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segunda-feira, fevereiro 24, 2025

O gostar de me sentir criativo, o gostar de me sentir vivo...


Tenho mais vezes do que devia, a sensação de que a nossa cabeça está longe de funcionar de uma forma regular.

É a explicação que encontro para as manhãs (ainda antes das sete...), em que as ideias se vão avolumando e querem muito passar para o "papel"...

Por preguiça (cada vez me levanto menos a estas horas, até por normalmente me deitar depois da uma e meia da manhã, continuando a alimentar hábitos que ficaram da "santa pandemia"...), deixo muitas destas ideias escaparem...

Esta manhã elas esperaram por mim, mesmo que só me tenha levantado à hora normal, alguns minutos depois das oito. Senti-me feliz, e foi por isso que mesmo antes de tomar o pequeno almoço, registei quase todas as "ideias" no portátil que mora quase sempre na mesa da sala.

Gosto de começar as manhãs assim. Gosto de me sentir criativo, gosto de me sentir vivo...

(Fotografia de Ana Sofia Eme - Caldas da Rainha)


quinta-feira, janeiro 02, 2025

O ano que começa...


Haverá quem mude de vida, de forma radical, por várias razões. Talvez as profissionais e amorosas sejam as que mais concorrem para essa necessidade de partir, de ser e fazer, diferente...

Claro que não vão estar à espera do começo do ano, para a tal mudança de vida, por vezes demasiado urgente (é quase uma questão de sobrevivência...).

Nós não queremos fazer coisas diferentes, neste ano que começa. Queremos sim, continuar a fazer as coisas que gostamos. De preferência, melhor. E se possível, com mais prazer ainda.

Talvez tenha sido por isso que ontem mal me levantei, escrevi mais que uma página de histórias, que vão tentar furar este tempo, que se quer afirmar quase "sem história", quase sem os valores que nos tornavam mais iguais.

Também fiz um passeio solitário e fresco pela margem do Tejo, num Ginjal que nesta altura quase que nem consegue ver o Sol (o que ajuda a perceber todos aqueles que só voltavam a fazer vida no Ginjal no começo de Maio, abrindo as janelas e as portas para deitar fora a humidade que devia deixar um cheiro estranho nas divisões das casas...).

Já Cacilhas, esconde o frio e agarra o Sol com tudo o que pode, desde as mãos aos pés, para sonhar com um mundo diferente, mesmo que o bom senso continue a estar longe de ser a melhor característica humana...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, outubro 27, 2024

O medo no uso das palavras...


Cada vez se fala mais em surdina nas ruas, especialmente quando se utilizam as "palavras proibidas", de uma lista cada vez mais longa, numa sociedade cheia de tiques repressivos e de falsos pudores.

Onde parece que tudo é possível, é nas redes sociais. Se excluirmos o "censor oficial", continua a valer tudo, até tirar olhos.

Continuo a pensar que, podemos e devemos falar de racismo, fascismo, xenofobismo ou machismo, em qualquer lado, porque eles estão presentes no nosso dia a dia. 

É tão negativo entrarmos em negação como generalizarmos o uso e a prática destas palavras. Só nos torna uma sociedade ainda mais fechada e desigual.

Não devemos ter medo de usar as palavras, todas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, outubro 12, 2024

O que se diz e o que fica por dizer (o improviso é isso)...


Provavelmente devia esperar por amanhã, para falar de hoje.

Sabia que a sala iria estar cheia, mas não estava à espera que aparecessem mais de cem pessoas ao lançamento do livro que escrevi com Fernando Barão, numa das homenagens com mais sentido, na comemoração do centenário do seu nascimento (isto aconteceu graças ao homenageado e não ao autor da obra...).

Tinha pensado não levar nenhum papel escrito. Mas acabei por levar umas notas. Claro que durante a minha intervenção falei sempre de improviso e afastei-me algumas vezes do livro e quase sempre das notas, porque a minha convivência associativa e cultural com este amigo, levou-me a divagar aqui e ali.

Embora não me tenha esquecido de nada de muito relevante, sei que poderia ter feito referência a uma ou outra pessoa (nem sequer agradeci as palavras do Henrique e da Edite, que apresentaram a obra...). Chamaram-me a atenção para um destes "esquecimentos" na mesa (do Luís, que fez uma leitura crítica mais importante que a própria revisão do livro).

