domingo, abril 30, 2023

Frases que Continuam Coladas à Realidade...


Estou totalmente de acordo com a frase do historiador António Borges Coelho, que transcrevo com a devida vénia.

«Estou apreensivo e profundamente desapontado com a gente que nos governa, cujo programa é destruir o que foi construído nas últimas quatro décadas. E cujo discurso usa sistematicamente a mentira, a ilusão. Sustentam que era necessário empobrecer o povo, que o povo vivia acima das suas possibilidades - e um quarto da população vivia na miséria.»

O problema, que não é problema, é esta frase ter sido publicada a 8 de Março de 2014, no suplemento "Atual" do "Expresso". Nessa altura o primeiro ministro era Pedro Passos Coelho...

Mas podia muito bem ter sido dita hoje e referir-se ao Governo de António Costa, mesmo que este nunca tenha "sustentado que era necessário empobrecer o povo". Empobreceu-o fingindo que o estava a "enriquecer", o que acaba até por ser mais grave que aquilo que Passos Coelho e a "troika" nos fizeram...

(Fotografia de Luís Eme - Arealva)


sábado, abril 29, 2023

«Eles sabem como nos atacar, nós fingimos não saber como nos defender.»


Desde quinta-feira que recebo mensagens do grupo que quase conseguiu transformar o "Dia do Trabalhador" no "dia do consumidor", com os famosos descontos de cinquenta por cento, que fizeram as delícias de todos aqueles que aproveitam todas as oportunidades de fazerem "excelentes negócios" (uns por necessidade outros por vício...).

Na época, lembro-me do Orlando nos dizer uma coisa que se tornou, ano após ano, ainda mais óbvia: «Eles sabem como nos atacar, nós fingimos não saber como nos defender.»

E como nos esquecemos que só "unidos é que venceremos", agora todas as grandes superfícies comerciais fazem o mesmo, enfiando o "Primeiro de Maio" em qualquer caixote que esteja à mão. 

Aliás, esta gente detesta a palavra trabalhador, gostar de lidar é com "colaboradores" (seja lá o que isso for). E parecem estar certos, porque estes colaboram mais e reivindicam menos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, abril 28, 2023

Um Futuro cada vez mais curto...


Fazem-se muitas críticas aos jovens, quase sempre injustas.

Quando se percebe que os nossos horizontes são cada vez mais curtos, com várias contribuições, que vão desde a desordem climática (que só se pode controlar com a nossa mudança radical de hábitos...), a um capitalismo cada vez mais devorador de tudo o que mexe e até às ameaças veladas de uma terceira guerra mundial (os russos falam muito disso e não se devemos levar para o lado dos "cães que ladram não mordem"...), é difícil acreditar em qualquer futuro.

Por muito optimistas que sejamos, percebe-se à légua que o futuro é cada vez mais curto. E quem o percebe ainda melhor são os jovens, que vivem cada vez mais, um dia de cada vez.

Talvez pudessem lutar mais. O problema é que estão cada vez mais em minoria. E é por isso que quase são obrigados a aceitar trabalhos precários, mesmo que alguns políticos gostem de os apontar como a "geração mais bem preparada de sempre". Têm de viver na casa dos país até cada vez mais tarde (comprar ou alugar casas é coisa para uma minoria ainda mais pequena, meninos com país que se alimentam desta desigualdade social e e deste quase caos ambiental (estamos quase lá)... 

Ou seja, é difícil, viver de outra maneira...

(Fotografia de Luís Eme - Vidais)


quinta-feira, abril 27, 2023

O "Roubo" da Nobreza e da Dignidade Profissional


Há praticamente vinte anos que se assiste à tentativa de desvalorizar o trabalho e as próprias profissões. Sem exagerar na "viagem no tempo", pelo menos os Governos de José Sócrates, Passos Coelho e António Costa, são responsáveis pelo muito de mau que se passa no mundo do trabalho no nosso País.

Apesar dos discursos demagógicos - acompanhados de muitos milhões, que nunca se sabem bem onde vão parar -, que prometiam a aposta em mais e melhor formação profissional, para que se aumentassem os índices de produção, a única coisa visível que se fez foi nivelar os salários por baixo. 

