Mostrar mensagens com a etiqueta G20. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta G20. Mostrar todas as mensagens

sábado, 23 de novembro de 2024

COP do Clima na reta final em Baku ou como navegar à vista entre as ausências, o “greenwashing” e as taxas solidárias



Na 29.ª Cimeira do Clima, quase a terminar no Azerbaijão com um sabor amargo, o financiamento da ação climática voltou a ser “o tema” em debate. Existem sectores da economia que são largamente sub-tributados, mas que poluem enormemente o planeta, daí que a task force “Global Solidarity Levies: For People and the Planet” tenha esta semana divulgado o seu segundo relatório, no qual propõe taxas solidárias a cobrar aos maiores vilões ambientais, entre os quais se encontram os produtores de combustíveis fósseis, a aviação, o transporte marítimo internacional, as criptomoedas ou a indústria dos plásticos. Sem esquecer, com o pontapé dado há dias pelo Brasil no G20, e já antes no âmbito do Quadro Inclusivo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os super-ricos ou, para usar o eufemismo da Declaração do Rio de Janeiro, os “indivíduos com um património líquido ultra-elevado”.

E porque a justiça climática anda de mãos dadas com a justiça fiscal, aquele grupo de trabalho, presidido pela ex-diplomata francesa Laurence Tubiana, uma das arquitectas do Acordo de Paris, já anunciou, em parceria com o Banco Mundial, a OCDE, académicos reputados e peritos das Nações Unidas, as contas feitas se os maiores poluidores forem tributados: 216,2 mil milhões USD/ ano (taxa sobre a extração de combustíveis fósseis, com base na tributação de 5 dólares por tonelada de CO2); 200-250 mil milhões USD/ ano (taxa de 2% sobre o património líquido dos bilionários); 173,4 mil milhões USD/ ano (imposto de 50% sobre os lucros excepcionais das 14 maiores empresas de combustíveis fósseis por capitalização bolsista, entre julho de 2021 e julho de 2023); 133 a 274 mil milhões USD/ ano (imposto sobre as transacções financeiras, com base numa taxa nominal de 0,3 ou 0,5%); 127 mil milhões USD/ ano (taxa de transporte marítimo, calculando entre 150-300 USD por tonelada de CO2); 121 mil milhões USD/ ano (taxa de passageiro frequente: 9 dólares/ passageiro em cada segundo voo do ano e 177 dólares no vigésimo voo no mesmo ano); 104 mil milhões USD/ ano (valor da taxa de carbono aplicada em 2023); 25 a 25 mil milhões USD/ ano (taxa sobre a produção de polímeros primários, cobrando entre 60 a 90 dólares por tonelada); 18 mil milhões de USD/ ano (taxa sobre o consumo de querosene nos voos internacionais, a 0,33 dólares/ litro); e, por último, 5 mil milhões de dólares/ ano (taxa sobre a mineração das bitcoin, com base na cobrança de 0,045 dólares por kWh de energia consumida).

Esta solução permitiria obter o bilião de dólares anuais necessários para reverter a crise climática bem como o encolher de ombros dos países mais ricos e com maiores responsabilidades históricas nas emissões de gases com efeito de estufa (GEE). Até ao momento, a generosidade Norte-Sul resume-se a 700 milhões de dólares, isto é “aproximadamente ao salário anual dos dez jogadores de futebol mais bem pagos do mundo", como disse António Guterres, frisando a necessidade de “passar de biliões a triliões”.

Conforme afirmou recentemente Nadia Calviño, presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), “um dólar investido em adaptação e resiliência poupa cinco a sete dólares em reparações e indemnizações por danos.” Numa Conferência marcada pela ausência de muitos chefes de Estado e de Governo e pelo abandono da delegação argentina, o porta-voz da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), particularmente ameaçados pelo aquecimento global, pôs o dedo na ferida ao dizer que se sentem “abandonados”.

No estertor da era dos combustíveis fósseis, o monstro continua a estrebuchar e a perspetiva de ter nos EUA uma Administração liderada por Donald Trump torna mais real atingirmos um aumento médio da temperatura de 3,1°C até 2100, na senda do alerta dado há um mês pela agência das Nações Unidas para o ambiente (UNEP) ao lançar o relatório Emissions Gap Report 2024. A dura realidade é que, nove anos após a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, as emissões GEE aumentaram 8%. Também o desempenho climático de Portugal piorou, tendo o país descido duas posições no Índice de Desempenho das Alterações Climáticas (CCPI) apresentado na COP29.

Greenwashing files
Ao mesmo tempo que as ONG e o ativismo indígena têm mostrado crescente dificuldade em fazer ouvir a sua voz nas COP, os lobistas voltam a integrar as delegações nacionais em grande número. Após analisar as listas de participantes, a plataforma Kick Big Polluters Out revelou que “mais de 200 lobistas da agricultura industrial, representando as maiores empresas agro-alimentares do mundo”, além de 1770 lobistas das companhias fósseis, tiveram acesso às negociações oficiais da COP29.

A verdade é que as empresas de combustíveis fósseis não querem deixar no solo o petróleo, o gás e o carvão que nos matam. Pelo contrário, querem extrair mais e mais, enquanto der lucro, e os Governos continuam a dar uma mãozinha ao negócio, financiando com dinheiro dos contribuintes uma atividade que devia caminhar a passos largos para a extinção. Mas não, caminha apenas para nos extinguir a todos!

As companhias sabem há décadas dos perigos de queimar combustíveis fósseis. Por isso, tal como aconteceu com as tabaqueiras no passado, que esconderam os malefícios para a saúde e enfatizaram o glamour de fumar, fizeram tudo o que puderam para que o assunto se mantivesse fora do radar, financiando campanhas massivas de desinformação, comprando cientistas e governos. Agora que já não conseguem mentir mais, avançaram com técnicas mais sofisticadas, o chamado marketing verde ou greenwashing. A ONG ClientEarth, sediada em Londres, desmontou magistralmente esta nova forma de enganar os incautos nos seus greenwashing files.

As campanhas da Aramco, Chevron, Drax, Equinor, ExxonMobil, INEOS, RWE, Shell e Total mostram que cumprir as metas do Acordo de Paris, ou seja, manter o aumento da temperatura da Terra em 1,5°C, face aos níveis pré-industriais, não é uma preocupação para estas empresas. A sua principal preocupação é parecerem preocupadas. E continuarem a faturar.

“Os estudos mostram que existem planos para produzir 120% mais combustíveis fósseis até 2030 do que o necessário para nos mantermos abaixo deste limiar. Não podemos simplesmente queimar todo o stock mundial de carvão, petróleo e gás e esperar evitar uma catástrofe climática”, refere a ClientEarth.

A Aramco é detida pelo Governo da Arábia Saudita e considerada a empresa de petróleo e gás que mais emite no mundo inteiro. É responsável, desde 1965, por mais de 4% de todas as emissões globais. Detém reservas fósseis, até pelo menos 2077, que ultrapassam as reservas combinadas da Exxon, Chevron, Shell, BP e Total. Em 2020, anunciou que iria aumentar a sua produção de 12 para 13 milhões de barris de petróleo por dia. Em 2023, na sequência do aumento dos preços da gasolina após a pandemia, a companhia anunciou lucros recordes de 161 biliões de dólares (154,5 biliões de euros), valores superiores aos resultados publicados pela ExxonMobil e pela Shell (55,7 e 39,9 biliões de dólares de lucro - €53,5 biliões e €38,3 biliões - respetivamente). A Aramco recusa revelar as suas emissões GEE. Também não divulga os montantes que investe em inovação e em tecnologias de baixo carbono.

A Coligação para os impostos solidários, que nasceu da iniciativa conjunta dos Barbados, França e Quénia, reúne hoje infelizmente apenas 17 Estados! Seria bom que Portugal, além da conversão da dívida em apoio às iniciativas de mitigação e adaptação dos países de expressão portuguesa, seguisse o exemplo francês e integrasse esta frente, contribuindo com a sua quota-parte para o esforço global de ajuda aos países mais vulneráveis. O Governo de Montenegro prometeu dar para esse fim 11 milhões de euros anuais até ao final da década. Uma quantia manifestamente insuficiente. Tal como o ambíguo X inscrito como valor na proposta inicial de texto final apresentado pela presidência azeri. Fonte

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Guterres pede medidas urgentes para próximos 18 meses contra “inferno climático”


O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou esta quarta-feira que o planeta se aproxima do "inferno climático", instando os líderes mundiais a tomar medidas nos próximos 18 meses para "criar pontos de viragem" e livrar as populações do desastre.

