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terça-feira, agosto 27, 2024

A liberdade, a identidade sexual e a "feira de rótulos" que floresce à nossa volta...


Enquanto passava junto de um grupo de jovens, percebi que duas adolescentes que estavam de mão dada, estavam a ser gozadas por esta sua atitude de carinho, que poderia, ou não, ter qualquer carga sexual.

Fiquei a pensar naquele episódio, enquanto continuava a minha marcha e eles iam ficando para trás. Nos meus tempos de adolescente era normal ver amigas a passearem de mão dada, sem que lhe fossem colocados quaisquer "rótulos".

Sei que nesses tempos a sociedade era bastante mais fechada e quase que obrigava as pessoas com opções sexuais diferentes a serem discretas, escondendo o que sentiam dos olhares públicos. 

Hoje passa-se outro fenómeno. Quando as pessoas são discretas em relação à sua sexualidade, se andarem sempre com a mesma pessoa (rapaz ou rapariga...), os outros começam a ver coisas, que até podem até ter alguma razão de ser, mas que ninguém tem nada a ver com isso.

Por vivermos em cidades diferentes e termos vidas também diferentes, eu e o meu irmão, estamos tempos e tempos sem nos vermos. Há dois anos, passámos três dias juntos, numa viagem pela Beira Baixa, com paragem na aldeia onde o meu pai nasceu. 

Num dos restaurantes onde fomos jantar, senti que havia uma simpatia exagerada por parte da senhora que nos servia. Reparei também que falava uma colega mais nova, quase ao ouvido, entre a cozinha e a sala de refeições, enquanto nos olhavam. 

Sei que não são só os homens que são atrevidos. Mas não era o caso, pois ela não nos oferecia qualquer "olhar guloso". Depois de nos retirarmos, fiquei a pensar que talvez tenhamos passado por um casal de namorados, nas suas cabecinhas tontas, pela forma alegre como conversávamos um com o outro (mesmo que seja o que os irmãos fazem quando gostam uns dos outros...)...

Embora a nossa opção sexual possa ser assumida hoje com mais liberdade, uma boa relação entre pessoas do mesmo sexo, também pode ser mal entendida com mais facilidade, por a nossa sociedade se ter transformado numa "feira de rótulos"... 

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


segunda-feira, abril 29, 2024

Querer ser outra coisa...


Em menos de 10 minutos, em dois transportes diferentes, tive a mesma sensação, com duas pessoas diferentes.

Aquilo que lhes era mais comum, além da juventude, era a sua ambiguidade sexual. 

Sim, ambiguidade sexual. 

O primeiro era um rapaz com uma bela cabeleira loura (o trabalho que deveria dar, ter um cabelo tão sedoso e comprido...), que estava sentado de uma forma estranha. Enquanto o observava ia perdendo características de "rapariga loura", para passar a ser  um "rapaz louro", por coisas peculiares. O corpo não tinha muitas curvas e calçava um número de ténis quase grande... Só quando se levantou para sair na estação do metro percebi que era um "Alberto"...

Já sentado no cacilheiro, recebi a companhia de um rapaz de cabelo curto, roupas pretas, olhos e lábios pintados, brincos. O tempo da duração da viagem fez-me perceber que era demasiado leve e suave, para ser "o que parecia (e queria) ser". Agora era uma rapariga que lutava contra a tal questão, do que era suposto ser, segundo a sociedade...

O mais curioso, foi pensar que ambos deviam estar em negação, que se recusavam a aceitar o sexo que lhes fora destinado, por mais um daqueles acasos, que não se explicam (e agora também se podem negar...). 

Talvez tivessem medo do destino que a vida lhes traçara e queriam mudar o seu rumo, ou apenas queriam ser algo diferente...

Pois é, vivemos num mundo onde se há coisa que não nos falta, é o "talvez"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, abril 15, 2024

Eu sei que a palavra "incomoda-me" é forte de mais...


A palavra "incomoda-me" é forte de mais. Mas acho estranho que de um momento para o outro, tenham crescido tantos comentadores e comentadoras de guerra, em todos os canais televisivos. São mais que os cogumelos...

