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domingo, outubro 06, 2024

«Quem tem público é o Benfica, o Porto e o Sporting.»


A conversa estava a ser bastante cultural, quase daquelas antigas, em que parecia que o tempo não escapava e nos dizia que era hora de irmos embora.

Quando chegámos aos "públicos", aliás, à falta dele, na maior parte das actividades culturais, se excluirmos os festivais de música, é que as coisas se tornaram mais complicadas...

O Pedro, por ser alguém mais dado à intelectualidade, começou por dizer que nunca nos preocupámos em criar, e educar, públicos, a ensinar as pessoas a perceberem e a sentirem o porquê das coisas. Coisas essas que nem sempre se explicam com facilidade...

Devia ter alguma razão. Pelo menos alguma.

A Carla disse que era mais profundo que isso. Era sobretudo uma mania portuguesa. Todos tínhamos a mania que cantar, tocar, actuar, pintar, escrever, estavam ao alcance de todos. Havia demasiada mediocridade nas culturas. Deu o exemplo das televisões que apadrinhavam aos fins de semana à tarde, muita desta gente, que cantava e tocava, sem ter o mínimo de qualidade exigível para se apresentarem em público. 

Pois, parece que o problema não é apenas das pessoas que não têm jeito. Há também quem alimente o "circo".

O Rui para salientar que era um problema de educação, deu como exemplo o futebol, que tinha o seu público, criado ainda antes de Abril.

Como gosto de "estragar prazeres", disse-lhe que estava enganado. A maior parte dos estádios e campos de futebol, de Norte a Sul, estão quase sempre vazios. E acrescentei: «Quem tem público é o Benfica, o Porto e o Sporting.»

Baralhei um bocado o jogo, mas claro, que começa tudo na educação. 

Claro que não descobrimos, qual é a melhor forma de "educar" as pessoas para se tornarem espectadores de teatro ou de outra arte ainda mais difícil... 

Todos estávamos de acordo que devia começar na escola. Mas quando e como?

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas. desta vez com legenda: "A cultura anda nua")


quinta-feira, setembro 12, 2024

Quando a mentira parece ter o mesmo peso da verdade...


Depois do jantar já se ouviam ecos da entrevista do antigo presidente do Benfica (que qualquer benfiquista sabia, antecipadamente, que iria ser um ataque pessoal ao presidente actual do Clube, aproveitando as suas fragilidades e as deste Benfica...).

O meu filho perguntou-me se o Luís Filipe Vieira se se voltasse a candidatar, se iria ganhar as eleições no Benfica. Disse-lhe que não. Acrescentei de seguida que, Vieira, Pinto da Costa, Bruno de Carvalho, e outros que tais, não cabem no futebol actual, que terá de ser, forçosamente, mais sério e mais transparente.

Ao dizer isto, sabia que estava apenas a dar a minha opinião.

Voltando à entrevista, o pior de tudo isto, é a existência de um jornalismo de sarjeta, sem contraditório, que desce cada vez mais baixo, passando a maior parte do tempo a "levantar poeiras" e a provocar "incêndios", em todos os sectores da sociedade, como é o praticado pelo grupo do "CM".

Não tenho qualquer dúvida de que o mundo seria um lugar mais saudável sem as Laranjas, os Pintos, os Octávios e gente da mesma laia nas redacções. Para eles vale tudo, desde a criação de factos à exploração do que existe da mais rasca, no ser humano.

Claro que esta gente já existia antes de 2016, só aproveitou o "vale tudo", que cresceu, um pouco por todo o lado, após a eleição de Donald Trump, ao ponto de virar de pernas para o ar, a política, a justiça e o jornalismo, como se a mentira tivesse o mesmo peso da verdade... 

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


domingo, setembro 08, 2024

Tanta coisa que se esconde atrás das vitórias...


A selecção de Portugal ganhou há menos de uma hora, à Escócia, um jogo onde se desperdiçaram muitos golos (algo que têm acontecido demasiadas vezes no "reinado" de Roberto Martinez...).