No Dia Mundial do Meio Ambiente, Guterres fez um discurso no Museu Americano de História Natural de Nova Iorque, e, num "momento de verdade", expôs os limites climáticos que o planeta já ultrapassou e o que as empresas e os países - especialmente o G7 e o G20 - precisam de fazer durante os próximos 18 meses para permitir um futuro habitável para a humanidade. 

"Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente. É também o dia em que o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus da Comissão Europeia reporta oficialmente maio de 2024 como o mês mais quente de que há registo. Isto marca 12 meses consecutivos dos meses mais quentes de todos os tempos", disse.

"No ano passado, cada viragem do calendário aumentou a temperatura. O nosso planeta está a tentar dizer-nos algo. Mas parece que não estamos a ouvir", lamentou.

Aproveitando a localização do evento, Guterres fez uma comparação com o período em que um meteoro varreu os dinossauros do planeta, advogando que o mundo vive também agora um impacto "descomunal". Com uma diferença: "No caso do clima, nós não somos os dinossauros. Nós somos o meteoro", frisou. "Não estamos apenas em perigo. Nós somos o perigo. Mas também somos a solução", defendeu.

O ex-primeiro-ministro português alertou que, a este ritmo, todo o orçamento de carbono (o dióxido de carbono que pode ser emitido antes que o aquecimento global de 1,5°C seja inevitável) será destruído antes de 2030.

A Organização Meteorológica Mundial informou esta quarta-feira que há 80% de probabilidade de a temperatura média anual global exceder o limite de 1,5 graus em pelo menos um dos próximos cinco anos.

Em 2015, a probabilidade de tal acontecer "era próxima de zero", sublinhou o líder da ONU.

"Estamos a jogar à roleta russa com o nosso planeta. Precisamos de uma rampa de saída do inferno climático. E a verdade é que temos o controlo da roda. O limite de 1,5 graus ainda é possível", advogou Guterres, que tem na agenda climática uma das prioridades do seu mandato.

Explicando a importância em torno do limite de 1,5 graus, António Guterres indicou que o planeta é uma massa de sistemas complexos e conectados e que cada fração de grau de aquecimento global conta.

"A diferença entre 1,5 e dois graus pode ser a diferença entre a extinção e a sobrevivência de alguns pequenos Estados insulares e comunidades costeiras. (...) 1,5 graus não é uma meta. Não é um objetivo. É um limite físico", reforçou.

Num discurso duro em que usou uma dezena de vezes a palavra "verdade", o secretário-geral observou que a batalha pelo limite de 1,5 graus será vencida ou perdida na década de 2020, sob a vigilância dos líderes atuais.

Colocando a pressão sobre os líderes, Guterres sublinhou que "tudo dependerá das decisões que tomarem - ou deixarem de tomar - especialmente nos próximos dezoito meses".

Entre as medidas urgentes que devem ser tomadas no próximo ano e meio, o secretário-geral da ONU apontou a redução das emissões, a proteção das pessoas e da natureza dos extremos climáticos, o aumento do financiamento climático, e a repressão à indústria de combustíveis fósseis.

Na prática, Guterres instou, entre outros pontos, que o G7 e outros países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) se comprometem a acabar com o carvão até 2030 e criar sistemas de energia livres de combustíveis fósseis e reduzir a oferta e a procura de petróleo e gás em 60% até 2035.

Apelou também às instituições financeiras para que comecem a investir numa revolução global das energias renováveis e instou todos os países a proibirem a publicidade de empresas de combustíveis fósseis.

O líder das Nações Unidas criticou ainda o facto de os menos responsáveis pela crise climática serem os mais atingidos: "as pessoas mais pobres; os países mais vulneráveis; pessoas indígenas; mulheres e meninas".

Enquanto isso, "os padrinhos do caos climático - a indústria dos combustíveis fósseis - obtêm lucros recordes e celebram biliões em subsídios financiados pelos contribuintes", criticou.

"Nós temos uma escolha. Criar pontos de viragem para o progresso climático -- ou aproximar-se de pontos de viragem para desastres climáticos. Nenhum país pode resolver a crise climática isoladamente", dependeu.

Guterres aproveitou ainda para agradecer aos jovens, à sociedade civil, às cidades, às regiões, às empresas e a outros que têm liderado a luta por um mundo "mais seguro e mais limpo", afirmando que "estão do lado certo da história".

quarta-feira, 27 de março de 2024

Um quinto dos alimentos produzidos pelo mundo em 2022 foi desperdiçado


O mundo desperdiçou cerca de um quinto dos alimentos produzidos globalmente em 2022, ou seja, 1.050 milhões de toneladas de comida, avançou hoje um relatório das Nações Unidas, referindo que 60% deste desperdício foi feito por famílias.

De acordo com o Relatório do Índice de Desperdício Alimentar do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), cada pessoa desperdiçou 79 quilos de alimentos naquele ano.

O número significa que, do total de alimentos desperdiçados, 60% (631 milhões de toneladas) provieram de famílias, enquanto 28% foram da responsabilidade de serviços alimentares e 12% do retalho, sublinhou o documento hoje divulgado.

“Num ano em que um terço da humanidade enfrentou insegurança alimentar, cada lar deitou fora o equivalente a mil milhões de refeições por dia, ou seja, 1,3 refeições diárias para pessoas afetadas pela fome no mundo”, apontou a análise.

O desperdício alimentar, alerta o PNUMA, gera entre 8% e 10% das emissões globais de gases com efeito de estufa, o que é quase cinco vezes mais do que as emissões totais do setor da aviação.

A situação continua a prejudicar a economia global e a alimentar as alterações climáticas, além de representar um grave prejuízo para a natureza e um aumento da poluição.

“O desperdício alimentar é uma tragédia global. Milhões de pessoas passam fome devido ao desperdício alimentar em todo o mundo”, afirmou a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen, na apresentação do relatório.

Um problema que, lembram os investigadores, não é apenas dos países ricos.

“É um problema global”, defendeu o coautor do relatório e diretor da organização britânica de resíduos WRAP, Richard Swannel.

Os autores do relatório garantiram que as diferenças no desperdício alimentar ‘per capita’ dos agregados familiares entre países de rendimento elevado e países de rendimento mais baixo eram surpreendentemente pequenas.

“Os dados são realmente claros neste ponto: este é um problema mundial que todos nós poderíamos resolver amanhã, seja para poupar dinheiro ou para reduzir o impacto ambiental”, sublinhou ainda Swannel.

A análise das Nações Unidas, publicada numa altura em que as crises alimentares se aprofundam em várias regiões, como na Faixa de Gaza ou Sudão, visa acompanhar o progresso dos países para atingir o objetivo de reduzir para metade o desperdício alimentar até 2030.

De acordo com os investigadores, atualmente apenas quatro países do G20 (as 20 economias mais ricas e emergentes) – Austrália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, além da União Europeia (UE) – têm possibilidade de cumprir o objetivo até daqui a seis anos.

No último relatório publicado, referente a 2021, o PNUMA concluía que se tinha desperdiçado 17% dos alimentos produzidos nesse ano em todo o mundo, ou seja, 1.030 milhões de toneladas de comida.

No entanto, os autores do estudo alertaram que as comparações não devem ser feitas diretamente entre valores dos dois anos, já que o número de países que reportaram dados quase duplicou.

domingo, 24 de março de 2024

Ponto de situação da Energia Nuclear no Mundo


Europa, EUA e China
Numa cimeira internacional sobre energia nuclear que decorreu durante um dia em Bruxelas, na Bélgica, 34 nações apoiaram uma declaração de apoio à energia nuclear. Os países apelam aos reguladores para que desbloqueiem totalmente o potencial da energia nuclear, numa declaração que tinha como principal objetivo atrair o apoio dos bancos de desenvolvimento para financiar a sua instalação e manutenção. Além de se comprometerem com a construção de novas centrais nucleares em geral, a declaração também defende a rápida implantação de reatores avançados, incluindo pequenos reatores modulares, em todo o mundo. No entanto, acrescenta que, na Europa, ainda existem alguns países, como a Alemanha e a Áustria, que se opõem ao nuclear e querem que o investimento em energia com baixo teor de carbono se concentre nas energias renováveis. Fontes: AP, Euronews e Reuters.

