Mostrar mensagens com a etiqueta Roubos. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Roubos. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, dezembro 28, 2022

Resistências, "Partilhas Selvagens" e Ladrões


Estive quase a cometer o erro de escrever sobre o telefonema que recebi a meio da manhã. Mas depois achei melhor não.

Embora concordasse, que o meu amigo também é, de facto, um resistente. 

Quando alguém que é "roubado", sistematicamente, não desiste ou "põe trancas na porta", optando por continuar a "oferecer" mais textos e fotografias, aos habituais "amigos do alheio", pode ser olhado como um resistente, sem qualquer dúvida (também podia ser parvo, mas não é o caso...).

Ela disse-me que aquilo não era bem um roubo, porque o nosso amigo comum continuava na posse dos seus escritos e das suas imagens (percebi que lhe apetecia chatear-me...). Percebi isso quando falou da minha "embirração" pelo facebook. Foi quando me lembrei de lhe dizer que se calhar estava certa, eram "partilhas selvagens" e não roubos...

Num dos comentários o Sammy recordou uma frase do poeta Pina sobre a literatura ser uma arte de ladrões que roubam ladrões (e como tal com muitos anos de perdão...). Falando mais a sério, penso que o grande poeta e cronista do Norte, não falava de forma literal, apenas queria dizer que todos aqueles que escrevem são influenciados pelos escritores e pelos livros que gostam (mesmo sem darem por isso) e que a originalidade é uma palavra quase utópica.

Do que eu não tenho dúvidas, é que duas pessoas terem a mesma ideia é uma coisa diferente de se "copiar" uma ideia alheia...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, dezembro 27, 2022

Indignado mas Presente (no mundo virtual)...


Um amigo desabafava estar farto que lhe "surripiassem" fotografias e palavras do facebook e as publicassem como se fossem da sua autoria, sem qualquer referência ou citação. Há mais de um ano já tinha ouvido algo do género. Mas ele ali estava, indignado mas presente no mundo virtual.

Éramos quatro. Em vez de nos mostrarmos incomodados, sorrimos, por motivos diferentes. Eles por andarem por outros lados há algum tempo e terem deixado esta rede social quase ao abandono. Embora não o dissesse, fiquei com a sensação que era o único que sorria por desconhecimento, por me ter conseguido manter "fora do mundo" nesta quase dúzia de anos.

Falou de um fulano qualquer, que era useiro e vezeiro em rapinar fotografias, ao ponto de o "obrigar" a criar uma marca d' água nas fotografias que eram mesmo suas. Mas o que mais o chateava era copiarem exactamente as mesmas palavras que escrevia, nem se davam ao trabalho de mudar a parte inicial do texto.

Felizmente ou infelizmente, todos levaram aquele desabafo para a brincadeira. Ninguém quis discutir o assunto com alguma seriedade. Eu pensei em várias coisas, mas fiquei-me pelos pensamentos... Continuava com alguma dificuldade em perceber como é que alguém insistia em ficar num lugar, onde lhe "roubavam" coisas e a generalidade das pessoas fingia que "não se passava nada"...

Pois é, parece que por ali, o "crime compensa", não existe nenhum xerife texano a pôr "ordem na rede".

Havia alguma sobranceria na forma como ele se expressava. Foi por isso que comecei por pensar que como todos os que estávamos naquela mesa éramos criativos, não nos passava pela cabeça que existissem pessoas incapazes de escrever uma frase da sua autoria com sentido, com princípio, meio e fim. Embora isso não desculpasse nada nem ninguém...

Mas foi a parte do "crime" que ficou na minha cabeça. Com algum exagero comecei a pensar, que talvez esta "lei da selva" que começa a vigorar na sociedade seja importada destes lugares, onde a "ignorância atrevida" vai ditando as suas regras, com o beneplácito de todos...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, junho 05, 2022

O Poeta Pina e as Palavras que Fazem Equilibrismo Dentro dos Livros...


No meio de um poema do livro, "Os Livros", Manuel António Pina diz que: "A literatura é uma arte escura de ladrões que roubam a ladrões".

Sei que esta frase pode ser quase deliciosa para quem gosta de discutir o "sexo dos anjos", porque parece ser provocatória e capaz de dar espaço a demasiadas interpretações, do lado de quem não se alimenta de palavras.

Mas quem escreve, sabe muito o que o poeta Pina quer dizer. 