Até mesmo profissões nobres, como as ligadas à medicina e ao ensino, têm sido sucessivamente desvalorizadas, ao ponto de terem entrado em "guerra aberta" com o Governo, especialmente os professores, com greves e mais greves, ao ponto de  já se falar de "um ano lectivo perdido".

Eu que não sou economista, sei muito bem que quando se aposta numa política de baixos salários, mais tarde ou mais cedo, destrói-se a economia e o próprio País, porque sem dinheiro para consumir, uma boa parte do comércio que não "vende" bens essenciais, acabará por ter de despedir funcionários e até fechar portas.

Curiosamente, ou não  (pode ser propositado...), nem para eles próprios têm sido bons, porque até a actividade política foi perdendo a nobreza e a dignidade profissional, ao ponto de hoje os governos se verem forçados a recorrer cada vez mais aos quadros partidários e menos aos grandes vultos e técnicos da sociedade portuguesa (que se recusam, e muito bem, a fazer parte de governos de gente medíocre...).

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)



quarta-feira, abril 26, 2023

Os Católicos e os Outros...


Neste momento está a ser transmitida na SIC, no "Essencial",  uma reportagem sobre a Igreja Católica e os abusos sexuais.

Nada do que estou a ver altera a minha visão sobre esta religião, cuja sobranceria sempre me fez confusão. Não consigo entender porque razão a maior parte dos católicos acha que está mais perto do Céu e de Deus, que o cidadão comum.

Até porque isto não acontece graças à sua prática diária (muitos não passam de uns "filhos da mãe", para não lhes chamar outra coisa...), mas sim à oração e ao pedido de perdão a Deus. E é isso que me incomoda mais nesta gente, que parecem fazer questão de cometer erros para depois serem perdoadas. Não consigo entender esta lógica de errar, pedir perdão, rezar, rezar, até se sentirem a flutuar no "céu". E depois têm o dia ganho.

Não falo de cor, tive uma educação católica, com catequese e missa aos domingos. Quando me consegui "libertar deste fardo" (deveria ter uns 12, 13 anos...), só voltei a presenciar missas em dias de festa (casamentos e baptizados). E é por isso que sinto que a maior parte dos membros do Clero, está mais próxima de Judas ou de Barrabás, que de Jesus Cristo...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, abril 25, 2023

O 25 de Abril continua a ser um Sonho...


O 25 de Abril continua a ser um sonho, como todas as revoluções.

Fez-se muito, da mesma forma que muito ficou por fazer...

Apesar de existirem "Capitães de Abril" de todas as sensibilidades políticas, da extrema esquerda à direita (os spinolistas...), o MFA lá foi conseguindo conter os muitos excessos e as tentativas de golpes (11 de Março e 25 de Novembro são os que ficaram na história...).

O PREC para muitos foi esse tal tempo de sonho, em que foi possível sonhar com uma sociedade mais igualitária, mas nem tudo foi perfeito. Segundo contam os historiadores, o país chega aos últimos meses do ano de 1975, praticamente dividido em dois, com o Tejo como fronteira natural...

Foi pena termos ido longe demais, dando oportunidade a que a burguesia voltasse a tomar conta do poder, após o tal 25 de Novembro. E que nos anos que se seguiram, em muitos casos, se destruísse mais do que se construísse, e que esse tal País sonhado voltasse a ser adiado...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, abril 24, 2023

O Pequenino Salto de 24 Para 25...


Este ano, o salto de 24 para 25, parece-me mais estranho, que outros anos passados, também eles estranhos.

Uma esquerda que é social democrata e tem "secado" os verdadeiros partidos de esquerda, com a esperteza quase saloia do primeiro-ministro, que pensa que resiste a tudo e a todos. Mas tudo indica que está enganado. Por muito que as pessoas não gostem dos partidos de direita, querem mudanças...

Mesmo que as sondagens estejam inclinadas para o lado direito, pelos muitos comentadores que sonham com o regresso do PSD ao poder (sabe-se lá porquê...), há demasiada incompetência em vários ministérios socialistas,  que se percebe à légua que são chefiados por gente que mostra tudo, menos qualidade técnica e humana, para as funções que exercem.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, abril 23, 2023

Um Livro Especial, num Dia Especial...