Alemanha
Um estudo encomendado pelo Serviço Federal Alemão para a Segurança da Gestão dos Resíduos Nucleares, examinou os vários tipos de reatores nucleares em desenvolvimento no mundo, analisando a sua economia, segurança e potencial de resíduos radioativos e conclui que os problemas conhecidos da tecnologia nuclear não são susceptíveis de serem resolvidos pelos novos tipos de reatores. No entanto, políticos dos partidos União Democrata-Cristã da Alemanha (CDU) e Partido Democrata Livre (FDP) propuseram recentemente o relançamento da energia nuclear. Martin Schlak, Der Spiegel.

Austrália
O Dr. Alan Finkel, presidente do Centro de Excelência ARC para a Biotecnologia Quântica da Universidade de Queensland e antigo cientista-chefe da Austrália, explica que, apesar das recentes posturas políticas na Austrália, o país não está prestes a assistir a um aumento dramático da energia nuclear. "Embora a energia nuclear possa ressurgir a nível mundial e vir a ter um papel na Austrália, neste momento, por muita intenção que haja de ativar uma indústria de energia nuclear, é difícil de prever antes de 2040", afirma. Finkel atribui esta situação aos custos elevados e aos prazos longos, salientando que a Austrália é a única nação do G20 a ter uma proibição legislativa da energia nuclear, que teria de ser levantada antes de se poderem construir reatores. A nação também estaria a começar do zero e é "improvável que a Austrália passe de retardatária a líder", salienta. Finkel afirma que a energia eólica e solar devem ser a prioridade na Austrália e que "qualquer apelo para passar diretamente do carvão para o nuclear é efetivamente um apelo para atrasar a descarbonização do nosso sistema de eletricidade em 20 anos".

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Jacques Delors - um genuíno socialista


Somos todos herdeiros da obra de vida de Jacques Delors: uma União Europeia vibrante e próspera.
Jacques Delors forjou a sua visão de uma Europa unida e o seu compromisso com a paz durante as horas sombrias da Segunda Guerra Mundial.
Com uma inteligência notável e uma humanidade sem paralelo, tem sido o defensor incansável da cooperação entre as nações europeias e, depois, do desenvolvimento da identidade europeia.
Uma ideia que concretizou graças, nomeadamente, à criação do Mercado Único, ao programa Erasmus e às fases iniciais de uma moeda única, moldando assim um bloco europeu próspero e influente.
A sua presidência da Comissão Europeia foi marcada por um profundo compromisso com a liberdade, a justiça social e a solidariedade – valores agora enraizados na nossa União.
Jacques Delors foi um visionário que tornou a Europa mais forte. O seu trabalho teve um impacto profundo na vida de gerações de europeus, incluindo a minha. Estamos profundamente gratos a ele.

Vamos honrar o seu legado renovando e revigorando continuamente a nossa Europa.

Sites

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Milionários, economistas e políticos eminentes imploram ao G20 para “tributar os super-ricos”




A pressão aumenta sobre o G20 para liderar um esforço global para aumentar os impostos sobre os cidadãos mais ricos de volta aos níveis anteriores que a maioria das pessoas acredita serem mais justos e mais úteis para a sociedade.

Sem este ajustamento, a riqueza e a desigualdade extremas continuarão a disparar. Na última década, os multimilionários mais do que duplicaram a sua riqueza, de 5,6 para 11,8 biliões de dólares.

Numa carta aberta ao G20, perto de 300 milionários, economistas e representantes políticos de quase todos os países do G20 apelam a um novo acordo internacional sobre impostos sobre a riqueza para “impedir que a riqueza extrema corroa o nosso futuro colectivo”. Diz que as pessoas em todo o mundo estão “desesperadas por mudanças”.

Dinheiro, conhecimento e poder estão unidos no apelo à acção e ao G20 para colocar a tributação dos mais ricos no centro da sua agenda na sua próxima Cimeira na Índia, e não só.

Os signatários incluem a herdeira e filantropa da Disney Abigail Disney, ex-líderes da Roménia, Croácia, República Tcheca e Bulgária, o senador dos EUA por Vermont Bernie Sanders, o representante dos EUA Brendan Boyle, antigos e atuais parlamentares europeus, incluindo Aurore Lalucq, os artistas Brian Eno e Richard Curtis, A ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, Maria Espinosa, e economistas como Gabriel Zucman, Jayati Ghosh, Kate Raworth, Jason Hickel, Lucas Chancel e Thomas Piketty.

A acumulação maciça de riqueza extrema por parte dos indivíduos mais ricos é “um desastre económico, ecológico e de direitos humanos” que está “ameaçando a estabilidade política em todo o mundo”, dizem eles.

Negando a “falsa promessa de que a riqueza no topo beneficiaria de alguma forma todos nós”, dizem que o G20 deve agir agora para desbloquear um regime fiscal mais justo que irá arrecadar os biliões de dólares necessários para enfrentar enormes ameaças globais, como a pobreza e a desigualdade. , deflação salarial e crise climática. Conseguir um acordo internacional sobre como aumentar os impostos sobre os super-ricos “não será fácil, mas valerá a pena”.

“Muito trabalho já foi feito. Há uma abundância de propostas políticas sobre a tributação da riqueza apresentadas por alguns dos principais economistas do mundo. O público quer isso. Nós queremos. Agora só falta a vontade política para o concretizar. É hora de você encontrá-lo.

Morris Pearl, Presidente dos Patriotic Millionaires e antigo Diretor-Geral da BlackRock, afirmou: “Nas últimas décadas, a desigualdade de riqueza disparou em todo o mundo. O fosso crescente entre ricos e pobres desestabilizou a economia global, exacerbou a ascensão de políticas extremistas e desgastou a própria estrutura da nossa ordem social. Como pessoa ultra-rica, representando uma organização de pessoas ricas com ideias semelhantes, peço ao G20 que nos imponha impostos.

“Os líderes das maiores economias do mundo devem coordenar ações rápidas e decisivas para reduzir níveis perigosos de desigualdade; se não conseguirem tributar a riqueza extrema, os resultados serão uma economia global perpetuamente enfraquecida, o declínio das instituições democráticas e o agravamento da agitação social. O G20 deve agir.”


  • Na última década, aqueles com mais de 50 milhões de dólares desfrutaram de um crescimento de 18,3% na sua riqueza, enquanto os multimilionários viram a sua riqueza crescer 109%.
  • Apenas 4 cêntimos em cada dólar de receita fiscal provêm dos impostos sobre a riqueza.
  • Desde 2020, o 1% mais rico capturou quase dois terços de toda a nova riqueza. As fortunas dos bilionários estão aumentando em US$ 2,7 bilhões por dia.
  • Por cada dólar de nova riqueza ganho por alguém dos 90 por cento mais pobres, um dos bilionários do mundo ganhou 1,7 milhões de dólares.
  • Metade de todos os milionários não pagará nenhum imposto sobre herança e repassará US$ 5 triliões livres de impostos para a próxima geração.
  • A taxa média de imposto sobre os mais ricos caiu de 58 por cento em 1980 para 42 por cento nos países da OCDE.
  • Os impostos sobre mais-valias – normalmente a fonte de rendimento mais importante para o 1% mais rico – são de apenas 18%, em média, em mais de 100 países.
  • Nos anos de expansão das décadas de 1950-60, a taxa marginal máxima do imposto federal sobre o rendimento dos EUA era de 91 por cento, o imposto sobre heranças era de 77 por cento até 1975 e o imposto sobre as sociedades acima de 50 por cento.
Notas aos editores

A carta aberta foi organizada pelos defensores da desigualdade Patriotic Millionaires, Institute for Policy Studies, Earth 4 All, Millionaires for Humanity e Oxfam. Baixe a lista completa de signatários .

