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quarta-feira, maio 17, 2023

Não é só no trânsito que encontramos pessoas com problemas mentais...


Hoje aconteceu-me uma coisa completamente surrealista, na fila do supermercado.

Um senhor comprou algo para o neto e pediu ao homem que estava à minha frente (pelos vistos eram vizinhos) se podia passar à frente ignorando-me, completamente.

Fingi que não percebi, mas já depois de pagar continuou a insistir no agradecimento ao vizinho. Foi quando eu achei que devia dizer alguma. E disse que também me devia agradecer, porque tinha passado à minha frente na fila.

O que eu fui dizer...

Começou a dizer que não me conhecia de lado nenhum, ao contrário do amigo. E depois partiu para o insulto, chamou-me parvalhão, besta... A menina da caixa, incomodada, pediu-me para não lhe ligar. E foi o que eu fiz.

O mais grave é que quando sai da loja o homem quase com idade para ser meu pai, estava à minha espera à porta e ainda me tentou agredir fisicamente. Antes que pudesse responder, uma senhora de cor pediu-me para não lhe ligar e ir embora (e ainda bem...), recordando-me da presença do neto, um menino com uns oito anos. 

E foi o que fiz...

Parece surreal, mas aconteceu-me mesmo, há menos de uma hora. 

A princípio pode parecer uma questão de civismo e de falta de respeito pelo próximo. Mas eu penso que existe aqui mais qualquer coisa a nível mental, próximo da loucura. 

Claro que eu poderia não ter dito nada. Mas isso é que quase toda gente faz neste tipo de situações, para não ter problemas e chatices. E o resultado é as "bestas" que andam por aí à solta, pensarem que podem fazer tudo o que lhe dá na real gana.

(Fotografia de Luís Eme - Salir do Porto)


terça-feira, fevereiro 07, 2023

Doenças, Liberdades e a "Músicas das Mentiras"


Gostamos de tentar explicar as coisas de uma forma simples. Deve ser por isso que se usa e abusa da frase, "a sociedade está doente".

E tanto se diz isto a nível social como a nível político. Tudo o que fuja à norma, pode ser empurrado com a maior das facilidades, para o lado das "doenças".

Nos últimos anos usou-se a palavra "liberdade" para se ir aumentando a distância entre os extremos da sociedade, transformando-a numa estrada cada vez mais larga e diversa, onde se fica com a sensação de que se pode ser tudo e pode-se fazer tudo...

Posso dar dois exemplos: no nosso parlamento nunca fizeram e disseram coisas, como desde que por lá anda sentada a extrema-direita (esta semana até se ergueram cartazes com a fotografia de uma deputada e baterem os pés no soalho, como fazem alguns manifestantes nas galerias, que são prontamente convidados a sair pelas autoridades...). Na sociedade também se tem tentado fintar a dita "normalidade", ao ponto de se terem inventado nos últimos anos vários géneros sexuais, que não se limitam à nossa condição de homens ou mulheres, querem ir muito mais longe, é só escolher.

Continuo a pensar que isto não tem nada que ver com "doenças", tem mais a ver com a desregulação social, que está refém do mau uso da palavra "liberdade". 

Enquanto muitos de nós baixamos os olhos, fingimos virar as costas, metemos as mãos nos bolsos, o volume da "música das mentiras" vai aumentando à nossa volta, tal como o número de dançarinos, que quer é diversão, deixando-se se levar por uma falsa anarquia que os levará à repressão (a história diz-nos que é sempre o que se segue aos períodos onde se usa e abusa da liberdade...).

(Fotografia de Luís Eme - Alcochete)


segunda-feira, dezembro 05, 2022

«Tu que nem sequer vais aos jogos, como é que tens a lata de estar a discutir futebol comigo?»


Quando as pessoas começam a não ter argumentos nas conversas, tentam fazer "jogo rasteiro", pondo em causa o outro, usando palavras que nem sequer deviam ser chamadas para a conversa.

