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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Os bilionários



Dou por mim, muitas vezes  pensar que quem manda nisto tudo é o poder do dinheiro e que os governos, eles próprios, são dominados por esse poder. Já aqui escrevi que o poder do feiticeiro reside na ignorância dos seus irmãos tribais. 
O texto atribuído ao grande divulgador Cal Sagan que se transcreve acima diz, por palavras sábias, esta minha convicção.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

domingo, 8 de setembro de 2024

"Resta" por Rubem Alves


Lembro-me da festa de aniversário para o meu pai, quando ele completou 60. Pelas aparências ele estava feliz: ele comia, bebia, ria, falava. Em silêncio eu o observava e pensava: “Como está velho…” Vieram-me à memória os versos de T. S. Eliot: “E eles dirão: ‘Seu cabelo, como está ralo!’ Meu casaco distinto, meu colarinho impecável, minha gravata elegante e discreta, confirmada por um alfinete solitário – mas eles dirão: ‘Seu braços e pernas, que finos que estão!'” Compreenderei se pessoas olharem para mim e pensarem pensamentos parecidos aos que pensei ao olhar o meu pai.
Comovo-me ao recordar-me do poema do Vinícius “O Haver”. É um poema crepuscular. Ele contempla o horizonte avermelhado, volta-se para trás e faz um inventário do que sobrou. Fiquei com vontade de fazer algo parecido, sabendo que não sou Vinícius, não sou poeta, nada sei sobre métrica e rimas. E eu começaria cada parágrafo com a mesma palavra com que ele começou suas estrofes: Resta…
Resta a luz do crepúsculo, essa mistura dilacerante de beleza e tristeza. Antes que ele comece ao fim do dia o crepúsculo começa na gente. O Miguelim menino já sentia assim: “O tempo não cabia. De manhã já era noite…” Assim eu me sinto, um ser crepuscular. Um verso de Rilke me conta a verdade sobre a vida: “Quem foi que assim nos fascinou para que tivéssemos um ar de despedida em tudo o que fazemos?”
Restam os amigos. Quando tudo foi perdido, os amigos permanecem. Lembro-me da antiga canção de Carole King “You got a friend”: “Se você está triste, no fundo do abismo e tudo está dando errado, precisando de alguém que o ajude – feche os olhos e pense em mim. Logo logo estarei ao seu lado para iluminar a noite escura. Basta que você chame o meu nome… Você sabe que eu virei correndo pra ver você de novo. Inverno, primavera, verão ou outono, basta chamar que eu estarei ao seu lado. Você tem um amigo…” Eu tenho muitos amigos que continuam a gostar de mim a despeito de me conhecerem. E tenho também muitos amigos que nunca vi.
Resta a experiência de um tempo que passa cada vez mais depressa. “Tempus Fugit”. “Quando se vê já são seis horas. Quando se vê já é sexta-feira. Quando se vê já é Natal. Quando se vê já terminou o ano. Quando se vê não sabemos por onde andam nossos amigos. Quando se vê já passaram cinqüenta anos… ( Mario Quintana)
Resta um amor por nossa Terra, nossa morada, tão maltratada por pessoas que não a amam. Meu deus mora nas fontes, nos rios, nos mares, nas matas. Mora nos bichos grandes e nos bichos pequenos. Mora no vento, nas nuvens, na chuva. Eu poderia ter sido um jardineiro… Como não fui, tento fazer jardinagem como educador, ensinando às crianças, minhas amigas. o encanto pela natureza.
Resta um Rubem por vezes áspero, com quem luto permanentemente e que, freqüentemente, burlando a minha guarda, aflora no meu rosto e nas minhas palavras, machucando aqueles que amo.
