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segunda-feira, 18 de março de 2024

Livro da Semana - A Sabedoria da Terra


Enquanto botanista, Robin Wall Kimmerer faz perguntas sobre a natureza com as ferramentas da ciência. Enquanto membro da Nação Potawatomi, partilha a ideia de que plantas e animais são os nossos mais antigos professores. Neste livro, a autora une essas duas lentes de conhecimento para nos guiar numa «viagem que é tão mítica quanto científica, tão sagrada quanto histórica, tão inteligente quanto sábia», nas palavras de Elizabeth Gilbert, autora de Comer, Orar, Amar. Baseando-se na sua vida como cientista, indígena, mãe e mulher, a autora mostra-nos como outros seres vivos nos oferecem dádivas e lições importantes, mesmo que nos tenhamos esquecido de como ouvir as suas vozes. Numa densa trama de reflexões, que vão da criação de Ilha da Tartaruga às forças que ameaçam hoje o seu crescimento, Robin Wall Kimmerer desenvolve a sua ideia central: o despertar de uma consciência ecológica requer o reconhecimento e a celebração da nossa relação recíproca com o resto do mundo vivo. Só quando conseguirmos ouvir as línguas de outros seres seremos capazes de entender a generosidade da terra e aprender a retribuir da mesma forma. A Sabedoria da Terra está destinado a ser um clássico da escrita sobre a natureza.

"Quando olhamos para todos os danos que infligimos, é fácil acreditar que a Terra está a ser destruída. Mas, na verdade, é a nossa relação com a terra que está destruída. Nós temos a capacidade de mudar essa realidade, podemos optar por consumir menos e agir com mais cuidado com a Terra. Podemos escolher compreender o mundo como uma dádiva e responder adequadamente.
Não necessitamos de mais política, de mais dados, nem mais dinheiro. Precisamos sim de uma mudança no nosso coração."

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Mata da Bufarda enriquece candidatura de Conímbriga a Património Mundial


A riqueza botânica e histórica da Mata da Bufarda, em Condeixa-a-Nova, defendida por sucessivas gerações de investigadores, é igualmente valorizada na candidatura da cidade romana de Conímbriga a Património da Humanidade.

O canhão do rio dos Mouros, junto ao campo arqueológico e ao Museu Nacional de Conímbriga, e aquela mata “são dois elementos preponderantes no processo”, disse à agência Lusa Miguel Pessoa, do Movimento para a Promoção da Candidatura de Conímbriga a Património Mundial da UNESCO.

“Conímbriga é muito mais do que um museu. Só se consegue perceber a longa e fascinante diacronia da cidade se entendermos o território envolvente”, confirmou Vítor Dias, diretor do Museu Nacional.

Também o presidente da Câmara de Condeixa-a-Nova, Nuno Moita, realçou a necessidade de assumir uma visão integrada do património cultural e natural do município, no distrito de Coimbra, que em termos turísticos tem vindo a apostar na herança da romanização.

“A localização que os romanos escolheram para Conímbriga tem a ver com toda a envolvente, ainda com muita biodiversidade”, afirmou à Lusa.

A importância da arte dos mosaicos, que surgem na região em diversos sítios arqueológicos ligados à ocupação romana, é igualmente reconhecida pela candidatura de Conímbriga a Património Mundial, cuja proposta foi entregue este ano à representação da UNESCO em Portugal.
“É naquelas margens do rio dos Mouros, em plena Mata da Bufarda, que encontramos os calcários de várias cores usados pelos mosaicistas”, enfatizou Miguel Pessoa, dirigente da Associação Ecomuseu, que promove o processo para a classificação em conjunto com o município de Condeixa e o Centro de Estudos Vergílio Correia.

A mata, onde foram identificadas quase 350 espécies botânicas, incluindo pinheiros-mansos e outras resinosas de um coberto vegetal mais recente, “ajuda a compreender a cidade romana”.

“Foi dali que vieram as madeiras para construir as habitações de Conímbriga”, sublinhou Miguel Pessoa.

Conímbriga, com as suas especificidades e localização, “permite uma ligação interdisciplinar com quase todos os ramos de saber, porque nos transporta para fora do edificado”, salientou Vítor Dias, por sua vez.

