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domingo, março 02, 2025

O fim da utopia do empresário "bom samaritano"


Parece que estou a ouvir o meu amigo Orlando, a usar a sua ironia, por vezes demasiado fina e inteligente, ao ponto de não ser entendida por todos. «Estás a ver esta camisa? Gostas dela? Foi uma oferta do meu patrão.» 

Ele dizia coisas deste género, sempre que ouvia alguém a defender o indefensável. Sim, de vez enquanto ouvia-se um trabalhador com posições mais próximas dos patrões que dos operários. Só faltava chamar-lhes, "pobres coitados"...

O mundo mudou bastante. É possível dizer hoje, publicamente,  coisas que antes só se diziam em círculos muito fechados, com gente de inteira confiança, mesmo ao mais alto nível.

É por isso que atitudes como a do presidente americano, em relação à Ucrânia, ou a do nosso primeiro-ministro, em relação à sua actividade empresarial, ajudam-nos a perceber como funciona o verdadeiro empresário. Ele olha para tudo o que o rodeia, sempre com uma finalidade maior: a possibilidade de obter lucro, de retirar dividendos pessoais.

Pois é, o populismo dos nossos dias, também tem coisas perversas. Por vezes o "feitiço vira-se contra o feiticeiro". Uma delas parece ser o fim da utopia do empresário "bom samaritano"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, fevereiro 25, 2025

O pão, a verdadeira "gasolina" das nossas vidas...


Faz-me confusão o que acontece hoje com o leite e o pão, que continuam a ser alimentos essenciais na vida das pessoas, principalmente para as mais pobres, e mesmo assim, deixaram de ter qualquer protecção, recebendo aumentos como qualquer outro produto.

Talvez não falte muito para serem olhados da mesma forma pelo mercado, que o gasóleo e a gasolina, com subidas e descidas quase semanais (até porque devem continuar a ser os alimentos mais vendidos)...

Talvez seja este o maior reflexo do capitalismo que nos comanda as vidas (sem termos pedido), disfarçado de liberalismo e até de social democracia, que mostra as garras de uma forma cada vez mais destemida.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, fevereiro 20, 2025

O chão está a querer fugir-nos dos pés, sem tremer...


Agora sim, o chão está a fugir-nos dos pés.

O "tremor de terra" é diferente, esta mundança é suave, não aparece sequer na escala de richter.

Por um lado temos um louco a tentar ser o "quarto imperador" do mundo, a virar tudo de pernas para o ar, tornando-se inimigo dos amigos e amigo dos inimigos. Ou seja, é algo que tem tudo para correr mal.

Por outro, temos a inteligência artificial, um instrumento perfeito para todos os "medíocres", que não sabem escrever nem têm grande capacidade criativa. A IA ajuda-os a tornar os textos mais perfeitinhos e as imagens completamente surpreendentes, em muito menos tempo e sem gastar "massa cinzenta".

Eu só espero poder continuar a ser espectador, que todas estas alterações surjam, pelo menos sem que se percam mais vidas humanas, mesmo que isso pareça cada vez mais difícil. 

Sim, Gaza é o maior exemplo de que a vida humana vale muito pouco, quando está misturada com questões ligadas à geoestratégia política e económica...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, fevereiro 13, 2025

«Como é que conseguimos que nos olhem como artistas de verdade?»


Sei que me repito, mais vezes do que devia, aqui no "Largo".

Isso acontece por várias razões. A mais evidente, talvez seja por continuarmos a debatermo-nos com os meus problemas de há quarenta e trinta anos, na cultura.

As "repetições" também fazem com que perceba que sou mais lido do que penso, por pessoas que conheço. 

Hoje  recebi dois telefonemas de gente do teatro. Gente que não faz telenovelas (não são das que que não participam porque não querem, são das que nem sequer são convidadas, porque não andam em "grupos", não engraxam botas, muito menos vão para a cama com este ou esta, apenas porque faz parte do contexto televisivo novelesco...).

Gente cansada de promessas e de ouvir mentiras.

Embora se fale que há novos públicos entre os jovens, estes continuam a ser poucos, as salas continuam a estar vazias, depois da estreia...