Resta uma catedral em ruínas onde outrora moravam meus deuses. Agora ela está vazia. Meus deuses morreram. Suas cinzas, então, voaram ao vento.
Resta, na catedral vazia, a luz dos vitrais coloridos, o silêncio, o repicar dos sinos, o Canto Gregoriano, a música de Bach, de Beethoven, de Brahms, de Rachmaninoff, de Faure, de Ravel…
Resta ainda, nos pátios da catedral arruinada, a música do Jobim, do Chico, de Piazzola…
Resta uma pergunta para a qual não tenho resposta. Perguntaram-me se acredito em Deus. Respondi com versos do Chico: “Saudade é o revés do parto. É arrumar o quarto para o filho que já morreu.” Qual é a mãe que mais ama? A que arruma o quarto para o filho que vai voltar Ou a que arruma o quarto para o filho que não vai voltar? Sou um construtor de altares. É o meu jeito de arrumar o quarto. Construo meus altares à beira de um abismo escuro e silencioso. Eu os construo com poesia e música. Os fogos que neles acendo iluminam o meu rosto e me aquecem. Mas o abismo permanece escuro e silencioso.”
Resta uma criança que mora nesse corpo de velho e procura companheiros para brincar. De que é que a alma tem sede? “De qualquer coisa como tudo que foi a nossa infância. Dos brinquedos mortos, das tias idas. Essas coisas é que são a realidade, embora já morressem. Não há império que valha que por ele se parta uma boneca de criança” ( Bernardo Soares )
Resta um palhaço… Na véspera de minha volta ao Brasil a jovem ruiva sardenda entrou na minha sala e me disse: “Sonhei com você. Sonhei que você era um palhaço”. E sorriu. Tenho prazer em fazer os outros rirem com minhas palhacices. O que escrevo, freqüentemente, é um espetáculo de circo. Pois a vida não é um circo?
Resta uma ternura por tudo o que é fraco, do pássaro ao velho. Fui um adolescente fraco e amedrontado. Apanhei sem reagir. Cresceu então dentro de mim uma fera que dorme. Mas toda vez que vejo uma pessoa humilde e indefesa sendo humilhada por uma pessoa enfatuada, que se julga grande coisa, a fera acorda e ruge. Tenho medo dela.
Resta a minha fidelidade às minhas opiniões que teimo em tornar públicas, o que me tem valido muitas tristezas e sucessivos exílios. Mas sei que minhas opiniões, todas as opiniões, não passam de opiniões. Não são a verdade. Ninguém sabe o que é a verdade. Meu passado está cheio de certezas absolutas que ruíram com os meus deuses. Todas as pessoas que se julgam possuidoras da verdade se tornam inquisidoras. Por isso é preciso tolerância.
Resta uma tristeza de morrer. A vida é tão bonita. Não é medo. É tristeza mesmo. Lembro-me dos versos da Cecília que sentia a mesma coisa. “E fico a meditar se depois de muito navegar a algum lugar enfim de chegar. O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas e nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias. De longe o horizonte avisto, aproxima e sem recurso. Que pena a vida ser só isso…”
Resta um medo do morrer – aquelas coisas que vêm antes que ela chegue. Eu acho que as pessoas deveriam ter o direito, se quisessem, de dizer: “É hora de partir…” E partissem. Se Deus existe e se Deus é bondade não posso crer que Ele ( ou Ela ) nos tenha condenado ao sofrimento, como última frase da nossa sonata. A última frase deve ser bela.
Resta, quanto tempo? Não sei. O relógio da vida não tem ponteiros. Só se ouve o tic-tac… Só posso dizer: “Carpe Diem” – colha o dia como um fruto saboroso. É o que tento fazer.

