Mostrar mensagens com a etiqueta Lixo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Lixo. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, setembro 04, 2024

Uma cidade suja gerida por governantes cheios de nódoas e (no mínimo) incompetentes...


Um dos problemas mais graves da gestão autárquica em Almada é à falta de limpeza e higiene das ruas.

Além desta coligação contra natura (PS/ PSD) nunca ter resolvido o problema, apesar das promessas eleitorais - logo no primeiro mandado - conseguiu piorar tudo nas ruas e fazer com que a gestão anterior da CDU, se tornasse um bom exemplo (a todos os níveis).

O lixo não se limita aos contentores, ocupa o espaço público que os rodeia. Fica assim dias seguidos, sem que exista qualquer recolha. E o mais grave, é que não se sente a preocupação de resolver o problema com a população (que também está cada vez menos sensibilizada e acha que pode deitar tudo para a rua...). Este "deixa andar", além de ser grave em termos de saúde pública, é preocupante também ao nível da responsabilidade (que não existe...) política. Teoricamente, o pelouro é da responsabilidade do PSD, mas todo o executivo é responsável pelo que se passa nas ruas de Almada.

E nem vale a pena falar da vegetação que cresce por todo lado, meses seguidos, ou dos buracos nos passeios e nas estradas, que são companhia diária dos Almadenses, em praticamente todas as artérias do Concelho.

Tenho alguma curiosidade em saber o que é que esta gente pensa da sua acção governativa (e nem vou falar da cultura e do associativismo, áreas que me são queridas, onde nunca houve tanta falta de apoio ou de iniciativa...). Provavelmente estão preparados para cumprir mais um mandato e deixar tudo ainda pior, do que está, na actualidade...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, maio 22, 2024

Essa coisa que parece boa, de se fingir "que não se passa nada"...


Nunca senti tanto as mudanças de tempo no corpo como agora.

Sei que é sinal de velhice e de perda de qualidades físicas. Mas também sei que é sinal destes tempos estranhos, em que somos brindados com as quatro estações num só dia, porque continua a ser mais fácil e agradável (por enquanto...) fingir que está tudo bem.

Ontem, numa viagem relativamente curta, de apenas 100 quilómetros de carro, fez muito sol, choveu, fez frio, voltou a fazer sol e depois as nuvens ganharam o céu, por um bom bocado, até darem de novo espaço ao sol.

A parte que me é mais desagradável são as enxaquecas. Antes só aconteciam quando arrefecia muito e a minha sinusite dizia presente. Mas aconteciam apenas uma meia-dúzia de vezes por ano...

Mas o que queria dizer, é que me incomoda bastante que as alterações climáticas continuem a ser tratadas como um "fair diver", quase como uma diversão de estudantes rebeldes que pintam montras, cortam estradas, etc.

Basta olhar para o lixo que floresce ao lado dos contentores, diariamente, próximo da minha casa, para perceber estes humanos que me rodeiam. É colocado duas vezes no sítio errado. Fora dos ecopontos e fora dos contentores do lixo geral. 

Não ando a ver quem faz isto, mas calculo que seja gente de todas as gerações, ou seja, há demasiadas pessoas a fingir "que não se passa nada", mesmo que de um momento para o outro, o vento se faça ouvir, irado, e ameace levar tudo à frente...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


terça-feira, agosto 16, 2022

Não Basta Dizer (ou mesmo gritar), que as "Ruas não São Lixeiras!"


Neste século XXI, o nosso retrocesso civilizacional começa a ser evidente, em quase todos os sectores da sociedade.

Se tivesse dúvidas, bastava-me olhar para as ruas, para este espaço comum por excelência, que devia ser preservado por todos, pensando no nosso bem estar. Mas infelizmente não é isso que acontece, cada vez mais as pessoas acham que podem deixar tudo o que não querem e não precisam, nas ruas.

Só não estava à espera que agora até "lixo industrial" aparecesse rente aos contentores de lixo doméstico. Foi o que aconteceu hoje, nos  dois locais de depósito de lixo mais próximos da minha casa.