O diretor do Museu Nacional afirmou à Lusa que, no passado, a Mata da Bufarda “tinha mais carvalho, azinheira e sobreiro”, mas que, mais de 2.000 anos após a chegada dos romanos, continua a ser indissociável da cidade, enquanto área verde com centenas de hectares que mantém as características primitivas da floresta mediterrânica.

No verão, foram inaugurados os passadiços do rio dos Mouros, num percurso aproximado de 800 metros, entre Conímbriga e a cascata, que a Câmara Municipal quer prolongar até ao Poço, aldeia onde se cruzam as rotas turísticas pedestres de Santiago, Carmelitas e Terras de Sicó.

“Os passadiços são uma feliz iniciativa da autarquia e uma excelente oportunidade para potenciar esta dimensão paisagística e ambiental que Conímbriga e Condeixa têm”, enalteceu Vítor Dias.

A promoção das “diferentes potencialidades que o sítio encerra” exige um “planeamento com todas as entidades” que intervêm na zona.

“É necessário um planeamento conjunto, a longo prazo, que seja capaz de perspetivar as potencialidades de todo este imenso território”, preconizou o arqueólogo.

A mata não está classificada. Porém, como em parte “está dentro da zona de proteção de Conímbriga”, acaba por “ter alguma proteção”, referiu Nuno Moita.

Ressalvando que são muitos os proprietários, o autarca apelou à criação de mecanismos para preservar e tornar mais acessível este património natural em redor de Conímbriga.

“Muito diminuída e adulterada em relação à floresta original”, a Mata da Bufarda “constitui ainda um coberto vegetal de grande importância para o estudo da flora mediterrânica”, consideram Adília Alarcão, antiga diretora do museu, e o seu colega Virgílio Correia.

Num trabalho conjunto sobre Conímbriga, publicado em 2004, os dois arqueólogos abordam “a urgência da classificação desta mata”, assim defendida por historiadores, botânicos e outros investigadores.

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Poema: The uninhabited light


I have arrived late
to the end of the promise
that I made myself
long, long ago,
when chance was violating
the principle that separates
our fingertips
in an apsidal lemniscate
and solitude was a prime number,
odd,
unstoppable odd and solitary loneliness,
more solitary, perhaps, than that flower
which veiled the unburied corpse of Robert Walser
in the snows of Herisau, and fate
awaited, cold and impatient
in my hallway,
mouldy with the rain
of a thousand nights without their moons.

And I
who loved you the best way
without thinking it better, how will I do
to resurrect the unpronounceable red of your lips
wounded by so many words
that were never said
or heard?

This is how I now contemplate
the uninhabited light
of those eyes of yours
without eaves or frost or winter ermine,
of those eyes that lost
the thirst of their forest
to become cruel basalt.

Tell me,
why do you insist
to dwell on my silent eyelids
with kindly stars and goldfinches,
if I, in your name, tear and fold
the leaves to the wind opening, on the bias,
the immediate chapter of the voice
in banks of futile birds?

Tell me,
what never happened, will it happen?

Let's play dead
now that no one can see us, that the night is still premature
and sleep is light
and the dead don't know they are dead.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