Quando ouvi o Nicolau a dizer, quase aos gritos, ao meu sobrinho, esta "pérola": «Tu que nem sequer vais aos jogos, como é que tens a lata de estar a discutir futebol comigo?», meti-me na conversa e disse que ele estava certo, acrescentando que só pessoas inflamadas pela clubite e alienadas pela estupidez futebolística, é que deviam falar sobre o jogo do "pontapé na bola".

As minhas palavras acertaram mesmo no alvo e ele tentou virar os argumentos maliciosos para mim, dizendo que o futebol não era para "pretensos intelectuais", mas sim para o "povo".

Ofereci-lhe um sorriso e desmontei algumas das patetices que ele teimava em dizer, em relação ao Cristiano Ronaldo e a outros jogadores que não eram (ou tinham sido...) do "seu Benfica". Claro que nunca o convenci, nem queria. O mais importante era defender os argumentos válidos do meu sobrinho, sem ponta de "clubite". Estas pessoas que gostam de dar "cacetada" aos outros, como qualquer defesa de terceira categoria, adoram fingir que estão sempre certas...

O que nos vale é que se o Cristiano marcar um ou dois golos aos suiços, põe fim a esta "Caça ao Ronaldo" e ele volta a saltar, num ápice, de "besta a bestial".

É por estas e por outras que se percebe que este futebol dos estádios (portugueses) não é mesmo para todos. É sobretudo para os espertalhaços que são adeptos das "vitórias a qualquer preço" e idolatram gentes com a qualidade de um pintinho, um bruno ou um vieira...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, junho 20, 2022

Atravesso o Rio Sempre com Companhia...


Sempre que atravesso o Rio, levo na sacola um livro ligeiro (quase sempre de poesia, por serem geralmente curtos de páginas...). Hoje levei o "Horto de Incêndio" do Al Berto. É um livro sofrido e dorido, pela doença do poeta e pelo desaparecimento de amigos e provavelmente, amantes...

Lembrei-me de outro poeta, por saber que tinham vários pontos em comum, como era o desaparecimento de uma certa Lisboa, mais vadia e vagabunda, por ter lido na véspera uma frase sua já antiga (do final de 2004, quando deu uma entrevista ao suplemento "Actual" do Expresso).

Mário Cesariny quase que pedia desculpa por "ter sido abandonado" pela poesia:

«Tenho vergonha de dizer isto, parece que estou a armar-me ao Rimbaud. Mas a poesia foi um fogo tão poderoso em mim, que ardeu tudo, só ficaram as cinzas. Sou um poeta esgotado, em toda a acepção da palavra. Não há nada na gaveta e eu próprio sou uma arca vazia, esvaziada, pelo menos.»

Al Berto não foi abandonado pela poesia. Foi sim, por um mundo ainda mais preconceituoso que este dos nossos dias, que já viveu dias melhores...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)


domingo, fevereiro 13, 2022

O Grande Equivoco do Futebol


O maior equivoco do futebol é percebermos que grande parte dos seus adeptos, gostam mais dos clubes que da arte e beleza deste desporto tão singular.

Se tiverem a possibilidade de assistirem a um grande espectáculo de futebol, ficam satisfeitos, mas essa está longe de ser a principal premissa que os faz visitar os estádios. O que é realmente importante é a vitória dos clubes que amam e os fazem vibrar e vestir as cores das suas camisolas e acenar os seus cachecóis...

E o problema, é que isto não é um fenómeno nacional, é um fenómeno mundial...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


quinta-feira, outubro 15, 2020

Mais "Areia para os Nossos Olhos"...


Foi preciso chegar aos 2101 infectados para o governo "acordar" e resolver "apontar" o dedo, quase num tom ameaçador, para os portugueses, de Norte a Sul.

Podia falar só dos inconscientes, que continuam a viver de uma forma "trumpesca", a recusar a ideia de que o Covid 19 pode ser uma doença séria, organizando festas clandestinas, sem cumprirem uma única regra essencial neste tempo de pandemia. Mas não. Nós todos estávamos a precisar de um "abanão"...

Talvez seja agora que se acabe mesmo o estado de graça, de um primeiro-ministro, que continua a governar, como se estivesse nunca banca de feira, a distribuir "banha da cobra".