Embora exista muita gente que seja contra a subsidiodependência, é a única forma de se fazer teatro em Portugal (até mesmo o Lá Féria precisa de apoios...), tal como noutras artes menos mediáticas, como a dança ou a música sinfónica, por exemplo.

As pessoas sabem que a única forma de evoluirem, é trabalhar todos os dias, ser esta a sua única ocupação profissional. Não terem de fazer uns "ganchos" num bar de um amigo, no café do pai ou por gostarem de viver de noite, irem ao raiar do dia ao MARL, buscar fruta e os legumes para a banca que a tia tem na Ribeira... Ou se forem músicos de orquestra, para conseguirem fazer férias no Algarve, arranjarem um "part-time" como músicos nas touradas, que realizam em Albufeira para turistas.

Fazem-me sempre a pergunta do "milhão": «Como é que conseguimos que nos olhem como artistas de verdade?»

Tenho várias teorias, mas ao certo não sei. 

Não sei mesmo. Neste tempo de percepções, penso demasiadas vezes sobre estas coisas das culturas e fico com a sensação, de que cada vez sei menos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, fevereiro 04, 2025

Dois livros infanto-juvenis com uma leitura diferente...


Estava a arrumar livros quando me apareceu "A Floresta", de Sophia de Melo Breyner Andresen (junto da "Menina do Mar"). Ambos faziam parte dos livros "escolares" dos meus filhos. Fiquei na dúvida, se alguma vez o tinha lido. Mais tarde vi que não constava na "lista". E assim como quem não quer a coisa, comecei a lê-lo...

Não fiquei muito espantado com a história, achei que o anão que apareceu à menina era tudo menos um estranho, mesmo que a sua tarefa de guardião centenário de um tesouro, procurasse ser original.

Achei também curiosa a forma como a Sophia descreve a perigosidade do dinheiro, e de como os "ricos" não conseguem viver num mundo sem "pobres"...

Quase ao mesmo tempo comecei a folhear as "Aventuras de João sem medo", do José Gomes Ferreira. Também não li este livro, enquanto jovem. Recordo-me de ter gostado muito de ler "O Mundo dos Outros" no começo da adolescência, mas as aventuras do João ficaram adiadas, até hoje...

É curioso, como a leitura de um adulto, é completamente diferente da de um jovem, num livro que finge que esconde as histórias de um país desigual, cheio bandidos, capazes das maiores atrocidades, e claro, uma ou outra fada, aqui e ali, para amenizar as "desgraças"... Ou seja, senti este livro tão político, tão anti-salazarista...

São claras as mensagens literárias da Sophia e do Zé Gomes, do ponto de vista social. Mensagens que se encaixam muito bem neste nosso tempo, com o regresso de velhas práticas, que trazem para o poder os adoradores de "moedas de ouro" e os "ditadores", que tanto gostam de condicionar a vida dos outros...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, janeiro 31, 2025

Andar por Lisboa a ver o Mundo Passar...


Mesmo quem anda por todo o lado em Lisboa, como eu, sabe que também pode ficar ligeiramente "infectado", pelas notícias e pelas vozes dos "moedinhas" deste país.

Pensei nisso, hoje, ao descer a Almirante Reis. Continuo a ter o vício de andar a pé e a ver o mundo passar por mim, mesmo que as pernas já não sejam o que eram. 

Sentado no interior do cacilheiro, enquanto olhava o Tejo, pensei que olhei para as pessoas com quem me cruzei, com mais atenção. As vozes, as cores, as roupas faziam a diferença, mas isso acontece há pelo menos meia-dúzia de anos. E sim, vê-se cada vez menos portugueses nas ruas.

Mas não faltam explicações para o facto. A principal é a existência de cada vez menos portugueses a morar nesta zona de Lisboa. E isso acontece graças ao aumento obsceno das rendas. 

Sim, a ganância dos senhorios é a principal razão deste "abandono", e não o "medo" pela gente que veio das Índias que, pelo menos aparentemente, é quase sempre excessivamente simpática (especialmente os comerciantes). 