Não foi um bom jogo de futebol. O golo de Cristiano Ronaldo aos 88 minutos que deu a vitória à "equipa de todos nós" vai voltar a adiar uma discussão generalizada sobre as opções técnicas e tácticas do seleccionador. Opções cada vez mais discutíveis, mesmo que ele não seja parvo nenhum e se perceba, que ele lê, ouve e vê, as críticas que vão aparecendo, aqui e ali (não foi por acaso que convocou o Pote e o Trincão ou colocou o Ronaldo no banco...). Muitas delas com razão de ser, como se viu em mais um jogo, em que é notório que um conjunto que tem dos melhores jogadores do mundo continua longe de ser uma das melhores equipas do mundo...

Continuo sem perceber as "variações" do lateral direito para outras zonas do campo, deixando vezes demais a defesa descompensada (não é por acaso que se sofrem golos "esquisitos", aqui e ali, que até parecem ser falhas dos centrais...). Os nossos melhores jogadores do meio-campo continuam subaproveitados (especialmente o Bernardo Silva...) e os avançados fartam-se de desperdiçar golos com iniciativas individuais. Esquecem-se mais vezes do que deviam, que o futebol é um desporto colectivo e que existem outros jogadores em campo, melhor posicionados para colocar a bola na baliza adversária. Mesmo que estes estejam amontoados dentro e fora da área, porque o sistema táctico do seleccionador, no mínimo, deixa muito a desejar... 

E já nem falo da sensação óbvia, e antiga, de que Ronaldo é o "dono da selecção", e que Martinez só consegue olhar para ele como um "deus" e não como mais um jogador à sua disposição. Ele continua a ser útil à selecção, como se percebeu neste jogo, mas há muito tempo que deixou de ser "indiscutível".

Mas o futebol é isto mesmo. Tanta coisa que se esconde (sempre) atrás das vitórias...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


domingo, setembro 01, 2024

Extraordinários exemplos de superação e de alegria...


Não tenho assistido com a mesma assiduidade às competições dos Jogos Paraolímpicos, com que assisti aos Jogos Olímpicos.

Mesmo assim, nas provas a que tenho assistido, noto que transparece um maior companheirismo e também uma grande alegria, só pelo simples facto de estarem ali a participar na maior festa desportiva do mundo.

Mas o que mais me tem impressionado é a alegria destes campeões e campeãs, quando sobem ao pódio e recebem uma medalha, que não precisa de ser a de ouro. Há uma autenticidade expressiva que é capaz de emocionar qualquer pessoa, mesmo os que gostam de fingir que são insensíveis.

Nem quero imaginar o percurso cheio de obstáculos que estas pessoas tiveram de enfrentar, tudo o que passaram até conseguirem chegar aos Jogos. 

São dos mais extraordinários exemplos de superação para todos nós...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


segunda-feira, agosto 12, 2024

O ouro inesperado de dois grandes campeões


A primeira imagem que me ficou gravada, depois da vitória inesquecível de Iúri Ribeiro e Rui Oliveira, na competição de ciclismo de pista, foi a alegria genuína dos dois jovens, para quem o sonho do ouro olímpico, era isso mesmo, apenas um sonho.

Mas felizmente há sonhos que se tornam realidade.

Claro que só se tornam realidade, quando se consegue lutar até à exaustão por eles, com espírito de sacrifício, inteligência e com a sorte dos campeões.

E foi isso que o Iúri e o Rui fizeram. 

E depois foi um espectáculo, dentro de outro espectáculo, protagonizado por quem ainda não acreditava no que tinha acontecido. 

Vou ainda mais longe, nunca tinha visto ninguém a cantar o hino de forma tão emotiva e feliz, depois de terem recebido as medalhas.

(fotografia de autor desconhecido retirada do site do "Record")


segunda-feira, junho 17, 2024

Os "filhos do euro"...


Sei que há publicidade e publicidade e que os profissionais do ramo, tentam ir cada vez mais longe.