Aproveito a comemoração do Dia Mundial do Livro, para falar de um livro especial, pela forma viva como o seu autor nos relata as suas memórias da infância, adolescência e começo da idade adulta, vividas numa África que parece muito mais multicultural, do que era de facto.

Falo da  "Crónica de África" de Manuel S. (de Santos...) Fonseca, cuja escrita é tão intensa que nos faz "estar (quase) lá", nas ruas de areia vermelha, a assistir de camarote às aventuras daquela juventude inquieta e colorida.

Estas bonitas memórias estão cheias de gente boa e de lugares inesquecíveis (para o Manuel...), que por vezes se misturam com os "filmes das nossas vidas", com a mestria do senhor Fonseca, que respira cinema por demasiados poros (e ainda bem...), sem nunca perder o sentido e o humor nesta sua escrita brilhante.

Como leitor, é sempre uma maravilha ler um livro que é aberto sempre com redobrado prazer e por muito que queiramos, não conseguimos "eternizar" a sua leitura.

Esta obra tem ainda outra virtude, como se alimenta de memórias, também mexe e remexe com as nossas, levando-nos a registar um ou outro episódio, que estavam esquecidos, num canto qualquer dentro de nós...


sábado, abril 22, 2023

Olhei-a e fiquei a pensar na "solidão do avançado centro"...


Estávamos no meio de um giro por Cacilhas quando reparei no número nove da camisa da rapariga, que estava sentada sozinha, a olhar para o Tejo.

Sabia que não devia perder aquele "retrato", porque em qualquer altura podia colar o número nove daquela jovem à "solidão do avançado-centro". Não deixa de ser curioso, que os jogadores que passam mais tempo, praticamente sós no relvado, são o ponta de lança e o guarda-redes. 

Não deixa de ser curioso, que as imagens que se colam ao nosso olhar, consigam transportar consigo vários simbolismos e particularidades. 

Simbolismos que nem sempre conseguimos, ou queremos, descodificar, porque os meus olhos nem sempre vêm o mesmo que os teus...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, abril 21, 2023

Bons "Sinais da Liberdade" (obrigado Pacheco Pereira)


Já sabia que a Ephemera tinha organizado uma exposição no Tribunal da Boa Hora, cujo título diz quase tudo: "Sinais da Liberdade".

Visitei-a quase ocasionalmente. Tudo aconteceu porque depois de subir a Rua do Carmo, em vez de continuar a subir em direcção ao Chiado, e depois descer para o Cais de Sodré, resolvi continuar em frente, pela Rua Nova do Almada. Quando me estava a aproximar do Tribunal da Boa Hora, lembrei-me da exposição.

Ainda pensei que só deveria abrir à tarde, tal como aconteceu na exposição que esteve patente na Gare Marítima de Alcântara. Felizmente abriu às 11 horas da manhã e foi possível visitá-la.

Gostei bastante da forma como a exposição estava organizada, de uma forma simples mas com bom gosto e equílibrio (até na colocação dos cartazes...). Encontrei lá algumas surpresas, que fotografei com gosto, como a barca que se afunda, bem ao lado da vela socialista do punho fechado (até parece actual)...


Vale a pena passar pelo Tribunal da Boa Hora, para ver a exposição e as vistas (ainda subi até ao pátio interior e vi os seus azulejos).

Houve um político desses menores (não me lembro de quem foi, mas deve ter sido da direita rasteira...) que tentou atingir Pacheco Pereira, por ele continuar a ser uma voz sem dono, aconselhando-o a ir "colecionar cartazes" ou algo parecido. E eu só posso dizer: ainda bem que o Pacheco Pereira começou a coleccionar todo o género de documentos e objectos históricos, tal como a sua equipa de colaboradores.

Só desta forma é que é possível ter e ver tão bons "Sinais da Liberdade".

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, abril 20, 2023

Os Encontros e os Desencontros da Vida...


Eu sei que os "encontros e desencontros da vida" podem ser programados, desde que se saiba onde as pessoas que queremos - ou não - , encontrar, costumam vaguear. 

Mas não é desses episódios que quero falar, é mesmo de encontros fortuitos, daqueles que acontecem apenas porque sim.