Claro que este "crime ambiental" não acontece por acaso. O constante "fechar de olhos", de quem tem responsabilidades, faz com que cada vez mais se desrespeite o que é de todos, ao ponto de qualquer dia, se terem perdido de vez as ruas, como espaços de convívio, partilha e liberdade.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, junho 14, 2022

O Poder dos "Vendedores de Sabonetes" da Televisão


Embora tenha o poder de mudar de canal, sempre que me apetece, incomoda-me ver no que se transformaram os canais generalistas portugueses, sempre com as mesmas caras, a saltitar de canal em canal, para fingirem que cantam ou para ficcionarem a história das suas vidas, naqueles programas apresentados pelos "vendedores de sabonetes" do costume, que se têm em tal conta, que se vangloriam de  de serem capazes de tudo, até de fazer "chorar as pedras da calçada".

Faz-me confusão que nos programas de fins de semana sejam promovidas tantas pessoas, que além de não terem vozes melódicas e afinadas, cantam sempre a mesma canção, sem som ao vivo.

Gostava de saber o que pensa um Sérgio Godinho, um Rui Veloso, um Camané, um João Gil, um Pedro Ayres de Magalhães, um Rodrigo Leão, um Samuel Úria,  uma Dulce Pontes, uma Aldina Duarte, uma Capicua, uma Manuela Azevedo, uma Sónia Tavares, uma Márcia ou uma Ana Bacalhau, sobre o protagonismo que hoje é dado a Marco Paulo (até tem um programa nas tardes de sábado), que andou toda a vida a cantar versões de músicas cantadas por outros artistas...

Infelizmente, este "triunfo da mediocridade", retrata a época em que vivemos, e acaba por se reflectir em quase tudo na sociedade...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, março 27, 2022

Talvez...


Talvez seja um sintoma de "velhice", mas sinto que cada vez se respeitam menos as pessoas (de todas as idades) e as coisas (mesmo as bonitas)...

Tal como sinto que não há "remédio" que cure quem salta de vandalismo em vandalismo, apenas porque sim.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, fevereiro 23, 2022

A "Autopromoção" Televisiva Cada vez mais "Abusiva"...


Como se não bastasse a "autopromoção" dos principais canais televisivos (SIC e TVI), sempre a colocarem-se "às cavalitas" das audiências, para se autoelogiarem como os "maiores da cantadeira" televisiva, agora foi a vez da Vodafone, "lamber as feridas", com um "orgulho" e uma "vaidade", publicitários, que devia ser outra coisa.

Para mim este anúncio é das coisas mais estranhas que tenho visto, mesmo em televisão. 

Mas pelos vistos neste mundo tudo é possível, até alguém sentir "orgulho e vaidade", por ter deixado de prestar um serviço - pago pelos seus clientes - durante vários dias (mesmo que involuntariamente)...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


domingo, dezembro 05, 2021

A Porcaria Reinante


Sei que a televisão tem feito um esforço para "endeusar" a música pimba, que ao contrário de alguns estudiosos como o cantor Emanuel defendem, se resume a uma palavra: porcaria.

O facto dos seus interpretes cantarem de borla e andaram aos fins de semana a animar os arraiais improvisados pelas antenas de televisão generalistas, em muitas das nossa vilas e cidades (eu sei que o negócio dos "telefonemas macacos" que dão carros e etc., são uma das partes principais desta vidinha feirante...), pode-lhes aumentar a popularidade, mas não aumenta a qualidade.

Alguns sabem cantar, outros nem isso. Mesmo sem voz e afinação, conseguem construir carreiras musicais, domingo a domingo, porque o que é realmente importante para eles é o palco. É por isso que nem sequer se importam de cantar sempre a mesma canção, anos a fio...

Claro que o exemplo da música pode ser passado para quase todas as áreas da sociedade, onde reina a mediocridade. E metermos a poesia no meio do caminho, também não é solução, porque na vida não é "tudo é possível" nem "podemos ser tudo o que quisermos", por muito que "vendam" estas frases em livros, filmes e programas televisivos. O mundo real é muito diferente do mundo dos sonhos. Sem talento natural devíamos ser os primeiros a perceber que a música, a literatura e as outras artes, são sobretudo para os predestinados.