Não me lembro se os primeiros anúncios sobre os "filhos do euro" já tem nove meses, mas deverão ter. Ou pelo menos deveriam ter.

Falámos sobre isso ao jantar cá por casa, se a taxa da natalidade terá aumentado ou se é apenas mais um anúncio. Todos achámos que não, que um campeonato de futebol não é uma motivação para se encher Portugal de crianças. Mas nunca se sabe...

Já tínhamos falado também sobre as "noivas de Santo António" (acho curioso nunca se falar dos "noivos de Santo António, já faltou mais...), mas aí não estivemos de acordo. Mesmo sem dados estatísticos, achámos que embora seja uma oportunidade, está longe de ter tudo "para dar certo"...

Sim, apesar do "espectáculo" fazer cada vez mais parte da nossa vida, isso não indica que sejamos mais felizes...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, junho 14, 2024

O teatro é cada vez mais outro...


Ontem estive com três amigos do teatro, que aproveitaram a minha visita, para fazerem contas à vida, para depois acrescentarem que os problemas continuam a ser os mesmos de sempre, para quem a vida nunca foi fácil, neste país que faz "gala" em tratar mal os criadores (quase todos, das artes e letras).

Os únicos que escapam a esta "triste sina" na Arte de Talma são a meia-dúzia de actores e actrizes, que gosta do conforto de fazer parte do clube dos "artistas do regime", ao mesmo tempo que enchem revistas com jogos de "verdade e consequência" e "brilham" na primeira fila das telenovelas.

Os subsídios são cada vez mais curtos, os espectadores cada vez visitam menos as salas... 

Eles sabem que o teatro nunca vai acabar, mas também sabem que cada vez haverá menos companhias ou grupos profissionais...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, maio 30, 2024

Embora Galileu no seu tempo preferisse falar de coisas importantes, já sentiu na pele que o "mundo circula (sobretudo) à nossa volta"...


Ao contrário dos meus amigos, não estranhava que as televisões tivessem sido ocupadas por comentadores políticos da "direita central" (se é que isso existe...). O negócio é o mais importante, e não deve dar muito jeito aos accionistas ter por ali "anticapitalistas".

O que eu estranhava mais era a mudança ideológica de alguns. Não falo de quem foi da extrema esquerda na adolescência, porque nessa passagem das nossas vidas, quase tudo nos é permitido e perdoado. Falo de quem podia muito ser caricaturado por Rafael Bordalo Pinheiro, por gostar de usar casacos com dois direitos.

Claro que me chamaram ingénuo, e disseram que eu só conhecia uma parte do "espectáculo televisivo" (ou fingia conhecer...). Para acrescentarem de seguida, que se um jornal no dia seguinte já só serve para embrulhar coisas na drogaria da esquina, na televisão as coisas mudam de minuto a minuto.

Com algum humor acrescentei o vento, que também dá uma ajuda nestas mudanças, o Presidente da República que o diga, o nosso "cata-vento" mais famoso.

Não há volta a dar, os interesses pessoais agora são sempre colocados à frente dos colectivos. Só nas manifestações é que ainda se grita que a "união faz a força".

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, maio 14, 2024

Mais um espectáculo montado pelas televisões (que preferem, sempre que podem, "inventar a realidade")



Estou fartinho de saber que a gente da televisão tem a a mania que inventa a realidade.

Deve ter sido por isso que hoje fomos "bombardeados" (desde manhã cedo...) com inúmeros filmes realizados junto à porta da AIMA, como se só hoje é que se formassem filas intermináveis em busca de uma senha e se passasse a noite por ali a contar a estrelas (tal como acontece em vários centros de saúde...). 

Existem filas, provavelmente desde que foi formada a AIMA.

Gostaria era que resolvessem o problema destas pessoas, que estão cheias de razão (quase todos os serviços públicos, estão povoados de péssimos profissionais que passam o dia a tentar não fazer nada. É por isso que não atendem telefones nem respondem a e-mails, como se quem os procurasse, fosse obrigado a chegar ao "desespero"...), mas sem ser necessário todo este espectáculo, que até contou com a cumplicidade da ministra...