Rubem Alves, "Pimentas: para provocar um incêndio não é preciso fogo"

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

58º aniversário

"As gaivotas" por Sarah Jane Szikora

Nasci a 30 de Agosto de 1966. Cresci no campo. Vi a gratidão da Natureza, mas também as pragas que infestam as culturas e os prejuízos económicos disso, bem como de geadas, granizo e campos inundados. Aos 13 anos já sabia que queria ser: Biólogo. E a vida foi correndo, umas com muitas alegrias, outras muito trágicas: a perda do meu pai aos 11 anos; no auge da faculdade a perda da minha irmã mais velha, tinha eu 21 anos. Mais tarde, a perda do meu irmão mais velho; dois anos depois a morte da minha mãe e ainda não tinha feito 50 anos, a maior perda de todas: a minha mulher, Teresa, que se suicidou (era doente bipolar). Seis anos depois a morte do meu irmão mais novo. Entretanto também fui perdendo amigos por falecimento. 
Vivi em 10 casas: a primeira foi no Porto, até aos 4 anos. Depois passei a viver numa aldeia, do lado de Gaia, Lamaçães (Pedroso). Fiz a primária até ao 7º ano. Aos 14 mudei-me para Coimbrões e inscrevi-me no Liceu de Gaia. Havia partilhas e o ambiente em Pedroso não era bom. Vivi na casa da minha irmã mais velha, até aos 17 anos. Como compramos uma moradia, fomos viver para Lavadores, entre os 18 e os 23 anos. A moradia dava muito trabalho, a minha irmã mais velha vivia por cima de nós e como faleceu, eu e a minha mãe entrámos numa grande depressão e resolvemos comprar um T2 em Coimbrões. Lá vivi até aos 28 anos. Casei com 29 anos e fomos viver para Areosa, um T2, durante 5 anos. Encontramos um excelente apartamento em Matosinhos, um T4, perto do mar. Aí vivi entre os 34 e os 49 anos, ano 2016, em que ocorreu a trágica morte da minha mulher. Fomos procurar novos apartamentos e encontramos um T3 muito bom e bem localizado (perto do centro da Maia), arrendado, até aos meus 56 anos. Por motivos do casamento do filho do senhorio, tive que mudar para um T2 no Castêlo da Maia, onde vivo atualmente.

Agora estou com 58 anos. Vamos a ver o que a minha vida ditará.

sábado, 1 de junho de 2024

1 de Junho - Dia da Criança

Mais que tudo e todos...a criança. Bom dia da Criança, Cecília com belo poema à criança (que já fomos e não morreu em nós).


Poema à Criança 
"A criança aproxima-se das mudanças no rodopio da aragem
É a eclosão da esperança
O simulacro da pujança numa qualquer margem
A criança é a ribeira e o amanhecer é a coragem e o acontecer
A criança é a melhor das imagens em consonância
A criança é a vida o hoje o amanhã
A criança é polpa e dissemelhança"

Cecília Barreira

segunda-feira, 6 de maio de 2024

Poema - Carinho


"No suave toque do vento ao entardecer,
Nas estrelas que brilham no escuro do anoitecer,
Há um carinho que envolve, que faz florescer,
Nos corações que amam, um eterno viver.

No sussurro do rio ao correr para o mar,
Na ternura do olhar que não cansa de admirar,
Existe um carinho que nunca vai se acabar,
Nas almas que se encontram, um eterno lar.

Então que o carinho seja o nosso guiar,
Em cada passo, em cada olhar a brilhar,
Que sejamos o eco desse doce soar,
Do amor que nos une, sem nunca se esgotar."
João Soares, 05.05.2024


Música do BioTerra: 

terça-feira, 16 de abril de 2024

Música do BioTerra: The Raveonettes - I Wanna Be Adored

Isto é que se chama uma verdadeira versão. E tão aktual!!!
The Raveonettes are a Danish indie rock duo, consisting of Sune Rose Wagner on guitar, instruments and vocals, and Sharin Foo on bass, guitar and vocals.
  

I don't have to sell my soul
He's already in me
I don't need to sell my soul
He's already in me

I wanna be adored
I wanna be adored

I don't have to sell my soul
He's already in me
I don't need to sell my soul
He's already in me
I wanna be adored
I wanna be adored

Adored
I wanna be adored

You adore me
You adore me
You adore me
I wanna, I wanna
I wanna be adored

I wanna, I wanna
I gotta be adored
I wanna be adored

Versão original Stone Roses

domingo, 10 de março de 2024

Medicamentos fora de uso e de prazo podem significar vida para o planeta


A VALORMED acaba de lançar mais uma campanha de âmbito nacional que procura alertar os portugueses para a importância de entregar os resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso e de prazo de origem doméstica nos pontos de recolha disponíveis nas farmácias e parafarmácias, divulgou em comunicado.

