apesar de ter sido tirada pouco tempo antes do "inferno pandémico" que invadiu o mundo, tem muito de simbólico destes tempos.

Sei que nem todas as fotografias conseguem dizer muito, sem palavras (que não precisam de ser mil...). Mas esta "fala" sobre uma mão cheia de coisas que nos marcaram no último ano.

Num primeiro olhar somos logo invadidos pela solidão, pelo abandono e pelo vazio. Mas esta mesa e estas cadeiras, abandonadas num velho pátio, conseguem ser ainda mais reveladoras: "falam" da ausência de pessoas nas mesas de café, onde se conversava, lia o jornal ou simplesmente se olhava em volta, fala da ausência de "mundo"...

Felizmente a vida está a voltar, lentamente...

(Fotografia de Luís Eme - Trafaria)


segunda-feira, agosto 10, 2020

Tempos de Solidão...


Se tivesse de dar um título a esta fotografia seria, "Tempos de Solidão...".

Sei que é fácil encontrar por aí muitas esplanadas, cheias de gente... Mas também sei que há muito mais as pessoas, que passam a maior parte dos seus dias, fechadas em casa.

Pessoas que quase que só saem à rua para comprar os bens essenciais necessários para a sua sobrevivência... 

E nem vou falar da "solidão colectiva" (obrigatória...), das gentes que estão fechadas em lares, impossibilitadas de receber a visita das pessoas que mais amam...

(Fotografia de Luís Eme - Vila Franca de Xira)

terça-feira, junho 16, 2020

Quase que Estamos Proibidos de Chorar e de Sorrir...


A proibição dos festejos do Santo António, nos bairros lisboetas -  e um pouco por todo o país -, foram o primeiro grande sinal de que o regresso a uma vida normal, é uma grande incógnita.

E quando pensamos que todas as manifestações que eram animadas pela presença massiva de pessoas, estão proibidas, ou realizam-se com grandes limitações, experimentamos uma sensação estranha, é como se a vida ficasse quase parada.

Falo de casamentos, baptizados, aniversários, homenagens, procissões, mas também de festivais de música, de teatro, de cinema, além das festas populares (o exemplo do Santo António em Lisboa, diz tudo...), que alegravam os bairros e também as aldeias. E claro, dos jogos de futebol.

Mas até os funerais, que embora sejam manifestações com um sentido mais triste e introspectivo, não permitem que todos aqueles que se queriam despedir pela última vez de um amigo, o possam fazer...

Ou seja, quase que estamos proibidos de chorar e de sorrir...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

quarta-feira, março 25, 2020

"Isolamento versus Egoísmo"


Falei há poucos minutos com um amigo ao telefone, e entre outras preocupações, ele demonstrou ter algum receio, que tudo isto nos tornasse ainda mais egoístas. 

O seu argumento baseava-se na forma isolada como estamos a ser obrigados a viver, confinados praticamente às divisões das nossas casas, e com o mínimo de contacto humano possível.

Pode ser que não. Pode ser que no final disto tudo, tenhamos aprendido alguma lição...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, março 28, 2019

O Testemunho de um Homem do Teatro...


Ontem festejou-se o Teatro, mas o que me ficou deste dia foi a entrevista que Jorge Silva Melo deu ao "DN". Provavelmente, por ele ter tido a coragem de colocar o dedo "numa das feridas"...

«O Estado permite que haja teatro em condições cada vez mais fechadas para os espectadores, com espectáculos que fazem três/ quatro récitas. É uma coisa inadmissível, porque é o mesmo que dizer "não venham cá", levar os empresários teatrais institucionais a não acreditarem nos espectáculos que só têm dois/ três dias porque têm a certeza que os primos, os namorados e os irmãos irão ver mas não acreditam na capacidade de se tornarem acontecimentos. São pequenas festas entre amigos e é isso que tem acontecido lamentavelmente. Nos últimos cinco anos o teatro é insultuoso para os espectadores, pois estão a dizer 'vocês não são da profissão e nós só estamos a trabalhar para os profissionais da profissão'. A maior parte dos teatros institucionais têm o seu público entre aspirantes a pessoas que fazem teatro e reformados de pessoas que fazem teatro, portanto são festas de primos em vez de abrangerem a sociedade. O teatro que eu pensei ser possível também em Portugal seria o teatro cívico, ou seja, para a sociedade numa cidade grande como foi Lisboa antes de ficar esvaziada. Qual é o lugar do teatro?»