(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)


sexta-feira, março 15, 2024

A "destruição" do jornalismo independente começou há mais de duas décadas


Os órgãos de comunicação social sempre foram uma tentação para todos aqueles que queriam aumentar o seu poder e influência, política e económica.

O aparecimento das televisões privadas limitou-se a dar um primeiro "safanão", no que se considerava até aí, ser o jornalismo independente. 

A aposta em tornar tudo num espectáculo, até mesmo os espaços de notícias, mudou a forma de informar. Ao ponto do director de um dos canais (Emídio Rangel) dar a entender que a sua televisão poderia ser determinante na escolha do Presidente da República, com uma conversa sobre "sabonetes"...

Depois também passou a ser moda comprar e vender jornais e revistas, com vários empresários, nacionais e africanos, a investirem na imprensa. Embora se duvidasse das suas verdadeiras intenções, nunca se levantaram grandes ondas. Quase toda a gente, inclusive os jornalistas, fingiu estar distraída, com este novo rumo do jornalismo, que foi trazendo ao mesmo tempo para as suas direcções, gente cada vez mais inclinada para o lado direito, que por sua vez, também começaram a convidar para cronistas e comentadores, amigos com as mesmas ideias políticas e com a capacidade de dizer uma coisa hoje, e o contrário, no dia seguinte.

Quase que podemos dizer que a imprensa apenas se limitou a imitar as televisões, onde hoje, mais de dois terços dos seus comentadores são próximos dos partidos de direita. Existe ainda a "curiosidade" do espaço de comentário político de domingo - mais longo -, ter como protagonistas Paulo Portas (CDS) na TVI e Marques Mendes (PSD) na SIC, que nem sequer se dão ao trabalho de disfarçar ao que vêm. Isso acontece há mais de meia-dúzia de anos, sem que alguém do PS demonstrasse desagrado (vá-se lá saber porquê)...

Foi desta forma que chegámos a 2024, com um jornalismo cada vez menos livre e menos credível. E com as redacções a trabalharem com cada vez menos condições materiais e humanas...

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, fevereiro 06, 2024

A Justiça "justiceira", que "prende" mais gente dentro da televisão que nos tribunais...


Há já alguns anos que não consigo perceber muito bem o comportamento das nossas polícias de investigação, do ministério público, e sobretudo dos juízes dos tribunais.

Não sei se sou eu que vejo filmes a mais, ou se são eles. Embora também exista a possibilidade de andarmos todos a ver os "filmes errados".

Não vou dizer que a realidade é outra coisa, porque muitos filmes são o espelho do mundo que nos cerca. Mas incomoda-me todo este espectáculo, que conta sempre com a cumplicidade da nossa comunicação mais populista e "voyeurista" (até parecem terem conhecimento das coisas antes das próprias autoridades...).

Sinto que a justiça não tem nada a ganhar com esta gente que adora vestir a capa de "super-herói", antes de se sentarem nos palcos dos tribunais.

E o resultado de todo este espectáculo, são as prisões em directo, que se prolongam cada vez mais no tempo, ao ponto de prenderem pessoas, durante mais de uma semana, para depois as libertarem sem qualquer acusação (o caso mais gritante deverá ter sido o autarca de Sines...). O mesmo poderá acontecer com os "corruptos" da Madeira ou com os "bandidos" da claque do Porto (mesmo que não sejam culpados pela justiça, já não se safam destes rótulos, colocados pela comunicação social...). 

Não tenho qualquer simpatia por qualquer destas pessoas que foram presas (nem tão pouco sei quem são...). Até porque isso neste momento é o que me interessa menos. O que verdadeiramente me interessa é o método, a forma como se investiga, a forma como se prende, a forma como se acusa e a forma como - quase sempre - se liberta.

Parece que a justiça em vez de ser uma coisa séria, é uma "coisa de brincar". 