As turfeiras


As turfeiras são ecossistemas de zonas húmidas que se caracterizam pela acumulação de matéria orgânica parcialmente decomposta, principalmente os musgos do género Sphagnum (esfagno) e outros detritos vegetais, em solos saturados de água, que se formam em condições ambientais específicas que favorecem a acumulação de matéria orgânica em detrimento de sua decomposição. Apesar de existirem principalmente em zonas montanhosas com elevada precipitação, existiam turfeiras bem desenvolvidas em zonas litorais em Portugal, ocorrendo mesmo em sistemas dunares.
Uma das maneiras pela qual as turfeiras podem se formar em zonas dunares é através da lixiviação de nutrientes na areia. Nesse processo, a chuva ou outras fontes de água percolam pelos solos arenosos e dissolvem os nutrientes presentes no solo. À medida que a água se move pelo solo, ela carrega esses nutrientes dissolvidos para baixo, longe das camadas superficiais do solo onde as plantas não os podem absorver. Isso cria um ambiente pobre em nutrientes na superfície, o que pode limitar o crescimento da vegetação. Como resultado dessa limitação de nutrientes, e em zonas com abundância de água, os musgos do género Sphagnum podem tornar-se dominantes no ambiente. Este grupo de musgos é chamado de “engenheiro de ecossistemas”, porque altera as condições das zonas onde cresce. Na realidade, sem a presença de esfagno, não haveria acidificação do substrato e consequentemente não existiriam turfeiras. Estes organismos têm a capacidade de reter água e nutrientes, o que permite que cresçam e acumulem matéria orgânica. À medida que o musgo se acumula, cria uma espessa camada de matéria orgânica que isola o solo do ar, retardando a decomposição e favorece a acumulação de mais matéria orgânica.
Com o tempo, este processo pode levar à formação de uma turfeira nos sistemas dunares. A turfeira pode crescer em profundidade e espalhar-se lateralmente, eventualmente formando um ecossistema distinto com suas próprias comunidades vegetais e animais características. A presença de algumas turfeiras em sistemas dunares interiores em Portugal poderá ter uma génese relativamente recente, tendo em conta a dinâmica de acreção dunar em algumas áreas costeiras de Portugal Continental. A deposição da areia que permitiu a formação dos cordões dunares ao longo da costa, ocorreu na sua maioria nos últimos 500 anos, no início da Idade Média, e é o resultado da expansão agrícola a solos marginais e ao encurtamento do ciclo de recorrência dos fogos no interior da Península Ibérica, que agravaram os fenómenos erosivos e carregaram de sedimentos os grandes rios. Esse fenómeno de acreção dunar foi mais intenso no período da Pequena Idade do Gelo e a sul da foz do Douro, devido à elevada carga de sedimentos transportados pelo rio que se acumularam a sul por deriva litoral. Estas dunas eram dominadas por sedimentos pobres e espessos, com pouca matéria orgânica. A migração das partículas orgânicas das camadas superficiais destas dunas para a camada mais profunda, diminuiu a carga de nutrientes destes meios e criando um ambiente favorável ao crescimento de esfagno. Link refere no livro “Voyage en Portugal” que na Comporta se explorava turfa no século XVIII, algo muito raro em Portugal.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Jair Bolsonaro - Ecocida


"Nature gives us everything for free," says Davi Kopenawa, Yanomami chief - "all that nature asks in return is that we protect it." In Children of the Land, Brazilian Indian leaders discuss their careful and sustainable use of the land. The forest provides indigenous people with food, medicine and supplies, and they know that they have to preserve these for future generations. This is reflected in their sustainable lifestyle; the Ashaninka calendar, for example, measures seasons by the reproductive cycles of plants and animals so as to keep these populations healthy. The Baniwa make woven baskets for sale in department stores, and the Ashaninka harvest Mumuru, a plant product used in the cosmetics industry, for sale. However, both groups make sure not to abuse their resources for these ventures, and use them as a vehicle for promoting their culture.

Amazon forest - lungs of the Earth - tipping point reached in September 2022
In the last 20 years, 500 million hectares of forest eliminated.
27 million hectares of forest lost in 2020 alone!
However, wise words from a Yanomami chief.
"The conditions they are forced to live in are so drastically different from what their ancestors and spirituality dictate, it is detrimental to their mental health. They have a high suicide rate with over 517 Guarani people committing suicide since 1986." Data collected in 2014

Relatório: Dinamite Pura

domingo, 23 de outubro de 2022

“Porque se Chama Assim?”: A origem dos nomes com “bolinha” de aldeias e vilas portuguesas

Do livro "Porque se Chama Assim? A origem dos (estranhos) nomes de aldeias e vilas portuguesas", da jornalista Vanessa Fidalgo, extraímos a parte dedicada aos nomes "com bolinha" que explicam os nomes das terras mais obscenos de Portugal "com bolinha" que explicam os nomes das terras mais obscenos de Portugal

Portugal pode ser pequeno no território, mas é enorme no génio popular, e os nomes das nossas vilas, lugares e aldeias são um bom reflexo dessa imaginação e criatividade. De norte a sul, encontram-se nomes de terras de todos os géneros – e proveniências.

O livro “Porque se Chama Assim? A origem dos (estranhos) nomes de aldeias e vilas portuguesas”, escrito por Vanessa Fidalgo, conta a origem de várias localidades cujos nomes são uma ode à cultura popular portuguesa.

Vanessa Fidalgo nasceu em Lisboa a 15 de maio de 1978. Licenciada em Comunicação Social, tem no jornalismo a sua principal ocupação desde 1997. Atualmente, coordena o programa Língua Mãe (CMTV), realizado em parceria com a Sociedade Portuguesa de Autores.

