sábado, 31 de dezembro de 2022

Bom 2023

O Homem tem que interagir sobre o ambiente mas devia ser de uma forma mais espiritual e não da forma tão depredadora como está a proceder. Devia contemplá-la e fazer parte da Natureza, da GeoTerra e não contra ela. Reduzir o desperdício, percepcioná-la e cuidar dela. Agir para além da papelada técnica e maçadoramente doentia assim como mitigar o consumismo e virtualidades. Uma simples folha num campo e/ou pousada no meu rosto é para mim um encanto e de uma intensa felicidade. Ou estar rodeado das nossas irmãs árvores, como as adoro. Uma vivência mais frugal, próxima da Natureza. Simplicidade voluntária. Decrescimento. 
Que 2023 vos traga o que mais vos iluminar e nutrir! Amor, Saúde, Paz, Alegria, Abundância, Luz!




Melhores pratos e melhor cozinha do mundo



Best cuisine in the world

Best dishes of the world 2022
So many to taste😋



Meta 50% menos pesticidas na UE até 2030


Em toda a Europa, a dependência de pesticidas põe em perigo a nossa alimentação, a nossa saúde e as nossas comunidades. Agora, uma conquista importante que significaria o fim dos agrotóxicos está ameaçada pela ganância das corporações agroalimentares.
50% de redução é pouco. Além disso, há países que encaram mal a medida proposta por Frans Timmermans. 2030 é uma meta em que as ONGA vão empenhar-se ainda mais numa Europa menos aditiva. Consultar o relatório da Greenpeace

A Comissão Europeia quer reduzir pela metade o uso de pesticidas químicos até 2030 sob sua nova proposta de sustentabilidade e biodiversidade. Bruxelas insiste que não é uma proibição total de seu uso, embora a meta de 50% seja juridicamente vinculativa.

“Até 2030, metade dos pesticidas químicos deve ser substituída por alternativas, com práticas como rotação de culturas e tecnologias como a agricultura de precisão. Também propomos a proibição de todo uso de pesticidas em áreas sensíveis, como escolas, hospitais, parques e áreas de trabalho e de recreio ", explicou o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, em conferência de imprensa posterior.

Caso a proposta avance, os Estados-Membros terão de apresentar relatórios periódicos sobre o seu progresso ao abrigo deste novo regime. Além disso, os fundos europeus estarão disponíveis nos próximos cinco anos para cobrir o custo dos novos requisitos.
Mas muitos governos já se opõem aos novos planos. Eles acreditam que, com a atual crise alimentar, não é o momento certo. "O momento para fazer esta proposta é completamente inapropriado porque estamos em um ponto onde a comida é necessária na Europa. Estamos novamente num debate sobre segurança alimentar na Europa e propor estes dois regulamentos agora é simplesmente inapropriado", disse Herbert. Dorfmann, Deputado do Partido Popular Europeu.

Os planos também incluem uma meta obrigatória de recuperação da natureza para os países repararem 20% dos ecossistemas danificados até 2030. O Comissário Europeu para o Ambiente, Virginijus Sinkevičius, explicou à Euronews que esta ideia é benéfica para todo o mundo. “Temos de deixar de viver na ideia de que agir a favor da natureza, recuperar a natureza, é só custos e não benefícios. A nossa avaliação de impacto mostra que um euro investido traz oito euros de benefício”, defendeu o lituano.

Um dos principais objetivos é reverter o declínio de polinizadores, como as abelhas, que, segundo especialistas, aumentam a produtividade agrícola e ajudam a recuperar os ecossistemas de forma natural. Os planos devem ser aprovados pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União Europeia antes de se tornarem lei.

Ler mais:

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Para resolver a crise climática, devemos controlar os ricos perdulários


“Eating just one billionaire would do more to prevent climate change than going vegan or never driving a car for the rest of your life.” So proclaimed a post on Extinction Rebellion’s Instagram last week.

XR has not previously been known for its class analysis (nor even now: “This is obviously a joke,” the group’s caption averred). And yet it hit home: the post has been liked 40,000 times, about as much as XR’s previous 11 posts combined.

The image was a meme of Lisa Simpson before an auditorium, crafted by an account called the Ragged Trousered Philanderer. But it encapsulates a serious developing shift in the narrative of climate activism: we can’t solve the climate crisis without solving the problem of inequality.

For decades, climate change has been understood by the public as a crisis in which we are all implicated. Environmental campaigns exhorted us all to turn off our lights, buy more fuel efficient cars, recycle as much as possible – our consumption had to be adapted to minimise our impact on the planet.

