Passei lá na sexta-feira, já não havia quase nada, para além das paredes brancas, uma mesa e uma cadeira, que já faziam parte da mobília quando a equipa resolveu vir para a Capital.
Desta vez não falámos da mudança forçada, desviámos a conversa para o cinema, preferimos conversar sobre os filmes que não vimos, por causa do Óscar estar à porta.
Antes sim, debruçámo-nos sobre o assunto e todos estávamos conscientes que não foi apenas a crise a ditar a mudança. Foi sobretudo a falta de ética e de honestidade de todos aqueles que encomendam trabalhos e depois quando surge a hora de se "chegarem à frente", dizem que não têm dinheiro para pagar. Gente que não paga o que deve, mas anda a pavonear-se pelas ruas ao volante de mercedes e bmw, topos de gama, e veste fatos do armani. As encomendas também foram descendo, porque não se podia continuar a trabalhar sem garantias financeiras, nem ir na cantiga de uma estação de televisão que tinha o hábito de só pagar se os trabalhos que iam para o ar.
A produtora vai voltar à "primeira casa", à garagem dos pais da Teresa. Vai fazer das tripas coração para manter o nome limpo, mas apenas fica com um funcionário a tempo inteiro.
A equipa mantém-se unida, embora o "trio maravilha" passe a trabalhar à peça.
O menos giro da coisa é saberem que o dinheiro que lhes devem dava para pagar cinco anos de renda, mais a água, luz e comunicações.
Como a justiça funciona entre nós, provavelmente metade do dinheiro irá evaporar-se com o tempo e com as falências, sempre úteis...
O óleo é de Cristopher Stott.