É por isso que Pedro Gonçalves, Jorge Palma, Sónia Tavares, Paulo de Carvalho, Rui Reininho, Dulce Pontes, José Cid, António Zambujo, Manuela Azevedo, Pedro Ayres Magalhães, Rodrigo Leão, Cristina Branco, Rui Veloso, Sérgio Godinho ou Capicua, entre dezenas de excelentes interpretes nacionais, farão sempre a diferença, porque reinventam-se de disco a disco, de espectáculo em espectáculo.

Queria continuar a homenagear o Pedro e todos os nossos músicos de qualidade, mas como de costume, as palavras foram-se agarrando umas às outras e lá se foi a "síntese". Até porque a primeira frase, diz tudo. Talvez em vez de porcaria devesse colocar um outro sinónimo. mas...

(Fotografia de Luís Eme - Corroios)


terça-feira, abril 13, 2021

"Há Gente para Tudo..."


Nas minhas caminhadas costumo encontrar "lixeiras" nos lugares mais imprevisíveis.

Às vezes são lugares onde não é é possível circularem carros, e mesmo assim, há gente que consegue conspurcar a natureza, pura e dura.

Chego mesmo a perguntar aos "meus botões", quem é que se dá ao trabalho de transportar tanta porcaria, para lugares isolados, quando têm a possibilidade de a colocarem nos contentores do lixo...

Mas nem devia ficar muito surpreendido, a vida está sempre a dizer-me, que "há gente para tudo..."

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, fevereiro 11, 2021

Passeio (clandestino) ao Lado do Tejo Sujo


Hoje, no meu pequeno momento de "exercício físico e mental", fui até ao Largo de Cacilhas.

Cruzei-me com mais gente do que o costume na rua. Talvez estivessem a aproveitar a "aberta", o breve momento que a chuva se deixou substituir pelo Sol, para fazer compras...

Já no Largo, estranhei que a fita azul, colocada pela polícia marítima para cortar o acesso ao Ginjal, tivesse desaparecido (só lá estavam as pontas, presas aos postes). 

Interesseiro, achei que a ausência de qualquer fita era um convite para continuar a marcha à beira do rio, sem ter a sensação de estar a fazer algo proibido. Foi agradável passear ao lado do Tejo, mesmo que o encontrasse mais sujo que o costume (demasiados plásticos para o meu gosto...).

Quando subi para Almada e dei de caras com as outras fitas, que cortavam a passagem, em sentido contrário, intactas, percebi que sempre fora uma mão humana, clandestina,  que fizera desaparecer a fita em Cacilhas...

Entretanto o Sol ficou sem tempo e a chuva acompanhou-me no regresso a casa.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, setembro 17, 2020

Uma Televisão Cada Vez Mais de "Autor" (mas de gosto muito duvidoso...)


Os chamados canais generalistas, com a excepção da RTP, por razões óbvias, seguem os "caprichos" e as vontades de duas ou três pessoas, que acham que o "seu gosto é o gosto de toda a gente".

Para o meu gosto (que vale o que vale, embora tenha o poder de mudar de canal, sempre que me apetece...), a televisão nunca teve a fasquia da qualidade tão baixa. Limita-se a fazer o mais fácil, seguindo a linha do popularucho, ao mesmo tempo que usa e abusa da publicidade, até mesmo dentro das suas telenovelas ou séries (já não é "encapotada"...). E nem vale a pena falar do "auto-elogio" descarado e bacoco, por serem "os primeiros".

Não tenho qualquer dúvida, que merecíamos muito mais, mas este é o tempo das "cristinas" e dos "daniéis"... O que vale é que o cabo - com toda a panóplia de canais -, ajuda-nos a esquecer toda esta nossa mediocridade.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

domingo, julho 12, 2020

Hoje Lê-se Muito Mais (mas sem se ter tempo para pensar...)


Nunca digo que hoje se lê menos que ontem, porque é mentira.