É muito triste percebermos que ele e a sua equipa aprenderam muito pouco com a chamada "primeira vaga", da pandemia. Apesar da muita propaganda que tem sido divulgada, nunca se sentiu qualquer melhoria significativa em nenhum sector vital, desde a saúde aos transportes. Não se percebe para onde foram os mais de 4000 novos contratados para o SNS, porque não se melhorou nenhum serviço nos hospitais ou centros de saúde. A linha de Saúde 24 não funciona (são milhares os exemplos de pessoas que contactaram pessoas infectadas, e preocupadas, ligaram para esta linha e nunca tiveram a prometida chamada de retorno...). O aumento da oferta de transportes é outro logro, as pessoas em hora de ponta continuam a ser "obrigadas" a viajar em cima umas das outras. E poderia continuar a falar de outros exemplos, onde não se fez nada para alterar o prevísivel aumento de pessoas infectadas, como os horários de trabalho faseados.

Todo estes governantes que continuam a viver num mundo "faz de conta", são os grandes culpados do aumento do populismo e do avanço da extrema-direita no nosso país.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, outubro 03, 2020

Foi Apenas Intervalo...


No começo da pandemia, havia muitas vozes cheias de esperança, ao ponto de serem capazes de acreditar que era possível viver de forma mais saudável, de ainda irem a tempo de salvar o planeta...

Olhava-se para as ruas, quase sem gente, cheias de carros adormecidos. Ouvia-se uma música nova, o cantarolar dos pássaros que tinham regressado, dando sinal de que o ar estava mais respirável. Algo que foi confirmado pelos cientistas.

Habitar dentro de um "tempo suspenso", cansa, esgota... Foi por isso que aceitámos que tinham de existir outras maneiras de "combater" o vírus. Voltámos à rua, ao trabalho, em busca de uma "normalidade" que nunca apareceu...

Só os maus hábitos é que começaram a regressar todos, um a um... até aquela miséria que se esconde atrás dos "bancos alimentares" e das "missas", voltou, ainda com mais força. Tal como a "invenção" de mais rendimentos mínimos, para os precários das culturas e afins. 

E para não variar, parece que a "salvação" passa pela tradição do Estado em "subsidiar" o capitalismo, cada vez mais selvagem.

É por isso que uma fotografia para retratar este tempo, teria de ser obrigatoriamente, cinzenta... 

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, julho 14, 2020

Escrever "Postais"(quase poéticos)...


Como já escrevi por aqui, pouco tenho escrito (o blogue é quase a "salvação" das palavras...) usando as palavras que se querem aproximar de literatura. Poesia ainda menos...

Mas hoje, por ter acordado cedo, o livro de um poeta piscou-me o olho ("Algumas Palavras" de Eduardo Guerra Carneiro...) e descobri nas suas páginas aproximações a este tempo, ao ponto de ter escrito "postais (é isto que lhe chamo) deste tempo". Nada menos que seis, de enfiada...

Vou deixar um "postal" por aqui:


Acordo com o grito feliz de duas crianças.
A pandemia trouxe-os para a minha rua,
para a casa larga da avó.

Ouvir crianças a sorrir e a gritar
é quase como ouvir os pássaros
a quebrarem o silêncio das manhãs.

Mas depois fiquei a pensar:
Como se explica este tempo maldito a uma criança?

Talvez não se explique. Vive-se apenas...


Pois é, ler ajuda muito a escrever...


(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)

sexta-feira, julho 03, 2020

"O Pior Cego é Sempre Aquele que não Quer Ver"...


Todos nós já percebemos que o "covid 19" não é diferente das outras doenças. Quanto maiores forem as dificuldades económicas maior é a probabilidade de se ficar infectado por este vírus, mortal.

Quando um secretário de Estado (Duarte Cordeiro) não consegue dizer que o grosso do problema (aumento do número de infectados...) está nos bairros pobres, deve pensar que somos todos tolinhos.