Sei que se não se levantasse tanta poeira do lado mais afastado da direita, ou se o alcaide de Lisboa não quisesse ser também "xerife", tudo seria mais normal. Sobretudo os comentários que se fazem sobre as ruas da cidade grande, normalmente feitos por quem nunca passa por estas ruas e avenidas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, janeiro 22, 2025

Sentimento de impunidade e muita "auto-estima" (só pode ser)


Sempre me fez confusão que gente que tem vocação para andar fora da lei, aceite cargos públicos relevantes, daqueles que nunca devem escapar ao "radar" dos jornalistas (já que a justiça limita-se a andar a seu "reboque"...). 

Falo de ministros, secretários de estado, gestores públicos, deputados e directores gerais disto e daquilo, que acham que podem passar pelos intervalos da chuva e não ser alvo de  qualquer "denúncia anónima", quando prevaricam.

Só se podem ter mesmo em grande conta, ao ponto de pensarem que não irão ser apanhados na curva. E claro, que "estão acima da lei", que a justiça é só para os "desgraçados"...

Deve ter sido isto que pensaram, tanto o deputado dos Açores, que tinha um "fetiche" pelas malas dos outros, como o director geral do SNS, que gosta mais de dinheiro que da própria profissão que exerce...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, janeiro 19, 2025

As palmas, os assobios, o silêncio, o vazio...


Uma boa parte das pessoas nunca saberá qual é peso que têm os aplausos e os apupos nas suas vidas, porque têm uma vida demasiado vulgar, para terem direito a palmas ou assobios...

Isso é mais para os artistas da bola, da música, do cinema ou do teatro.

Também nunca experimentarão o silêncio e o vazio, que se segue, pouco tempo depois de serem tratados como os "melhores do mundo". Muito menos quando são "pateados" e tratados como os piores do mundo.

E também nunca ganharão nem gastarão as fortunas que alguns destes artistas ganham...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, janeiro 14, 2025

Um primeiro-ministro que passa o tempo armado em "chico-esperto" e a insultar a nossa inteligência


Não sei o que se passa, ao certo, em relação a uma boa parte dos nossos governantes - com especial relevo para o primeiro-ministro -, que passam o tempo a insultar a nossa inteligência, com jogos de palavras, que acabam por dizer muito de quem são e do que lhes vai pela cabeça...

Posso começar pelo dinheiro, que cada vez condiciona mais as nossas vidas. Quando um primeiro-ministro contrata um secretário-geral para o seu governo, que vai ganhar seis mil euros mensais, e tem o desplante de dizer que este "vai pagar para trabalhar", insulta quase dez milhões de portugueses, que nem um terço deste valor recebem das suas ocupações profissionais.

Mais graves são as "comparações" que tenta fazer entre as manifestações contra o racismo e a favor deste, tentando armar-se em "balança". Além da desproporção entre as manifestações e os manifestantes (a manifestação contra a discriminação racial trouxe para a rua dezenas de milhares de pessoas, de todos os quadrantes políticos - até sociais democratas - enquanto a promovida pelo Chega contou com pouco mais de uma centena de pessoas, todos racistas...).

Mas os números nem são o mais importante. A questão de fundo é comparar quem luta pelos direitos humanos e pela igualdade de tratamento entre todos as pessoas, independentemente da sua cor de pele, naturalidade ou credo religioso, com gente racista, que aproveita todas as oportunidades para colocar em causa que é diferente deles...

Embora seja um lugar cada vez mais comum, é triste percebermos que estes políticos não aprenderam nada, continuam agarrados aos mesmos vícios do final do século dezanove, tão bem caracterizados na escrita pelo grande Eça de Queirós e na arte do desenho humorístico pelo enorme Rafael Bordalo Pinheiro.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


segunda-feira, janeiro 13, 2025

A liberdade nunca foi fazermos e dizermos o que nos dá na "real gana" (dois)


Os abusos da liberdade, esse bem de todos e para todos, são práticas comuns tanto das classes mais altas como das mais baixas. Como de costume é a chamada "classe média", que faz o equilíbrio das coisas.