Nos outros não sei, mas em mim é natural estes esquecimentos. Tento falar apenas do essencial . Isso fez com que posteriormente ficasse com a sensação, de não ter falado tanto quanto devia da minha relação com o Fernando, até por estarmos quase sempre de acordo nas questões ligadas à cultura e ao associativismo. Algo que acontecia de uma forma natural, e aberta, sem usarmos qualquer tipo de subterfugio.

Embora pense que isso está bem espelhado neste nosso livro.  

Poderia ter falado também do Henrique (pai), do Orlando e do Carlos Guilherme, tão importantes também na minha caminhada cultural e associativa por Almada. Podia, mas não era o mais relevante.

Relevante foi ter na primeira fila dois amigos, cuja idade somada, está a aproximar-se a passos largos dos 190 anos, e não lhes agradecer de forma devida, a amizade, o companheirismo e a tolerância (que faz deles dois dos melhores seres humanos que tive a oportunidade de conhecer nesta Cidade, que praticou durante tantos anos a solidariedade, enquanto acto cívico e não "arranjo floral" de discursos.

Mas tanto um como o outro sabem o que penso deles. E que bom que é continuar a ter amigos como o Chico (que abriu a sessão com uma bela anedota do Fernando...) e Diamantino, "vivinhos da silva", que o que precisavam mesmo era de "uns joelhos novos" (tal como acontecia com o Fernando, uma das coisa de que ele mais se queixava, era dos joelhos)...

Mas a vida é isto. Quando falamos de improviso, há coisas que dizemos, que "estavam fora do programa", e muitas outras, que ficam por dizer...

(Fotografia de Elsa Carvalho - Cacilhas)


segunda-feira, setembro 16, 2024

É mais um daqueles dias, demasiado quente e demasiado triste...


O que dizer, num dia como hoje? 

Nada, talvez seja a coisa mais inteligente. 

Não vale a pena continuar a insistir  com os "lugares comuns" do costume, muito menos repetir o retrato do país, que teima em manter os maus hábitos de sempre. 

É mais um dia, daqueles, demasiado quente e demasiado triste.

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


segunda-feira, setembro 09, 2024

Quando o que parece um problema, não é um problema...


Ao longo dos anos, tenho andado sempre com dois ou três livros na cabeça. Vou escrevendo episódios em folhas soltas, que umas vezes passam para os vários cadernos antológicos, outras vão simplesmente para o lixo.

Como toda a gente que escreve, ando sempre com uma esferográfica e com papeis no bolso (até podem ser simples recibos de compras...), não vá aparecer alguma "ideia genial", no lugar mais inesperado. Claro que a maior parte das vezes estas pequenas folhas ficam sem palavras e são transformadas em pequenas bolas de papel que vão para a "reciclagem"...

Claro que sempre fui mais de escrever em casa (embora chegasse a encher guardanapos de papel do café das tertúlias de palavras, por isto ou aquilo, enquanto esperava por companhia...). Sempre gostei particularmente das manhãs,  as do sábado e do domingo eram bastante inspiradoras (as ideias apareciam bem cedinho, quando ainda estava com vontade de dormir...). Com o tempo as ideias começaram a surgir sem dia marcado, embora continuassem a manter o bom hábito de serem madrugadoras... 

Lá estou eu a fugir do que estava a pensar escrever... É recorrente no blogue, vá-se lá saber porquê...

Curiosamente, continuo com esses dois ou três livros, na cabeça, há mais tempo do que o costume. Como tem sido hábito, sinto que preciso deles, até por uma questão de "sanidade". Sim, não tenho qualquer dúvida que eles me ajudam a viver, a ocupar a cabeça com coisas que me parecem mais interessantes que aquilo que chamamos a "vida normal". 

E sei que o que parece um problema - a forte possibilidade deles não chegarem a livros -, não é um problema...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, julho 21, 2024

«Quando pensamos nos outros, fica mais fácil tomar decisões que sejam boas para todos»


Quando dizemos coisas simples e que têm sentido, é quase normal fazer-se referência a "La Palisse", como se ele fosse o "rei" dos lugares-comuns e das frase certeiras.