E agora vem a parte sexista... Acho ainda mais estranho ver tantas mulheres a comentarem guerra, a falarem de armas e de tácticas militares, como se fossem autênticas peritas.

E até podem ser, mas...

Imagino que toda esta "sapiência" tem mais a ver com o "negócio", que com outra coisa. 

É provável que tenham pensado: "esta guerra é capaz de ser uma boa oportunidade para ganhar uns cobres." E depois devem ter ido ainda mais longe: "dizer o que o Milhazes e o Rogeiro dizem, é mais fácil que comentar futebol".

Eu sei que com as guerras não se deve brincar, mas de certa forma, é o que se passa nas nossas televisões, com o "desfile" diário de gente que adora dizer banalidades e falar de "marcianos"...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


domingo, janeiro 07, 2024

Coisas de uma sociedade muito mais masculina que a dos nossos dias...


Nem sempre se consegue falar de sexo de uma forma aberta. E se a conversa for entre homens e mulheres as coisas ainda se podem tornar mais estranhas, porque por muito que se insista, as diferenças que existem entre nós não são apenas físicas.

É por isso que só quando existe uma grande cumplicidade, e ausência de quaisquer interesses carnais, é que é possível falar de forma natural sobre coisas que "não lembram ao careca".

Foi também por isso que foi bom viajar no tempo com a Rita, coisa que não fazíamos à séculos.

Foi giro como a conversa cirandou, do presente viajámos para o passado, para como olhávamos para o sexo na adolescência e juventude, na forma antagónica com que éramos colocados pela própria sociedade e pelos seus estereótipos. Enquanto nós rapazes, tínhamos vergonha de sermos "eternamente virgens" (o normal era visitarmos bordeis porque se exigia prática ao homem...), as raparigas queriam ser virgens, o mais tempo possível (quanto mais próximo do casamento melhor...). 

Éramos colocados em pontos opostos por uma sociedade muito mais masculina que a dos nossos dias...

Ainda bem que as coisas neste campo mudaram, significativamente.

(Fotografia de Luís Eme - Interior de Cacilheiro)


quarta-feira, agosto 02, 2023

Ai liberdade, liberdade, para onde te estão a querer levar...


Mesmo pessoas como eu, que se estão borrifando para o "politicamente correcto", por vezes também ficam a pensar se devem, ou não, fazer isto ou aquilo. 

A onda crescente de "censura" e de "censores" é tal, que tenta varrer tudo o que lhes faz comichão - mesmo que seja só na ponta do nariz -, para qualquer caixote do lixo. Gostam tanto de se fazer notar, que nem sempre lhe conseguimos ser indiferentes.

Escrevo isto porque tenho alguns livros infantis e juvenis que os meus filhos não querem e que são para dar a outras crianças, que gostem de livros. 

Mas com todas estas manias sexistas, que quase querem proibir as meninas de andarem de cor de rosa e os meninos de azul, não sei se será boa ideia dar alguns livros da minha filha (mesmo que tenham sido escolhidos por ela, há apenas uma dúzia de anos...), como os que estão na fotografia...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, março 10, 2023

A "Caça" ao Pacheco Pereira pela dita "imprensa cor de rosa"...


Só na quarta-feira, quando almocei com dois amigos, é que tive a percepção da "caça" ao Pacheco Pereira, levada a cabo por uma parte de uma comunicação social que sempre foi mais castanha que rosa, diga-se de passagem.

Li o artigo em causa no "Público", em que Pacheco Pereira fala não só das violações  da Igreja, como também nas relações ambíguas existentes no seu seio, com a existência de "sobrinhas", "afilhadas", que vivem nas casas de alguns padres. E depois vai mais longe, alargando o leque de relações entre adultos e crianças, na própria sociedade. Normalmente também são apelidados de "afilhados". Pacheco Pereira, mesmo sem dizer o nome, dá pistas suficientes para se chegar a Marco Paulo.