As pessoas, de todas as gerações, passam horas e horas, com os olhos presos aos ecrãs curtos dos "smartphones" (sim, poucas pessoas têm apenas um telemóvel, como é o meu caso...), a consumir imagens e palavras, que lhes chegam de todos os lados, em segundos.

Esta "inundação" de informação dos nossos dias quase que nos faz viver "atolados" quase até ao pescoço, com notícias, mesmo que estas não sejam mais que "fair-divers" (a maioria são volúveis, e até fantasiosas, acabando por nos afastar das coisas que são realmente importantes...).

Como as pessoas cada vez pensam menos (a informação não nos dá tempo nem descanso para isso...), nem sequer se dão ao trabalho de perceber essa coisa simples, de que receber informação não é a mesma coisa que receber conhecimento. 

Aliás, o conhecimento não é algo que se recebe, sem se ter qualquer reacção. O conhecimento só se adquire depois de "digerirmos" bem a informação que recebemos, de a pensarmos, de a questionarmos, e claro, de a percebermos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, junho 08, 2019

«Somos o País das escolhas erradas. E tudo começa nas pessoas...»


Não sei se é coisa com mais de quarenta anos, mas acho que sim. Até por que já ouvi histórias sobre as escolhas e nomeações de ministros e secretários de estado dos governos provisórios  - nem vale a pena falar de outros cargos menores -, que cabem que nem uma luva no anedotário nacional. Do género de telefonaram para a casa de alguém às duas da manhã a perguntarem se queriam ser isto e aquilo, e que tinham de dar uma resposta às nove da manhã (muitas vezes eram cargos com pastas sobre as quais não tinham perdido mais de cinco minutos da vida...). A maioria refugiava-se na tese de que "era a oportunidade de uma vida" e não queriam saber de mais nada...

Sei sim, que foram raros os homens e mulheres que tiveram a coragem de dizer, não, por saberem que não "cabiam naqueles fatos"...

Infelizmente esta história não se ficou pelo "país provisório" do Verão Quente, continuou a repetir-se até actualidade. 

A coisa mais fácil de fazer na política é uma lista de ministros, secretários de estado, presidentes de câmaras, e vereadores, medíocres e incompetentes (alguns ainda acrescentaram ao currículo adjectivos ainda menos abonatórios, e só não estão na prisão porque a nossa justiça é o que é...).

Do que não faço ideia, é se essas pessoas alguma vez se questionam, sobre o mal que fazem ao país, quando deixam que os seus interesses pessoais, do partido e dos amigos,  se sobreponham aos interesses de todos nós...

Comecei a escrever e como de costume fui andando... quando na conversa que tive com dois amigos, apenas falámos dos ministros da administração interna, da educação e da saúde.

E o Pedro numa frase disse tudo: «Somos o País das escolhas erradas. E tudo começa nas pessoas...»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, abril 08, 2019

As Lixeiras Urbanas...


Faz-me muita confusão esta nossa capacidade de criar lixeiras. Basta encontrar um lugar meio escondido, e é logo utilizado para deitar todo o género de porcarias que já não nos fazem volta.

Embora reconheça que algumas delas sejam criadas por romenos (como a da fotografia), mendigos profissionais, facilmente reconhecidos pela sua falta de higiene e por viverem de mão estendida à porta de superfícies comerciais.

A roupa que usam é quase sempre retirada dos recolectores de instituições, espalhados pelas cidades. Roupa que depois de usada, é deitada fora, a poucos metros de casas abandonadas, em ruínas, que vão transformando em habitações provisórias de curta duração...

Do que eu não tenho dúvidas, é que se as Câmaras  e as Juntas de Freguesia estivessem mais atentas, limpando estes espaços, assim que começam a ser utilizados da pior forma, eliminavam-se muitas destas lixeiras a céu aberto...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)

quinta-feira, abril 04, 2019

«Que se lixe o turismo, venha a chuva!»


Ontem começaste a falar de um cheiro que se sentia nas redondezas. Andámos mais uns metros pela rua e o cheiro manteve-se. Não é nada de muito anormal, se nos lembrarmos dos cãozinhos que espalham o seu chichi pelos passeios ou das pessoas que deitam o lixo para o chão, mesmo que os contentores estejam vazios...