As camadas mais baixas da sociedade, normalmente iletradas, acabaram por ser as grandes vítimas desta situação, embora também tenham alguma responsabilidade pela forma como sobrevivem, por começarem a usar e a abusar de uma "manha" (que contínua a vingar nos seus "territórios"...): aos direitos dizem sempre sim e aos deveres dizem sempre que podem, não.

Por serem "pobrezinhos" acham que tem de ser o Estado a dar-lhes tudo, desde casa à alimentação, e claro, ainda algumas moedas (rendimento mínimo...), para o tabaco e a bica.

Claro que se limitam a fazer o mesmo que muitos empresários (esses mesmo que se fingem competentes e bem sucedidos, que normalmente vivem em mansões ou palacetes e não em bairros sociais...) - fazem: alimentarem-se e viverem às custas das "tetas do poder", como muito desenhou há mais de um século, o grande Rafael Bordalo Pinheiro.

Quando estes se queixam dos trabalhadores (dizem que "não querem trabalhar"), para não lhes aumentarem os salários baixos, fazem o seu número, e depois tentam ver se cai mais algum dinheiro do poder...

Parece que isto não tem nada a ver com a liberdade, mas tem, porque o mau uso que se lhe dá, começa logo nestes pequenos grande pormenores, em que tanto o "pobre" como o "rico", usam e abusam de um Estado, que é sempre encarado como a melhor solução para resolver os seus problemas.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, janeiro 03, 2025

A arte com e sem "areia nos olhos"...


Continuo a visitar exposições, sempre que posso e quando os artistas me dizem alguma coisa. Às vezes também são possíveis reencontros com alguns artistas, que nos fazem a visita guiada e com que quem se fala sobre tudo e sobre nada, seja das artes ou das vidas...

Não falámos de uma forma concreta sobre a banana e a fita isoladora cinzenta, falámos sim dos "intrujas", que se têm intrometido em tudo o que possa dar dinheiro na sociedade, inflacionando, sempre que podem os valores reais de casas, carros, jogadores da bola e obras de arte, entre outras milhentas de coisas.

Mas o mais impressionante não é transformarem qualquer vulgaridade em arte, é terem a capacidade de lucrarem com ela. Sim, não é para todos comprarem uma "banana" por dez mil euros e depois conseguirem vendê-la por vinte mil...

Pois é, convém andar com óculos por aí, nem que sejam de sol, por que vai aparecer sempre alguém, a querer atirar-nos areia para os olhos...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, dezembro 22, 2024

O Natal já foi outra coisa...


Nunca percebi como é que a igreja (se calhar devia escrever "igrejas"...) entrou neste "logro" que é o Natal do senhor das barbas brancas e das roupas vermelhas, que não deixa de ser uma boa história vinda da Lapónia, mesmo que esteja muito longe de se aproximar, quanto mais de suplantar, a que todos conhecemos sobre o nascimento de Jesus de Nazaré. 

Mas em termos práticos, suplantou. E há já uns anos valentes. 

Na minha infância ainda existia o Menino Jesus e o célebre sapatinho, que se colocava na chaminé. Não me recordo se já existia a "parceria" com o Pai Natal (talvez já fosse uma espécie de funcionário de Deus, ou de Jesus, também com superpoderes...), que com o seu carro e as suas renas chegava a todo lado. E embora fosse anafado, conseguia encolher o corpo e descer por todas as chaminés e deixar os presentes...

Estas histórias estão sempre repletas da palavra "talvez"... E insistindo nela, talvez o Papa e os seus conselheiros tenham achado graça à figura e achassem que podiam utilizá-la, para proveito próprio (mesmo que acabassem por perder o "fio à meada", a meio do caminho)...

Vejam lá, que até fiquei a pensar, que, talvez tenha sido também por causa do Pai Natal que o Salazar, proibiu a "coca-cola" no nosso país. Ele, como qualquer ditador que se prezasse,  era "muito religioso" e não embarcava muito em "americanices"...


segunda-feira, dezembro 16, 2024

Egoísmos, oportunismos e fingimentos...