O historiador deu este exemplo, por não perceber a razão, pela qual estas relações (há dezenas delas nos meios artísticos e televisivos...) nunca provocaram ondas de indignação na sociedade. São sim, muitas vezes patrocinadas pelas revistas que vivem quase num mundo paralelo, que uma boa parte das vezes, não passa de um "mundo do faz de conta". É dessa forma que é comum "inventarem" namoradas a actores ou músicos (são os mais "explorados" por este género jornalístico...), que socialmente têm receio de assumir a sua homossexualidade, por terem noção que o nosso país é tudo menos aberto neste campo...

Eu percebo a linha de defesa montada por esta imprensa e pela televisão que se alimenta de mexericos. Sempre tiveram uma posição ambígua, protegendo e fechando os olhos às tais relações, no mínimo estranhas, que Pacheco Pereira denunciou, com a coragem que o caracteriza. 

E por isso, têm de defender o "negócio" e os "marcos" que lhes abrem a porta de casa...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, outubro 03, 2022

É mais comum do que parece, dar voz dentro dos livros, ao "Ressentimento", que existe dentro de nós...


O último romance que li foi "Dentro de Ti Ver o Mar", de Inês Pedrosa. Não gostei da história, nem da caracterização das personagens pela autora. Achei tudo muito "telenovelesco"...

Além de sentir que o livro era demasiado explicativo (gosto de ter espaço para pensar e imaginar dentro das histórias...), também me pareceu ter sido  escrito quase como um "ajuste de contas", para com os homens. Homens esses, que no que toca ao amor e ao sexo, segundo a Inês, são quase todos uns "canalhas"...

A única coisa boa desta leitura foi ter-me feito pensar bastante, nesta coisa "complexa", que são as relações (de todo o género) entre homens e mulheres. Acho mesmo que nunca nos conseguimos perceber, totalmente. E é algum do mistério que permanece entre nós, que faz com que não desistamos uns dos outros.

Como sempre me relacionei profissionalmente com mulheres, sem que existissem interferências amorosas e sexuais (às vezes a custo, porque existem sempre jogos de sedução, de parte a parte...), tenho alguma dificuldade em compreender a autora. Eu sei que sempre tive uma "desvantagem", nunca exerci qualquer tipo de poder sobre mulheres (ou homens...), sempre tivemos uma relação de igual para igual. Nunca fui chefe de nada, quanto muito fui coordenador de várias actividades, com mais trabalho que poder.

Claro que não é a primeira vez que sinto que existe "ressentimento" dentro de um livro. É até mais comum do que o que possa parecer. 

A escrita também serve para exorcizar os nossos fantasmas...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, abril 29, 2022

Um País com um Tempo Próprio... que se chama Depois...


Apesar da rapidez com o mundo se aproximou de nós, através da visualização dos múltiplos écrans que se ocupam de nós, diariamente, há coisas que não mudam, como o nosso tempo, que continua a ser muito próprio.

É por isso que só agora é que está a surgir com mais alarido o "metoo#" entre nós. E não surge por acaso,  no interior das universidades, onde milhares de jovens vivem pela primeira vez, longe dos pais, entregues a si próprios.

Além de tempos de descobertas, são também tempos de fragilidades, dos primeiros enganos, das primeiras grandes ilusões (e desilusões) amorosas... onde quase tudo parece ser possível, como nos filmes.

As meninas inocentes e giras sempre foram os principais alvos de alunos batidos e também de professores com alma de "dom juan". Muitas viviam primeiros amores com sexo à mistura e fingiam não perceber que uma boa parte das promessas de amor não passavam disso mesmo, de promessas (claro que também há sempre um grupo de alunas, tudo menos inocentes, que sabem que também é possível subir notas, em "sessões de estudo" mais viradas para anatomia, mas pertencem a outro "filme"...).

Isto vai ao encontro de uma realidade que sempre me fez confusão, mas que faz da natureza humana: a atracção que as mulheres têm por patifes. Mas não era disso que eu queria falar, era apenas de sermos um país com um tempo próprio, que se chama depois...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, setembro 08, 2021

Quando o Calculismo Político tem Sexo...


Não vou atrás das "ondas" que enchem de adjectivos Paulo Rangel, deputado europeu do PSD, por aos 53 anos ter assumido publicamente a sua homossexualidade.