O mais curioso, é que podes estar dias, meses, anos, sem te cruzar com essas pessoas e depois de um reencontro, os encontros sucedem-se, até que aconteça um novo "desaparecimento"...

Claro que isto normalmente acontece com pessoas que não nos são muito próximas, apesar de pertencerem ao clube da "gente porreira", que não te fazem pensar em mudar de passeio ou de rua, para evitares um possível cruzamento...

Ainda não percebi quem é mais estranho, nós humanos, ou esta coisa a que chamamos "vida"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quarta-feira, abril 19, 2023

A Memória e a Imaginação têm destas Coisas...


Já fomos uma dúzia (até causávamos algum transtorno no "nosso" restaurante Olivença, pela nossa mesa corrida que se estendia até mais de meio da sala...), agora somos dois, eu e o Chico.

O Mário e o Marinho, também vão aparecendo, mas cada vez mais, de longe a longe.

O curioso, é que todas as segundas-feiras, apareço com o mesmo entusiasmo e vontade de estar na nossa "Tertúlia", é como se o Chico trouxesse sempre alguns dos amigos que já nos deixaram para a mesa.

E é um pouco isso que acontece. Invariavelmente, por isto ou por aquilo, falamos sempre de pelo menos dois ou três amigos tertulianos. E recordamos-os sempre um sorriso no rosto, por uma ou outra passagem memorável, ou simplesmente pela amizade que nos unia e que fazia de cada encontro nosso um momento de alegria e saber. Sim, aprendíamos sempre qualquer coisa, mesmo sem darmos por isso...

Apesar do Chico ser muito mais religioso e místico que eu, sinto cada vez mais, que ele tem toda a razão. Às segundas, mesmo sem nos apercebermos, estamos sempre bem acompanhados. 

A memória e a imaginação têm destas coisas, que se vivem, mas que não se explicam... 

(Fotografia de João Miguel - Almada)


terça-feira, abril 18, 2023

Continua a ser Quase tudo, "Uma Questão Social"...


Achei muito curiosa uma frase de Artur Correia - que ficou conhecido no mundo do futebol pelo "ruço" e que foi um excelente defesa direito do Benfica, do Sporting e da Selecção -, que encontrei ao folhear o livro de entrevistas, "Um Homem em Ponto" de Baptista Bastos.

Esta entrevista terá sido feita em 1981 (embora, estupidamente, não estejam registadas as datas das conversas...), pouco tempo depois de Artur ter sofrido uma trombose, no Casino do Estoril, a 24 de Setembro de 1980, entre o fim da noite e o começo da madrugada...

Quando Baptista Bastos pergunta a Artur, quanto tempo "dura" um jogador de futebol, este em vez de fugir, vai mesmo ao cerne da questão:

«Depende do estrato social de onde o jogador provém. Se vem das camadas baixas, está lixado; "dura" menos, porque na infância, não comeu bifes, nem bebeu leite, nem comeu fruta. Aos 30 anos está cansado, liquidado. Agora se comeu aquilo tudo, em vez de meter bagaços no bucho, então "dura" muito mais. É como quase tudo, uma questão social.»

Infelizmente pouco ou nada mudou, quarenta anos depois, no nosso País. Continua a ser quase tudo, "uma questão social"... no desporto, mas também na educação, na saúde, no emprego ou na habitação...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, abril 17, 2023

Cento e vinte frases depois...


Tudo começou em 2016
, quase por graça, durante a preparação  da exposição de fotografia, “Três Fotógrafos, Três Olhares” (três exposições individuais juntas numa só) com retratos de Aníbal Sequeira, Luís Eme e Modesto Viegas, que esteve na Oficina de Cultura de Almada, entre os dias 3 e 18 de Setembro de 2016.
 
Quisemos oferecer às pessoas algo mais que uma simples exposição e além de mostramos as nossas primeiras máquinas fotográficas e também capas de livros e revistas (com fotografias da nossa autoria), acabámos por fazer a divulgação pública de duas dezenas de frases escolhidas por Luís Eme e Modesto Viegas, que fossem significativas sobre esta arte.
 