Mesmo que possa parecer quase um "hino religioso" (que deve ser dito nas milhares de capelas de culto, de todos os credos...), ninguém duvida da verdade que está dentro frase que escolhi para título destas palavras, da mesma forma que ninguém a leva a sério.

O que é certo é que ninguém chega ao poder, a defender coisas tão simples e essenciais, como a paz, o amor e a união entre os povos.

Os EUA são apenas mais um exemplo, em que a construção de muros e a expulsão de imigrantes, dão mais votos, que as políticas que facilitem a sua integração na sociedade.

Isso explica que embora a frase «quando pensamos nos outros, fica mais fácil tomar decisões que sejam boas para todos», esteja certa, ninguém a segue, muito menos ganha eleições com ela...

Mas este problema não é de agora, tem milhares de anos. É por isso que o planeta Terra sempre foi um lugar estranho para se viver...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, março 18, 2024

Bocados nossos que colamos às personagens...


Abri o romance que escrevi há mais de trinta anos, na página 35, com vontade de ficar surpreendido. Não fiquei. Depois dei um salto para a página 64, continuava a ser futebol a mais para o meu gosto. Até que dei um "pulo" até à 81 e vi o Tejo. Foi por isso que li em voz alta:

«Olhou a janela do quarto da residencial, descobriu uma rua pouco movimentada que o confundia. Ao longe esperava-o um quadro diferente, o Tejo das horas boas e das horas más.

Voltava a sentir um desejo avassalador de percorrer as ruas de Lisboa e olhar ninfas que prometiam coisas que nunca cumpriam. Parar em esplanadas carregadas de inúteis que apenas sabiam contar anedotas com barbas e conversar sobre o tempo. Queria embarcar num cacilheiro e navegar no rio grande que transformava a capital numa ilha.»

Raramente falo sobre o que escrevo. Acho que isso acontece por achar que não é dos melhores assuntos de conversa. Mas desta vez abri uma excepção e falei de muitas coisas que estavam dentro do livro. Já não me lembrava da maior parte das personagens, mas mesmo assim admiti, que andamos anos a enganar-nos, a fingir que inventamos personagens a partir do nada nas histórias que escrevemos, como se isso existisse. Mais tarde descobrimos que cada uma delas tem sempre um bocado de nós, por muito pequeno que seja...

Outra coisa que fazemos é escolher traços das pessoas que gostamos para serem "bons da fita", e dos outros, que passamos bem sem lhes pôr a vista em cima, para fazerem de palermas ou de bandidos.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, janeiro 27, 2024

A dupla "arte de contar"...


Nós nunca sabemos o que vai na cabeça dos outros, muitas vezes imaginamos, pelas suas expressões exteriores. Sim, a alegria e a tristeza são difíceis de disfarçar, quando estão ali mesmo à flor da pele.

Mas fez-me alguma confusão, que o neto não estivesse a par de tantas coisas que o avô Fernando fez. Não devia, até porque nessa altura ele andava a viver a vida dele, e fazia muito bem.

Lembrei-me que cá por casa os meus filhos interessam-se pouco pelo que escrevo. Poderá ser pelo facto de ser um "escritor de meia tijela", mas acho que não. Tem mais a ver com a proximidade que existe desde sempre, olham para mim como pai e não como alguém que escreve. E ainda bem, sempre apostei mais nessa vertente. Prefiro ser aquele os educou do que alguém que se "esqueceu deles" para ser outras coisas...

As palavras são uma coisa... queria escrever uma coisa e já estou a escrever outra.

Queria falar da maravilha que é, alguém juntar a qualidade de contador de histórias (daqueles bons, que nos prendem com "a magia das palavras"...), com a de fazedores de livros, como aconteceu com o Fernando e também com o Romeu Correia. É raro conseguirmos juntar estes dois talentos. Eles conseguiram...

E eu fiquei a pensar que se tivesse um avô contador de histórias (e tive, mas como era analfabeto, não havia qualquer possibilidade de escrever as histórias que contava...), talvez me preocupasse pouco com os seus livros, bastava tudo o que ele ia dizendo, quando estávamos juntos.

Talvez...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, agosto 31, 2023

Escreve-se sobre o tempo, porque vivemos dentro dele...


