[José Paulo Vieira, "Visão (sete)", 30 Mar 99]
(Fotografia de Luís Eme - Tejo)
(palavras e imagens do rio da minha aldeia, que por um mero acaso, também é o melhor rio do mundo...)
[José Paulo Vieira, "Visão (sete)", 30 Mar 99]
(Fotografia de Luís Eme - Tejo)
Os olhos de Cristina
Inquietos, sacudidos pelo bulício da cidade antiga, os olhos de Cristina vieram da cidade nova e são dois faróis a avisarem a navegação das próximas tempestades quotidianas. Cristina saiu da estação do Metro da Baixa-Chiado e atravessou a muralha mandada construir por D. Fernando para beber um café e comer um bolo. Vista ao longe, diluída na pressa dos semáforos, Cristina não é apenas uma mulher. É também a imagem de uma cidade. Cidade habitada por afectos, cruzada por ruas de sonhos, por praças projectadas na vontade de ser feliz. Se Lisboa é uma cidade-mulher, luminosa e pronta a ser conquistada todas as manhãs, Cristina é uma mulher-cidade e os seus olhos, ora inquietos ora serenos, são as portas dessa cidade luminosa mas apenas existente nas metáforas e nas imagens. À direita, o Rio Tejo dá nos olhos de Cristina a ilusão de estar colocado nos últimos telhados da Rua do Alecrim. («Alecrim, alecrim aos molhos, por causa de ti choram os meus olhos» – diz a cantiga popular. Adiante.) Os cacilheiros, repletos de pessoas e de viaturas parecem desaguar num cais insólito feito de telhas antigas e de gaivotas ruidosas. Para o fim da tarde, no regresso a casa na cidade nova, os olhos de Cristina estão serenos pelo cansaço e pela presença luminosa de Raquel, sua filha. Se de manhã se juntou a cidade-mulher (Lisboa) à mulher-cidade (Cristina) então de tarde vemos que a mistura feliz é da mulher-menina (Cristina) com a menina-mulher (Raquel). Os olhos de Cristina, motivo do texto, são uma espécie de selo branco que vai certificar o momento feliz de encontro e de plenitude que esta crónica procura representar. Ou seja: dar um testemunho feito de palavras resgatadas à pressa da cidade.
José do Carmo Francisco
(Fotografia de Luis Eme - Lisboa)
«Não sentes o cheiro a maresia? O Tejo, pois minha flor, cantado por poetas e
vagabundos, marginais e aventureiros, que, afinal, são uma e a mesma pessoa.
Milagres? Só o santo, querida! O Sant ‘Antoninho que também protegia os
namorados, repara como ele está bonito e bem humano, nesse altar ingénuo.»
[Eduardo
Guerra Carneiro, “Sete”, 20 Jun 79]
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
[Eduardo Guerra Carneiro, “Sete”, 20 Jun 79]
[José Rodrigues dos Santos, in "Um Milionário em Lisboa"]
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
[José Rodrigues dos Santos, in "Um Milionário em Lisboa"]
(Fotografia de Luís Eme - Tejo)
[José Sarmento de Matos, in "E (Expresso)", 6 de Maio de 2017]
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)