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Guterres exige que países ricos cumpram as suas promessas no combate à crise climática


O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, exigiu hoje na Cimeira do Clima de África, que decorre em Nairobi, que os países desenvolvidos cumpram as suas promessas no combate à crise climática, que atinge desproporcionalmente o continente.

“Este continente emite apenas quatro por cento das emissões globais, mas sofre alguns dos piores efeitos do aumento das temperaturas globais: calor extremo, inundações implacáveis e dezenas de milhares de mortes devido a secas devastadoras”, afirmou António Guterres no seu discurso de abertura no segundo dia da cimeira, coorganizada pelo Governo queniano e pela União Africana (UA).

O chefe da ONU afirmou que, mesmo assim, “ainda é possível evitar os piores efeitos” da crise climática, embora seja necessário um “salto qualitativo” na “ação climática” e mais “ambição”, especialmente por parte dos países desenvolvidos, que devem reduzir as suas “emissões líquidas para perto de zero” até 2040.

Os países desenvolvidos devem também “cumprir a sua promessa” de destinarem 100 mil milhões de dólares por ano aos países em desenvolvimento, o que permitirá às nações africanas garantir o acesso a sistemas de eletricidade verde a preços acessíveis e criar sistemas de alerta precoce para fenómenos meteorológicos extremos.

Guterres apelou igualmente à “correção do rumo do sistema financeiro global”, garantindo um “mecanismo eficaz de alívio da dívida” a taxas acessíveis.

“O sistema financeiro mundial tem de ser um aliado dos países em desenvolvimento na condução de uma transição ecológica justa e equitativa que não deixe ninguém para trás”, acrescentou, antes de destacar o potencial de África para se tornar “um líder mundial em energias renováveis”.

“A África possui 30% das reservas minerais essenciais para as tecnologias renováveis e de baixo carbono, como a energia solar, os veículos elétricos e as baterias”, recordou.

A abertura do segundo dia da cimeira, que decorre até esta quarta-feira, contou ainda com a presença do presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahammat, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Presidente do Quénia, William Ruto, do Presidente das Comores e chefe rotativo da UA, Azali Assoumani, e do primeiro-ministro egípcio, Mostafa Madbouly.

No final da cimeira, em que participam mais de vinte chefes de Estado e de Governo africanos, bem como líderes de organizações internacionais, espera-se que seja adotada a chamada “Declaração de Nairobi”, que procura articular uma posição africana comum a levar a diferentes fóruns mundiais.

Os líderes africanos querem construir uma perspetiva unificada que defenderão na cimeira do clima COP28 no Dubai, prevista para o final do ano, mas também na Assembleia Geral da ONU, e junto do G20 ou instituições financeiras internacionais.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Musica do BioTerra: Motörhead - Breaking the Law


There I was completely wasting, out of work and down
All inside it's so frustrating, drift from town to town
Feel as though nobody cares if I live or die
So I might as well begin to put some action in my life

Breaking the law, breaking the law [4x]

So much for the golden future, I can't even start
I've had every promise broken, anger in my heart
You don't know what it's like, you don't have a clue
If you did you'd find yourselves doing the same thing too

Breaking the law, breaking the law [4x]

You don't know what it's like
Breaking the law, breaking the law [8x]

Biografia e Discografia

Página Oficial

terça-feira, 22 de agosto de 2023

“Armadilha tóxica”: Dívidas aos países ricos mantêm Estados mais pobres ‘reféns’ dos combustíveis fósseis


Os países mais pobres, do chamado Sul Global, não têm alternativa senão manterem-se dependentes da exploração de combustíveis fósseis como forma de gerar receitas para pagarem dívidas às nações mais ricas e a credores privados.

A conclusão é de um relatório publicado esta segunda-feira por 35 organizações não-governamentais, incluindo a portuguesa Oikos – Cooperação e Desenvolvimento.

Enquanto na região ocidental do hemisfério norte do planeta se procura abandonar a energia fóssil em prol de uma transição energética que permita alicerçar essas sociedades em modelos de produção e consumo de energia de fontes limpas e renováveis, no sul o cenário é outro.

Os relatores avançam que para vários países em desenvolvimento, como a Argentina, o Uganda e Moçambique, poderá ser “impossível abandonar progressivamente os combustíveis fósseis” em prol das renováveis, a não ser que o problema das suas dívidas externas “seja resolvido”.

“Os governos do Sul Global não serão capazes de cortar a dependência da produção de combustíveis fósseis a menos que resolvamos os prejudiciais níveis de endividamento e as vulnerabilidades e desigualdades que estão associadas aos atuais sistemas financeiros e de dívida”, escrevem.

Assim, as organizações defendem, sobretudo, a implementação de planos de cancelamento das dívidas externas de todos os países mais pobres que deles precisem para poderem abdicar da energia fóssil, bem como o reforço do financiamento a esses Estados para poderem fazer face aos danos sofridos por eventos climáticos extremos.

“Altos níveis de endividamento são uma das principais barreiras ao abandono progressivo dos combustíveis fósseis para muitos países do Sul Global”, explica Tess Woolfenden, responsável de políticas da Debt Justice, uma das organizações que participou no trabalho.

A ativista alerta que muitos países em desenvolvimento estão ‘reféns’ da exploração da energia fóssil “para gerar receitas para pagar as dívidas”, e salienta que, por vezes, os projetos de combustíveis fósseis podem não gerar as receitas esperadas “e podem deixar os países ainda mais endividados do que quando começaram”.

Woolfenden fala de uma “armadilha tóxica” em que os Estados mais pobres estão enredados, apelando a que as nações do Norte Global cancelem “urgentemente” as dívidas dos seus contrapartes do Sul “para evitar ainda mais problemas climáticos”.

Para Mae Buenaventura, do movimento Asian People’s Movement on Debt and Development, cancelar as dívidas dos países mais pobres “é o mínimo que os países ricos e os credores podem fazer para compensar o Sul Global” pelos danos que a esses Estados causaram por causa do financiamento de projetos de energia fóssil. E diz que se trata de “uma questão de justiça”.

As alterações climáticas, e todos os seus efeitos, “estão a afundar cada vez mais os países vulneráveis em dívidas, aprisionando-os num ciclo vicioso que, perversamente, alimenta o investimento em combustíveis fósseis” que agudiza a crise climática, argumenta Arthur Larok, secretário-geral da organização ActionAid International.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

A próxima superpotência global não é quem você pensa


Quem controla o mundo? O cientista político Ian Bremmer argumenta que não é tão simples quanto costumava ser. Com algumas perguntas esclarecedoras sobre a natureza da liderança, ele nos pede para considerar o impacto da ordem global em evolução e nossas escolhas como participantes no futuro da democracia

sábado, 29 de julho de 2023

O G20 não chega a acordo sobre um limite para as emissões de gases de efeito estufa até 2025


 Os ministros do meio ambiente do G20 falharam na sexta-feira em chegar a um acordo sobre a redução das emissões de gases de efeito estufa para combater a mudança climática, uma semana após o fracasso dos combustíveis fósseis.

“Não conseguimos chegar a um acordo sobre um limite para as emissões de gases de efeito estufa até 2025”, disse à AFP o ministro francês da Transição Ecológica, Christophe Béchu, antes de acrescentar: “Estou muito desapontado”.

As negociações com China, Arábia Saudita e Rússia foram "complicadas", disse ele.

Os ministros do G20, cujos membros representam sozinhos mais de 80% do produto interno bruto mundial e das emissões de CO2 do planeta, vão examinar na sexta-feira em Madras, na Índia, vários dossiês cruciais, como o financiamento da adaptação às mudanças climáticas , biodiversidade e os princípios que devem reger as atividades económicas marítimas.

E especialmente aquele que visa limitar as emissões de gases de efeito estufa até 2025, para o qual o ministro francês anunciou um fracasso no final do dia.

Mas nos corredores, dificilmente esperávamos resultados significativos nos outros arquivos também.

No entanto, estava inicialmente previsto que desta reunião dos Ministros do Meio Ambiente do Grupo dos Vinte (as dezenove economias mais desenvolvidas e a União Europeia) resultariam acordos que seriam posteriormente assinados pelos líderes durante a cimeira de setembro em Nova Delhi.