O Agosto vai-se embora e não me deixa muitas saudades.

Foi sempre um mês demasiado quente, tal como já tinha sido Julho. 

Quem como eu, é adepto dos climas temperados, com as temperaturas de Verão abaixo de 30 graus, bem pode mudar-se para as nossas Ilhas (emigrar para a Islândia é capaz de ser um exagero...). Já nem mesmo o microclima do Oeste - que aborrece tantos, devido aos nevoeiros matinais, que roubam dias de férias - é o mesmo dos outros anos...

Diz-se que fala e escreve do tempo, quem não tem mais nada para dizer, mas é mentira. Escreve-se sobre o tempo, porque vivemos dentro dele...

Nota: ao contrário do que se costuma dizer, o Sol quando nasce não é para todos. Nunca foi. É só para quem tem tempo e vontade de olhar para ele... Foi a legenda que me ocorreu para este nascer do Sol, fotografado da minha varanda desta Margem do Sul...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


terça-feira, junho 27, 2023

O hábito de se abreviarem palavras...


Há já algum tempo que se poupa nas palavras. 

Sei que a velocidade com que se comunica hoje, graças às populares mensagens, ajuda a que se abreviem muitas palavras. Mas como acontece em quase tudo, também existe alguma preguiça, tão natural no ser humano.

Um dos efeitos mais visíveis desta "poupança" é o empobrecimento do nosso vocabulário. Apesar da sua formação superior, é normal que os meus filhos, quando escutam uma palavra menos usual, me perguntem o seu significado...

Mas nem era sobre isso que queria falar. Hoje quando me perguntaram a data de nascimento, em vez de só falar de números, como de costume, substitui o 9 pelo Setembro.  

E soube-me tão bem dizer Setembro! Soou-me tão bem sentir a palavra que indica o mês em que nasci!

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, junho 20, 2023

Coisas do Arco da Velha da Escola e da Vida (com e sem arte)...


O ensino tem coisas do arco da velha.

Embora as escolas estejam todas em ebulição, com os professores divididos e com uma boa parte dos alunos satisfeitos, por ter sido um ano com mais "folgas" do que as que esperariam no início do ano lectivo.

Por continuarem a ouvir a palavra "respeito" ou slogans revolucionários como os de que "a luta continua", com insistência, pressentem que o próximo ano vai ser também de alguma "folgas". E ficam tudo menos tristes. O estarem melhor ou pior preparados para os estudos superiores, é coisa que fica para depois.

Quase que ia escrever "malditas palavras", mas elas são tudo menos isso, porque estes dois parágrafos já estão aqui a mais, mas começo a escrever e as palavras quase que se "atropelam".

Tinha pensado falar de outra coisa, de "Arte Bruta" (entre nós finge-se que não existe...), mas vai ficar para depois. Depois de um telefonema bastante elucidativo com um dos meus amigos pintores, fiquei mais esclarecido sobre este género artístico.

Finalmente, vou falar do que queria. Das tais coisas do arco da velha do ensino...

Depois de descobrir uma reportagem na RTP2 sobre "Arte Bruta" (vou vê-lo completo, daqui a pouco), no intervalo do jogo pobrezinho da selecção, pensei na minha entrada para o ciclo preparatório, de como me "roubaram" a criatividade. Eu que sempre gostara de desenhar (muito graças à mãe que me comprava cadernos lisos para eu riscar, quando ainda não sabia ler...), de repente vi-me preso a uma disciplina de régua e esquadro e fui deixando os rabiscos para depois...

Tudo isto para dizer que a escola dá-nos muitas coisas, mas também nos tira outras. 

Pois é, essa coisa "do mundo perfeito". como todos sabemos, não passa de uma ilusão... 

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, junho 05, 2023

A Mulher que sorri e "passa por dentro dos filmes"...


Ela sempre que me vê oferece-me um sorriso, de mão dada com um olá. Eu retribuo.

Às vezes fico a pensar que devia ir atrás dela e convidá-la para beber café, para saber se ela ainda continua a fazer a mesma coisa, a "passar por dentro dos filmes".