O maior problema dos políticos é a sua capacidade de "fingimento", de fazerem de conta que está tudo bem, ao mesmo tempo que vão passando ao lado dos problemas, sem se preocuparem com as "bolas de neve", que deixam crescer, aqui e ali.

É desta forma que coisas aparentemente simples, que poderiam ter respostas quase imediatas, se tornam com o tempo, autênticos flagelos sociais...

Quando olhamos e escutamos as notícias sobre a gente (quase sempre de pele mais escura...) que ocupa lugares abandonados e os transforma em "bairros", e que depois de terem andado a escapar à lei, quando são confrontados com as ilegalidades, querem que o Estado lhes resolva o problema, a primeira coisa que pensamos é na mentalidade destas pessoas, que querem ter um "estatuto especial" de cidadãos. Acham que têm de ser os poderes, locais e nacionais, a arranjarem-lhes uma casa, quanto a maior parte de nós, teve de comprar ou alugar a casa onde vive...

Ninguém escapa a este "egoísmo" humano, até por muitas vezes sermos confrontados com situações de mero oportunismo, de gente que já tem casa e vai para estes locais, apenas para que lhes "ofereçam uma outra casa"...

Continuo a pensar que se as autoridades actuassem de imediato (em vez de assobiarem para o ar...), colocando fim a estas "ocupações", mal as pessoas se começam a instalar nestes espaços abandonados, degradados e perigosos, se evitavam muitos destes problemas, que crescem quase como cogumelos.

Claro que o problema central continua a não ser este. Nem é apenas a falta de casas. É sim, um outro "oportunismo" de todos aqueles que têm casas para alugar ou vender, e que o tentam fazer pelo maior valor possível...

Eu sei que é a "lei da oferta e da procura" a funcionar, mas...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


terça-feira, dezembro 10, 2024

Prometer o que não se pode (e não se quer dar) nas culturas...

A cultura continua a ser o parente pobre das políticas do nosso país.

A maior parte das queixas, que se ouvem aqui e ali, têm razão de ser,  e ainda aumentam quando se trata de governos que apostam mais na propaganda que na acção. Isso aconteceu com António Costa e continua a acontecer com Luís Montenegro. Tanto um como o outro fingem pensar que as pessoas são todas estúpidas, que gostam de comer "gato por lebre" e ainda são capazes de dizer no fim do "repasto: "está tudo muito bom"... 

Sei que eles sabem que as pessoas das culturas pensam pelas suas cabeças. São pessoas que gostam de ler, de conversar e de estarem bem informadas. O seu grande problema é fazerem parte de áreas onde não se produz lucro (felizmente graças ao turismo o património - museus e monumentos - tem sido bastante lucrativo, quase de uma forma natural, sem que tivesse existido uma aposta séria no sector...), porque não existe uma "indústria cultural", nunca houve uma política de desenvolvimento séria.

Os políticos continuam a olhar para a cultura e para os seus agentes, como pessoas que fazem umas coisas giras, boas para usar nas campanhas eleitorais, que entretem outras pessoas e precisam de umas "esmolas". Mas que não podem, nem devem, ser levados muito a sério, até porque podem tornar-se "perigosos". É por isso que também dá jeito tratá-los como "tontinhos"...

É por isso que se aposta muito mais (como em quase tudo que não é lucrativo na sociedade mas pode "dar votos"...) na subsidiodependência que na autosuficiência. Os políticos gostam de "controlar" as pessoas e os grupos que fazem teatro, cinema, dança, pintura, música, etc., dando depois uns "doces" aos que consideram "seus" e uns "coices" a todos outros...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, novembro 30, 2024

A necessidade de antecipar o Natal...


Percebo que o comércio queira antecipar o Natal, que sejamos massacrados diariamente com as suas "black friday" (que podiam perder o "friday", embora também perdesse a graça...) e que nem mesmo assim se verifiquem as enchentes tão desejadas, no chamado comércio tradicional (fora dos centros comerciais)...

Talvez seja esse mesmo comércio que faça pressão junto das Autarquias, para que se comecem a iluminar as ruas cada vez mais cedo e a instalar as árvores de Natal, quase gigantes, nos seus lugares mais centrais.

