Mesmo não sendo normal, continuamos a aceitar que existam demasiadas pessoas que não percam segundos das suas vidas a contribuir para uma vida e um ambiente mais saudável. Apesar dos exemplos diários que nos chegam do mundo, continuam a não fazer reciclagem, desperdiçam água e energia, como se o futuro continuasse distante das nossas vidas.
Se uma pequena parte pensa que o dinheiro continuará a "comprar tudo" e fingem-se felizes com o egoísmo que alimenta os seus dias, a outra parte maior, por ignorância e dificuldades económicas, encolhe os ombros e vive um dia de cada vez.
Mas será muito difícil mudar mentalidades enquanto os nossos ministros e secretários de Estado tiverem uma postura idêntica, especialmente os ligados ao Ambiente e à Agricultura. O "negócio" continua a sobrepor-se às próprias leis, com violações permanentes ao Plano de Ordenamento da Orla Costeira e às normas das regiões que fazem parte da Reserva Ecológica e Agrícola Nacional. E nem falo dos atentados ambientais que têm sido praticados ao longo dos anos pelos espanhóis e pelos nossos empresários no Tejo, com o habitual encolher de ombros do poder político...
Deve ter sido também por isso que a chamada de atenção recente das Nações Unidas, por António Guterres, em relação às alterações climáticas, não teve o relevo que deveria ter, no nosso país.
Nós que estamos no Sul da Europa, onde todos os dados científicos dizem se caminha para a desertificação (mais depressa do que se pensava...). E é no Algarve e no Alentejo - as nossas regiões mais quentes e secas - que se usa e abusa da agricultura intensiva nas estufas e nos olivais, se mantêm os campos de golfe verdinhos com relva natural e se continuam a construir empreendimentos turísticos na costa...
Mas que faz muitas confusão esta postura, faz. Especialmente de ministros como o do Ambiente e da Agricultura, que deveriam colocar os interesses nacionais à frente de tudo e continuam a governar como se o futuro fosse só depois de amanhã...
(Fotografia de Luís Eme - Algarve)