A VISÃO extraiu a parte dedicada aos nomes “com bolinha”, que explicam os nomes das terras mais obscenos de Portugal:


A malandrice é apanágio do génio popular. apesar de haver quase sempre uma explicação lógica e razoável para a maioria das localidades com nomes de gosto “duvidoso”, as segundas intenções espreitam em qualquer comentário e dão azo a muitas piadas. uns respiram fundo e enchem o peito de orgulho, outros ficam com os nervos em franja e até preferiam mudar o nome à terra que os viu nascer. certeza, porém, há só uma: há certos cantos de portugal que só são famosos por causa destes nomes!

Picha

Com pouco mais de 50 habitantes, distribuídos por algumas dezenas de habitações, a aldeia de Picha, em Pedrógão Grande, tem muito provavelmente um dos nomes mais difíceis de digerir neste bizarro mapa de Portugal.

Não obstante tal designação, Picha é um lugar bonito, onde a maioria da população vive da indústria florestal. O que poucos sabem é que este topónimo teve precisamente origem na predominância dessa nobre atividade económica, mais concretamente na recolha da resina do pinheiro, a qual foi durante vários anos a principal fonte de subsistência da aldeia. Durante séculos, a cada pinheiro é acoplado um recipiente onde a resina vai caindo, gota a gota, e que normalmente é fixo no pinheiro com um prego, e que dá pelo nome de… picha!

Ao longo dos tempos, o significado original quase se perdeu, sobretudo porque os próprios resineiros começaram a evitar usar a palavra, optando por usar sinónimos mais conhecidos e sem conotação malandreca, como púcaro, vaso ou caneco.

A população da aldeia é, atualmente, bastante diversificada, integrando desde uma geração mais velha e hoje maioritariamente na reforma, a jovens famílias naturais da terra ou que para lá se mudaram em busca de melhores ares e até mesmo um cidadão inglês que resolveu escolher este lugar para viver em sossego e em comunhão com a natureza a sua velhice.

De tantas vezes serem referidos e apontados no mapa, os pichenses já se habituaram às perguntas dos forasteiros sobre tão invulgar e brejeira toponímia. Habituaram- -se aos trocadilhos e às piadas quando a conversa passa pela morada, mas reagem com sentido de humor. E até houve quem o quisesse perpetuar no seu próprio negócio. É o caso de um certo restaurante na zona baixa da aldeia, junto à estrada nacional n.º 2, chamado Café da Picha. Famoso pelo nome, mas também pela chanfana e pela simpatia dos proprietários.

É por lá que se conta uma história que ilustra bem o efeito que o nome da terra tem sobre os forasteiros. “Um dia houve aqui um grande nevão e a estrada da Picha ficou intransitável. E houve um rapaz, novito até, que ficou aí preso. E ligou para a mulher: Estou? Estou preso na Picha. E ela desligou. E ele ligou de novo: Amor, estou na Picha. E ela voltou a desligar. E tive de ser eu a explicar à senhora que era mesmo verdade, que há uma localidade chamada Picha e que ele estava cá preso”, contou Manuel José, numa reportagem da Rádio Observador.

Mas também houve quem quisesse trocar a tabuleta que indica o desvio para entrar na localidade por outra menos pecaminosa, mais concretamente Nossa Senhora do Carmo, que é a Santa Padroeira da Terra. O assunto chegou a andar de mãos em mãos, para que fossem recolhidas as devidas assinaturas mas, afinal, concluiu-se que os pichenses gostam de ser da Picha, pois, apesar das piadas, nem metade assinou o tal papel! E assim ficou Picha até hoje.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Dia Mundial da Bolota



O Dia Mundial da Bolota celebra-se a 10 de Novembro
Este dia tem como objetivo consciencializar a população sobre a destruição da floresta autóctone em Portugal, que é constituída principalmente por carvalhos. A bolota é o fruto do carvalho, assim como do sobreiro e da azinheira, que existem em maior abundância no Alentejo. A parte superior da bolota é a cúpula e a sua semente é um aquénio.

Porque se comemora?
A bolota foi um dos principais recursos alimentares ancestrais, pelo que a adaptação do nosso organismo a esse alimento estará gravada algures no nosso código genético.