Segundo a mesma fonte, sob o mote “Por um futuro feito de vida, cuide hoje do ambiente”, procura alertar para as consequências nefastas da eliminação incorreta e descuidada destes elementos e o seu impacto no futuro do planeta.

Quando os medicamentos fora de uso e de prazo e os seus resíduos são colocados no lixo ou despejados nos esgotos domésticos contaminam e permanecem nos solos, nas águas dos rios e dos mares e na nossa torneira, comprometendo o futuro do planeta e a nossa saúde.

“Ao longo dos últimos quase 25 anos de existência a VALORMED tem percorrido um caminho importante, com o número de resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso e de prazo recolhidos a crescer de forma gradual, atingindo em 2023 as 1275 toneladas. No entanto, sabemos que há ainda há muito por fazer porque este não é um hábito que faça parte do dia-a-dia de todos. É urgente que esta ação se torne uma rotina, tornando como possível construirmos um futuro mais sustentável para este planeta que partilhamos”, alerta Luís Figueiredo, diretor-geral da VALORMED.

A campanha vai estar presente de norte a sul do país e regiões autónomas, e espera contar com o apoio de diferentes instituições e municípios para que seja possível alcançar o maior número de pessoas. A campanha irá também ganhar forma nos canais digitais da VALORMED e dos seus parceiros.

Nas redes sociais da VALORMED serão partilhados posts informativos, com dados atuais, que pretendem ajudar a população a esclarecer dúvidas frequentes no dia-a-dia e erros cometidos, centrando a atenção sobre o que deve e não deve ser entregue nos pontos de recolha. A campanha estará também disponível no site da VALORMED.

Como o foco é na criação de um futuro feito de Vida, as crianças (os adultos de amanhã) “assumem também um papel importante na criação de hábitos que irão mais tarde colocar em prática e que no presente transmitem aos pais, educadores e famílias”.

Tendo presente esta realidade, a VALORMED promove também a campanha junto dos estabelecimentos de ensino de 1º ciclo, para o qual foi desenvolvido um programa de aprendizagem ativa e dinâmica, com jogos que proporcionam às crianças a oportunidade de aprender através da experiência.

Para que as turmas possam ter acesso a estes conteúdos, os professores deverão aceder ao site Escolas de Valor, onde encontram toda a informação e material didático para começar já hoje a sensibilizar os mais pequenos para uma melhor vida para o Planeta.

Os medicamentos “são fundamentais para a nossa saúde, e com o aumento da esperança média de vida o seu consumo é cada vez maior. É por isso fundamental que todos saibam onde entregar os resíduos de embalagens vazias e medicamentos fora de uso e de prazo. E da mesma forma que recorrem às farmácias e parafarmácias para comprar medicamentos ganhem o hábito de lá os entregar quando já não necessários”, conclui a nota.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

David Bowie’s unlikely love for Frank Auerbach


In true avant-garde rock tradition, David Bowie had gone to art school before becoming the Starman who took over the airwaves. His love of art is well-established and primarily evident in his ever-changing aesthetic, which saw him blend the visual world with the sonic. Outside of his prolific music career, he collected and produced art, developing a fascination with outsider artists that often touched his sound.

In 1998, he admitted that art gave him a sense of stability, saying: “Art was, seriously, the only thing I’d ever wanted to own.” It had immense power over him, dictating his morning mood and nourishing his soul. “The same work can change me in different ways, depending on what I’m going through,” he told the New York Times.

“For instance, somebody I like very much indeed is Frank Auerbach,” he continued. “I think there are some mornings that if we hit each other a certain way – myself and a portrait by Auerbach – the work can magnify the kind of depression I’m going through.”

Auerbach’s work is often said to have this effect on viewers, compared to Lucian Freud – who Bowie noted didn’t live up to his reputation as the “greatest” contemporary painter – and Francis Bacon. His portraits are expressionist, the paint laid on so thick his subjects are barely recognisable as faces.

That ambiguity and frenzied painting style gave “spiritual weight” to Bowie’s angst. “Some mornings, I’ll look at it and go: ‘Oh, God, yeah! I know!’ But that same painting, on a different day, can produce in me an incredible feeling of the triumph of trying to express myself as an artist. I can look at it and say: ‘My God, yeah! I want to sound like that looks.'”