Sei que esta "brincadeira" dá muito jeito aos "sócrates, salgados, berardos e pinhos", que apesar de serem tudo menos inocentes, brincam mesmo com o estado de direito e com todos nós. Mas não é essa gente que me interessa. Interessa-me sim falar das pessoas que acabam por ser inocentadas, depois de passarem anos no "purgatório".  Ao ponto de as obrigar muitas vezes a mudarem de cidade e até de país, para voltarem a ter uma vida aparentemente normal.

Não é por acaso que nos países verdadeiramente humanistas se diz que mais vale dez culpados em liberdade que um inocente na prisão.

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, setembro 18, 2023

«Tinha pernas para andar... e não andou...»


Mais um pedaço de toalha de papel guardado para a minha já rica colecção, após o almoço de hoje com o Chico.

É giro, "basta dar corda" ao Chico e ele conta-me o que quero e não quero saber...

Hoje falámos muito do espectáculo memorável, "Almada Antes e Depois de Abril", idealizado, e transformado num momento teatral de grande qualidade, e valor histórico, pelo nosso querido amigo Orlando Laranjeiro, que fingimos muitas vezes ainda estar ali junto de nós, na mesa.

A frase que retive das muitas do Chico diz bastante da vida. Depois de me falar de dezenas de pessoas (umas que conheço ou conheci e outras que não tive esse grato prazer) que participaram neste espectáculo que visitou os palcos das principais colectividades almadenses (e que também foi uma grande homenagem ao Associativismo Popular), disse: «Tinha pernas para andar... e não andou...»

E isso aconteceu apenas por essa coisa humana, que se chama inveja, e é capaz de minar muito do trabalho válido, que se faz um pouco por todo o lado...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, agosto 11, 2023

Ainda existem alguns "milagres humanos", aqui e ali (cheios de teimosia...)


Hoje no meu "Casario" tento fazer alguma justiça a três associativistas, que foram do melhor que conheci nesta Almada, tão fecunda em verdadeiros "operários da cultura".

Foi quando me lembrei das parecenças que existem entre o Associativismo e o Circo, na batalha pela sua sobrevivência. Dos homens que são uns "faz-tudo", porque a necessidade assim os obriga, já que o dinheiro por mais bem gerido que seja, nunca chega...

Sim, por exemplo, o Fernando Gil ou o Francisco Gonçalves, além de serem os protagonistas de qualquer peça de teatro da Incrível Almadense, também montavam e carregavam os cenários, vendiam entradas na bilheteira, entre outras coisas que fossem emergentes para que o espectáculo acontecesse.

No circo passa-se a mesma coisa. Durante a montagem das tendas gigantes é fácil descobrirmos o trapezista ao lado do palhaço ou do equilibrista, a levantar do chão, aquela "casa de sonhos". Tal como durante o espectáculo poderemos ver alguém muito parecido com eles, vestido com uma bata (para disfarçar), a ajudar a tirar as coisas da arena circular, para que não se perca muito tempo entre números, ou ainda a levar as pessoas para os respectivos lugares das bancadas antes do começo do "maior espectáculo do mundo".

Infelizmente o futuro não se compadece com estes "amadorismos" e estas duas actividades vivem grandes dificuldades. Muitas vezes só subsistem quase por "milagre".

Milagres humanos, claro (cheios de teimosia...).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, julho 05, 2023

"Audiências" televisivas, de, com, e para quem?


Sempre me fez confusão a forma como se medem as audiências. Calculo que também não seja muito claro para os canais mais vistos, porque há momentos em que todos assumem o papel de líderes deste mercado (até o CMTV já diz ser o "maior", afirmando estar acima dos canais generalistas em determinadas horas...).

E ainda me faz mais confusão que o canal que diz ser líder há quatro ou cinco anos (SIC), entre as 21.30 a 00.00 horas tenha mais tempo de publicidade que de programação (ainda não perdi tempo a contabilizar, mas agora, com a possibilidade de se andar para trás, até era um trabalho fácil de fazer. Penso que se deve passar o mesmo na TVI.