A única coisa que descubro nesta posição é calculismo político. Coragem para mim era ele ter assumido a sua orientação sexual antes dos 40 anos de idade.

Como já se percebeu Rangel quer ser líder do PSD e desvia do caminho tudo aquilo que possa ser prejudicial para  a concretização deste seu sonho político (até por saber do que são capazes os seus colegas de partido, que divulgaram recentemente um vídeo antigo, ainda dos tempos em que ele era "anafadinho" onde surge a caminhar pelas ruas de Bruxelas com um "grãozinho na asa"...).

Não esqueço que enquanto deputado (em Portugal e na Europa), Rangel colocou-se quase sempre ao lado das maiorias, votando contra a sua própria natureza sexual, ao contrário de muitos heterossexuais, que não têm qualquer problema em defender os interesses das minorias, quando os acham justos.

(Fotografia de Luís Eme - Nuvem Lisboeta)


sexta-feira, junho 18, 2021

Um Outro "Movimento das Coisas"...


Ontem escrevi sobre um filme e uma realizadora, pela forma como ambos foram "esquecidos" e "abandonados".  O Movimento das Coisas, que foi terminado em 1985 só vai ser exibido em salas de cinema em 2021.

Sobre Manuela Serra há ainda outra história (não menos triste que a do filme...) que a levou a abandonar a sétima arte. Quando ainda não se falava de assédio sexual. Ela explicou-a, sem qualquer tipo de "rodriguinhos", no Jornal de Letras: «Os motivos que levaram a pôr definitivamente uma pedra no assunto foi receber certo tipo de convites... Na altura, os homens muito poderosos sentiam-se à vontade para fazer propostas a mulheres, eu não quis entrar por essa porta. Não devo ter sido a única vítima. Havia abuso de poder e colocaram-me em situações extremamente difíceis. A maioria deles já morreu e os crimes prescreveram.»

Todos nós já percebemos que havia uma casta de "machos" (minoritária...), que utilizavam o poder que tinham para ir muito para além dos jogos de sedução. Pressionavam e chantageavam, até conseguirem o que queriam. Felizmente com todas as denúncias que têm vindo a público, devem ter os seus dias contados.

Do que ninguém fala é de outro poder masculino (o feminino sempre foi muito mais discreto), que sempre dominou o mundo das artes, esse mesmo, o homossexual. Acho curioso que não surja nenhum homem a falar sobre as histórias de assédio, de que foi vítima (por encenadores, realizadores e actores, especialmente no começo de carreira...).

O problema é sempre o mesmo. Provavelmente, além da vergonha, têm medo de entrar em alguma "lista negra" e não voltarem a trabalhar no mundo do espectáculo... 

(Foto de Luís Eme - Ginjal)


quinta-feira, abril 22, 2021

O "#Me Too" Chega ao nosso País com o Atraso do Costume...


Foi preciso uma actriz contar no "confessionário" televisivo  - onde as figuras públicas podem e devem chorar, com ou sem vontade... - que tinha sido vitima de assédio sexual por parte de alguém poderoso (cujo nome continua "escondido", à espera de melhores dias...) de uma produtora que trabalhava para um canal televisivo (que não é a SIC, pelo que suponho ser o seu concorrente mais feroz...), para começarem a surgir mais relatos sobre assédio sexual.

Mas Sofia Arruda não se ficou pelo assédio, foi ainda mais longe. Disse que, tal  como fora ameaçada pelo "assediador" (que passados estes dias continua "anónino", vá-se lá saber porquê...), esteve vários anos sem conseguir trabalhar para esse canal de televisão...

Nada disto é novidade para quem trabalha ou conhece os bastidores da televisão, embora o assédio seja tanto homossexual como heterossexual (será que algum actor masculino alguma vez irá falar disso?).

O curioso é o "#Me Too" chegar ao nosso País, com os anos de atraso do costume. Ou seja, as coisas no nosso "cantinho", não mudaram assim tanto como nos tentam fazer crer.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, outubro 11, 2020

Palavras Escondidas Atrás de Preconceitos


Todos nós enfrentamos situações, entre o estranho e o diferente, ao longo da vida. Umas mais marcantes que outras. Mesmo que o que ontem era esquisito, hoje seja quase normal.