No regresso a casa consegui convencer-te a fazermos o caminho mais longo.

Acabámos por passar pelo Ginjal e reparámos que as esplanadas estavam vazias, numa fuga ao vento desagradável e às nuvens que se limitavam a ameaçar chuva.

Foi quando desabafaste: «Que se lixe o turismo, venha a chuva!» Até lembraste um samba que falava de chuva durante dez dias sem parar. Podia ser chato para nós, mas era bom para os rios e os campos (e ruas, claro...).

Hoje o panorama é um pouco diferente. Aqui perto de casa, já se sente o cheiro a terra molhada... Embora a água caia com alguma timidez...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

quinta-feira, janeiro 10, 2019

Os "Amigos" do Tejo...


Sei que lá para os lados de Vila Velha de Rodão o Tejo está cheio de amigos, que o gostam de pintar de cores escuras.

Sei que em Cacilhas as coisas são muito diferentes, mas mesmo assim encontrei um empregado de restaurante a deitar a porcaria que tinha numa caixa de plástico para o Rio. 

Disse-lhe que o Tejo já deixara de ser caixote do lixo, há algum tempo. Embaraçado, respondeu que não estava a deitar fora lixo. Talvez achasse que estava a dar de comer aos peixes com os restos de comida...

Quando eu já em encontrava afastado, chamou-me palhaço, entre outras coisas. Contei até cinco e continuei a minha marcha, sem voltar a olhar para trás...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

segunda-feira, outubro 30, 2017

Uma "Tribo" Especial do Tejo...

No domingo de manhã o Ginjal estava cheio de pescadores (sem contar com o concurso de pesca do "Liberdade"...). Mesmo o Rio estava com mais pequenas embarcações do que é normal, lá para o meio. Provavelmente era dia de "peixe"...

Fui andando e já no cais do Olho de Boi deparei com uma cena digna de ser filmada. Um casal de meia idade estava à pesca e quando passei o homem estava entretido a "limpar" a beira do cais. Ia chamando nomes aos colegas que deixavam por ali bocados de trapos velhos, garrafas e sapos de plástico, ao mesmo tempo que ia empurrando lixo com as botas, para as águas do Tejo.

Estive quase tentado a chamar-lhe a atenção, mas não quis estragar o passeio da manhã. Limitei-me a abanar a cabeça, sem deixar de sentir o olhar desconfiado da mulher do pescador cravado no meu rosto (não sei quem são, nem se pagam alguma renda para estarem ali, sei apenas que agem como se as imediações da antiga fábrica da Companhia Portuguesa de Pesca fossem sua propriedade).

Embora esteja longe de ser inédito, não gostei nada de ver mais um elemento da "tribo" - que devia estar na primeira fila para proteger o Rio -, a contribuir para a sua transformação em "esgoto"...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, fevereiro 19, 2017

O País dos Iluminados...


Não sei qual é o maior defeito dos portugueses. Sei apenas que dou cada vez mais razão ao meu amigo Orlando, por uma boa parte das pessoas se terem em grande conta e achar que são os melhores, não da rua, mas do bairro onde moram (alguns até da cidade ou do país...).

O exemplo dado por Cavaco Silva e José Sócrates esta semana, é apenas mais um, de dois seres "iluminados", que foram primeiros-ministros de Portugal e são tão bons, que a sua qualidade acaba por estar reflectida no rumo do nosso país, que como sabemos se tornou uma "potência europeia", graças às suas governações...

Mas nem precisamos de ir tão longe, podemos focar-nos (não na nossa rua, porque já quase ninguém perde tempo a falar com a vizinhança...) no nosso trabalho, onde existe sempre alguém que passa a vida a dar nas vistas, com a habitual "graxa" aos chefes, a valorizar o pouco que faz, ao mesmo tempo que - sempre que pode - se tenta apropriar dos louros alheios, com a maior naturalidade do mundo.