Parece-me ser um grande desrespeito pelo espectador, assim como o seu hábito de encurtar episódios e transmitir novelas de menos de 15 minutos, para fazer "render o peixe" e oferecer quatro novelas ao serão, em vez de um filme, por exemplo.

É provável que eu não seja exemplo para ninguém, por gostar mais de cinema que de telenovelas, mas faz-me confusão que nesta "caixa de pandora",  tanta publicidade dê tanta audiência, que as pessoas não mudem de canal, com a oferta que existe por cabo...

O único canal que escapa ligeiramente a estes abusos é a RTP. Embora não seja o canal preferido cá de casa, é o meu, por exclusão de partes. Não vejo as notícias todas no canal público porque tenho uma embirração pessoal com o pivô-escritor, Rodrigues dos Santos (não tem nada a ver com livros, só não gosto da forma agressiva como dá as notícias...).

Como tudo nesta vida é "manipulável", não duvido que aconteça o mesmo com as ditas "audiências"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, junho 06, 2023

O jornalismo telenovelesco e o País adiado...


O gosto pelas notícias transmitidas como se fossem telenovelas começou pelos canais mais populares (CMTV e TVI) mas rapidamente chegou à SIC, e a espaços, à RTP.

Embora seja um problema do jornalismo, cada vez mais transformado em espectáculo, não deixa de ser curiosa a adaptação de quase todos os "actores" a este género novelesco. 

Ultimamente os políticos são quem mais explora esta forma de viver a vida "quase a fingir", esquecendo o que realmente importa e se passa no País. 

A oposição e o governo perdem semanas a discutir o tamanho das "mentiras" de ministros, secretários de estado, adjuntos ou chefes de gabinete em vez de tentar resolver os problemas, cada vez mais sérios que afectam uma boa parte dos portugueses, na saúde, na educação, na justiça, na habitação, nos transportes ou na banca, etc, e que continuam a ser constantemente adiados... 

(Fotografia de Luís Eme - Corroios)


quinta-feira, maio 25, 2023

Todos sabemos que a honestidade ainda é uma virtude, mesmo que nem sempre nos dê jeito...»


Estávamos quase numa disputa, com algumas pessoas cheias de vontade de empurrarem a "honestidade" para debaixo do tapete (que nem sequer existia por ali...).

Era provável não chegarmos a lado nenhum. E tudo por causa do "tutti-frutti" (os criativos da justiça quase que rivalizam com os dos média...), mais uma notícia requentada (já com oito anos...) - e com encomenda -, igual a tantas outras que de vez em quando aparecem nas televisões e jornais, para darem lugar a mais uma "telenovela justiceira", capaz de alimentar as audiências durante pelo menos uma quinzena...

O Jorge sentou-se depois de fumar uma cigarrada e conseguiu acabar com a discussão, com uma das suas frases lapidares: «Todos sabemos que a honestidade ainda é uma virtude, mesmo que nem sempre nos dê jeito...»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, maio 03, 2023

A Praga dos "Criadores de Factos"


Não sei onde irá parar o jornalismo, com toda este deturpação de factos diária. Provavelmente será cada vez menos levado a sério e terá menos leitores e telespectadores...

Se o futebol já há muito que tinha sido invadido pelos "criadores de factos", graças à "clubite" (por isso era encarado mais como diversão que outra coisa qualquer...), bastou um pequeno passo, até se deslocar para a política e para sociedade.

Se antes existia algum pudor em "inventar", "enganar" e em "mentir", quando se tratavam de factos, percebe-se facilmente que se chegou aquele ponto, onde "vale tudo", em nome do poder, das audiências ou das vendas. E o mais curioso, é alguns destes "mentirosos" conseguirem ser figuras de proa, do tal jornalismo que vai de vento em popa...

Era preferível que esta gente se dedicasse à ficção, embora isso lhes desse muito mais trabalho...

(Fotografia de Luís Eme - Sobreda)


quarta-feira, janeiro 04, 2023

Só Posso Falar de Irracionalidade...


Ontem assisti a dois momentos televisivos, que dizem quase tudo sobre a "irracionalidade" deste mundo onde vivemos.