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Mais de 90% das promessas climáticas dos países “não são credíveis”

Uma escultura de canguru em chamas, com a frase "O clima não é negociável", instalada à porta da Conferência do Clima em Bona

A maioria das promessas climáticas dos países não é fiável, revela um artigo publicado nesta quinta-feira na revista científica Science. Umas são mais ambiciosas – transpõem metas para a legislação nacional e já estão a mostrar resultados, como na União Europeia, por exemplo –, outras ainda estão bem longe disso. O estudo, que analisa a credibilidade dos compromissos climáticos de diferentes economias, demonstra que existe um abismo entre as palavras e as acções.

“A nossa mensagem é muito clara: promessas vazias não valem de nada”, afirma a co-autora Joana Portugal Pereira, investigadora portuguesa na Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil, e autora líder do sexto ciclo de avaliação do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa).

Numa videochamada a partir de Bona, na Alemanha, onde decorre a Conferência do Clima até ao dia 15 de Junho, a cientista referiu que “mais de 90% das promessas analisadas no estudo não são credíveis”. Este evento serve de antecâmara para a Conferência das Mudanças Climáticas (COP28), que se realiza em Dezembro no Dubai.

Fonte: Público

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Bilionários - petição pelo novo imposto corporativo global


Isto é uma vergonha: Elon Musk pagou cerca de 3% de impostos, enquanto uma comerciante de arroz em Uganda pagou 40%. A desigualdade está literalmente nos matando -- é hora dos nossos líderes tomarem uma atitude. O Presidente Biden acaba de anunciar um plano para tributar os bilionários -- e líderes do G20 poderiam levar a ideia para o mundo todo! Coloque seu nome na petição para que os mega-ricos paguem o que devem e, quando formos muitos, entregaremos nossas vozes aos líderes dos países mais ricos no encontro do G20.

Assine a Petição

Queridos amigos e amigas,

Nos últimos anos, o 1% mais rico do mundo ganhou quase duas vezes mais dinheiro do que o resto da população.

Enquanto Elon Musk pagou uma taxa efetiva de imposto de cerca de 3% durante anos, uma comerciante de arroz em Uganda pagou 40%. Ela ganha 80 dólares por mês -- e a fortuna de Musk está avaliada em 180 BILIÕES de dólares.

Existe uma forma de ajudar a resolver esse problema -- precisamos Tributar os Ricos. Esta é a nossa hipótese. O presidente dos EUA acabou de fazer um apelo para a criação de um imposto histórico sobre os bilionários e, com bastante pressão popular, ele poderia defender essa ideia na próxima reunião de líderes mundiais.

Um imposto de 5% sobre os ultra-ricos poderia arrecadar dinheiro suficiente para tirar 2 biliões de pessoas da pobreza! Vamos reunir um milhão de assinaturas exigindo aos governos do G20 que tributem os ricos agora - coloque o seu nome e a Avaaz entregará nossas vozes antes da reunião, e eles não poderão nos ignorar!

Há uma grande falha no centro dos sistemas fiscais em todo o mundo – eles tributam nossa renda, mas não toda a riqueza dos mega-milionários e bilionários (seus investimentos, ações, iates!!!). Mas um imposto sobre a riqueza forçaria os bilionários a pagarem o que realmente devem.

Em 2021, 137 países concordaram com um novo imposto corporativo global que era inimaginável há alguns anos - mas isso está longe de ser suficiente, e um imposto sobre a riqueza dos bilionários é o próximo passo.

A Espanha adotou recentemente um imposto sobre grandes fortunas para ajudar a população mais vulnerável, e o Presidente Biden acaba de propor a tributação da riqueza dos estadunidenses mais ricos! Agora, todos os nossos governos precisam fazer sua parte -- e um movimento global como a Avaaz pode ajudar nisso.

Os 20 países mais ricos poderiam concordar com essa solução revolucionária na próxima cúpula - se fizermos uma pressão enorme. Coloque seu nome nesta petição, e a equipe da Avaaz se certificará de que os principais líderes presentes nos ouçam.


Nunca vamos parar de lutar pelo mundo que a maioria dos humanos sonha, mesmo que isso signifique ir contra os mais poderosos. Juntos, desafiamos as maiores empresas farmacêuticas e de tecnologia, e enfrentamos a Monsanto. Agora, podemos vencer a influência dos ultra-ricos.

*Nós usamos o termo "taxa efetiva de imposto" (traduzido do inglês "true tax rate") como apontado e calculado pela ProPublica (2021) para se referir ao valor pago em impostos anualmente em comparação com o crescimento estimado da riqueza durante aquele ano. A taxa efetiva de imposto de Elon Musk, com base nos dados da Receita Federal, foi de 3,27% em média entre 2014 e 2018.

Mais informações:

sexta-feira, 10 de março de 2023

Mais de 170 triliões de partículas de plástico estão a flutuar nos nossos oceanos

Estes plásticos agora superam os peixes no mar.
O peso total destes plásticos representa 2,3 milhões de toneladas, realça o estudo.
A limpeza é inútil se a produção continuar à sua taxa atual.
Devemos abordar esta poluição na fonte e avançar para uma economia circular...agora.


An unprecedented rise in plastic pollution has been uncovered by scientists, who have calculated that more than 170tn plastic particles are afloat in the oceans.

They have called for a reduction in the production of plastics, warning that “cleanup is futile” if they continue to be pumped into the environment at the current rate.

The research, by the 5 Gyres Institute and published in the journal Plos One, evaluates trends of ocean plastic from 1979 to 2019. The authors noted a rapid increase of marine plastic pollution and blamed the plastics industry for failing to recycle or design for recyclability.

Dr Marcus Eriksen, the co-founder of the 5 Gyres Institute, said: “The exponential increase in microplastics across the world’s oceans is a stark warning that we must act now at a global scale, stop focusing on cleanup and recycling, and usher in an age of corporate responsibility for the entire life of the things they make.

“Cleanup is futile if we continue to produce plastic at the current rate, and we have heard about recycling for too long while the plastic industry simultaneously rejects any commitments to buy recycled material or design for recyclability. It’s time to address the plastic problem at the source.”


The researchers looked at 11,777 samples of floating ocean plastics to create a global time series that estimated the average counts and mass of microplastics in the ocean surface layer, lining up the data with international policy measures aimed at reducing plastic pollution to evaluate their effectiveness.

It found that from 2005, there had been a rapid increase in the mass and abundance of ocean plastic. This could reflect exponential increases in plastic production, fragmentation of existing plastic pollution or changes in terrestrial waste generation and management.

The scientists estimate at least 170tn plastic particles are present in the oceans, with a combined weight of about 2m tonnes.

They say without immediate global action on plastic production, the rate of plastic entering aquatic environments is expected to increase approximately 2.6-fold from 2016 to 2040.

terça-feira, 29 de novembro de 2022

G20: agora, já é às claras



Há duas semanas realizou-se a reunião anual do G20, em Bali, com a participação dos inefáveis e não-eleitos Klaus Schwab e Bill Gates, todos vestidos ao melhor estilo de ditadores comunistas.

Os líderes das 20 maiores economias do Mundo, coadjuvados pelas duas luminárias, assinaram o seguinte compromisso, muito bem sintetizado por Kit Knightly no OffGuardian:

1 – Alterar a produção e distribuição de alimentos;
2 – Incrementar a dependência global de fontes de energia “renováveis”;
3 – Aumentar a vigilância e a censura da “desinformação” na Internet;
4 – Introduzir moedas digitais programáveis dos Bancos Centrais;
5 – Introduzir passaportes digitais de vacinas, com base “na experiência” da putativa pandemia covid-19.

Enquanto andávamos todos distraídos com os dislates do prócere máximo da República, com a reconquista de Kherson pelas tropas ucranianas e com o míssil “russo” na Polónia, os principais líderes mundiais, com base nas ordens dos não-eleitos Klaus Schwab e Bill Gates, discutiam, combinavam e publicavam os seus planos para o Governo Mundial.

Os participantes destes encontros globais já não escondem os seus planos. Desde a putativa pandemia que os seus planos maquiavélicos para o futuro da Humanidade são públicos e contêm todos os detalhes que nos esperam.