Talvez sejam essas árvores gigantes que fazem com que muitas casas já tenham as árvores de Natal montadas e se preparem as iluminações particulares neste último dia de Novembro, mesmo que não se faça qualquer "black friday" no preço da eletricidade...

(Fotografia de Luís Eme - Algarve)


domingo, novembro 17, 2024

"Vinde a mim, pobrezinhos do mundo..."


Os dias disto e daquilo, sobrepõem-se cada vez mais. Hoje era  dia mundial de pelo menos três coisas diferentes. Apenas vou falar de uma delas, por esta continuar a ser um dos nossos maiores flagelos sociais: a pobreza.

Depois dos tristes anos da "troika" (com o nosso Governo a ir ainda mais longe que essa gente...), o fosso entre ricos e pobres, em vez de diminuir, foi aumentando. Haverá várias explicações para isso acontecer, mas hoje nem me quero focar muito no "capitalismo selvagem" ou nas "más políticas sociais" de um partido, que de socialista só tem o nome, muito menos do seu sucedâneo, que nunca escondeu ao que vem.

Quero falar sim de toda uma indústria que tem florescido em volta dos "pobrezinhos" (sem meter no mesmo saco as associações de voluntários que tentam mesmo ajudar as pessoas...), que gosta de "coitadinhos" e se esforça para roubar a dignidade ao ser humano. 

Indústria que tem a seu lado uma igreja quase moribunda, que também sempre fez a sua "luta" em redor dos "pobrezinhos", e claro, as grandes famílias do poder, que sempre gostaram de distribuir esmolas. Com algumas "esposas do regime" a voltarem a ter a sua "corte de pobrezinhos" a quem dão "pão e agasalhos", e claro, a fazerem o respectivo sorteio, para terem um "pobrezinho" na mesa de Natal...

É por estas pequenas grandes coisas, que se percebe que crescemos muito pouco, como seres humanos. Tenho cada vez mais vergonha de viver numa sociedade que se alimenta e alimenta este "mundo dos coitadinhos", que prefere dar esmolas em vez do pagamento justo pelo trabalho.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, novembro 12, 2024

A quase lenta mudança de regime sente-se nas pequenas coisas (essenciais à vida)


Pensamos em muitas coisas, que esquecemos, porque a nossa cabecinha é demasiado pequena, para dar abrigo a tanta informação, significante e insignificante...

Pensei nisto, quando ouvi uma mulher com idade para ter netos já crescidotes, falar do aumento do custo de vida, dando um foco especial ao preço do pão, na mercearia do bairro.

Não disse nada mais fiquei com o "pão" na cabeça, ao qual somei o "leite".

Vinha a andar para casa e continuei a pensar, neste tempo em que se pensa mais do que se fala. Sabia que era nas pequenas coisas, essenciais para a vida de todos nós, como são o pão e o leite, que se percebe e sente que esta gente que governa, além de ter perdido o bom senso, também perdeu o pudor. Sim, perdeu o pudor, bens essenciais como o pão e o leite estão no "mercado livre", podem ser aumentados semana sim, semana não como a gasolina ou o gasóleo. Acabou-se a sua "protecção", o tempo em que havia algum cuidado, para que pelo menos o pão e o leite, não faltassem aos pobrezinhos.

É através destas pequenas coisas, que percebemos que de uma forma lenta, vamos mudando de regime, abrindo portas aos gajos e gajas que aspiram a ser "donos disto tudo"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


segunda-feira, novembro 11, 2024

Fartos (e cansados) de perceber a parte do "não há dinheiro"...


Já escrevi vários textos sobre a vida difícil de quem tenta ser artista a tempo inteiro, viver apenas da sua arte, sem ter uma outra primeira actividade que chama segunda...

Talvez a teimosia maior resida em quem faz teatro e raramente recebe convites para  qualquer papel, grande ou pequeno nas telenovelas. Alguns fingem que não suportam a televisão, cada vez mais estupidificante, e acrescentam que nunca aceitariam fazer parte do elenco telenovelesco.