Vi um jogador de futebol, que por acaso é português, a ser recebido como um "rei" num país muito especial, e ao que dizem passou a ser o jogador mais bem pago do mundo. 

Se pensarmos que ele está no final de carreira, que existe hoje pelo menos uma dúzia de jogadores com mais qualidade que ele, é no mínimo "contra-natura", todo o dinheiro que está em jogo, por mais camisolas e estádios que encha nas Arábias...

Num âmbito mais sério e perigoso,  ouvi uma pretensa viúva de um general russo, falar em vingança em relação à Ucrânia, mas sobretudo em relação à Europa, à NATO e aos EUA, como se fossem estes os responsáveis pela guerra na Ucrânia...

Há qualquer coisa de errado nisto tudo. Embora também exista possibilidade de ser eu o "maluquinho"...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


domingo, outubro 16, 2022

O Futebol-Espectáculo é Isto...


Fiquei muito orgulhoso por o "meu Caldas", quase ter ganho ao "meu Benfica", na noite de ontem. O jogo acabou por ser decidido na "lotaria" das grandes penalidades, depois de mais de 120 minutos de futebol-espectáculo, mesmo quando os jogadores do Caldas estavam de rastos, fisicamente, nunca perderam o discernimento e continuaram a jogar com a bolinha no chão. 

A equipa treinada por José Vala pede meças a muitas equipas profissionais, pois mesmo a jogar com a primeira classificada da Primeira Liga, invicta (que tinha acabado de empatar com o Paris SG, uma das equipas mais poderosas do mundo...), jogou sempre, de igual para igual, sem medo e complexos em relação às "prima-donas" da Luz.

Felizmente, o "autocarro" do Caldas só serve mesmo para o transporte de jogadores...

(Fotografia de Luís Eme - a partir da televisão)


quinta-feira, junho 16, 2022

Quase um "Teatro do Absurdo" Diário...


Sei que em política o que parece raramente é. É um dos poucos espaços onde mentir "sempre fez parte do jogo". Há quem diga mesmo, que esse é um dos segredos dos homens que quase apodrecem no poder, como aconteceu com Salazar e está agora a acontecer com Putin.

Nos poucos contactos que tive com o poder, a nível mais doméstico, ainda mantenho vivas na memória algumas "mentiras", quase piedosas, ditas para "entreter"que nunca percebi se eram da lavra de um dito vereador, ou se lhe eram ditadas pela presidência. Ficou conhecido localmente pelo "nim", por ser uma personagem bem falante mas muito pouco afirmativa.

O problema é que tudo isto foi ganhando uma dimensão tal (talvez este quase "vale tudo" tenha começado com Sócrates. É importante recordar que um dos seus homens da comunicação, passou depois para o Benfica, onde se deve ter sentido como "peixe em água", nas "guerras" com o FC Porto...), que cada vez é mais difícil perceber onde começa a verdade e acaba a mentira, e vice-versa.

As coisas tornam-se ainda mais graves, quando se percebe que se brinca, cada vez mais, com coisas sérias, como são, por exemplo, a saúde ou a segurança de todos nós. 

O que os governantes e os opositores estão a fazer com o SNS, não nos vai levar a nenhuma coisa melhor, pelo contrário. Vão retalhar cada vez mais o SNS. Nós iremos poder escolher, mas também iremos pagar muito mais... 

A novela do SEF é parecida e parece também não ter fim à vista. De erro em erro, vão se desmotivando profissionais, porque um Governo - devido a um incidente grave, que causou a morte de um estrangeiro, algo que acontece, também, com alguma regularidade, na PSP e na GNR - decidiu que um serviço vital nos nossos aeroportos, devia ser substituído, por uma coisa, que parece que ninguém sabe muito vai o que vai ser. 

A política sempre foi uma coisa "teatral", mas nunca esperei que caminhasse, a passos largos, para este "teatro do absurdo" diário, com a cumplicidade de uma comunicação social, cada vez mais servil, tóxica e telenovelesca.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)