E não é nada do outro mundo pensarmos que estamos preparados para o que vai surgir, depois de virarmos a esquina, e mesmo assim acabarmos surpreendidos... ou reagirmos de maneira diferente.

Mas as palavras são terríveis, e têm de facto um peso diferente. Como eu compreendi o Paulo, quando disse que não lhe fez muita confusão, o filho apresentar-lhe o companheiro, com quem vivia. Ia estranhar muito, sim, se ele lhe apresentasse o marido. Parecem coisas iguais mas são tão diferentes. Pelo menos na nossa cabeça...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, dezembro 07, 2019

Há Mensagens Simples, que Dizem tudo...


Se há imagens que valem pelas tais mil palavras, este cartaz é uma delas.

Com uma simplicidade desarmante, obriga-nos a olhar e a pensar na realidade que nos cerca, na gente que não se consegue adaptar a um mundo de iguais (nos direitos) e a aceitar as diferenças...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quarta-feira, agosto 21, 2019

«Como é que as pessoas se podem conhecer, se fazem sexo de luz apagada?»


Estava a deitar papeis fora quando descobri esta quase não pergunta. Fiquei na dúvida se era da minha autoria, se a tinha retirado das legendas de algum filme, ou se apanhei qualquer coisa parecida nas ruas.

Hoje de manhã, voltei a encontrá-la, aqui ao pé do computador. Pensei que ela por si só, já daria uma boa história, mesmo esquecendo o sexo (está aqui só para disfarçar)...

Antes de a escrever, li-a em voz alta: «Como é que as pessoas se podem conhecer, se fazem sexo de luz apagada?»

Eu sei que terá muitas respostas, mais ou mais óbvias, sem termos de nos deitar em qualquer divã do mobiliário dos sobrinhos do Freud. Mas mesmo assim, dá que pensar...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

sexta-feira, junho 14, 2019

O Mundo Azul e o Mundo Cor de Rosa


Apesar da existência de alguma pressão televisiva (nos programas de entretenimento e nas novelas), para que se olhe para tudo o que nos rodeia com "normalidade", a vida  (tal como ela é...) nem sempre nos deixa acompanhar o "progresso"...  

Eu sei que às vezes só o descobrimos quando "a boca resolve fugir para a verdade"...

Se os dois homens estrangeiros de meia idade (talvez ingleses, pela forma cuidada como se exprimiam em inglês...), que vestiam roupas de cores vivas, não tivessem caído nas boas graças de um grupo de três mulheres maduras, sempre atentas ao quotidiano, eu não estaria aqui a escrever este fait-diver.  

Elas, meio  brincar meio a sério, foram dizendo que não deixavam os seus homens saírem à rua naqueles "preparos" (achei graça a esta palavra, fez-me lembrar a minha avó, mesmo que tenha sido dita de forma jocosa...), com calças vermelhas, verde alface ou camisas amarelas ou cor de laranja. Acrescentaram mais alguns pormenores pitorescos, ligados aos cabelos e ao penteados (e até às sobrancelhas...).

Ainda bem que continuamos a não falar das mesmas coisas que as mulheres... Umas vezes por distracção, outras por pudor, e outras ainda, pela simples razão de nem sempre coincidirmos nos gostos e nos pensamentos...

Ao escutar as três senhoras, lembrei-me das pessoas modernas, que em nome da "igualdade", querem acabar com os mundos "azul e cor de rosa". 

Mundos que ainda nos continuam a diferenciar (mesmo que tenham o dedo do comércio)  assim que vimos ao mundo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

sábado, março 30, 2019

Contradições Femininas do Nosso Tempo...


A "auto-exploração" do corpo, com poses provocatórias e a ausência de roupas nas "redes sociais", em busca de "likes" e de "seguidores" (e de dinheiro, claro...), por parte de múltiplas mulheres modelares, é uma das coisas que me faz mais confusão nestes tempos, que são mesmo de mudança. 

