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sexta-feira, junho 14, 2024

O teatro é cada vez mais outro...


Ontem estive com três amigos do teatro, que aproveitaram a minha visita, para fazerem contas à vida, para depois acrescentarem que os problemas continuam a ser os mesmos de sempre, para quem a vida nunca foi fácil, neste país que faz "gala" em tratar mal os criadores (quase todos, das artes e letras).

Os únicos que escapam a esta "triste sina" na Arte de Talma são a meia-dúzia de actores e actrizes, que gosta do conforto de fazer parte do clube dos "artistas do regime", ao mesmo tempo que enchem revistas com jogos de "verdade e consequência" e "brilham" na primeira fila das telenovelas.

Os subsídios são cada vez mais curtos, os espectadores cada vez visitam menos as salas... 

Eles sabem que o teatro nunca vai acabar, mas também sabem que cada vez haverá menos companhias ou grupos profissionais...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, abril 02, 2024

A Gente Boa de Abril e de Almada


Cresci numa cidade conservadora, que nunca se livrou (por vontade da maioria das pessoas que votavam...) do domínio da chamada direita democrática (PSD). Mesmo hoje é governada por um movimento independente, cujo presidente é um "dissidente" dos sociais democratas. Embora tenha sido uma "lufada de ar fresco" não se podem esperar rasgos demasiado revolucionários na sua governação.

Falo de Caldas da Rainha. A minha ligação à prática desportiva desde cedo fez com que passasse ao lado de muitas coisas. Mas aquela mania de querer "mostrar aos outros", o que se tinha e não tinha, sempre me fez confusão à cabeça. Sim, ter vontade de fazer uma casa com mais um divisão ou comprar um carro mais caro, que o familiar, vizinho ou até amigo (é uma maneira estranha de se ser amigo, mas acontece...), só para mostrar que tinha subido mais um degrau da tal "escadaria social", como se isso fosse a coisa mais importante do mundo.

Felizmente foi possível partir aos dezoito anos para a Cidade Grande, viver os meus primeiros tempos com um casal solidário e amigo, cuja formação superior não os desviou das preocupações sociais, de olhar os outros, nem de sentir que o País se começava a desviar de uma forma significativa do sonho de Abril...

O Zé e a Elisete foram muito importantes para uma ainda maior consciencialização política, e para o bom uso que se devia fazer da liberdade individual. Embora os meus pais fossem de esquerda (tal como eu perdiam as eleições todas nas Caldas...), não tinham a cultura social e política dos primos.

Mas a grande mudança deu-se quando eu tinha 24 anos e escolhi Almada como o meu porto de abrigo. Em pouco tempo, senti logo que pertencia aquela gente, sem preconceitos e manias de grandeza. Por ser governada pela CDU, a cidade tentava resistir (e conseguiu por alguns anos...) ao cavaquismo e ao mundo dos "novos-ricos", que essa figura tão bem caricaturada como "múmia", trouxe para o poder.

Apesar das muitas transformações do País, a gente de Almada que tive o prazer de conhecer, era a minha gente. As pessoas que trato orgulhosamente pela "Gente Boa de Abril".

Não as vou enumerar, até porque são bastantes as pessoas que me ajudaram a ser um melhor ser humano e cidadão. Gentes que valorizavam sobretudo os valores colectivos e que continuavam (e continuam...) a sonhar com o "País de Abril"...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sexta-feira, março 08, 2024

Um oito de Março que continua a ser necessário...


Nunca pensei que o 8 de Março durasse tanto tempo, e que continuasse a ser tão necessário. 

De uma forma, ingénua (eu sei), pensei que seria possível em pouco mais de uma década, chegarmos à igualdade plena, de direitos e deveres, entre as mulheres e os homens.

Infelizmente a forma como a nossa sociedade aceita estas "desigualdades" (com muitas mulheres a serem as maiores inimigas das outras mulheres...), às vezes quase de mãos nos bolsos, faz com que se perceba que talvez se tenha de fazer mesmo, uma revolução (não se vai lá, com toda a certeza, com a oferta de flores ao dia oito do costume...).

Poderia falar de vários sintomas desta desigualdade, mas vou-me focar em apenas dois, que na minha opinião, são dos mais graves.

Começo pela diferença de ordenados para as mesmas funções, que continua a ser uma realidade no nosso complexo mundo laboral. Será muito difícil de eliminar (pelo menos no sector privado), enquanto o capitalismo reinar, de uma forma cada vez mais "selvagem", com a conivência dos governos, que se fingem democráticos e igualitários.