Talvez seja da idade, mas cada vez tenho menos paciência para lidar com os "cavacos" e "sócrates" que nos rodeiam... 

(Óleo de Giorgio de Chirico)

quinta-feira, setembro 22, 2016

Segredos que não são Segredos...

Todos nós sabemos coisas sobre os outros que se ficam pelas conversas entre amigos, nem sequer são para espalhar aos sete ventos, muito menos para serem soprados para jornais ou revistas. Pertencem a uma palavra que nos estão a querer roubar, de mil e uma maneira: a privacidade.

O problema é que a palavra privacidade não rima apenas com outra palavra, que ainda nos devia ser mais querida, a liberdade. Ambas têm um trajecto de vida em comum muito rico, mesmo que nem sempre se pense ou fale no assunto.

Poderia dar muitos exemplos, desde essa coisa ridícula que agora anda na moda, chamada "burquini", mas que não pode, nem deve ser proibida, muito menos no país da "Liberdade, Igualdade e Fraternidade", aos telemóveis e à internet, que começam a saber quase mais do que nós, ao ponto de conseguirem transmitir a terceiros não só a nossa localização, mas também a nossa ocupação...

Todas estas mudanças na sociedade só deveriam valorizar a tal palavra, privacidade, que cada vez tem menos espaço na nossa vida (pelas "invasões" a que nos deixamos submeter diariamente...). É por isso que não consigo entender que alguém que foi director de jornais possa escrever um livro em que o tema principal é a vida privada dos outros, neste caso particular, políticos. Quando se dirige um jornal vive-se num clima de "guerra diária", entre o que se pode ou não publicar. Questionam-se muitas coisas; se a notícia "tem pernas para andar", se as fontes são credíveis, se foi feito o "contraditório" (algo que parece já não se usar...), etc.

É por isso que só entendo que alguém publique um livro do género por duas razões: para ganhar dinheiro (sim, o livro vai vender muito, as pessoas que normalmente dizem que não o vão ler, são as primeiras a irem às livrarias e a levarem-no para casa, à procura das páginas mais escabrosas...) e para ser notícia de jornal. Como não acredite que o senhor esteja "falido", só pode mesmo querer ver a fotografia nos jornais e revistas e ser falado e comentado  por milhões (mesmo que seja da pior maneira...) nas redes sociais.

(Fotografia de autor desconhecido)

quarta-feira, maio 06, 2015

O Lado de Fora do Embrulho


Embora ainda não seja muito famoso, não esconde que vive do negócio das telenovelas, com papeis medianos que vão dando para comer bife duas vezes por semana (a frase é dele...). Até ao momento ainda não sentiu necessidade de usar óculos escuros quando vai a mercearia da sua rua.

Apesar da aparente normalidade em que vive, distante das festas com croquetes e rissóis, houve alguém que descobriu uma fotografia em que está a falar ao ouvido de uma colega de trabalho e resolveu inventar uma história de amor, oferecendo a notícia a duas ou três revistas (que sempre são mais castanhas que cor de rosa...) que publicaram a imagem num canto. 

O resultado foi este: durante três dias o telemóvel tocou um pouco mais que a média, obrigando-o a inventar um papel, um Octávio qualquer que era taxista e não actor, que não fazia ideia do que estavam a falar. Parece que desistiram. Pelo menos desde ontem que não recebe chamadas a fazerem-lhe perguntas estranhas.

Foi a primeira vez que sentiu o perigo de ser apenas "o lado de fora do embrulho".

A ilustração é de T. Corbell.

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Tantos Pedaços de Papel Guardados


Tantos pedaços de papel guardados para quase nada, num envelope. Mesmo sabendo isso não os deito fora.

Talvez por saber que quando foram escritos, tudo parecia fazer sentido. As palavras, os lugares, as pessoas...

Há vários tipos de papeis. Guardanapos finos de café (maioria...), recibos de compras, papeis que serviram de publicidade a qualquer coisa, bilhetes e também folhas de blocos.

As palavras também são variadas, muitas falam de gente que já esqueci, há dados biográficos, bocados de poemas, frases apanhadas no ar...

A ilustração é de Couarraze.