Tantas vezes que saímos para a rua, apostados em "roubar", no mínimo, duas ou três pessoas, que têm dentro de si algo que só é descodificado por quem precisa muito de alimentar o espírito e dar corda às palavras que fazem equilibrismo dentro dos livros.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, fevereiro 12, 2022

"Basta de Impunidade no Futebol"


Depois de tudo o que se passou ontem no Estádio do Dragão, só posso dizer que Frederico Varandas falou no momento e no sítio certo, sem ter medo de usar todas as palavras devidas e de apontar o dedo ao "papa do futebol", que apesar do seu ar de "santinho", há muito tempo que está a mais no futebol.

Só espero que o Sporting não recue na queixa-crime, que fez contra três elementos do FC Porto. Não tenho outro nome para dar ao que o assessor de imprensa fez ao presidente do Sporting, senão roubo. E ao que consta, nas "barbas" da polícia. 

Em relação à Liga e à Federação, sei que o mais certo é que a montanha do costume pare o ratito também do costume. E que a "lei do silêncio" continue a imperar.

Mas é mais que tempo de dizer que: "Basta de Impunidade no Futebol".

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, julho 07, 2021

Prisões Tardias e o "Rei dos Ladrões"...


Tenho dificuldade em perceber prisões como a de Joe Berardo ou Luís Filipe Vieira, por pecarem ambas por tardias. Fico sempre a pensar que lhes deram "todo o tempo do mundo" para destruírem e apagarem as provas que poderiam existir contra eles...

Mas o que me faz mesmo confusão, é que Ricardo Salgado continue em liberdade, depois de tudo o que fez durante anos e anos. Se existe algum que mereça ser conhecido como o "rei dos ladrões", será ele.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, novembro 28, 2020

O "Roubo" nos Títulos no Cinema...


Sempre me fez confusão que no nosso país não se respeitassem os títulos originais dos filmes (é provável que se passe o mesmo em outros lugares, mas o princípio continua errado...). 

Normalmente são feitas "traduções" abusivas, alterando completamente o sentido que o realizador deu ao seu filme, sem esquecer o mau gosto. 

Gostava de saber qual a explicação (se é que existe) para um absurdo destes. Se por acaso ainda tem alguma coisa a ver com a ditadura e com a censura, já é tarde demais para recordar que tudo isso acabou em 1974...

O que é mais estranho, é nunca ter lido nada sobre este assunto, nem mesmo dos ciosos dos "direitos dos autores". Para mim é disso que se trata, de uma violação feita ao direito do autor, alterando o seu título original, como se isso fosse a coisa mais normal do mundo.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, julho 10, 2020

De Obscenidade em Obscenidade...


Quando vejo afixados cartazes de sindicatos a "exigirem" aumentos de ordenados e subsídios de risco, para quem tem trabalhado continuamente, penso em todas as pessoas que perderam emprego, ou que deixaram de receber ordenado (os trabalhadores precários...). E penso também nos efeitos da "crise" de todo este inferno pandémico, que só se devem sentir no começo do Inverno...

Mas depois não consigo ficar indiferente ao "novelo da EDP", que continua a ser desfiado, nem fazer "ouvidos moucos" a tudo o que se diz que foi feito pelo senhor Mexia. E ainda fico pior quando leio a notícia sobre a venda de uma série de activos do Novo Banco, com o desconto de 70 por cento, ao fundo onde antes trabalhara o senhor inglês, que agora é o chairman do grupo. Só espero que o mais que aparente "conflito de interesses" e a "gestão ruinosa" deste senhor, não caiam no saco do costume...

Prefiro não falar do papel do Estado na TAP e na EFACEC, embora os exemplos anteriores não sejam nada prometedores para todos nós...

E acabo a pensar que o País não deve conseguir suportar os aumentos dos trabalhadores, porque os patrões, os gestores, os ministros e os secretários de estado não querem. Pois é, são muitos os milhões que têm sido deitados fora, com os erros de gestão e os maus investimentos do Estado (basta contabilizar os governos de Sócrates, Passos Coelho e Costa, nem é preciso ir mais longe...).

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

segunda-feira, março 23, 2020

Há Ladrões e Ladrões (sempre foi assim)...


Uma antiga notícia de jornal, fez-me lembrar de um amigo, que durante um dos nossos almoços, me confessou que a única coisa que tinha roubado a vida toda, fora um livro, durante a adolescência. Era um livro que queria muito ler e como não tinha dinheiro para o comprar (estamos a falar do final da década de sessenta do século passado, quando os livros eram vendidos como um "objecto de luxo"...).

Arrependeu-se tanto do que fizera, que a leitura do romance de Machado de Assis (Dom Casmurro), não lhe deu o prazer que devia dar...