E depois a pesquisa  continuou… continuou… agora já só com Luís Eme… que foi “coleccionando” frases e mais frases, no mínimo curiosas, sem pensar que, num dia destes, ultrapassaria o número que é duas vezes redondo e depois ainda iria mais longe, e chegava às 120…

E esta é a tal  última frase, a que ficou com o número cento e vinte: «Senti sempre que a fotografia é uma linguagem para observar e não para transformar, esconder ou modificar a realidade», da autoria de Luigi Ghirri, fotógrafo italiano.

Como eu concordo com o Luigi...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, abril 16, 2023

Agora, quando o Benfica perde, ninguém quer falar de futebol...


É curioso, nesta altura do campeonato, quando o Benfica perde, nem mesmo os sportinguistas e portistas (aqui no Sul, claro), têm muita vontade de falar de futebol.

Talvez por saberem que não são tempos de euforias. Quatro pontos são quatro pontos. Nada está perdido, nada está ganho...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


sábado, abril 15, 2023

«Durante a velhice tornamo-nos quase desenhos animados. Morremos e vivemos muito mais vezes do que o que queríamos.»


A esperança média de vida aumentou bastante. Hoje chegar aos oitenta anos é perfeitamente normal para qualquer pessoa. E mesmo os noventa deixaram de ser uma barreira. Os cem é que continuam difíceis. Claro que tudo isto vem com um problema acrescido, como diria o mestre Lagoa, "goza-se bastante mas sofre-se muito". E pior, perde-se muitas vezes a liberdade e a autonomia, para satisfação dos muitos empresários que enriquecem com a "terceira idade".

Nem todas as pessoas têm a lucidez do Jorge, que depois dos oitenta ainda gosta mais de chamar "os bois pelos nomes". Quando ele disse: «Durante a velhice tornamo-nos quase desenhos animados. Morremos e vivemos muito mais vezes do que o que queríamos.»

Apesar da temática, a conversa ia animada. Deve ter sido por isso que lhe respondi: «Então a Lili Caneças está errada, estar morto não é o contrário de estar vivo.»

Mais sorrisos abertos a espalharem-se pela mesa. A melhor maneira de abordar os dramas da vida é "enfrentarmos os touros da vida de frente", com a serenidade possível. 

Os avanços da medicina têm destas coisas, não dão qualquer descanso à vida e à morte. O Jorge está mais que certo quando diz que "morremos e vivemos mais vezes do que as que queríamos"...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


sexta-feira, abril 14, 2023

«Talvez agora toda a gente queira ser "jotinha"...»


Estive com o Gui, para lhe entregar um trabalho que me tinha pedido, e, como sempre, acabámos por falar da actualidade política (talvez por termos a sensação de que não existe "actualidade cultural"...), do "furação" político que está a abanar com as estruturas socialistas.

Foi ele que disse que a direita nunca tinha feito tão bem o "trabalho de casa", que nunca se viu tanto "tiro ao boneco" como neste primeiro ano de legislatura. Concordei, sem me esquecer de lhe dizer que, "factos são factos".

Dissemos algumas coisas impublicáveis, como é comum quando falamos de política e de políticos. O que ambos achámos curioso, foi o País só agora estar a descobrir onde anda metido, há pelo menos vinte anos. Sem recuarmos muito no tempo nem sermos demasiado exaustivos, ambos sabíamos que José Sócrates, Rui Rio, Paulo Portas, Pedro Passos Coelho, António José Seguro, Ana Catarina Mendes, Luís Montenegro ou António Costa, todos eles foram "jotinhas", tanto do PS como do PSD.

Não viria mal nenhum ao mundo, se ao longo dos anos estas estruturas partidárias não se tornassem das melhores "agências de emprego" deste portugal de letra pequena (e também mais bem pagas e com mais incompetentes por metro quadrado...). O Gui com o seu espírito brincalhão, acrescentou que também eram boas "agências de casamento", para quem não andava à procura de miúdas giras. E exemplificou a "promiscuidade familiar socialista" nos governos nacionais e locais, onde só falta mesmo arranjarem um empregozito para o gato e para o cão.

Quando o Gui disse que «talvez agora toda a gente queira ser "jotinha"...», fiquei com algumas dúvidas. Pode-se ganhar bom dinheiro, mas estes "enxovalhos públicos" não são bons para o futuro de ninguém...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, abril 13, 2023

"Qual é o verdadeiro chamariz de Portugal para a visita de tanto Turista?"