To that end, Bowie discussed his part in the glam rock generation, who famously didn’t see a divide between audio and visual art, joking that in the mid-60s, there was a running joke that if you wanted to become a skilled rhythm and blues player, you went to art school. “You know, 25 years ago, there were a whole crop of us that tried to drag all the arts together and create this potpourri, a kind of new essence for English music,” he mused.

He recalled conversations at art school and how the avante-garde artists always dominated discussion. For his part, he was drawn to Expressionists and remembered “an awful lot of Dada” popping up too. The love of boundary-pushing art followed him into his music career. However, he never considered the two as separate forces – it was that the passionate response art stirred in him was something to be continued in his music.

“I always want a certain abstraction,” he explained. “Art should be open enough for me to develop my own dialogue with it.”

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Em memória de Daniel


Esta música é em memória da morte de um excelente aluno meu, que faleceu de cancro aos 23 anos. Foi ele que me deu a conhecer este tema e banda.

Parafraseando Sting

"On and on the rain will fall
Like tears from a star
Like tears from a star
On and on the rain will say
How fragile we are
How fragile we are"


Ride - Vapour Trail
First you look so strong
Then you fade away
The sun will blind my eyes
I love you anyway

Thirsty for your smile
I watch you for a while
You are a vapour trail
In a deep blue sky

Tremble with a sigh
Glitter in your eye
You seem to come and go
I never seem to know

And all my time
Is yours as much as mine
We never have enough
Time to show our love

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Protesto convocado por membros de movimentos de extrema-direita, em Lisboa - segue-se uma reflexão sobre o Chega, incitamento ao ódio (que é crime) e quem foi Salazar e o seu regime

O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior pede aos residentes que não saiam de casa durante a manifestação. 
Um grupo de extrema-direita, que convocou um protesto contra muçulmanos no Martim Moniz para o próximo fim de semana, garante que vai sair à rua, apesar de não ter autorização da Câmara de Lisboa. Os imigrantes no Martim Moniz estão preocupados e prometem fechar as portas do comércio no dia da marcha. Saiba mais aqui


1º Ponto - O Tribunal Constitucional deve ilegalizar o Chega
O Tribunal Constitucional está a tentar (e bem) tudo por tudo para ilegalizar o Chega. Demora o seu tempo e entretanto o monstro cresceu com 16% de eleitorado, 3ª força política fascista e racista em menos de 4 anos.

2º Ponto - Um pouco de História do Salazar, pai do partido ilegal Chega
Salazar criou organizações repressivas para anular ou silenciar as oposições, retirando direitos e liberdades aos indivíduos que deviam obedecer ao chefe. Criou o Secretariado de Propaganda Nacional para difundir os ideais do Estado Novo, como o autoritarismo e/ou o totalitarismo, e mecanismos de controlo da população, que enquadravam as crianças e jovens, as mulheres e os homens.

O Estado Novo assentava em organizações repressivas e mecanismos de controlo da população criadas por Salazar, à semelhança do fascismo italiano, para garantir o culto da personalidade ou culto do chefe e a negação dos direitos e liberdades individuais.

Logo em 1933 foi criada a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE- futura PIDE) para controlar os opositores políticos ao regime, contando com uma vasta rede de informadores civis.

O preso político era detido, sem culpa formada e sem mandato, e sujeito a tortura física e psicológica, podendo a PVDE decidir alargar o tempo de prisão, que devia cumprir nas prisões políticas do Aljube, Caxias e Peniche.

A guerra civil espanhola (1936-39) fez endurecer o regime na defesa da ordem e disciplina, aumentando a repressão contra quem se opusesse ao Estado Novo. Em 1936 Salazar, com o intuito de perseguir sobretudo os comunistas e anarquistas, criou a Legião Portuguesa (milícia civil armada) e abriu o campo de concentração do Tarrafal.

Estabeleceu ainda a Censura prévia, conhecida como «lápis azul», sobre toda a produção intelectual, a rádio, a imprensa e o cinema, impedindo a divulgação de ideias contrárias ao regime e subordinando a cultura aos interesses do Estado.