A nossa conversa versara sobre, o ter ou não dinheiro, para alimentar qualquer sonho, por mais pequeno que seja. Percebíamos com alguma facilidade os miúdos dos bairros pobres que traziam roupa e calçado de marca de balneários, sem dar qualquer satisfação aos donos.... Agora que tantos multimilionários, continuassem a roubarmos, sem terem qualquer necessidade, é que nos era completamente incompreensível. 

E mais estranho ainda, era sabermos que andam pelas ruas de cabeça bem levantada...

Provavelmente quando Victor Hugo escreveu "Os Miseráveis", já devia ser assim...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, março 05, 2020

Espero que Tenha Resultado...


Ao passar perto de um quintal de uma das ruas calmas de Almada descobri um cartão com um "aviso". Depois de me aproximar e ler, percebi que de alguma forma, ameaçava o amigo do alheio, com a "vida".

Acabei por o fotografar.

Espero que o "ladrão" tenha tido vergonha na cara e que o "aviso" tenha resultado...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)

sábado, novembro 10, 2018

Um Hábito cada Vez mais Normal...


Esta mania dos políticos nos quererem passar "atestados de estupidez",  fiados na sua "chica-espertice", começa a ultrapassar todos os limites.

Já todos tínhamos percebido que uma boa parte deles gosta de "dourar" os currículos com cursos que nunca frequentaram, e cargos que nunca ocuparam, 

Depois há as dezenas de histórias com dinheiros de casas, viagens e fatiotas, do domínio da ficção... mas aceites, porque "os políticos têm ordenados baixos" (pobres coitados, devem receber pouco mais que o ordenado mínimo, tal como a maioria dos portugueses...). 

Só faltava mesmo a "denúncia" (feita pelos seus próprios pares...), de um registo duplo indevido na "folha de presenças" (algo que deve ser mais comum do que parece)...

Como se começou a falar de investigações, com a polícia judiciária e o ministério público ao "barulho", a senhora deputada que registou a presença do senhor Silvano, resolveu "dar a cara" e falar da "normalidade" da partilha de "senhas" dos computadores pessoais do grupo parlamentar... e pior ainda, de distracção. Sim, registou o nome do colega de bancada, sem perceber que o estava a fazer, e logo por duas vezes...

Não menos grave é o presidente do seu partido, achar que tudo isto não passam de "fair-divers"... Pelo menos o líder parlamentar teve a decência de dizer que nunca partilhou a sua "senha" com ninguém...

Tenho de acabar este texto com uma pergunta óbvia: como é que "gente deste calibre" chegou ao parlamento, onde nos está a representar?

(Fotografia de Luís Eme)

quinta-feira, setembro 27, 2018

«Acho que se lê-se mais do que parece.»


Quando a Rita nos espantou com uma quase nova teoria, de que se lê mais do que parece, sorrimos, com vontade de lhe chamar mentirosa.

Tudo isto porque os últimos "casos de polícia" (armas de Tancos e assassínio do triatleta), em vias de resolução, saltitaram para a nossa mesa.

Eu disse-lhes que o problema era mais dos filmes que dos livros. 

O Carlos foi ainda mais longe, é disse que, se era para culpar alguém, culpavam-se os criativos americanos, que inventavam tanta série policial, quase todas bem feitas, que inundavam os canais de filmes do cabo.

Lá ficou a Rita desconsolada, porque sim, esta gente era capaz de se deixar influenciar mais pelas séries americanas que por um bom livro negro ou de aventuras...

quinta-feira, abril 26, 2018

O Dia Seguinte...


Acho que as pessoas fingem acreditar no grito que deram ontem, em uníssono, o habitual "Abril Sempre!"

Digo isto porque fazem muito pouco para que este mês (e os outros...) seja mais que uma boa memória.

Eu sei que não é de agora. Toda esta "liturgia televisiva", que nos quer levar até ao esquecimento, com a oferta de anestesiantes constantes, começou logo em 1976, primeiro com alguma timidez, e também com a utilização de vários disfarces. 

Foi por isso que nem foi preciso esperar muito tempo para que o "poder" voltasse para as mãos das famílias que mandavam no país a 24 de Abril, com a brandura e a vénia dos "democratas" que cerravam fileiras nos partidos de poder (PS, PSD e CDS). 

Mas os "donos disto tudo" foram ainda mais longe, agradecidos, trouxeram-nos para a sua "corte", com os escândalos e roubos que todos conhecemos e pagamos... 

Claro que para o ano, gritamos novamente em uníssono, o habitual "Abril Sempre!"