Hoje, antes de almoço, regressei para a Margem Sul no meu transporte preferido, o cacilheiro.

Reparei pela primeira vez que provavelmente mais de 90 por cento dos passageiros da barca da travessia do Tejo, eram turistas.

Fiquei a pensar, em qual será o verdadeiro chamariz para a visita de tanto turista, que chegam de França, Itália, Alemanha, Norte da Europa mas também da Ásia - que não aparecem por aqui apenas para dar outro exotismo às "fotografias" e "filmes" - ou das Américas.

Não consegui encontrar apenas uma razão para tanta "excursão", com e sem guia. É provável que a segurança que se sente entre nós - ainda mais em "tempos de guerra" -, esteja no topo (se esquecermos os carteiristas do vinte oito e afins, não há outras razões de queixa, para quem nos visita...) das escolhas. O nosso "servilismo" também deve ter a sua influência, até quem nunca aprendeu inglês em qualquer escola, tenta ser útil e simpático a estas alminhas que querem saber muito pouco de português, para além do tradicional "óbrigada".

Calculo que os preços de alojamento e da alimentação ainda estão em conta, apesar de irem subindo aos poucos, assim como "quem não quer a coisa" (com e sem inflacção...). O mesmo não direi das entradas em monumentos e museus (não se fala disso, mas o Estado deve receber milhões em entradas, especialmente no Castelo de S. Jorge, na Torre de Belém e no Mosteiro dos Jerónimos), que hoje são um "luxo" para uma grande parte dos portugueses...

O que é facto é que a "galinha dos ovos de oiro" continua, e ainda bem. Quem vem de fora quer lá saber se é um Costa ou um Coelho que nos governam ou desgovernam...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quarta-feira, abril 12, 2023

Uma Frase - "Olha o Bonitão!" - e uma História de Memória...


Uma moçoila chegou a uma mesa próxima e disse de uma forma audível: "Olha o Bonitão!" O rapaz fingiu que não era nada com ele e continuou com os olhos presos ao "smarthphone".

O Carlos sorriu e disse que não ouvia aquela pequena frase há uma "porrada de anos". E depois contou-nos uma história deliciosa protagonizada por uma mulher madura que tinha um bar e a pensar no negócio, oferecia esta frase, a quem quer que chegasse, mesmo que tivesse a "beleza de um comboio". 

Ele fazia como o rapaz, fingia que não era nada com ele. Mas a maior parte dos homens fingiam que não tinham espelho em casa e subiam um palmo, tal como era vontade da senhora, que aproveitava a oportunidade para lhes ir enchendo os copos com bebidas ardentes. Outros até eram capazes de colocar um pouco de cuspo no cabelo, para ele assentar melhor nas suas cabeças, que "pareciam ter a leveza do vento"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, abril 11, 2023

Os "rombos" socialistas na "barca da democracia"...


Praticamente deixei de ver notícias na televisão. Não é que tenha vontade de andar por aqui a "fugir da realidade", só não tenho pachorra para tanta incompetência e falta de vergonha de quem nos governa.

Estes "casos" e "casinhos" só irão afastar ainda mais as pessoas da política. Provavelmente a abstenção ainda irá aumentar mais, contribuindo de uma forma indirecta para o crescimento da extrema-direita, que só nos irá afastar ainda mais da democracia, que já não se sabe muito bem por onde anda...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, abril 09, 2023

Aquilo que Faz parte do Conjunto da "Missa dos Domingos"...


Não precisei de ver fotografias de infância para me recordar de como a mãe gostava de nos vestir na infância, com roupas iguais (tanto no Verão como no Inverno...), como se eu e o meu irmão fossemos gémeos, apesar da diferença de dois anos e alguns meses.

Não devem existir retratos de casamento em que não estejamos completamente "maninhos"...

Lembrei-me disto com um sorriso. Deve ter sido logo no começo da adolescência que conseguimos acabar com este hábito, de uma forma pacífica. O 25 de Abril também deve ter dado algum contributo (eu tinha onze anos e o meu irmão treze...), e ainda bem.

Às vezes penso que há quase cinquenta anos que não tenho "fato de domingo". Embora isso seja terrivelmente libertador, também me faz pensar que esta coisa de tornarmos os dias todos quase iguais, faz com que muitas vezes sinta que não aproveito os domingos da melhor maneira.