Durante milhares de anos inúmeras culturas, como os celtas, prosperaram com o consumo de bolotas. Na Antiguidade Grega, o fruto era considerado o alimento dos homens invencíveis. Desde essa altura, a bolota, sobretudo de azinheira, cuja composição nutricional é excelente, tem vindo a ser a mais consumida tradicionalmente.

Os lusitanos e outros povos pré-romanos da Península Ibérica faziam farinha das bolotas para preparar pão, o que ainda é feito no século XXI. As bolotas também são usadas em algumas preparações culinárias típicas de Portugal.

Origem da Data
Foi a Escola Secundária Quinta das Palmeiras, da Covilhã, que criou esta data, celebrada pela primeira vez em 2009.

O que pode fazer?
A data celebra-se especialmente nas escolas, onde se realizam atividades educativas: os mais pequenos semeiam bolotas em vasos ou em campos, na esperança de verem nascer uma árvore. Também se realizam caminhadas e recolhas de bolotas, entre outras iniciativas.

E-Livro

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Gil e o premiado fotógrafo Sebastião Salgado unem-se para plantar 1 milhão de árvores

O cantor e compositor Gilberto Gil, em parceria com o fotógrafo Sebastião Salgado e Lélia Deluiz Wanick Salgado, estão reunidos com a incrível missão para plantação de 1 milhão de árvores por ano no país. Tudo isso por meio do Instituto Terra.


O cantor e compositor Gilberto Gil, em parceria com o fotógrafo Sebastião Salgado e Lélia Deluiz Wanick Salgado, estão reunidos com a incrível missão para plantação de 1 milhão de árvores por ano no país. Tudo isso por meio do Instituto Terra.

Com o objetivo de incentivar a luta pelo meia ambiente, Gil também lançou o videoclipe da música “Refloresta”, a sua nova composição criada exclusivamente para a campanha de reflorestação do instituto.

A ideia da entidade é expandir o reflorestamento no Brasil e produzir 1 milhão de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, contando com o auxílio do grupo segurador Zurich, na Fazenda Bulcão, que já possui 120 espécies.

A ação busca falar sobre a importância da recuperação de áreas de floresta degradadas pelo homem e foi oficialmente lançada na noite do último domingo, dia 21.

A sede do instituto de Sebastião Salgado, um dos fotógrafo mais renomeados do mundo, acompanha a situação ambiental do país há tempos, sendo um exemplo vivo de iniciativa de recuperação de áreas desmatadas em nosso território.

De acordo com o instituto, 100 mil mudas já estão sendo plantadas desde novembro do ano passado.

E entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, o plano é plantar 140 mil árvores de 69 espécies.

A Década da Restauração de Ecossistemas como chama a ONU, que ocorre entre 2021 e 2030 é fundamental para o nosso futuro em todo o planeta.

E como diz a música de Gil, “manter em pé o que resta não basta”, seguido pelo verso “o jeito é convencer quem devasta a respeitar a floresta”.

Veja o clipe da canção abaixo:


Manter em pé o que resta não basta
Que alguém vira derrubar o que resta
O jeito é convencer quem devasta
A respeitar a floresta

Manter em pé o que resta não basta
Que a motosserra voraz faz a festa
O jeito é compreender que já basta
E replantar a floresta

Milhões de espécies, plantas e animais
Zumbidos, berros, latidos, tudo mais
Uivos, murmúrios, lamentos ancestrais
Por que não deixamos nosso mundo em paz?

Além do morro, o deserto se alastra
Toda terra, da serra aos confins
O toco oco, casco de Canastra
Onde enterramos saguis

Manter em pé o que resta não basta
Já quase todo o verde se foi
Agora é hora de ser refloresta
Que o coração não destrói

Milhões de espécies, plantas e animais
Zumbidos, berros, latidos, tudo mais
Uivos, murmúrios, lamentos ancestrais
Por que não deixamos nosso mundo em paz?

Manter em pé o que resta não basta
Que alguém vira derrubar o que resta
O jeito é convencer quem devasta
A respeitar a floresta

Manter em pé o que resta não basta
Já quase todo o verde se foi
Agora é hora de ser refloresta
Que o coração não destrói

Que o coração não destrói
Respeitar a floresta
Respeitar a floresta
Replantar a floresta
Que o coração não destrói
E respeitar a floresta
Replantar a floresta
Que o coração não destrói
Que o coração não destrói


Biografia

Página Oficial

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Sobre a Terra, havia sobreiros…


Todos os meses, o projecto “Atlas das Paisagens Literárias de Portugal Continental”, ligado à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, dá-lhe a conhecer as paisagens e a biodiversidade que povoam as obras literárias de escritores portugueses.