Mas o maior dos flagelos continua a ser a violência, que é exercida no próprio lar, por todos aqueles que se acham "donos" das mulheres que um dia desposaram. É uma vergonha para todos os homens, o número de mulheres que continuam a ser vitimas de violência doméstica no nosso país (muitas perdem a vida...). 

Isso explica muita coisa. Até o crescimento da extrema-direita...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, janeiro 13, 2024

O "mercado de transferências" da direita...


Sei que não devia escrever sobre o partido da extrema direita, mas o facto de ele se estar a preparar para ser um "albergue espanhol", nas próximas eleições, acolhendo os deputados do PSD que vão ficar fora das listas de deputados (ou em lugares ilegíveis...), diz muito dos seus princípios (e também das pessoas que aceitarem ser candidatos) e ao que vem.

Num país normal, esta prática interesseira de ambas as partes, seria mais que suficiente, para que se entendesse, o que é que faz esta gente andar por aí nas ruas a oferecer esferográficas e barretes...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


sábado, setembro 30, 2023

Uma "casa para viver" (num país cada vez mais imperfeito)...


Num mundo perfeito, todos tínhamos pão, paz, educação, saúde e habitação (a ordem é alietória...), como diz o Sérgio, um dos nossos bons trovadores, numa das suas canções.

Só que além de estarmos cada vez mais longe do tal "mundo perfeito", vivemos num País que se orgulhava de ter a Constituição mais avançada (acho que também era do "mundo", mas já deve ter perdido esse "orgulho"...), mas que por ser tão "avançada", o que não faltam por lá são coisas que não se cumprem.

Uma delas é o direito à habitação. Mas acho que nesse artigo não se diz que o Estado tem de dar a cada português uma casa, gratuita, como é a exigência da gente, que até é capaz de viver uma vida inteira numa barraca, para que lhe dêem um lugar para habitarem, praticamente sem custos.

Como eu tive de comprar casa (tal como a maioria dos portugueses...), faz-me confusão a forma de pensar destas pessoas, que pertencem ao clube dos que só têm direitos, e deveres nada.

Só que o problema da habitação de hoje está longe de ser tão simples, e de se restringir a este "mundo dos pedinchas". 

O que não falta por aí é gente que contribui para o país através dos seus impostos e que quer comprar ou arrendar casa. Mas quer fazê-lo a preços decentes, não neste mercado que faz cada vez mais concorrência com Paris, Londres ou Nova Iorque.

E só há uma forma de lutar contra esta especulação imobiliária, é a construção social (algo que deixou de ser preocupação governamental há pelo menos vinte anos), através dos governos central e local.

Mas é FAZER, não é ENTRETER, como parece ser a especialidade do Governo Socialista.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sexta-feira, maio 05, 2023

Um Homem Completamente Desequilibrado


Normalmente evito falar de futebol por aqui, talvez por ter sido jornalista desportivo e por levar tudo aquilo que rodeia este desporto, muito pouco a sério.

Mas é difícil passar ao lado de Sérgio Conceição, que deverá ser uma das pessoas mais desequilibradas  que se podem encontrar dentro do recinto de jogo. E acrescento já que  não acredito na tese de que é uma boa pessoa fora dos relvados. Mesmo que possa ter dupla personalidade, ninguém muda assim tanto.

Como técnico é dos melhores do mundo, prepara as suas equipas muito bem e tem uma leitura de jogo extremamente clarividente (deve ser um dos treinadores que mais influencia o jogo através das substituições e mudanças de sistema de jogo enquanto decorrem as partidas...), mas depois perde-se, tem um comportamento verdadeiramente execrável para com os adversários e com os árbitros. Não é por acaso que deve ser o treinador português que mais vezes foi expulso no interior de um recinto desportivo.

É difícil encontrar alguém que não saiba perder e ganhar, como Sérgio Conceição. Podia limitar-se a não saber perder, mas não. Ontem, em vez de aplaudir João Pedro Sousa, o treinador do Famalicão, pela forma como se bateu no Estádio do Dragão - ao ponto de merecer a vitória -, gritou e bracejou, de uma forma ofensiva, quase em cima dele, quando a sua equipa marcou o golo da vitória.

Não lhe chamo "jabardo", como um embaixador famoso, que o Sérgio levou a tribunal, mas gostaria muito que demonstrasse ter alguma dignidade e o mínimo de respeito pelos adversários, tanto na hora e meia de ganhar como na hora e meia de perder.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quinta-feira, maio 04, 2023

Cada vez tenho menos dúvidas de que é assim...


Estávamos a falar de coisas que "tresandavam" (os prémios do que quer que seja, são apenas mais uma das coisas muito estranhas que existem  à nossa volta...), de como não conseguimos ser verdadeiramente honestos, quando estão em causa os nossos amigos...

