Quando vinha para casa ao fim do dia escutei a voz de um casal jovem, meio irritados. alguns metros atrás de mim. Ela exclamou: «não sei o que é que o Manuel Alegre quer.»
Pelo teor da conversa percebi que deviam ser dois jovens politizados, que tanto podiam ser do PS como do BE ou do PAN.
Apeteceu-me dizer-lhes que sabia o que Manuel Alegre queria, mas não quis ser metediço, muito menos mal interpretado.
Não é a tourada, a caça, ou outra coisa qualquer, que estão em causa. Está em causa sobretudo a nossa liberdade. E também a capacidade de fazermos a leitura política do que está a passar, um pouco por todo o lado: a tentativa das minorias de imporem aquilo que acham certo, mesmo que contrariem a vontade de setenta ou oitenta por cento da população.
Fingem-se grandes defensores do ambiente, dos animais e da saúde, mas o que querem mesmo é contrariar a liberdade dos outros.
E não deixam de ser contraditórios. Se por um lado defendem a proibição do uso do sal e do açúcar, por outro querem liberalizar o uso das "drogas leves". Nem têm dificuldade em arranjar declarações médicas de que a liamba e o haxixe fazem muito melhor à saúde que os sabores adocicados e salgados da comida...
E como gostam muito de ervas, provavelmente querem que todos nos tornemos vegetarianos...
Ou seja, a liberdade é uma coisa muito boa, mas só para eles.
(Fotografia de Luís Eme)