“Sentados em fardos de palha, faziam o caminho até ao campo em silêncio. O mesmo vento que passava pelos rostos, como árvores, dos homens era o vento que passava pelo rosto do rapaz. Quando desciam sobre a terra, havia sobreiros. O pai tinha o machado na mão e começava a subir a um sobreiro que conhecia de outros verões da sua vida. Josué procurava uma saca e, por baixo das copas agitadas dos sobreiros, ia enchendo-a de pedações de cortiça. Quando os homens arrancavam uma prancha de cortiça, tinham cuidado para que não caísse em cima de Josué. O pai afastava as pernadas do sobreiro para conseguir segui-lo com o olhar.

[…] Os homens acertavam com os machados nos sobreiros e arrancavam-lhes pranchas de cortiça como se lhes arrancasse a pele. O tronco das árvores ficava mais claro, ficava liso e tinha pequenas gotas de água.“

José Luís Peixoto, “O último dia de todos os verões”, Cal

Sobre a terra, o sobro. 
Sobre o silêncio, o sobreiro. 
Sob o vento, o sovereiro. 
Sob o chaparro, uma criança.

Quercus suber, dizem os cientistas. “Sobe-me”, dizem os sobreiros à criança que foi — que ainda é — José Luís Peixoto. A sua escrita, como a sua vida, é pontuada de sobreiros: “Costumava passar muito tempo a brincar no campo e, durante essas aventuras, os sobreiros eram convites a trepar.” No Alto Alentejo, o vento que passava pelo rosto do rapaz é o mesmo vento que agora varre a palavra suber e nos cicia “subam”…

Subir a um sobreiro — é este o convite do excerto acima. Podemos subi-lo com o machado dos tiradores de cortiça, trepá-lo com os (a)braços de uma criança, escalá-lo com a lupa do biólogo. E lá do cimo “das copas agitadas dos sobreiros”, haveremos de saber o sabor do suber.

Os pés, às vezes descalços, dos tiradores de cortiça sabem que o sobreiro é uma árvore forte e robusta, habitualmente com 10 a 15 m de altura, e que os sobros que conhecem “de outros verões da sua vida” podem atingir os 25 metros e os 300 anos. De machucos e chaparros, tornam-se “sobreiros solenes como patriarcas” (José Cardoso Pires). As mãos encortiçadas dos corticeiros aprenderam que a extracção das pranchas se faz através do manejo certeiro de um único instrumento, a machada corticeira, usada apenas nesta função, com cortes cuidados no tecido morto da casca, sem ferir os tecidos vivos do interior. A arte sóbria do descortiçamento permanece tradicional — quase táctil, quase intacta — desde tempos ancestrais. A transmissão deste conhecimento é feita de forma oral, atravessando montados e gerações: o machado na mão do pai, já a saca na mão do filho a enchê-la de pedações de cortiça.

Aos olhos de uma criança, o sobreiro é uma imagem poderosa de resistência e força. Marinhar por ele acima, engolfar-se nos seus ramos, saborear-lhes as bolotas, é uma aventura sobre as ondas da planície. Aos olhos dos poetas, “o fuste vermelho de um sobreiro” (Urbano Tavares Rodrigues) é uma imagem dolorosa de fragilidade e força. Quando os homens acertam com os seus machados para lhes arrancar as “pranchas de cortiça como se lhes arrancasse a pele”, é também a nossa pele que se comove. Quase ouvimos, como Saramago, os gritos do sobreiro: “e o que fica à mostra é a carne eriçada e sofrida, mas isto são fraquezas do narrador, imaginar que as árvores se arrepelam e gritam”. Gritos mudos, talvez, pois o sobro é ser do silêncio. Ou, a avivar a paisagem, gritos feitos só de cor… e de “pequenas gotas de água”.