Se olhar para as muitas jornadas de luta femininas, contra o machismo e o assédio sexual, esta postura, soa-me no mínimo a um contra senso. 

Embora saiba que a mulher é dona do seu próprio corpo, faz-me impressão toda esta exposição, quase sempre com "conotação sexual", nestes tempos em que quase nos querem proibir de olhar com olhos de ver as "musas que enchem as ruas de cor" assim que se aproxima a Primavera...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)

sábado, dezembro 01, 2018

Memórias das Ruas Lisboetas...


O Primeiro de Dezembro além de comemorar a nossa Restauração de 1640, depois de 60 anos de domínio espanhol, também é o Dia Mundial de Luta Contra a Sida.

Esta doença hoje "já não é uma sentença de morte", como nos diz a publicidade que foi capa do "Público" de hoje (e provavelmente de mais jornais, mas só comprei este e nem olhei as outras capas...), graças aos avanços da medicina.

O mais curioso é que ontem tinha escrito umas palavras sobre  algumas conversas com amigos antigos de Almada, que ainda se recordam dos "números de polícia" e das ruas (Ferragial, Rosa, Diário de Notícias, Gáveas, Norte, São Paulo, etc) dos bordéis que frequentaram no começo da idade adulta.

No começo da minha idade adulta existiam sobretudo "bordéis de rua", em praticamente toda a Avenida da Liberdade e também no Largo de São Pedro de Alcântara, Enquanto descia a Avenida em direcção ao Cais do Sodré, para apanhar a barca que me levava para a outra margem, recebia convites femininos de todo o género, desde o simples "vamos querido?" até ao quase cristão, "faço-te o homem mais feliz do mundo".

O curioso é que a partir da Praça dos Restauradores a "fauna" mudava, eram as "bichas" que me faziam uma perseguição quase impiedosa, normalmente sem palavras, apenas com olhares viciosos. Era uma espécie de jogo de escondidas e também de estafeta ("elas" revezavam-se de esquina a esquina, cheguei a ser perseguido por mais de uma dezena de "bichas"). 

Recordo que quando vinha acompanhado, brincávamos com o assunto e "elas" não se aproximavam muito. Agora quando vinha sozinho, o "assédio" era bem mais descarado...

O aparecimento da Sida nesses primeiros anos da década de oitenta do século passado afastou toda esta gente das ruas. Se os homossexuais ainda devem andar por ai, com mais discrição, as prostitutas não voltaram à Avenida...

(Fotografia de Luís Eme - os laços vermelhos que são colocados neste dia, em volta das árvores num dos jardins de Almada...)

quinta-feira, outubro 18, 2018

A Música e a Liberdade Sexual


No meu trabalho de pesquisa, descobri uma entrevista interessante do músico João Peste, dos "Pop Dell'Arte", dada ao suplemento "6.ª" do "Diário de Notícias" de 13 de Janeiro de 2006, em que ele numa das suas respostas, aborda a questão da libertação sexual de uma forma, no mínimo, pertinente.

«A questão da libertação sexual é um assunto que praticamente está ausente na maioria da produção musical portuguesa. Grande parte da produção musical portuguesa trata, pelo contrário, da repressão sexual. São as canções sobre o bacalhau de Quim Barreiros ou as canções da Ágata e da Rute Marlene, que não têm a ver, de modo algum, com a libertação sexual. Têm a ver com a repressão sexual, com uma forma atrofiada de encarar a sexualidade, com modelos ultrapassados, machistas e patriarcais que deviam ser completamente banidos no século XXI. Reflectem completamente não só um atraso cultural mas também um atraso de mentalidade e da própria consciência sexual das pessoas.»
                                                         
Ao ler as suas palavras pensei que, neste tempo, de alguma forma revolucionário, pelo menos para as mulheres, ainda ninguém tinha criticado a brejeirice e o mau gosto de alguns músicos do "clube pimba", que utilizam quase sempre o corpo das mulher, em vários jogos sexuais...

(Fotografia de Luís Eme)

domingo, outubro 07, 2018

O Olhar Masculino e o Olhar Feminino...