Dizem isto, mas contam os tostões até ao fim do mês, para sobreviverem com a dignidade possível (para alguns isso só acontece porque almoçam e jantam vezes demais na casa dos pais...). Comecei a contá-los e já ultrapassam os dedos das minhas duas mãos...

Olhando para a nossa realidade, só dois ou três "consagrados" é que se podem dar ao luxo de não fazer telenovelas. Mas para contrabalançar este "luxo", fazem publicidade, que normalmente dá mais dinheiro e menos trabalho, que as fitas por episódios que ocupam diariamente os serões televisivos portugueses.

Lá estou eu a querer dizer uma coisa e acabar por escrever sobre outra...

Eu só queria dizer que não há um actor português, das pequenas e grandes companhias de teatro, que não esteja farto e cansado, do disco riscado, que lhes é oferecido, quase todos os dias, de que "não há dinheiro" (quase sempre pelas autarquias...), porque é preciso alimentar as criancinhas nas escolas, sim a fome existe, em quase todo o lado; porque têm de fazer obras para realojar as pessoas; porque é preciso tapar os buracos da estrada, etc.. Ou seja, a cultura não consegue sair do último lugar das prioridades deste país, "cada vez mais de brincar"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, novembro 10, 2024

Ainda as estranhezas (dos que lutam para não mudar)...


(não é a continuação de ontem, mas até podia ser, quase no sentido inverso)

Curiosamente, dois dos lugares mais avessos a mudanças (talvez por serem estranhos por natureza), são o futebol e a política.

Apesar das aparentes inovações e das palavras bonitas ditas pelos dirigentes da Liga e Federação, a "chico-espertice" continua a reinar em toda a linha no futebol (são muitos milhões a saltar de bolso em bolso, por cima e por baixo da mesa...), assim como a habitual má gestão (são muito mais os clubes "falidos" que os com as chamadas "boas contas"...).

É toda esta incompetência que faz com que a "corda" seja cortada sempre no mesmo lado: o canto dos treinadores, que se perderem duas vezes seguidas, são despedidos e obrigados a assumir todas as culpas, desde a falta de qualidade dos atletas contratados até ao dinheiro que não chega às contas dos profissionais no final do mês (nem o sindicato os vale). 

Na política, embora também continue a prevalecer a "chico-espertice", é um mundo mais "finório" (até porque nem nos tempos de "banca rota", o dinheiro falta...). Mesmo que existam mais "rabos de palha", há muito mais "arte" para os esconder.

Isso faz com que aconteça o inverso do futebol: só se demitem ministros e secretários de estado (por mais incompetentes que sejam ou por serem suspeitos de ter feito desaparecer a "caixa das esmolas" da paróquia onde eram autarcas...), se não existir outra alternativa qualquer, como eles saírem pelo próprio pé...

Pois é. Há coisas que passam o tempo a mudar... e outras que nunca mudam.

Vá-se lá perceber porquê...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, outubro 30, 2024

Quando "o Feitiço se vira contra o Feiticeiro"...


Por estes dias, o Manchester United está a fazer ao Sporting, o mesmo que este fez ao S. Braga, há mais de quatro anos: "compra" Ruben Amorim, pagando a respectiva cláusula de rescisão. E ponto final.

É apenas mais um bom exemplo de que adoramos fazer aos outros, coisas que não gostamos que nos façam a nós...

E como nos diz, muito bem, a sabedoria popular: "o feitiço virou-se (mais uma vez) contra o feiticeiro". 

Todos aqueles que dizem que este caso não é comparável, falam com o coração e não com a razão, o que até é perfeitamente legitimo num adepto de futebol.

Já o mesmo não se pode dizer dos gestores profissionais do clube. É por isso que não percebo toda a carga dramática que os dirigentes do Sporting estão a colocar no balneário, no treinador e nos jogadores, quando se percebe que a cabeça do técnico já está em Inglaterra. 

Em vez de se desenvencilharem do "problema", o mais rapidamente possível, estão a fazer os possíveis para que ele deixe cada vez mais marcas na equipa, colocando em causa, tudo, até o primeiro lugar que ocupam no campeonato...

(Fotografia de Luís Eme - Beira Baixa)