Claro que me causa no mínimo "enfado", ver as pessoas das múltiplas religiões, todas bonitinhas no sétimo dia da semana, preparadas para essa coisa boa nas suas vidas, que chamamos a "missa dos domingos"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 08, 2023

Mesmo que Deus não Exista, nota-se mais "a sua presença na Páscoa e no Natal"


Mesmo que Deus não exista, nota-se mais a sua presença nas quadras festivas religiosas, como são o caso da Páscoa e do Natal.

Além de ele ser mais evocado um pouco por todo o lado, com a televisão a escolher uma ou outra fita que recorde a figura de Jesus Cristo e a abrir portas à publicidade, que nunca perde uma oportunidade de usar "alguém" para vender mais, mesmo que sejam apenas ovos e coelhinhos da Páscoa...

As pessoas também mudam o seu comportamento, sorriem mais e até param os carros nas passadeiras. É uma hipocrisia que não faz mal a ninguém. Até nos faz pensar que nem era má ideia existirem mais "páscoas" e "natais" durante o ano...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)


sexta-feira, abril 07, 2023

Semana Santa com Sol e Sombra


Tenho a sensação de que a chamada "Semana Santa" é cada vez mais aproveitada pelo turismo e menos pela religião.

Mesmo o chamado "turismo religioso" não tem qualquer hipótese de competir com o "turismo de praia", com estas temperaturas próximas dos trinta graus.

E não há mais gente a aproveitar esta "escapadinha", porque há muitas famílias que não podem mesmo ir para fora e aproveitar o Sol e a beleza das praias e dos campos.

A sombra não paira apenas na Igreja, paira também nas famílias portuguesas, cada vez com mais dificuldades em sobreviver a esta inflacção, que é um "doce" para o capital... 

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


quarta-feira, abril 05, 2023

Os Livros de História transportam sempre dentro de si a Ideologia e o Pensamento dos seus Autores


Pensava que já ninguém tinha dúvidas que toda a história, feita pelos homens e mulheres, transporta sempre dentro de si a ideologia e a visão social e política dos seus autores sobre determinada época e determinados factos.

Estava enganado. E foi um pouco difícil trazer um leitor à razão. Até lhe ofereci o meu exemplo pessoal, de quando um herdeiro de uma das famílias do Estado Novo, orgulhosamente salazarista (como o provava o quadro de generosas dimensões que ornamentava uma das paredes do seu escritório...), depois de ler um dos meus livros sobre a história de Cacilhas, disse que era "um livro comunista". Claro que não era um livro comunista, mas era um livro progressista, que assinalava o papel da Revolução de Abril na melhoria das condições de vida das pessoas, ao mesmo tempo que apontava o dedo às muitas tropelias protagonizadas pela PIDE no Concelho de Almada.

O que lhe fez mais confusão, foi eu dizer-lhe que a interpretação dos factos depende sempre do nosso olhar, do meio onde crescemos e da educação que recebemos. É por isso que é possível fazer interpretações diferentes do mesmo facto, especialmente quando existem algumas "pontas soltas". Isto não quer dizer que os historiadores não se cinjam aos factos e não sejam honestos. Há sempre uma variante ideológica, por muito independentes que julguemos ser.

Se existir um historiador que admire o Salazar, por isto ou por aquilo, quando estiver a escrever sobre ele, haverá alturas que em lhe irá despir a "camisa de vilão" e tentará humanizá-lo, o que nem é muito difícil de fazer, porque todos nós temos um lado bom e um lado mau...

Era esta parte que lhe fazia confusão. Ele não aceitava que o ensaísta que tentava transformar o Ditador num ser humano, fosse honesto. 

E tivemos mesmo que arrumar as "violas", percebemos que nunca iríamos "tocar" com acerto e harmonia...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, abril 04, 2023

O Melhor Exemplo para os "Desistentes" (pensava eu)...


Era dos sonhos que se falava, ou para ser mais preciso, da sua concretização. E claro das nossas diferenças, de quem luta até ao fim da linha e de quem sai logo na primeira paragem... Sim, há quem desista logo aos vinte e poucos anos e quem só pare quando o coração deixa de bater.