Só falámos uma vez, num daqueles acasos, que quase que nos empurram uns contra os outros. Aquela não era a nossa onda e foi por isso que começámos a fugir para o miradouro que num dos cantos olhava para uma nesga do Tejo.

Não foi por acaso que escolhemos aquele canto. O Tejo pertencia-nos, tanto do lado de cá como do lado de lá. E só podia ser ele a soltar-nos a língua... Quis saber o que fazia e eu disse-lhe que escrevia coisas. Ela ofereceu-me o seu sorriso luminoso e disse que não escrevia mas fazia várias coisas.

Quem diria, éramos os dois especialistas em "coisas"...

Depois disse-me que entrava em filmes, mas não era actriz. Foi quando exclamou: "Passo por dentro dos filmes."

Fiquei sem perceber se ela estava a brincar ou a falar a sério. Foi quando me ofereceu três títulos de filmes, acrescentando que estavam disponíveis no "YouTube".

E depois olhou o relógio disse que tinha de se ir embora e deixou-me por ali, quase abandonado.

Quando cheguei a casa fui directo ao computador, para ver um dos filmes e perceber alguma coisa, daquela conversa quase estranha. Quando a vi, na primeira das duas cenas em que entrava, percebi que não havia nenhum enigma. Ela estava certa, entrava no filme mas não participava. Caminhava mas não falava. Estava só lá, a passar.

Era mesmo verdade, aquela moça de que ainda não descobri o nome, "passava mesmo por dentro dos filmes".

Como devem calcular, trata-se de uma ficção. Se fosse verdade, já a tinha convencido a beber um café e a contar-me mais coisas da sua vida.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, maio 06, 2023

Quase todas as Palavras começaram por Dê...


O que se passa no Governo da Nação não deixa ninguém indiferente. Mesmo que em tempos possa ter sido uma "criação" das oposições, hoje é muito mais que isso. A mentira de perna curta e a incompetência não são invenções, são uma realidade com que somos confrontados diariamente.

Acredito que não seja a causa principal para que as ruas de Almada estejam cada vez mais imundas, para que as pessoas encham o espaço rente aos contentores de inutilidades ou de restos de casas (talvez aconteçam mais despejos do que se pensa...). Mas anda por lá perto...

Onde se nota "o seu dedo", é no mau serviço prestado por quase todos os meios de transporte que temos de utilizar na Grande Lisboa (cacilheiros, autocarros, comboios ou metro...).

Mas onde encontramos as suas "duas mãos" é nas manifestações de protesto, cada vez mais generalizadas. Quando os governantes fingem que resolvem os problemas, mas não resolvem nada, não se pode esperar outra coisa...

É praticamente impossível sentarmo-nos numa esplanada a beber o café e passarmos ao lado de todo este "western" político. Se as "balas" com que eles "brincam" não fossem de pólvora seca, seriam muito poucos os ministros e secretários de estado, que ainda tinham pés...

Falámos algumas vezes de "desgoverno", outras de "desleixo", menos de "desprezo", quase nunca de "democracia". Mas a palavra que mais vezes ecoou na mesa, foi "desrespeito"... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, março 04, 2023

Este tempo é de muitas coisas, até de "puritanos" (com e sem sacristia)...



Nem mesmo os escândalos da igreja católica - o espaço onde se devem encontrar mais "puritanos" por metro quadrado -, deixam esta espécie de gente sem vontade de apontar dedos ou de mostrar as garras contra os autores livres, que gostam de todas as palavras, seja na literatura, no cinema ou no teatro (ainda não chegou à arte, quando chegar começam a "vestir" estátuas e a tapar quadros...).

Felizmente os "puritanos" andam distraídos e ainda não "atacaram" os dicionários de sinónimos, que os classificam exactamente como são, ainda que com alguma benevolência: intransigentes, intolerantes, rígidos e rigorosos.

Ou seja, é gente que não sabe viver com, e em liberdade. Dai a grande dificuldade em respeitarem a liberdade dos outros...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


quinta-feira, março 02, 2023

Essa coisa absurda que é "matar palavras"...


Estamos sempre a descobrir coisas novas, mesmo que nem sempre contribuam para a nossa felicidade. 