Antes de me debruçar sobre os detalhes do compromisso, importa mencionar novo lema: “Recuperar Juntos, Recuperar Mais Forte”, isto depois do infame “Reconstruir Melhor”. O colectivo acima do indivíduo, tal como uma utopia socialista, onde cada membro não é mais do que uma peça da engrenagem para rumar à “Terra Prometida”.

Daqui a uns meses estarão todos em uníssono a repetir “Recuperar Juntos, Recuperar Mais Forte”, incluindo o fugitivo do pântano nas Nações Unidas.

Vamos então ao compromisso do G-20; em sequência da “Cimeira do Clima”, a COP27, onde se falou de “agricultura alternativa” – carne cultivada em laboratório e produção em massa de insectos para alimentação humana-, o documento volta a debruçar-se sobre o tema:

“Vamos tomar mais acções coordenadas para enfrentar os desafios da segurança alimentar, incluindo aumentos de preços e escassez de produtos alimentares e fertilizantes a nível mundial… assegurar que os sistemas alimentares contribuam para a adaptação e mitigação das alterações climáticas, travem e invertam a perda de biodiversidade, diversificando as fontes alimentares… Estamos empenhados em apoiar a adopção de práticas e tecnologias inovadoras, incluindo a inovação digital na agricultura e nos sistemas alimentares para aumentar a produtividade e a sustentabilidade.”

Passemos a fazer um exercício de tradução: (i) onde está a expressão “mitigar a mudança climática”, deveria ser “produzir menos carne”; (ii) onde está a frase “diversificando as fontes alimentares”, deveria estar “diversificando as fontes alimentares com a produção massiva de insectos”; (iii) onde consta “práticas e tecnologias inovadoras”, deveria ter sido escrito “de tecnologias de produção em laboratório”.

Em relação à produção de energia, mais do mesmo, os gases com efeito de estufa continuam a ser o alvo a abater:

“Reiteramos o nosso compromisso de alcançar uma redução global das emissões líquidas de gases com efeito de estufa/ neutralidade de carbono…aumentando a implantação da produção de energia limpa, incluindo as energias renováveis, bem como medidas de eficiência energética, incluindo a aceleração dos esforços para a redução gradual da energia que usa carvão.”

O Santo Ofício era uma brincadeira de crianças ao lado destes “Senhores do Mundo”. Propõem controlar a Internet com maior rigor; tudo, obviamente, em nome da nossa segurança!

“Reconhecemos que uma conectividade digital acessível e de alta qualidade é essencial para a inclusão e a transformação digital, enquanto um ambiente online resistente, seguro e protegido é necessário para aumentar a confiança na economia digital… Reconhecemos a importância de combater campanhas de desinformação, ameaças cibernéticas, abusos online e garantir a segurança nas infraestruturas de conectividade”.

O combate ao dinheiro físico continua a ser uma obsessão. O lançamento de Moedas Digitais dos Bancos Centrais constitui agora a prioridade máxima!

“Saudamos o relatório do Banco SIS (o Banco Central dos Bancos Centrais) sobre a interligação dos sistemas de pagamento… sobre opções de acesso e interoperabilidade das Moedas Digitais dos Banco Central para pagamentos transfronteiriços.”

A melhor parte estava reservada para o fim: os certificados digitais, instrumentos de segregação, justificados com a mais despudorada mentira, beneficiaram de um tremendo panegírico:

“Reconhecemos a importância de normas técnicas e métodos de verificação comuns…para facilitar as viagens internacionais sem descontinuidades, a interoperabilidade, e o reconhecimento de soluções digitais e não digitais, incluindo a prova de vacinação. Apoiamos a continuação do diálogo e colaboração internacionais no estabelecimento de redes de saúde digitais globais de confiança.”

Que bons que são eles! Querem atribuir-nos direitos que já estão inscritos na Carta dos Direitos Humanos. Se nos inocularmos com as substâncias experimentais, passamos a ter liberdade de locomoção. A nossa privacidade é enviada definitivamente para o caixote de lixo. Passaremos a apresentar “os papéis”, tal como na Alemanha Nazi, em cada “check-point” que estes tiranetes decidam impor.

Anteriormente, uma pandemia era algo que existia uma vez na vida de uma pessoa. Agora está aí ao virar da esquina, temos de nos preparar para próxima – dizem eles –, aproveitando o legado dos certificados-nazi covid-19.

De uma coisa estaremos certos, por aqui esta agenda será fácil de implementar.

Há pouco tempo, o prócere máximo da República até nos anunciava que a bola era mais importante que os direitos humanos; estes podiam ficar para mais tarde. Quando reparou que tinha enfiado o “pé-na-poça”, proclamou que ia ao Qatar falar de direitos humanos!, isto vindo de alguém que solicita uma revisão constitucional para legalizar precisamente atropelos aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos que ele jurou proteger.

No Qatar, até o tivemos a dar lições de moralidade, quando no país que preside, os direitos humanos são sistematicamente violados, em alguns casos até por si validados: confinamentos ilegais, prisões domiciliárias ilegais, imigrantes estrangeiros em escravatura, um sem fim de misérias!

Até o tivemos numa aula de “religião e moral” nas Arábias, onde segundo a obnóxia imprensa, seríamos um país-modelo, com os dirigentes do país dos “atentados aos direitos humanos” a assistir satisfeitos. Isto tudo num inglês que ninguém compreende. Talvez por isso dormiam e aplaudiam enquanto ele falava.

No final, dirigiu-se para o estádio, informando-nos que estaria “concentrado no jogo” a partir daquele momento! Com tais líderes, a agenda de Klaus Schwab e Bill Gates será uma realidade em breve!

Luís Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Entenda o que são superbactérias e a ameaça global da resistência a antibióticos



A resistência de microrganismos aos antibióticos é uma das maiores ameaças à saúde global atualmente. O aumento no número de bactérias resistentes aos medicamentos, chamadas popularmente de superbactérias, coloca em risco a saúde de humanos e de animais. O problema está associado diretamente ao uso excessivo e incorreto dos antibióticos disponíveis.

Em Novembro é promovida a Semana Mundial do Uso Consciente de Antibióticos (World Antibiotic Awareness Week), realizada anualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A campanha tem como objetivo conscientizar a população, profissionais de saúde e gestores públicos sobre os impactos de dimensões sociais, econômicas e ambientais causados pela resistência ao medicamento.

Em 2016, um relatório do governo britânico liderado pelo economista Jim O’Neill apontou um cenário global preocupante para a resistência bacteriana aos antibióticos. Segundo o documento, 700 mil pessoas morrem a cada ano no mundo devido a infecções causadas por bactérias resistentes.

Os pesquisadores estimaram que, se não forem feitas mudanças em nível global, a resistência a antibióticos pode levar à morte de 10 milhões de pessoas por ano a partir de 2050, o que representa uma morte a cada 3 segundos.

Para traçar um panorama atual da resistência bacteriana, a CNN consultou o economista Jim O’Neill, que revelou uma preocupação com os impactos da Covid-19, apontou a falta de interesse da indústria farmacêutica na produção de novos antibióticos e cobrou ações de governos e autoridades sanitárias na confrontação do problema.

“Como resultado da Covid-19, o mundo inteiro se dá conta, ou deveria se dar conta, de que as principais infecções globais, não são apenas nos países emergentes, em que morrem milhões de pessoas, podem acontecer”, afirmou. “Alguns aspectos das nossas recomendações aconteceram, especialmente mais pessoas a estudar as infecções resistentes a medicamentos em departamentos de pesquisa especializada, e alguns esforços para reduzir o uso inadequado em animais, com resultados melhores do que o esperado”, acrescentou O’Neill.

O economista contou à CNN como foi receber o convite para liderar um estudo de uma área que não fazia parte da sua formação. “Fui convidado conscientemente porque não era especialista em ciências médicas, em parte para espalhar a consciência sobre o problema, mas também para pensar nas soluções em termos de economia e finanças”, afirmou.

“Esse foi um movimento muito inteligente, a meu ver, por que os que entendem a ciência médica percebem o problema, mas se ele não for compreendido pelos políticos fora da saúde, não será resolvido”, completou.

Além disso, segundo O’Neill, a resistência aos antibióticos pode impactar diferentes áreas além da saúde. “Conforme a minha análise mostrou, terminaremos com pelo menos 10 milhões de pessoas morrendo por ano devido à resistência aos antimicrobianos até 2050, e uma perda colossal do PIB. A experiência da Covid-19 em 2020 e 2021 mostra o que pode acontecer”, afirmou.