Como é óbvio também se falou da sorte, daquela que cai do céu, e também da outra, que nos obriga a andar à sua procura (mesmo que nem sempre se encontre...).

Fui eu que trouxe para a conversa o eterno Manoel de Oliveira, o melhor exemplo que conheço para os "desistentes", aqueles que um dia resolvem "fechar a porta aos sonhos". Pensava que ele já tinha conquistado a unanimidade, mas estava enganado. Ou seja, para dois dos meus interlocutores, ele devia ter parado muito antes do fim. Eles defendiam que era preciso saber parar na altura certa. 

Não concordei nada. É preciso ser um "gigante" para depois dos 100 anos, ainda fazer aquilo que mais se gosta, mantendo viva a sua ideia do que é o cinema e apresentá-la de uma forma pública, sem perder a dignidade...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, abril 03, 2023

«Convém não te esqueceres, que não te livras deles nas passadeiras...»


Um amigo quase a entrar na fase em que é necessário um atestado médico anual para comprovar que ainda estás na posse das tuas faculdades para conduzir decidiu, que assim que o seu carro achar que já chegou ao fim o seu "tempo de vida", não vai comprar outro.

Assumiu que é cada vez mais "condutor de domingo", que a sua viatura há já algum tempo que deixou de ser um "bem necessário" no seu dia a dia. Só tem pena que os transportes deixem tanto a desejar e que se façam tantas greves (tem lhe calhado sempre a "fava", quando precisa de ir a Lisboa...).

Mas o motivo principal para esta tomada de decisão, é o facto de a condução ter deixado de ser um prazer. Irrita-o cada vez mais que se buzine e se grite por tudo e por nada nas estradas. Houve uma frase que ele disse, mais forte que as outras: «Parece que anda tudo doido e apressado, é quase como se estivessem a querer fugir de alguma coisa.»

O Rui disse que talvez quisessem fugir das estradas movimentadas, o mais rapidamente possível... 

Sorrimos, mesmo que o caso não fosse para rir. Quem conduz, sabe que as estradas são um dos melhores indicadores do estado psicológico (e até psiquiátrico...) dos habitantes de um país. E sim, parece que "anda tudo doido"...

Foi quando o Rui, com o seu humor menos claro, insistiu em lembrar-lhe que não é por deixarmos de conduzir que nos livramos dos carros. «Convém não te esqueceres, que não te livras deles nas passadeiras...»

Voltámos todos a sorrir. Provavelmente já todos deveríamos ter passado por uma ou outra situação perigosa, em qualquer passadeira, recebendo inclusive uma buzinadela de "presente", por passarmos para o outro lado da estrada, no local certo...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, abril 02, 2023

A "Suspensão" da Inteligência Artificial...


Segundo as notícias de hoje, há uma lista de figuras e figurões do Mundo a pedirem a "suspensão" por seis meses das grandes experiências da "inteligência artificial" (ou seja do seu uso e abuso...), algo que me parece impossível, nestes dias quase sem regras, cada vez menos virados para o humanismo.

Acabei por falar com o meu filho sobre isto e ambos concluímos que, entre outras coisas, vão destruir o mundo das artes (quase todas...), pelo menos como as conhecemos e entendemos. 

Claro que quem gostar da "imperfeição humana", vai continuar a gostar de ver coisas que nascem a partir da nossa imaginação e não do "coração" de máquinas, que como sabemos, desde quem bem ensinadas, fazem tudo mais certinho e perfeitinho que as nossas mãos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, abril 01, 2023

Um Dia Quase Banalizado


Há muitos, muitos anos, havia sempre curiosidade em volta dos jornais - e até da televisão - para se descobrir qual era a "brincadeira do dia primeiro de Abril" escolhida e ensaiada. O giro da questão, é que havia mesmo quem conseguisse surpreender os leitores.

Infelizmente, tem-se banalizado tanto a "mentira", que é cada vez mais difícil surpreender os leitores e os espectadores.

Pois é, talvez este seja um daqueles dias que foi perdendo sentido, graças a muitos especialistas da criação de factos. Curiosamente, um dos maiores criativos dos últimos 40 anos, no panorama político, hoje é Presidente da República...

(Fotografia de Luís Eme - Niza)