Depois da batalha contra as palavras "ofensivas" (por alguma razão foram escolhidas pelos autores...) que os falsos puritanos querem roubar aos livros, li hoje no blogue "Horas Extraordinárias" que o Instituto Camões vai considerar "palavras mortas", todas aquelas que não sejam utilizadas nos últimos três anos.

Pensava que a vocação do Instituto Camões era acarinhar as palavras em português, nunca "matá-las". 

Pelos vistos estava enganado...

Eu sei que o mundo está cheio de idiotas que ocupam cargos de poder (na política é um "ver se te avias"...), mas em sectores como o da cultura, já de si frágeis, pela notória falta de apoio e investimento, eram dispensáveis.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, novembro 14, 2022

A "Idade Maior" e a Palavra "Não"


Esta coisa de  "viver" tem coisas bastante curiosas, talvez a maior seja o que nos vai  acontecendo, à medida que os anos vão passando, mesmo que se perca quase sempre mais do que se ganha.

A maturidade faz com que se diga mais vezes, "não". Se conseguirmos manter alguma independência e não se deixarmos aprisionar dentro de algumas "tribos" (até de amigos...), conseguimos ser menos complacentes com a mediocridade.

Claro que esta coisa de se dizer "não", tem um preço. Em determinada altura, há pessoas que deixam de nos telefonar (algumas faziam-no quase diariamente...), outras esquecem-se de nos convidar para isto ou aquilo. 

É a vida...

Apesar de saber que a ideia de que a idade nos dá estatuto para dizermos e fazermos o que nos apetece, está longe de ser linear (já assisti a vários exemplos que roçam a imbecilidade...), é bom termos cada vez menos medo das palavras. 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, setembro 29, 2022

"Até já Setembro"


Apesar de estarmos há já algum tempo na "era digital", a minha vida continua rodeada de papéis.

Há meses que ando a deitar coisas fora, mas são sempre mais as que ficam que as que vão para o "papelão"... porque  me agarro à ideia parva, de que ainda vão ser uteis para qualquer coisa, um dia destes. 

Não é nenhum drama (para mim claro...), sei que a vida também se preenche de "inutilidades", que passam anos encaixotadas, até ao dia em que voltam a ser revisitadas...

Foi nestes papeis que descobri um pequeno texto com mais ou menos quarenta anos, em que me despedia de Setembro e de uma namorada de Verão (tive várias, como toda a gente, penso eu...). As minhas palavras não tinham nada de especial. Mas percebi que havia algum receio de entrar em Outubro (foi quase sempre o "mês das perdas"...). O texto não estava datado, mas era com toda a certeza do começo da década de oitenta do século passado.

E lá veio o pensamento das "outras vidas", que todos vivemos, porque quase que desconhecia o rapaz que escreveu aquele texto...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, setembro 10, 2022

Palavras que Passam ao Lado do "Alvo"...


Muitas vezes escrevemos, sem conseguir que quem nos lê perceba o que queremos mesmo dizer.

Nem se trata de se meterem algumas palavras nas "entrelinhas", trata-se sim, de não conseguirmos ser explícitos.

Pelos comentários que recebi no texto em que falava da "demasiada familiaridade" com que alguns escritores comunicavam com os leitores (e depois de uma segunda leitura), percebi que escrevi um pouco ao lado. 

O que queria mesmo referir era a "conversa directa" que surge impressa em alguns livros. Um bom exemplo do que acabo dizer é quando o escritor resolve utilizar a meio de qualquer capítulo a expressão: "como o leitor sabe...". Pois é, se ele sabe, não precisa de ser untado com "gordura" (palha também serve...).

Sei que há leitores e leitores, mas eu dispenso esta conversa "tu cá tu lá", dentro do livro, entre o autor e o "devorador" da história...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, agosto 19, 2022

Encontros com "Disparos" e Palavras...


Encontrei-te, na pausa, depois do almoço.

"Disparei" com a discrição possível... Talvez desses por isso, mas os problemas que te preenchiam o semblante eram mais intensos e importantes que um simples "roubo de fotografia".

Quando te deixei no mesmo sítio, fiquei a pensar que fumar deixou de ser um acto social. Agora fuma-se às escondidas e na mais completa solidão.

Como ainda és uma menina, não tens memória do tempo que se fumava em todo o lado, em quase todos os minutos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)