O Estado Novo desenvolveu mecanismos de controlo da população, com o objetivo de difundir os valores do regime e influenciar a opinião pública.

Em 1933, foi criado o Secretariado de Propaganda Nacional, dirigido por António Ferro, que promoveu a «Política de Espírito» procurando conciliar vanguarda e tradição. A face mais visível da ação do Secretariado de Propaganda eram os cartazes com mensagens de glorificação da infalibilidade do chefe e de exaltação das realizações do Estado Novo (denegrindo a 1ª República).

Para valorizar a cultura popular e a grandeza do império António Ferro promoveu concursos, festivais de folclore e exposições, destacando-se a Exposição do Mundo Português (1940). Organizou ainda desfiles e comícios, onde Salazar discursava, embora preferisse fazê-lo através da rádio, porque ao contrário de Mussolini, Salazar evitava banhos de multidão.

A reforma do ensino, de 1936, contribuiu para a redução da taxa de analfabetismo (ainda que lenta), mas orientava-se sobretudo para a transmissão dos valores do regime incutindo a crianças e jovens o espírito de obediência ao chefe e de defesa da Nação. Desde cedo aprendiam a valorizá-la acima das outras, numa lógica de nacionalismo exacerbado, que aliado ao patriotismo e ao imperialismo, fomentava a ideia de superioridade da Nação, da raça e da religião católica.

Privilegiavam-se certos períodos da História, como a Reconquista e os Descobrimentos e enalteciam-se os heróis, como o Infante D. Henrique ou Nuno Álvares Pereira. Para garantir que não havia desvios ao ensino pretendido pelo regime adotou-se um manual escolar único (o mesmo conteúdo para todos) e controlavam-se os professores, que assinavam uma declaração em como não professavam ideologias contra o Estado Novo.

Desde pequenos, meninos e meninas, mesmo que não frequentassem a escola, eram enquadrados na Mocidade Portuguesa, também criada em 1936, para a prática de exercício físico, numa lógica militarista de educação para a guerra, fomentando-se os valores de disciplina e respeito às hierarquias.

Salazar preocupou-se também em controlar os tempos livres dos trabalhadores e das suas famílias, sobretudo os dos meios urbanos, tendo criado, em 1935, a Federação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT) para a promoção de atividades culturais, desportivas e recreativas.

Foi também criada, em 1936, uma organização de enquadramento das mulheres – a Obra das Mães pela Educação Nacional (OMEN) – para difundir o papel da mulher como mãe, zelosa da família e das tarefas domésticas e esposa obediente ao marido (chefe na família).

3º Ponto - Incitamento ao ódio (que é crime) 
O crime de incitamento ao ódio e à violência encontra-se previsto no n.º 2 do artigo 240.º do Código Penal e é punido com pena de prisão de 6 meses a 5 anos. [Diário da República]

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Universitários leem mais nas redes sociais do que nos sites noticiosos


Uma equipa de investigadores levou a cabo um projeto que pretendia conhecer os "Hábitos de Leitura dos Estudantes do Ensino Superior", mas num universo de quase 180 mil alunos de universidades e institutos politécnicos portugueses, responderam apenas 1.982 estudantes de nove universidades.

"Estes resultados não são representativos dos hábitos de leitura", salientou Filomena Oliveira, sub-diretora geral da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC), explicando que o estudo apresentado esta terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian acaba por ser apenas um "exercício piloto", apelando a "um maior envolvimento das Instituições de Ensino Superior" (IES) nos próximos estudos.

Apesar de não se poder extrapolar, mais de 90% dos inquiridos disseram ter hábitos de leitura sem fins académicos, lendo livros, jornais, revistas ou textos online.

"Entre as quatro modalidades de leitura possível, os textos online são os mais lidos (74%) e as revistas as menos escolhidas" (33%), contou Filomena Oliveira, acrescentando que os alunos usam sobretudo meios digitais (mais de 70%), sendo o papel a opção mais apontada para querem ler um livro.

É nas redes sociais que os alunos mais procuram textos online para ler (81%) mas também procuram informação em sites noticiosos (78%).