São as pessoas mais pobres que vivem em casas sem as condições mínimas de habitabilidade (pequenas e sobrelotadas...), aumentando o risco de contágio junto da família e amigos; são as pessoas mais pobres que não possuem transporte próprio e têm de se deslocar diariamente para os seus trabalhos, em autocarros, comboios e metro, sem condições para respeitar o distanciamento; são as pessoas mais pobres, as mais atingidas com o desemprego, que se vêem obrigadas a aceitar qualquer ocupação, mesmo que não respeitem as normas da DGS... porque o "vírus", está longe de ser o seu problema maior...

Mas como nos diz a sabedoria popular: "O pior cego é sempre aquele que não quer ver"...

(Fotografia de Luís Eme - Trafaria)

quarta-feira, julho 01, 2020

Singularidades da Cultura Nestes Tempos Estranhos...


Fiquei ali sentado a ouvir aquele piano de cauda, que me oferecia música, graças a um rapaz, que minutos depois vim a saber que tinha tanto de talentoso como de estranho.

O meu filho contou-me que ele era o Filipe, filho de um casal amigo que perdera de vista nos últimos anos. Sabia pouco dele. A única coisa que tinha sido assunto de conversa em casa, foi que saíra de casa aos dezoito anos, para ser músico profissional, e pouco mais...

Acabámos por ficar à conversa. Sei que fui demasiado indiscreto, propositadamente. Quando lhe perguntei onde vivia, respondeu-me com algum sarcasmo: «Onde vivo? Não se preocupe, que não vivo debaixo da ponte. Quando se tem pais que não prestam, há quase sempre uma avó ou uma tia caridosa, que olham por nós e nos ajudam a crescer.»

Estava a ser injusto. Um dia iria perceber isso...

Ele tocara qualquer coisa muito suave, próximo do blues, dando voz a uma ou outra melodia, como se cantasse apenas para ele. Quando quis saber o que tocara e cantara, porque uma ou outra coisa me tinham parecido familiares, explicou-me: «Toquei coisas minhas e também de outros. Cantei um pouco de Marvin Gaye, pouco mais que um verso... apeteceu-me. Continuo a gostar de músicas que me fazem sonhar e gosto de coisas suaves e lentas. Gosto por exemplo de João Gilberto e de Marvin Gaye porque não gritam a cantar, quase que sussurram...»

E foi ainda mais longe: «Quando toco a solo gosto de tocar coisas suaves. Deve ser por isso que, antes da pandemia, trabalhava como músico de um bar de hotel, duas vezes por semana. Só punha o piano a gritar quando era preciso acordar uma ou outra pessoa e convidá-las a irem para o quarto.»

E depois ofereceu-nos um sorriso.

Fiquei por ali a pensar, nesta coisa estranhas de se querer ser músico, actor, bailarino, escritor ou pintor,  enquanto os dois rapazolas foram à vida deles.

Com todas as dificuldades culturais que vieram à "superfície", graças à pandemia, é possível que muito jovem de talento, volte a uma segunda opção, prefira estudar engenharia, biologia ou história, ficando a arte com as horas mortas. 

A não ser que queiram muito, muito mesmo, fazer qualquer criativa e singular, como o Filipe...

(Fotografia de Luís Eme - Alentejo)

sexta-feira, maio 29, 2020

Não Há Milagres...


Todos sabíamos que o regresso das pessoas à vida activa, mesmo com mil e um cuidados, iria provocar o aumento de pessoas infectadas com  o "covid 19". 

A grande dúvida era, se o aumento seria uma coisa controlável, quase residual, sem provocar a existência de qualquer caos, especialmente nos hospitais.

Até ao momento isso tem acontecido. 

Mas claro que era importante que as pessoas respeitassem mais o distanciamento. Fala-se muito dos transportes, onde em muitos casos é impossível respeitar a distância e o contacto entre pessoas (especialmente nas horas de ponta... pois a maior parte dos trabalhadores continuam com os mesmos horários de trabalho), mas devia falar-se também na falta de cuidado  das pessoas nos passeios e nas esplanadas, onde se fica com a ideia de que uma imperial e um pires de caracóis torna os clientes "imunes" a qualquer vírus...