O especialista avalia que há uma falta de compromisso por parte de governos e autoridades de saúde no combate à resistência antimicrobiana.

“Há menos e menos atenção para o problema nas formulações de política global desde os destaques de 2015 e 2016, principalmente no que se refere ao tópico central do investimento financeiro. Nem os governos nem as empresas do ‘Big Pharma’ [as grandes farmacêuticas do mundo] querem comprometer recursos para isso”, disse. “Houve muito pouco progresso em muitas de nossas recomendações, especialmente no diagnóstico e no mercado quebrado de novos antibióticos”, afirmou O’Neill.

Ponto de situação em Portugal

Em Portugal, estima-se que anualmente se registem 1160 mortes causadas por bactérias resistentes e a Direcção-Geral da Saúde (DGS) alerta para a importância de utilizar antibióticos apenas quando necessário, para que não se venham a tornar ineficazes.

Artur Paiva, director do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA), implementado em 2013, sob a alçada da DGS, explica à Lusa que o principal factor para as bactérias ganharem resistência é a exposição a antibióticos, por conseguirem estabelecer mecanismos adaptativos e registarem mutações. Daí a importância da utilização responsável destes fármacos, para que não se corra o risco de retroceder nos cuidados médicos.

“Este cenário de o antibiótico ser um bem escasso em vias de extinção é uma consciencialização muito significativa e temos de evitar a utilização desnecessária do antibiótico”, realçou.

O responsável pelo PPCIRA acentuou os efeitos adversos individuais da utilização abusiva de antibióticos, mas também os efeitos colectivos, ecológicos, que faz com que as bactérias fiquem mais resistentes e criam o “risco de os antibióticos perderem a efectividade para as gerações futuras”.

“Se nada for feito à escala mundial, em 2050 teremos as infecções como a primeira causa de morte”, referiu o especialista em Medicina Interna, que remete para os anos 30 do século passado, quando estes fármacos não existiam e as infecções eram a segunda causa de morte, estando agora em oitavo ou nono nesse ranking.

Em 2011, Portugal apresentava das mais elevadas taxas de infecção hospitalar e também das mais elevadas taxas de doentes hospitalizados a fazer antibiótico. Com a criação do PPCIRA, esses números “diminuíram significativamente”, através de “estratégias educacionais, produção de normas e até algumas estratégias de mudança comportamental, nomeadamente de programas de apoio à prescrição adequada do antibiótico nos hospitais e melhoria das estratégias que evitam a transmissão”.

“Temos obtido um percurso positivo. Embora a taxa de infecções hospitalares ainda seja alta, temos uma redução franca”, disse Artur Paiva.

O director do PPCIRA considerou que a consciencialização para os efeitos perniciosos da má utilização de antibióticos é uma responsabilidade não apenas dos médicos prescritores, mas também dos cidadãos, que deve “saber regras básicas”.

Além de estarem cientes de que só podem ser tomados com receita médica e de que a automedicação é um erro, os cidadãos devem também saber que não devem guardar antibióticos em casa. As sobras devem ser entregues na farmácia e não deitadas na sanita ou no lixo doméstico, “porque irão ser lançados no ambiente e produzir o efeito de resistência”, vincou Artur Paiva.

Como o uso indiscriminado favorece a resistência

Os antibióticos são medicamentos capazes de matar ou inibir o crescimento de bactérias. A sua eficácia está associada diretamente ao agente causador da infecção. Isso significa que nem todos os antibióticos são adequados para o tratamento de uma mesma infecção. Por isso, esses medicamentos devem ser utilizados apenas no combate a infecções bacterianas e de acordo com a prescrição médica.

A resistência aos antibióticos acontece quando determinada bactéria se modifica em resposta ao uso dos medicamentos.

Imagine uma pessoa que tenha contraído a sífilis, uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. Após o diagnóstico, o indivíduo é tratado com um antibiótico chamado penicilina benzatina, conhecido como Benzetacil.

Vamos supor que 90% das bactérias sejam eliminadas e que 10% sobrevivam. Dentre as sobreviventes, é possível que uma parte tenha desenvolvido mecanismos de resistência à penicilina benzatina. Quando essas mesmas bactérias forem expostas novamente ao medicamento, ele pode não ter a mesma eficácia, tornando mais difícil o combate à infecção.

“São as bactérias que se tornam resistentes e não os seres humanos. Com o uso inadequado de antibiótico, pode ocorrer um processo de ‘seleção’: enquanto as bactérias ‘sensíveis’ são eliminadas a partir do tratamento, as ‘resistentes’ permanecem e se multiplicam”, explica a pesquisadora Ana Paula Assef, do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Segundo a pesquisadora da Fiocruz, o uso indiscriminado desses medicamentos por instituições de saúde, pela população e em práticas agropecuárias tem contribuído para o aumento da resistência.

“A rotina hospitalar, por exemplo, conta com uma série de procedimentos invasivos que são portas de entrada para as bactérias – como a utilização de ventilação mecânica e de cateteres venosos. Em consequência ao aumento das infecções hospitalares associadas a esses instrumentos, o uso de antibióticos é intensificado, o que promove a seleção de bactérias resistentes nesse ambiente”, explica.

A falta de sistemas de saneamento eficazes, com o lançamento de esgoto de hospitais e domicílios no ambiente sem o tratamento adequado, também favorece o aumento da resistência. Na natureza, as bactérias entram em contato com outros microrganismos e resíduos de antibióticos, o que gera novos processos de seleção e resistência.

A resistência eleva os custos de tratamentos, prolonga a permanência dos pacientes nos hospitais e aumenta os índices de mortalidade. Conforme os antibióticos vão se tornando ineficazes, o número de infecções que se tornam mais difíceis de tratar também tende a aumentar.

“Com o esgotamento das ações terapêuticas, infecções que hoje são conhecidas por ter um tratamento simples, poderão, no futuro, causar danos maiores ao organismo, na medida em que teremos menos recursos para combatê-las”, afirma Assef.

A opinião é compartilhada pelo economista Jim O’Neill. “Um dos acontecimentos mais preocupantes desde o nosso estudo é que existe o uso excessivo de colistina para promoção de crescimento em animais, que levou à evidência de resistência em animais e humanos. Esse é um dos últimos e mais importantes antibióticos de amplo espectro para a humanidade”, ressaltou.

Ações globais podem reverter a situação

O documento produzido por Jim O’Neill destacou um cenário alarmante da resistência bacteriana no mundo, mas também elencou dez pontos de ação que podem nortear as decisões de governos e autoridades sanitárias (veja quadro abaixo).

Cinco anos após a publicação do documento, o economista afirma enxergar dois cenários para 2050, um otimista e outro pessimista. “O mais otimista não poderá acontecer sem a ação decisiva dos formuladores de políticas. Estou especialmente desapontado que a reunião de 2021 do G20 não tenha feito maiores progressos na reforma sistemática chave da política de saúde global”, ressaltou.

O especialista estima que, sem a adoção das recomendações do documento, o mundo enfrentará um contexto catastrófico devido à resistência antimicrobiana. “Precisamos que muitos países, incluindo o Brasil e outros grandes países do chamado mercado emergente, tratem isso como um problema grave”, disse O’Neill.

A pesquisadora Ana Paula Assef, da Fiocruz, participa das formulações de documentos nacionais sobre o tema e de um projeto de fortalecimento do Sistema Nacional de Vigilância da Resistência Antimicrobiana.

Ela defende o desenvolvimento de políticas públicas que abordem o tema e incentivem mudanças de comportamento da população.

“A lavagem correta das mãos e dos alimentos, por exemplo, são práticas eficazes que devem ser estimuladas para a prevenção da transmissão de bactérias. Além disso, é importante cumprir as recomendações médicas sobre os antibióticos, evitando o uso por conta própria e a interrupção da duração do tratamento recomendado pelo médico”, disse.

Como parte de um esforço coletivo, as recomendações para a população em geral incluem o uso de antibióticos apenas com prescrição de um profissional de saúde, seguir as orientações médicas quanto aos horários e dosagens recomendadas, não compartilhar ou usar sobras de antibióticos, além de manter hábitos de higiene individual e lavar os alimentos antes do consumo.