Entre as redes sociais, o estudo aponta o Instagram como a mais procurada (82%), seguindo-se o X (ex-Twitter) e o Facebook, acrescentou a diretora-geral da DGEEC.

Metade dos alunos disse ler jornais, mas os sinais dos tempos mostram que a maioria (61%) já prefere o formato digital e apenas 7% ainda prefere o papel.

O inquérito quis saber também se os alunos liam as bibliografias académicas e concluiu que 29% leva as recomendações a sério, mas muitos (23%) ignoram as sugestões dos professores e nunca leram qualquer bibliografia.

Entre os obstáculos à leitura das bibliografias, aparece a falta de tempo mas também "o nível de dificuldade dos textos", sublinhou Filomena Oliveira.

As bibliotecas das instituições são espaços poucos usados, com menos de 30% dos alunos a usá-las e, na maioria dos casos, apenas para fazer trabalhos ou estudar ".

A apresentação do estudo contou com a presença da comissária do Plano Nacional de Leitura, Regina Duarte, do secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, e da coordenadora do estudo e professora da Universidade de Coimbra, Cristina Robalo, que também criticou a dedicação das IES neste projeto, salientando apenas "honrosas exceções".

Além do pouco interesse mostrado pelas IES, Cristina Robalo apontou também os efeitos da pandemia e o tema do inquérito - focado nos "hábitos de leitura" - como motivos para dificultar a recolha de dados.

Saber mais:

sábado, 20 de janeiro de 2024

Não há liberdade religiosa em um terço dos países do mundo


O relatório sobre liberdade religiosa no mundo de 2023 indica que, em cerca de um terço dos países do mundo, não há liberdade religiosa ou há uma violação, revelou hoje a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS).
"Dos 196 países analisados, em 61 há restrições à liberdade religiosa. Este relatório mostra-nos que em cerca de um terço dos países do mundo não há liberdade religiosa ou há uma violação da liberdade religiosa", destacou a diretora em Portugal da FAIS.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre apresenta na tarde de sábado, no Seminário Maior de Coimbra, o Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo 2023, um documento que costumam publicar de dois em dois anos.
Em declarações à agência Lusa, Catarina Martins de Bettencourt explicou que o documento analisou "todas as religiões em 196 países do mundo, na perspetiva da liberdade religiosa"."Outra conclusão muito importante deste relatório é que cerca de 62% da população mundial vive nestes 61 países, onde não há efetivamente liberdade religiosa", constatou.
Os países onde há ausência de liberdade religiosa situam-se "em África, Meio Oriente e Ásia" e, pela primeira vez, o relatório menciona o continente americano, "por causa da situação que se vive em Cuba, Venezuela e também na Nicarágua".
Segundo a diretora em Portugal da FAIS, o relatório distingue os países onde se verifica discriminação religiosa e os países onde há perseguição, com pessoas a serem presas ou mortas com base na sua fé.
"No caso da perseguição com base na religião, temos países como a Índia, Paquistão, Afeganistão, China, Arábia Saudita e Irão, no continente asiático. Se olharmos para a África, há perseguição em países como a Nigéria, Mali, Sudão, República Democrática do Congo e no norte de Moçambique", referiu.
Questionada sobre a realidade na Europa, Catarina Martins de Bettencourt evidenciou que no relatório não constam países da Europa, apesar de já existirem "alguns sinais de preocupação".
"Há, às vezes, alguma discriminação e a profanação de alguns símbolos religiosos no continente europeu. Mas, na nossa análise e tendo em conta toda a gravidade do que se vive no resto do mundo, nós consideramos que a Europa ainda é um continente onde há relativa liberdade religiosa", apontou.
No caso de Portugal, considerou que é um país onde se pode exercer livremente a fé, independentemente de qual seja.
"A realidade no mundo é diferente. Há muitas pessoas que, infelizmente, vivem em países onde não há essa possibilidade de viver livremente a sua fé. Há pessoas que são discriminadas em termos de acesso à educação, acesso à saúde, acesso ao mercado de trabalho, só porque são de determinada religião", sustentou.
À Lusa, Catarina Martins de Bettencourt frisou ainda a importância deste relatório, que pretendem apresentar em todas as dioceses do país, por pretender provocar uma reflexão.
"Descrevemos algumas situações que foram acontecendo, ao longo desse ano, e que precisamos refletir. Gostaríamos que os nossos governos olhassem para este relatório e para as suas conclusões e, de alguma forma, também tomassem medidas que evitem esta escalada", alertou.
O relatório aponta também no sentido da "importância da educação", inclusive em contexto escolar.
"É muito importante educarmos as crianças desde pequenas, no sentido de perceberem o que é que é cada religião, as diferenças entre todas as religiões e ensiná-las no sentido da tolerância. Ensinar a não discriminar ninguém, a não perseguir ninguém, apenas porque é de uma religião ou de outra", concluiu.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Juntos somos um Só(nho)