(Fotografia de Luís Eme - esta imagem não aparece aqui por acaso, durante este tempo tivemos um governante que fingia que não era político e esteve no poder durante 20 anos, e ao mesmo tempo que condecorou dois antigos inspectores da PIDE, "esqueceu" e ignorou o nosso herói maior da Revolução de Abril...)

domingo, outubro 15, 2017

As "Verdades" da Justiça e do Jornalismo...


Normalmente não escrevo sobre os grandes casos de justiça, que desde o "Processo Casa Pia", têm alimentado tantos episódios, quase novelescos nos jornais, televisões, cafés, bancos de jardins e lares portugueses.

Faço isso porque quero acreditar que a verdadeira justiça funciona melhor sem  qualquer tipo de condicionamento.

Na maior parte destes processos, os grandes prejudicados somos todos nós. Pois acabamos por pagar a factura dos grandes "burlões e ladrões" que se têm conseguido infiltrar, com a maior desfaçatez, nos partidos de poder portugueses, para se apropriarem sobretudo de bens alheios. Mas o mais grave é que quase todos escapam à prisão. Normalmente a nossa justiça arranja um "bode expiatório" em cada caso e o assunto fica arrumado.

Mas o pior de tudo é a dúvida que permanece no cidadão comum: os condenados são mesmo culpados?, graças à batalha de "contra-informação" esgrimida pela defesa, acusação e jornalismo, alimentada quase por meias-mentiras e meias-verdades, convenientes, que só têm um objectivo: defender os interesses pessoais e financeiros da "clientela" (que pensa sempre ter dinheiro suficiente para comprar toda a gente...).

Querem exemplos?  Carlos Cruz e Isaltino Morais foram condenados e cumpriram as suas penas na prisão. Apesar de tudo o que aconteceu, eles, e alguns dos seus amigos mais próximos, continuam a clamar inocência...

(Fotografia de Rurik Dmitrienko)

domingo, setembro 03, 2017

A Ficção está Sempre Colada à Realidade...


(pequeno diálogo de um conto que escrevi, inspirado numa história real)

Dois amigos discutem por causa de um caso quase bizarro. Um terceiro amigo tinha encontrado a namorada dentro de um carro a fazer sexo com um colega de trabalho. Pacífico por natureza limitou-se a ligar a lanterna do telemóvel e a apontar-lhes a luz para os olhos, a querer dizer-lhes «estou aqui a ver o espectáculo, não foi ninguém me contou». 
O mais grave da coisa é que era um daqueles namoros que apostavam no casamento, já com casa escolhida, etc.

O mais irritado dos amigos disse: 

- Há coisas que eu sei. Nunca fui nem irei para a cama com a mulher de um amigo. Se ela me aparecesse à frente, nua e num posse convidativa, virava-lhe as costas.

O mais brincalhão quis retirar algum dramatismo à conversa e acrescentou:

- Estás a dizer isso porque sabes que nenhuma namorada ou mulher de um amigo teu vai querer ir para a cama contigo.

(Escolhi este óleo de Pablo Santibanez Servat, porque foi publicado com o texto «Não tens frio?», que continua a ser a "posta" com mais visualizações  - milhares, o que a nudez faz... - de sempre do "Largo")

sexta-feira, março 24, 2017

As Penas das Galinhas e as Outras...


Muitas vezes é necessário escutarmos quem veio de fora, para olharmos  para a nossa realidade sem qualquer filtro: Mesmo que as suas palavras possam parecer "caricaturas", há por ali muitas coisas, mesmo pequeninas, que caracterizam essa coisa estranha que é ser-se português.

O Eric, cansado da mediocridade que o cercava, apontou a dedo a meia-dúzia de pessoas que fazia parte do "Coro dos Coitadinhos" e  andava com uma mão dada à "Senhora Inveja" e outra esticada, a ver se lá vai parar alguma coisa. Acabámos todos a sorrir, por conhecermos bem demais algumas daquelas "peças".

Por pudor ou cobardia,  nunca tínhamos feito um desenho tão aproximado daquela gente que andava sempre à espera que lhe fosse parar alguma coisa dos outros às suas mãos. Invejavam descaradamente o talento dos colegas, sem nunca se esquecerem de colocar a casca de ovo do Calimero na cabeça.

Aquela conversa foi despoletada pela utilização indevida de uma fotografia do Eric no "facebook", por uma "artista", que nem sequer se dignou a dar-lhe qualquer satisfação, como se não existissem direitos de autor nas redes sociais. O Eric não só a obrigou a retirar a fotografia, como lhe disse que roubar continuava a ser feio, mesmo que fosse um simples texto ou uma imagem, acrescentando que o que havia mais por aí eram cursos de escrita criativa e de fotografia. E era boa ideia inscrever-se, podia ser que aprendesse qualquer coisa.