É uma boa pergunta... Este não será, com toda a certeza.

É raro vermos alguém "do meio" a fazer um retrato tão lúcido de uma Arte (e infelizmente não é a única...), que se está a deixar  levar "pela onda", para não perder os subsídios atribuídos...

Mas é uma pena que a gente do teatro puxe cada vez menos  pela imaginação, aceitando as "regras do jogo", institucionais, sem perceber que aos poucos e poucos, vai perdendo  a independência e a liberdade, elementos-chave para que este espectáculo seja único...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

terça-feira, janeiro 15, 2019

Foi Também por Isso....


Já não tenho muita paciência para algumas conversas gastas, sobre as mudanças sociais, que todos conhecemos.

Se a sociedade é mais individualista (e egoísta...), é natural que isso se note também na forma como as pessoas interagem umas com as outras. Reparar que falam e olham menos umas com as outras (ainda por cima têm a distracção do telemóvel, que as mantém acima dos últimos acontecimentos na China e na América...), é quase uma "lapalissada". 

Quem ainda finta esta realidade são as pessoas de mais idade, ainda sem "smart fone", que mantêm alguns hábitos antigos. Talvez seja por isso que ainda enchem alguns cafés e pastelarias, na hora do lanche.

Foi também por isso que escolhi esta jovem da fotografia que, quase parece uma "formiga sozinha no carreiro"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

segunda-feira, janeiro 14, 2019

Ensaio para o Banho...


É verdade, tirando a "maluquice" do dia primeiro de Janeiro, com a emoção do banho número um do ano, só as aves se atrevem à experimentar o gelo do Tejo.

Reparo que um ou outro pato, mergulha, depois aparece, voa ... e desaparece.

Mas do que eu falar é da gaivota, que quase se confunde com as cores da areia e da água, enquanto finge preparar-se para o banho...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

domingo, novembro 04, 2018

Navegar é Preciso...


Quem gosta de navegar, só não sai para o mar se estiver mesmo um dia de temporal.

Tal como os surfistas, os velejadores também não prescindem do contacto com o rio e o mar, de Janeiro a Dezembro... 

Há mesmo quem prefira dias com mau tempo no canal. Sem vento e frio, não há aventura nem acção digna de um verdadeiro marinheiro.

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, junho 28, 2018

Este Mundo dos "Vencedores"...


Todos sabemos, por experiência própria, que esta coisa de viver, tem muito que se lhe diga...

Uma das coisas que mais me incomoda é este mundo ser cada vez mais dos "vencedores". Quase toda a gente está com o olhar preso às "passadeiras vermelhas", esquecidos das "ruas detrás" e dos "bancos de jardim", transformados em "quartos de hotel" por esse mundo fora...

Há demasiados exemplos de vidas que nos fazem pensar duas vezes, especialmente quando caminhamos de derrota em derrota, sem percebermos muito bem o que se está a passar à nossa volta.

Normalmente os pesadelos começam com o desemprego... se não o conseguirmos "fintar" logo no início, podemos perder coisas, que não nos passam pela cabeça.

O Rui em apenas um ano, perdeu o emprego, teve de vender a casa, o carro... E nem a família escapou, pois a mulher quis o divórcio e foi viver para a casa dos sogros com os filhos.

Os únicos que não lhe voltaram as costas foram os pais, que não só mantinham o seu quarto praticamente igual ao dos seus tempos de solteiro, como lhe deram toda a força, para começar de novo, uma outra vida...

De repente viu praticamente todos os amigos a desaparecerem. Os que pensava que o poderiam ajudar deixaram de lhe atender o telemóvel. Sentiu na pele que a realidade de um desempregado, sempre era o tal "filme de terror", capaz de destruir tantas vidas, que ouvia falar por aí...