O que explica a falta de interesse das grandes farmacêuticas

A formulação de um novo antibiótico pode levar de 10 a 15 anos. Por mais que sejam formulados novos medicamentos, as bactérias continuam criando mecanismos de resistência, o que faz com que o desenvolvimento dos antibióticos seja visto como um mercado pouco lucrativo.

“As grandes empresas farmacêuticas tomam uma decisão calculada de risco e retorno, a menos que os governos ofereçam financiamento ou grande suporte, elas não querem investir em soluções por que não é especialmente rentável”, diz O’Neill.

Para a pesquisadora da Fiocruz, a limitação das drogas disponíveis para o tratamento de infecções bacterianas chama a atenção para o investimento em pesquisa que permita ampliar o estudo de novas formas de eliminação das bactérias.

“Para pensar em novas formas de combate, é importante estudar a estrutura da bactéria, conhecer os mecanismos de resistência e investigar novos alvos de antibióticos”, afirma a especialista.

Pandemia de Covid-19 pode acelerar processo de resistência

A Covid-19 é uma infecção respiratória causada por um vírus chamado tecnicamente de SARS-CoV-2, ou novo coronavírus. Embora os antibióticos não tenham efeito no combate às infecções virais, o aumento no número de pacientes internados em decorrência da Covid-19 ampliou o uso desses medicamentos em larga escala em todo o mundo.

O aumento do uso de antibióticos está associado principalmente ao tratamento de infecções hospitalares, comuns em pacientes que permanecem internados por longos períodos, como pode acontecer em casos graves de Covid-19.

O economista Jim O’Neill afirma que, por um lado, a pandemia deixou duas lições: a lavagem de mãos é uma estratégia simples e eficaz para conter a disseminação de doenças e que as vacinas são especialmente úteis, em termos da resistência, por reduzir a necessidade dos antibióticos e prevenir a doença.

Por outro, ele reforça que o uso incorreto dos antibióticos na pandemia contribuiu para o agravamento do contexto da resistência. “A pandemia piora esse cenário uma vez que em muitas partes do mundo os antibióticos têm sido utilizados para lidar com os problemas da Covid-19, para enfrentar desafios para os quais não foram feitos, aumentando a resistência”, disse.

A pesquisadora da Fiocruz, Ana Paula Assef, aponta a necessidade de ampliar o controle das infecções, agilizar a identificação da bactéria e do mecanismo de resistência. Dessa forma, é possível acelerar ações de isolamento do paciente e contenção do espalhamento do microrganismo.

“É imprescindível estimular o desenvolvimento de novas drogas, visto que temos um número restrito de antibióticos no mercado que apresentam eficácia no combate às bactérias multirresistentes”, conclui.

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Bloomberg diz que Lula virou herói global na COP27

"Lula atraiu uma das multidões mais animadas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU no resort egípcio de Sharm el-Sheikh", diz a agência de notícias sobre Lula na COP27.

A agência de notícias Bloomberg destacou nesta quarta-feira (16) o discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva durante a COP27. Segundo a agência, o brasileiro foi recebido com boas-vindas de "herói" pela comunidade internacional com o seu discurso em defesa da Amazônia.

Na reportagem, agência norte-americana de notícias disse que "Lula atraiu uma das multidões mais animadas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU". Confira aqui a chamada da Bloomberg e a reportagem sobre o discurso em Sharm El-Sheikh, Egito.

O Jornal britânico The Guardian destaca Lula em três reportagens. “Brasil de volta ao cenário mundial", diz BBC de Londres.  Também o New York Times não foi indiferente e fez manchete dizendo que Lula foi exuberante na COP 27. Todos os recortes na imprensa aqui.

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, se ofereceu para sediar as negociações climáticas da ONU na Amazônia em 2025, dizendo que o país priorizará a preservação da maior floresta tropical do mundo.

Lula, como é conhecido o político, faz sua primeira viagem internacional desde que derrotou o presidente Jair Bolsonaro nas eleições do mês passado. Em contraste com a posição de Lula, Bolsonaro enfraqueceu a proteção da maior floresta tropical do mundo em favor do desenvolvimento económico.
“Estou aqui na frente de todos vocês para dizer que o Brasil está de volta”, disse ele em discurso nas negociações da COP27 em Sharm El-Sheikh, Egito, entre governadores dos estados amazônicos do Brasil e diante de um multidão entusiástica que entoava seu nome. “O Brasil não pode ficar isolado como esteve nos últimos quatro anos.”

Sob a saída de Bolsonaro, as taxas de desmatamento na Amazônia atingiram níveis recordes. Pelo menos algumas partes dele pararam de capturar gases de efeito estufa e agora contribuem para o aquecimento global, de acordo com pesquisas científicas . Em seu discurso na COP27, Lula prometeu reverter um pouco disso.

“Vamos lutar fortemente contra o desmatamento ilegal”, afirmou. “Vamos criar o Ministério dos Povos Indígenas para que eles não sejam tratados como criminosos pelas indústrias – esteja preparado para isso.”

Lula atraiu uma das multidões mais animadas nas negociações climáticas patrocinadas pela ONU no resort egípcio de Sharm el-Sheikh, com centenas não apenas de jornalistas e ativistas, mas também de indígenas vestidos com roupas tradicionais esperando por até três horas pelo presidente -chegada do eleito. Quando ele entrou na sala, eles entoaram ao som de cânticos de futebol: “Olé, Olé, Olé, Lula Lula!”

No entanto, apesar das boas-vindas entusiásticas, impedir o desmatamento da Amazônia não será fácil para Lula, dados os desafios geográficos de uma terra enorme e isolada - cerca de metade do tamanho dos EUA - difícil de policiar e cheia de gangues violentas com um governo enfrentando restrições fiscais.

Noutro discurso feito no final do dia na COP27, Lula prometeu fazer da luta contra a mudança climática uma questão central dentro de seu governo, incluindo o combate ao desmatamento e crimes ambientais. O novo governo vai reinstituir instituições que monitoram o desmatamento e estudam a Amazônia, mas foram desmanteladas durante o governo Bolsonaro.

O presidente eleito disse que também conversará com o secretário-geral da ONU, António Guterres, para indicar o Brasil como país-sede para as negociações da COP30 em 2025. A cúpula deve ocorrer em um estado da Amazônia, disse ele.

“As pessoas que defendem o clima deveriam conhecer de perto o que é aquela região”, afirmou. “Devemos mudar a forma como as pessoas discutem a Amazônia a partir de uma realidade concreta e não apenas dos livros.”

O Brasil fará da agenda climática uma das prioridades do Grupo dos 20 em 2024, quando o país assumir a presidência, afirmou. Lula pretende levantar com os países ricos questões que foram aprovadas em COPs anteriores, mas nunca foram implementadas.

O presidente eleito também expressou apoio à posição dos países em desenvolvimento no que é possivelmente o assunto mais controverso debatido na COP27 - perdas e danos, ou o direito dos países pobres de obter compensação pelos impactos do aquecimento global que eles estão sofrimento, mas não causou.

“Precisamos com muita urgência de mecanismos financeiros para resolver as perdas e danos causados ​​pelas mudanças climáticas”, afirmou. “Não podemos continuar atrasando este debate – não temos mais tempo a perder.”

O presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, reúne nesta quinta-feira 17 no Egito com representantes dos governos da Alemanha e da Noruega. Os dois países são os principais financiadores do Fundo Amazónia, mecanismo criado para colaborar no combate ao desmatamento, e que foi desmontado desde o governo Bolsonaro.

Em seus discursos, Lula tem enfatizado que o financiamento de outros países para a proteção da Amazónia não abre espaço para interferências na soberania brasileira sobre o bioma.

A primeira reunião será com o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, afirma Jamil Chade, do portal de notícias brasileiro UOL. “Há quantias significativas congeladas em uma conta no Brasil no Fundo Amazónia, que podem ser desembolsadas rapidamente”, disse o ministro norueguês.

De seguida, o presidente eleito se encontra com a ministra de Relações Exteriores alemã, Annelena Baerbock, que também já sinalizou com o retorno dos recursos da Alemanha ao mecanismo de combate ao desmatamento.