A rapariga como era de choro fácil, em menos de nada fez o número da "coitadinha". Teve logo dois ou três colegas com lenços de papel a enxugarem-lhe os olhos e a destilarem "raiva" para cima do Eric, com vontade de o mandarem para a terra dele.

O Eric não foi em choros e disse que não estava a brincar. E quando ouviu os outros  falarem de pena, disse-lhes que não havia por ali nenhum galinheiro.

E eu, depois de toda aquela conversa, fiquei por ali a pensar na dificuldade que temos em chamar à razão quem não tem qualquer talento e se acha o "melhor do mundo" em qualquer coisa. Ou pior ainda, quem é capaz de usar o talento dos outros para proveito próprio, como foi o caso. Não sei se é do nosso sangue quente, sei que nos falta muitas vezes a frieza do Eric, para chamar alguns elementos do "Coro dos Coitadinhos" à razão...

(Óleo de Juan Gris)

sábado, setembro 17, 2016

O Meu Olhar Sobre as "Minorias"...


Hoje quando ia para o café comecei a pensar (e a tentar desvendar...) como seria a minha vida, se pertencesse aos chamados grupos "minoritários", mesmo que muitas vezes até possam estar em posição de superioridade numérica - como acontece com as mulheres -, mas nunca em termos representativos ou de poder. 

Percebi que se fosse homossexual (assumido) era olhado de lado na minha rua, no meu bairro e na minha cidade; só teria a vida facilitada se entrasse no chamado mercado do trabalho alternativo; não tinha os mesmos amigos, teria outros (menos...), diferentes. Ou seja, era mais facilmente "notícia" por uma questão que só a mim devia dizer respeito.

Entendi que se fosse "preto" era olhado por muita gente quase como se fosse um "fenómeno do entroncamento"; senti que sempre que existisse qualquer roubo e estivesse nas proximidades, era logo apontado pelo olhar dos outros como "culpado";  se tivesse o bom gosto de namorar uma branca gira, olhavam-nos como se estivesse qualquer coisa fora do sitio; e à partida não tinha todas as portas abertas no campo profissional. Infelizmente ainda há profissões que não são para "pretos"...

Deixei para o fim a questão mais complexa, ser mulher. O meu primeiro pensamento foi de que tinha a vida mais facilitada, era seduzida e bajulada naturalmente pelos homens, podeno "jogar" com isso, ao mesmo tempo que teria mais portas abertas em quase todas as áreas da nossa sociedade (esquecido do que estava por trás de todo este falso cavalheirismo...) . Provavelmente também tinha mais gente amiga. Mas depois lembrei-me que há poucas mulheres em lugares importantes no nosso país, as que exercem esses cargos são a excepção que confirma a regra. Que as mulheres que fazem o mesmo que os homens, recebem menos dinheiro. E nem entrei dentro das casas, nem quis pensar mais no assunto...

Pois é, o grupo "minoritário" que parecia ter a tarefa mais fácil, é, provavelmente,  o mais complicado de todos...

(Óleo de Augusta Herbin)

sexta-feira, maio 27, 2016

O Desaparecimento Misterioso dos Gatos da Amélia

Os tempos mudaram mesmo.

Não quero com isto dizer que que não continuem a existir desaparecimentos misteriosos de criancinhas por esse mundo fora, mas parece que há novos nichos de mercado, até porque os animais em muitos lares ocupam hoje o lugar da miudagem.

A única certeza que tenho, é que pelo menos os gatos bonitos começam a ser alvo da cobiça alheia, de uma forma notória.

O problema não é do quintal, penso que todos os animais gostam de ter espaço para correrem e saltarem. Talvez seja mais dos vários "namoros" de quem passa pela rua e se apercebe da doçura ou rebeldia dos gatos, que raramente se fazem rogados à oferta de uma lata de comida. Em troca os "benfeitores" querem a festinha da ordem e depois esperam pela melhor ocasião...

O primeiro a desaparecer foi o Miguel, depois foi a mãe, a Rita, e agora foi a Diana. Curiosamente tudo gatos "siameses" (e não persas...) e de olhos azuis.

O único que resta é o "Kalanga", com o seu pêlo preto e os olhos castanhos, já muito visto por cá. E também um pouco mais rebelde que os irmãos...

Depois do desaparecimento da Diana, os meus filhos sabem que dificilmente ela voltará. Até porque provavelmente tornou-se "gata de casa", ganhou uma "prisão confortável" em vez do quintal da avó, que até tem uma nespereira, para ela afiar as unhas...

(Fotografia de Luís Eme)