O poder da imagem sempre foi especial. Não só pelo seu significado, mas também pelas memórias que pode e deve despoletar em cada um de nós.
No "território" da imagem há uma Arte que adquire um peso mais forte que qualquer outra, por nos conseguir confrontar com a realidade como nenhuma outra: a Fotografia.
A máquina de tirar retratos consegue ser o objecto que obteve uma maior intimidade com o nosso olhar, ao ponto de se aproximar como nenhum outro do que ele sente ou vive.
Apesar da massificação da fotografia, graças ao "mundo digital", cada imagem continua a ter uma identidade própria.
Ou seja, cada fotografia continua a ter uma história...
Quando pegamos num álbum com retratos antigos, recebemos de volta da nossa memória, pessoas, lugares, acontecimentos. E é quase sempre bom.
Fico sempre com a sensação que devia ter tirado muito mais fotografias aos lugares por onde passei, porque tenho máquina praticamente desde os quinze anos.
Mas nem sempre lhe dei a importância devida. Talvez por não ter tido "escola", por viver num meio em que a fotografia era normalmente desvalorizada enquanto arte, graças ao pensamento parvo que qualquer pessoa que tivesse uma máquina era um potencial fotógrafo.
Hoje sei que devia ter começado a fazer perguntas logo aos quinze anos a quem via tirar retratos, como era o caso do meu tio Zé, e não já depois dos trinta...
O óleo é de Mirian Constán.