Eles continuaram a falar de livros, de escritores e de prémios e eu recuei à minha infância, ao futebol do meu querido Caldas. 

Quando fiz parte da sua equipa de iniciados, tive muita pena de não ser acompanhado por dois dos meus melhores amigos, o Xico, um guarda-redes das defesas impossíveis e o Paulo, um centro-campista daqueles que conseguem fazer o futebol ainda mais bonito. Felizmente o Paulo no ano seguinte fez parte da equipa de juvenis... E como eu ficava chateado por ele estar sentado a meu lado, no banco de suplentes, porque achava-o melhor que quase todos os que pisavam o pelado.

Hoje, à distância de mais de quarenta anos, consigo perceber que devia ser ligeiramente tendencioso para com o meu amigo, ainda que o treinador percebesse muito pouco de futebol...

Tudo isto para dizer que a classificação que fazemos dos autores ou da sua obra, só é verdadeiramente honesta se não conhecermos ou não tivermos nenhum tipo de relacionamento pessoal com a pessoa em causa.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, novembro 19, 2022

O Marcelo "Festivaleiro" Mete com Facilidade os Direitos Humanos no Bolso


Marcelo Rebelo de Sousa continua a fingir que não percebe, que o que é normal para o cidadão, professor e antigo comentador, pode não ser para o Presidente da República.

Apesar de ser demasiado inteligente, continua a deixar-se trair, com alguma facilidade,  pelo "Marcelo festivaleiro", que raramente perde uma oportunidade de participar numa festança (tal como a dona Constança...).

Mas poderia evitar que a "boca lhe fugisse para a verdade" e dissesse que agora que a nossa Selecção está a caminho do Catar, é tempo de esquecer os direitos humanos e viver a festa do futebol.

Mesmo que faça muita questão de estar presente, de tirar "selfies" nas arábias, deveria lembrar-se de que nunca é tempo de se esquecerem os direitos humanos. 

Nunca!

(Fotografia de Luís Eme - Arealva)


domingo, outubro 23, 2022

A Escolha entre Submissão e Solidão...


Olho para as pessoas maiores de idade e fico a pensar que nunca fomos submissos, apesar de existirem vários indícios contrários.

Sim, podemos precisar de um "chefe" (gostamos de lideres fortes e que também consigam transmitir uma mescla de seriedade, isso explica o sucesso de Salazar e também de Cavaco...), para gerir o país, as nossas cidades e até a empresa onde trabalhamos, mas não quer dizer que lhes sejamos submissos. Talvez seja por isso, que sempre que podemos, seguimos as "nossas regras" e não "as deles" (talvez seja por isso que sempre produzimos menos do que devíamos nos empregos, normalmente mal pagos)...

Regressando aos nossos lares, reparo (até por exemplos familiares...), que são as mulheres quem mais impõe regras, mesmo nas coisas mais insignificantes. E que as mães e sogras (os homens têm o bom senso de serem os primeiros a partir...), quando começam a perder faculdades, fingem ainda terem a autonomia que lhes foge entre os dedos, para não se sujeitarem a terem de deixar as suas casas para serem metidas nas "prisões" das casas dos filhos (algumas sob o comando das noras), ou pior ainda, nos asilos...

É quase uma escolha entre submissão e solidão...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, outubro 22, 2022

Sair pelo Próprio Pé ou Ser Empurrado (Dilema de Cristiano e de Telma)


Ao ler as palavras de um presidente de Federação (de judo), além de perceber que é pouco adepto do bom senso, tenho ainda a sensação de que não será muito digno do cargo que ocupa. 

Quando um dirigente máximo federativo se refere à melhor judoca portuguesa de todos os tempos, utilizando a idade da Telma e os seus maus resultados - todos sabemos que tem tido muitas lesões e foi operada recentemente -, como arma de arremesso,  está tudo dito. 

Onde será que colocou os títulos de Campeã Europeia e a Medalha Olímpica de Telma Monteiro?

Nas ilhas britânicas é Cristiano Ronaldo (embora tenha sido ele a criar o problema...), que além de ser alvo de inveja, ainda é "empurrado" para o final de carreira, sem ser consultado e sem que existiam dados sobre a sua actual perfomance atlética, que nos digam que está "acabado".

Embora saiba que tanto o Cristiano com a Telma, devem saber acabar as suas carreiras ao mais alto nível e não deixar que seja demasiado visível a sua decadência, como grande ídolos do desporto, não precisam de ser empurrados por ninguém. Sejam eles dirigentes, treinadores ou jornalistas.

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)