Investigadores da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveram uma terapia natural e económica para descontaminar as águas das pisciculturas, que poderá eliminar a necessidade de usar vacinas e antibióticos melhorando drasticamente a qualidade dos peixes de viveiro.
Esta técnica desenvolvida pelo Departamento de Biologia e Centro de Estudos do Ambiente e do Mar , denominada 'terapia fágica', baseia-se na eliminação das bactérias patogénicas através da ação de vírus que as infetam e eliminam.
Estes vírus, que reduzem em mil vezes o número de bactérias presentes na água, são inócuos e não têm qualquer risco para a saúde humana.
O uso destes agentes é justificado pelo facto das vacinas disponíveis serem "ainda limitadas e poderem ainda ser pouco ativas nas primeiras fases de vida dos peixes, quando o sistema imunitário ainda não está totalmente desenvolvido”, explica Adelaide Almeida, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar e coordenadora deste projeto, citada num comunicado enviado ao Boas Notícias.
No decorrer desta investigação, a equipa isolou bactérias patogénicas de peixes, e que foram usadas para seleccionar fagos (vírus que infetam apenas bactérias). Nos testes realizados nas aquaculturas infetadas com bactérias patogénicas de peixe e tratadas com estes vírus, foi vísivel uma redução no número de bactérias em cerca de 1000 vezes.
Técnica pode eliminar necessidade de vacinas e antibióticos
“A inativação de bactérias patogénicas com fagos, sem riscos para os peixes, para o ambiente e para a saúde pública, torna esta tecnologia mais segura e o seu baixo custo é ainda muito aliciante para as empresas desta área”, acrescenta a coordenadora.
Em relação à administração de antibióticos, apesar da sua eficácia, "pode levar ao desenvolvimento de resistências, que fatalmente acabam por se transmitir aos microrganismos que infetam os seres humanos”, salienta a responsável.
Esta terapia, que foi desenvolvida por biólogos da UA, pretende ainda constituir uma alternativa aos produtos e processos de descontaminação usados atualmente, e que podem ter "grandes" impactos para o meio ambiente e para a saúde pública.