Os biólogos dizem-nos que, de entre todas as nossas espécies arbóreas, o Quercus suber, endémico da região mediterrânica, é a que se encontra mais largamente disseminada no território português, razão bastante para ter sido declarada, em 2011, a Árvore Nacional de Portugal - texto da proposta e legislação. Os botânicos ensinam-nos que foi através da observação da cortiça (súber) – com as primeiríssimas lentes de microscópio – que, em 1667, o naturalista Robert Hooke descobriu a estrutura celular das plantas. De tão leve, a cortiça flutua hoje nas pranchas de surf, voga no deck das embarcações, voa até Marte nos foguetões da NASA. Leve, linda, limpa: as estimativas apontam para cerca de 10 milhões de toneladas de CO2 absorvidos anualmente pelos sobreiros em Portugal. Como pernadas de sobreiro, os diversos ramos das Ciências da Natureza sustentam que o montado de sobro e o sobreiral são dos ecossistemas mais ricos de toda a Europa e um dos 35 hotspots mundiais da biodiversidade. A sustentável leveza do ser, do súber, do sobro!


Joana Portela pertence ao grupo de investigadores ligados ao “Atlas das Paisagens Literárias de Portugal Continental”. Esta é a primeira crónica da série “Escrita com Raízes”.

terça-feira, 21 de julho de 2020

The Cosmic Miracle of Trees: Astronaut Leland Melvin Reads Pablo Neruda’s Love Letter to Earth’s Forests

“Today, for some, a universe will vanish,” Jane Hirshfield writes in her stunning poem about the death of a tree a quarter millennium after William Blake observed in his most passionate letter that how we see a tree is how we see the world, and in the act of seeing we reveal what we are: “The tree which moves some to tears of joy is in the eyes of others only a green thing which stands in the way,” he wrote. “As a man is, so he sees.”

If a single tree is home to a miniature universe of life, and if we are learning with wide-eyed wonder that a tree is not a self-contained world but a synaptic node in a complex cosmos of relationships in constant and astonishing communication with other nodes, relationships that weave the fabric of earthly life, what does it make us — what does it reveal about our character, as a planetary people and a civilization — to watch the world’s forests vanish in flames before our eyes, in wildfires so ferocious as to be visible from space?


A century after Walt Whitman turned to trees as our wisest moral teachers and a generation before Wangari Maathai defended them with her life in a movement of moral courage that won her the Nobel Peace Prize, the Nobel-winning Chilean poet Pablo Neruda (July 12, 1904–September 23, 1973) — one of humanity’s furthest-seeing and lushest-minded artists — shone a gorgeous sidewise gleam at an answer by way of celebration rather than lamentation in a passage from his Memoirs ("Confesso que Vivi"), posthumously published in English the year the Voyager spacecraft captured that poetry-fomenting first glimpse of our Pale Blue Dot seen from far away. 

At the 2020 Universe in Verse, celebrating fifty years of Earth Day, astronaut and poetry-lover Leland Melvin — one of a fraction of a fraction of a percentage of humans in the history of our species to have left this rare planet, to have seen its forests and its intricate living web of relationships from the cosmic perspective, and to have returned loving it all the more passionately — breathed new life into Neruda’s forgotten words with a soulful reading of that passage:

Astronaut Leland Melvin reads “The Chilean Forest” by Pablo Neruda

“Under the volcanoes, beside the snow-capped mountains, among the huge lakes, the fragrant, the silent, the tangled Chilean forest… My feet sink down into the dead leaves, a fragile twig crackles, the giant rauli trees rise in all their bristling height, a bird from the cold jungle passes over, flaps its wings, and stops in the sunless branches. And then, from its hideaway, it sings like an oboe… The wild scent of the laurel, the dark scent of the boldo herb, enter my nostrils and flood my whole being… The cypress of the Guaitecas blocks my way… This is a vertical world: a nation of birds, a plenitude of leaves…

I stumble over a rock, dig up the uncovered hollow, an enormous spider covered with red hair stares up at me, motionless, as huge as a crab… A golden carabus beetle blows its mephitic breath at me, as its brilliant rainbow disappears like lightning… Going on, I pass through a forest of ferns much taller than I am: from their cold green eyes sixty tears splash down on my face and, behind me, their fans go on quivering for a long time… A decaying tree trunk: what a treasure!… Black and blue mushrooms have given it ears, red parasite plants have covered it with rubies, other lazy plants have let it borrow their beards, and a snake springs out of the rotted body like a sudden breath, as if the spirit of the dead trunk were slipping away from it…