Tenho amigos casados com japonesas, outros com vietnamitas, muitos casados com pessoas dos países da CPLP. Os meus vizinhos são uma família de brasileiros. Tive na minha carreira docente turmas multiculturais. Dei-me bem. Ucranianos, russos, sírios, judeus, afrodescendentes, japoneses, chineses, alemães, belgas, franceses e brasileiros. Era uma festa!

terça-feira, 16 de janeiro de 2024

O Programa do Chega para as Legislativas de 2019 e que foi removido do seu site


Em Novembro de 2019 fui ler o programa do Chega, o vídeo onde analisei o mesmo alcançou rapidamente em várias plataformas 1 milhão de visualizações e o programa do Chega foi retirado da página do Partido. Mas guardei-o, aqui está em pdf, fim do SNS, da escola pública, das carreiras (incluindo na polícia), e até vejam a venda de escolas aos professores. Aqui em link o programa (retirado pelo partido online em 2019) e o vídeo onde o analiso.

Raquel Varela, 6 de Dezembro de 2019
Quando tornei público no Último Apaga a Luz o programa do Chega este foi partilhado e visto por mais de 400 mil pessoas, previ de imediato que o iam tirar do site, o que aconteceu já esta semana. Fiz download antes, aqui em link têm as barbaridades onde se propõe acabar com o Estado Social, acabar com as escolas e os hospitais onde estão os filhos dos polícias e GNRs, acabar com as carreiras e os salários. Mas Ventura surpreendeu-me. É que eu já tinha visto políticos dar o dito pelo não dito, mas destas forma é inédito, trata-se do grau zero da ética e da moralidade política. Ventura fez algo inédito na história da vida portuguesa, com uma linguagem que jamais tinha sido usada pelo pior dos políticos – o Chega anunciou esta semana “uma clarificação em sentido inverso”, ou seja, ser eleito com um programa e mudá-lo totalmente um mês depois. Um pequeno Estaline que em vez de fotografias apaga as ideias com que foi eleito, ideias que fazem de Passos Coelho e do PSD, que o pariu, um menino doce. Os portugueses têm suportado políticos ignóbeis em anos de Governação, o PS governa o declínio, sem oposição infelizmente. Mas nunca vimos nada tão baixo como este troca tintas do Ventura, este senhor que hoje vive de ser deputado, do orçamento público, e ao sabor do vento muda o programa no sentido “totalmente inverso”. É bom que quem votou nele e o aplaudiu na manifestação corrija rapidamente o erro (podemos errar, mas não persistir nos erros), e deixe de pensar como se tivesse 5 anos – “dizer umas verdades” não faz de ninguém uma pessoa séria.
Em Link o Programa do Chega – uma demonstração nunca vista do mais baixo que uma sociedade pode descer.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Manuela Ferreira Leite - A Primeira Anarco-capitalista de Portugal

Escrito na Pedra - A alucinada liberal


Quando Ministra das Finanças, "falsificou" à  CEE os 3%  do OGE à custa dos fundos de reforma, foi às reformas que não lhe pertence. Roubou os trabalhadores! 

Hemodialisados com 70 anos deviam ser obrigados a pagar tratamentos. Manuela Ferreira Leite defendeu esta ideia? Verdadeiro