A partir de certa altura, o que ele queria era trabalhar. Foi por isso que aceitou um emprego mal pago, onde não eram necessárias grandes qualificações. Felizmente para ele, houve um problema a nível informático na oficina e alguém disse que ele percebia daquilo e podia ajudar. Não só ajudou como resolveu o problema.

E foi assim que "saiu do inferno"... conseguindo um trabalho compatível com os seus conhecimentos e mais bem pago.

Lembrei-me dele, porque uma das palavras que menos gosta de ouvir é: "solidariedade".  E continua a não compreender que raio de sociedade é esta, onde vivemos, que quando mais precisamos de ajuda, é quando mais nos fecham a "porta na cara"...

(Fotografia de Luís Eme)


segunda-feira, junho 04, 2018

Conversar Sobre a tal Vida que não Chega a Netos...


Eu limitava-me a escutá-la e a sentir o quanto era diferente das outras mulheres...

Estava preocupada porque se havia coisa que não queria, é que "a sua vida chegasse a netos". Nem sequer tinha educado os filhos para serem pais. Ia mais longe e dizia que os exemplos que ela e o pai deles deram, deviam ser suficientes para não serem patetas e não quererem mais infelizes neste mundo.

Eu mais uma vez estava ali, sem saber o que dizer. Até porque nunca tinha pensado verdadeiramente no assunto. Não me imaginava nem deixava de imaginar avô.

A única coisa que sabia é que neste país (que gostamos de chamar mundo...) estava quase tudo contra a "família", desde os governos dos ordenados precários e das rendas milionárias até às pessoas, que falavam cada vez mais com os dedos e com as imagens, que metiam dentro de mensagens, e menos olhos nos olhos (e como os olhos falam...). 

Gente que se estava a tornar quase escrava, de um tempo que nos parece estar a levar para a mais completa desumanização (sei que há a possibilidade de estar a perceber mal o filme...). 

O mais inquietante é que tudo isto está a ser feito de uma forma ligeira, mas bastante perversa...

Talvez ela tenha razão, e o vazio seja o futuro e estejamos a caminhar em direcção ao "nada"...

Mas a única conclusão que cheguei, é que não nos faz nada bem conversar com gente que já vive sem qualquer esperança, do mundo ou das pessoas...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, março 20, 2018

Quase no Final da Calçada da Pedreira...


Hoje ao passar por uma rua quase esquecida, povoada de casas abandonadas com um ar desolador. Sim, se falassem de certeza que desabafavam e falavam da sua pouca grande vontade em continuar a fingir alguma imponência.

Perguntava para ninguém, «quem serão os donos destas casas?», que já há muito que deveriam ter colocado umas placas de "vende-se".

Ninguém respondeu. E a única coisa que sei, é que agora já não possuem qualquer atractivo que possa chamar a atenção dos distraídos...

(Fotografia de Luís Eme)

sexta-feira, fevereiro 09, 2018

A Nossa Vida Dentro dos Filmes...


Desde sempre que deixo que os filmes se misturem mais com a realidade que os livros... 

Talvez seja devido ao facto das personagens serem de carne e osso, terem um rosto, terem uma voz... 

Estava a ver o filme a passar e a sentir a ligeireza com que ele era capaz de se intrometer na minha vida. Aquele era eu, estava ali a ser retratado, a passar pelos mesmos problemas que a personagem...

Sorri, quando me lembrei que comecei a acabar um namoro praticamente à saída do cinema. Voltei a andar atrás no tempo, voltei a ver "Setembro" de Woddy Allen, onde percebi, com uma nitidez pouco vulgar, que me andava a enganar a mim próprio, e também à "mulher-vitima", quase no fim dos anos oitenta. 

Sabemos quase sempre que o amor é uma coisa diferente, mas fingimos não perceber... por mais que uma razão. Uma delas prende-se com a solidão, que nem sempre é boa companhia...

(Fotografia de Luís Eme)