Farther along, each tree stands away from its fellows… They soar up over the carpet of the secretive forest, and the foliage of each has its own style, linear, bristling, ramulose, lanceolate, as if cut by shears moving in infinite ways… A gorge; below, the crystal water slides over granite and jasper… A butterfly goes past, bright as a lemon, dancing between the water and the sunlight… Close by, innumerable calceolarias nod their little yellow heads in greeting… High up, red copihues (Lapageria rosea) dangle like drops from the magic forest’s arteries… A fox cuts through the silence like a flash, sending a shiver through the leaves, but silence is the law of the plant kingdom… The barely audible cry of some bewildered animal far off… The piercing interruption of a hidden bird… The vegetable world keeps up its low rustle until a storm chums up all the music of the earth.

Anyone who hasn’t been in the Chilean forest doesn’t know this planet. I have come out of that landscape, that mud, that silence, to roam, to go singing through the world."

domingo, 26 de abril de 2020

Dia Europeu dos Jardins Históricos


O Dia Europeu dos Jardins Históricos assinala-se, anualmente, a 26 de abril. Este dia foi criado pelo European Route of Historic Gardens (ERHG), em 2020.

A celebração deste dia tem por objetivo sensibilizar e valorizar este importante património ambiental que todos partilhamos. Nesta ocasião, queremos realçar os diferentes aspectos que marcam as relações entre todos os jardins históricos: artísticos, botânicos, históricos... Todos eles nos ligam e alimentam!

O conceito de «Jardim Histórico» foi definido na Carta de Florença, destacando a importância e a necessidade de salvaguardar estes espaços.

Documentos
Programa DESCARREGAR
Carta de Florença | International Comitee for Historic Gardens (ICOMOS-IFLA) DESCARREGAR

Links relacionados

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Entrevista a Raimundo Quintal- Jardins com História na Madeira, Jardineiros e o Garden Tourism



O conhecido geógrafo e investigador madeirense Raimundo Quintalpresidente da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal e ex-vereador do Ambiente da câmara da cidade, falou, nesta entrevista, da fitodiversidade nos jardins do Funchal, das potencialidades do “Garden Tourism” na Madeira e da importância da formação dos jardineiros.


domingo, 29 de junho de 2014

Macro Timelapse por Daniel Csobot


Daniel Csobot é um incrível cineasta e fotógrafo que conseguiu capturar estas lindas imagens mostrando a completa germinação de sementes. É um verdadeiro show da natureza! Seu trabalho foi, basicamente, tirar milhares de fotos, dia após dia, e juntá-las, formando o impressionante vídeo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Bem-vinda Primárvore


Primavera
Como água de cerejas
Espaço de sol aberto em azul
nas pedras, nos troncos, em peito aberto e nú
luz vermelha de morangos
e rebentos de andorinhas pelos céus
Primárvore
Poema de folhas
Árvores que se estendem

em rios de montanha
rolando entre rochas e peixes
e amaciam a sede.


João Soares, 21 de Março (Dia da Poesia e da Árvore)

Música: Susumu Yokota -Cherry Blossom

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Dente-de-leão - Dandelion


O dente-de-leão é a única flor que representa os 3 corpos celestes do sol, da lua e das estrelas. A flor amarela lembra o sol, a bola de sementes lembra a lua e as sementes dispersas lembram as estrelas.

Cada parte do dente-de-leão é útil: raiz, folhas, flor. Pode ser usado em alimentos, remédios e corantes.

O nome dente-de-leão refere-se às folhas com dentes grossos.

As sementes de dente-de-leão são frequentemente transportadas pelo vento e viajam como pequenos pára-quedas, em que as sementes são muitas vezes transportadas até 8 km de distância.

Os dentes-de-leão têm as suas raízes profundamente marcadas na história. Eles eram bem conhecidos pelos antigos egípcios, gregos e romanos e têm sido usados ​​na medicina tradicional chinesa há mais de mil anos.

O dente-de-leão é usado na medicina popular para tratar infecções e doenças hepáticas e o chá feito de dente-de-leão atua como diurético.

Os dentes-de-leão são, muito possivelmente, as plantas de maior sucesso que existem, mestres da sobrevivência em todo o mundo.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Dossiê Botânica e Floresta

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Neste dossier incluo tudo o que se relaciona com árvores, jardins, parques urbanos, corredores verdes, botânica, flores e floresta.

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