Saia de casa depois do almoço e com o seu andar vagaroso dirigia-se à sede da sua Colectividade.
Pedia um café e sentava-se junto a uma das mesas, acompanhado do tabuleiro e das peças de xadrez.
Ficava por ali, em silêncio, à espera do jogador que nunca chegava, porque aquela malta preferia as cartas e o dominó...
Às vezes imaginava a filha, antes de crescer e tornar-se mulher, à sua frente, a querer ganhar-lhe a partida.
Com os olhos a brilharem, quase que sorria, abraçando o silêncio.
O silêncio era um amigo e um adversário, para quem inventava um ou outro xeque-mate.
Olhava o relógio antes de arrumar o tabuleiro e ir embora.
Já na rua, dizia para os seus botões, que a Primavera nunca mais chegava, para finalmente puder mudar de cidade...
O óleo é de Tony Luciani.