E com o regresso do futebol (muitas pessoas não sabem ver futebol sozinhas...) as coisas terão tendência a piorar...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

quarta-feira, abril 01, 2020

Parece Mentira (mas não é)...


Se no começo do ano alguém dissesse que iríamos começar o mês de Abril (que promete ser de águas mil...), fechados em casa, a ver o tempo passar - por aqui não passa tão lento quanto isso, continuo a deixar sempre coisas para fazer amanhã... -, a sentir no corpo e na alma, os efeitos de uma "clausura" inédita e estranha, para evitar o caos, ou pelo menos fazer com que ele apareça mais tarde e com efeitos menos nefastos.... diria que se tratava de ficção. Sim, da matéria com que se começam a "desenhar" os livros e os filmes...

Apesar de me sentir "prisioneiro", penso que estamos a fazer a coisa certa.

Talvez seja esta a única vantagem de não se ter uma economia forte, na hora de de "fazerem contas", não se torna tão difícil pensar mais nas pessoas que no dinheiro...

(Fotografia de Luís Eme - Monte da Caparica)

segunda-feira, março 16, 2020

A Quase "Racionalização"...


Ao começar a escrever, ia dizer que quem tem menos de sessenta anos nunca passou por uma situação como a que começámos a viver hoje (entradas condicionadas até na mercearia de bairro...). 

Mas se calhar só quem tem mais de oitenta é que se lembra dos "racionamentos" dos tempos da Segunda Guerra Mundial.

Claro essas filas eram motivadas pela falta de produtos essenciais, as de agora são para evitar os "contactos sociais", na tentativa de conter a propagação do "Covid 19" (e esta é a melhor maneira, sem qualquer dúvida)...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, março 15, 2020

Uma Cidade Quase Fantasma


Reparo que as ruas de Almada estão quase sem gente.

Na zona onde moro, fico com a sensação de que as pessoas "desapareceram". Há vizinhos que não vejo há dias (mesmo os do meu prédio...). Isso significa que quase toda a gente está a levar esta ameaça a sério.

Tenho saído diariamente porque pertenço ao grupo de pessoas que têm familiares que precisam de atenção e de apoio (apesar da idade têm alguma autonomia e gostam de muito de viver na sua "casinha"...),  e têm mesmo de sair de casa.

A meio do caminho cruzei-me com um carro da polícia e fiquei a pensar que se mantivermos este comportamento, não será necessário chegar a extremos e proibir a circulação das pessoas pelas ruas.

(Fotografia de Luís Eme - Convento dos Capuchos)

sábado, março 14, 2020

Bom Dia Rua, Bom Dia Liberdade


De repente, até aqueles que passavam horas e horas, fechados em casa, sentem saudades da rua.

Não é bem da rua, é mais da liberdade, essa coisa tão preciosa, que nem sempre lhe damos o valor devido...

Sim, a liberdade de ir, mas também a de ficar...

(Fotografia de Luís Eme - Tejo)

sexta-feira, março 13, 2020

Efeitos Positivos? Onde?


A televisão nestes dias mornos, presta-se a tudo, ao melhor e ao pior que se pode fazer a nível informativo. Até aparecem por lá umas "alminhas bem intencionadas" que dizem que tudo isto pode ser positivo para a sociedade, que é nos momentos maus que as pessoas se unem, etc, etc.

Só que, infelizmente, os exemplos que nos são dados no nosso dia-a-dia, apontam quase todos no sentido contrário...

Podia começar pela "primeira corrida", às máscaras, ao álcool e aos desinfectantes... depois falar da segunda, ao papel higiénico (esta foi das que me fez mais confusão...) e aos enlatados (deve haver gente que vai andar a comer feijão, grão, salsichas e atum o ano inteiro...).

Mas o pior mesmo é o comportamento das pessoas, com o egoísmo sempre ao de cima (se pudessem faziam um "mundo" só para eles...), mas também o preconceito. Ontem aconteceu um caso numa escola lisboeta, de bradar aos céus. Um miúdo com asma, ao tossir, começou a ser gozado pelos colegas, que "tinha o corona", etc, etc, Com os nervos não conseguiu parar de tossir, ao ponto de ter sido colocado numa sala à parte, como se tivesse mesmo o vírus. Imagino que tenham ligado para a "saúde 24" e depois chamaram os pais e até a polícia. 