Se no caso da sentença recente que suspendeu a pena dos dois violadores, penso que não há diferenças de género, na forma como se olha a aplicação (absurda) da lei, já na alegada "violação" de Cristiano Ronaldo em Las Vegas, há pelo menos dois olhares: um masculino e outro feminino.

Coloquei aspas na palavra violação, porque me parece que se trata sobretudo de um acto de violência sexual, e não tanto de violação. Pelo menos na forma como normalmente se entende a violação.

Embora neste caso particular Cristiano Ronaldo tenha recebido muitos apoios femininos entre nós (é o sentido patriótico a falar e também alguma fobia contra a prostituição...), normalmente a resposta das mulheres é sempre a favor da mulher. E neste caso particular lá aparece novamente a palavra "não", que nos últimos tempos passou a ser mesmo "não"...

Os homens têm sempre tendência para relativizar a questão. O "velho macho", até é capaz de dizer "abençoado", ou "grande homem". Outros, mais identificados com Las Vegas, a Capital do jogo e do prazer, dizem que Ronaldo pagou pelo "serviço completo", ponto final.

Outros ainda, mais legalistas, falam sobretudo em extorsão. Sim, acham que o exame médico feito depois do serviço, não foi realizado por acaso. Muito menos a tentativa de extorsão em forma de leilão (que acabou por resultar, não no quase um milhão pedido inicialmente, mas sim de 323 mil euros pagos, depois da assinatura de um acordo de confidencialidade).

Claro que falo de homens. Não estou a falar de simpatizantes do movimento #me too, pois estes também pedem a "cabeça" de Cristiano Ronaldo, sem dó nem piedade.

As mulheres "justiceiras", começam por falar de uma professora (que deveria estar ali por engano e que deve ter subido ao quarto de Ronaldo apenas para ver as vistas...) e nunca de uma "rapariga de programa" (para não lhe chamar outra coisa...). Depois falam de sexo não consentido, relevando a palavra "não". E por fim, falam da "tragédia" que se seguiu na vida desta mulher depois do episódio:  contusões anais, stresse pós-traumático, depressão, comportamento errático, ansiedade, etc.

Sem a conhecer de lado nenhum, apenas questiono, se a sua presença "em trabalho" numa discoteca em Las Vegas e a visita à suite de Ronaldo, não são já mostras de um comportamento errático (antes de se cruzar com o agradável "pé de meia" português...)

Claro que não faço ideia do que irá acontecer amanhã e nos dias seguintes. Sei sim, que Cristiano Ronaldo tem contra si, o facto de ser uma das personalidades mais populares do mundo...

(Fotografia de Luís Eme)

terça-feira, outubro 02, 2018

«Não, não é sempre não!»


Com cinquenta e seis anos de idade, casado e pai de dois filhos, podia ficar por aqui em silêncio. Era muito mais confortável.

Mas não me apetece. Estou farto de puritanismos e do politicamente correcto.

Sei também que podia esperar algum tempo, por causa dos ecos  de  revolta por causa de mais uma sentença absurda dos nossos tribunais, que penaliza claramente a mulher, em relação aos violadores.

Com todos estes movimentos em defesa da mulher e com o avolumar das suas acusações de violação (algumas com quarenta anos...), sinto que estão a querer destruir as relações entre um homem e uma mulher, todos os jogos de sedução que alimentavam o "amor". Não sei se apenas por que sim, ou se existe qualquer outro propósito social, aparentemente obscuro.

Eu ainda pertenço a uma geração em que por vezes a mulher dizia, não, ou não sei se, quando lhe apetecia dizer, sim (porque só as "galdérias" é que não se faziam difíceis...).

Claro que aceito que muitas vezes devíamos ter levado a sério um "não", e não o fizemos. Da mesma forma que muitas vezes ouvíamos um "não", sem que a nossa amante deixasse de nos beijar, apertar o corpo contra o nosso e relaxar as pernas...

É por isso que eu continuo a pensar - provavelmente mal -, ao contrário do que ouço por aí, que  «não, não é sempre não».

(Fotografia de Henry Clarke)