E a partir desse momento ele passou a ser o "infectado", até para os professores e funcionários - que sabiam que ele era asmático...

Este episódio é verídico. Sou amigo da tia do jovem de dezasseis anos, que não quer voltar mais àquela escola...

(Fotografia de Luís Eme - Caramujo)

terça-feira, março 10, 2020

A Fase da Indecisão e da Desconfiança


Estamos a entrar na fase mais estranha da "pandemia": a fase da indecisão e da desconfiança.

A indecisão prende-se com a deslocação a alguns lugares e até com o habitual cumprimento entre amigos e conhecidos.

A desconfiança é mais óbvia e leva ao distanciamento das pessoas que circulam com máscaras. E tossir (pobres pessoas que têm alergias e tosses secas...), ainda é pior, passou a ter "selo de proibido". 

Talvez daqui a uns dias estejamos todos mais adaptados a este "novo tempo", que ninguém sabe muito bem se é passageiro, ou se é outra coisa...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

domingo, março 01, 2020

"Talvez seja, prá Amanhã..."


Para "desespero" dos jornalistas televisivos (são os que deixam transparecer mais as emoções...), ainda não há nenhum caso de "Covid-19", no nosso país.

Fartam-se de publicitar casos suspeitos, com um ar esperançoso, mas depois descobrem que os resultados, afinal, continuam a ser negativos...

Todos têm o desejo secreto de serem os primeiros a dar a notícia.

Provavelmente a presença do escritor chileno, Luís Sepúlveda (infectado com o vírus), nas "Correntes d' Escritas", na Póvoa do Varzim, no fim de semana passado, irá fazer algumas vítimas. Vítimas que tanto poderão ser escritores, programadores ou simples espectadores... tudo depende da "aproximação" que tiveram e dos "afectos" que trocaram...

Por tudo isto, caros jornalistas, talvez seja, "prá amanhã"...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)

quinta-feira, fevereiro 27, 2020

Penso que Será Inevitável, Mas...


A televisão é um produto cada vez mais tóxico, especialmente pela forma como trata as notícias que conseguem "encher todo o écran". Raramente trata os assuntos pertinentes com a seriedade que merecem. Começa sempre por "alarmar", para depois atingir o ponto da "banalização" (quase sempre nos tempos errados...), quando o problema ainda existe.

Penso que a chegada do "Covid-19" à nosso país, será inevitável. Mas não havia necessidade de todo este alarme, de quase se prepararem os portugueses para a "batalha" que aí vem, colocando-se atrás da porta, como se estivesse à espera do "apito" para saírem à rua, de máscaras - parece que estão quase esgotadas... - , apesar do carnaval ter sido enterrado na quarta-feira...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)

quinta-feira, janeiro 16, 2020

Gente Castigada pela Vida Duas Vezes...


Ontem fiz uma coisa que está longe de ser das que mais me agradam, fui a um hospital  público como acompanhante, e onde, naturalmente, permaneci mais de um bom par de horas. Isso deve ter acontecido para sentir na pele que as coisas estão bem piores do que o "quadro que nos tentam pintar" e oferecer...

As pessoas que já estão doentes, são sujeitas a um martírio de horas, desde os tempos de espera, à forma como são tratadas, como se não lhes bastasse a maleita que padecem, ainda têm de ser "castigadas" pela desordem reinante da maior parte dos serviços...

Não sei se foi por estar a observar tudo aquilo que me rodeava, com atenção, que até acabei por não ficar excessivamente impaciente...

Outra coisa que me incomodou foi ver a falta de cuidado dos funcionários para com os doentes com gripe, que estavam por ali, lado a lado com as pessoas saudáveis e com os outros doentes, que não precisavam de "comprar" mais nada no hospital... 

(Fotografia de Luís Eme - Almada)