But it is becoming increasingly clear that such efforts, while by no means unnecessary, are less than a drop in the ocean. Nothing drove this home more this summer than another Instagram post: Kylie Jenner's picture of her and partner Travis Scott standing in front of two private jets, captioned: “you wanna take mine or yours?”

It was posted days after Jenner, it subsequently emerged, took her private jet on a flight that lasted just 17 minutes. That might not sound like much, but it was estimated to have belched a tonne of carbon into the atmosphere – about a quarter of the annual carbon footprint of the average person globally.

Jenner’s conspicuous carbon consumption became a catalyst for a wave of reporting on the use of private jets by the rich. And not just the super-rich. In the Guardian we reported on Disney’s marketing of a $110,000 round-the-world package holiday with a carbon price tag of 6.2 tonnes for each of its 75 paying guests. That’s about 20 times more than the 0.3 tonne average of someone in a low-income country, according to the World Bank.

Flying is without a doubt the most egregious example of carbon profligacy by the rich, according to Andreas Malm, professor of human ecology at Lund University, Sweden, and author of influential polemic How To Blow Up A Pipeline.

“If you as an individual consumer want to burn as much carbon as possible, emit as much CO2 as possible, what you do is go on a flying binge,” Malm says. “That’s the most CO2 intensive act of consumption you can engage in. It exceeds everything else, driving and meat eating and whatever – particularly since these are emissions that don’t fulfil any legitimate purpose and don’t serve any human need.”

Consumption like this has made the richest 1% of the world’s population responsible for more than twice as much carbon pollution as the poorest 50% – 3.1 billion people – in the last 25 years, according to Oxfam. And as inequality continues to grow, so will their disproportionate impact. By 2030, Oxfam predicts, the carbon footprints of the world’s richest 1% will be 30 times greater than the level compatible with the 1.5C goal of the Paris Agreement.

And yet that is not even half the story, since the impact of the world’s wealthiest people is not only their consumption, but in the realm of production, from where the super-rich obtain their wealth, says Matthew Huber, professor of geography at Syracuse university in New York.

In a new book, Climate Change as Class War, Huber sets out how the fossil fuel system is inextricably tied to an economic system that continually leads to greater concentration of wealth in the hands of a few. Yes, it’s true that Jenner, or Jeff Bezos or Elon Musk and others, are contributing to climate meltdown with their superyachts and private jets and the like – but what, Huber asks, about the people who sold them the fuel in the first place?

If there are lessons here for activists – and for anyone who is interested in tackling the climate crisis – Huber and Malm say change must start with the wealthiest and most powerful. But, says Malm, we cannot expect governments to do the work for us.

“All the governments I know of are beholden to these people, their taskmasters, if you like; the classes that they have to coddle the most,” Malm says. “That makes it extremely hard to envision any government moving against precisely these people, because that’s the people that are closest to.”

“If governments can’t do attack the most egregious instances of luxury emissions, then ordinary people will have to," he adds. "I think the next step for that kind of activism to go after private jets and super yachts and other monstrous machines for luxury emissions. It’s not that we’re done with SUVs, that campaign just needs to multiply and spread further and intensify. But there are more targets than SUVs.”

And so, it seems, that if we are serious about a future on a livable planet, eating billionaires might not be such a joke after all.

Andrew Tate detido por violação e tráfico humano. Discussão com Greta Thunberg pode ter ajudado a encontrar o influencer



O influencer Andrew Tate foi detido na Roménia sob acusações de crime organizado e violação. Na internet, diz-se que uma discussão no Twitter com a ativista Greta Thunberg ajudou a que fosse apanhado. E tudo devido a uma caixa de pizza.

Andrew Tate, polémico influencer, foi detido na Roménia sob a acusação de tráfico humano, violação e formação de um grupo de crime organizado, confirmaram as autoridades.

Segundo o The Guardian, Tate, que foi banido de várias plataformas por comentários misóginos e discurso de ódio, foi detido juntamente com o seu irmão e dois outros suspeitos, após uma rusga às suas propriedades em Bucareste.
As autoridades referem que foram identificadas seis mulheres que foram alegadamente exploradas sexualmente.

"Os quatro suspeitos parecem ter criado um grupo de crime organizado com o objetivo de recrutar, alojar e explorar mulheres, forçando-as a criar conteúdo pornográfico destinado a ser visto em sites especializados por um custo", foi referido, estando todo o processo associado a "importantes somas de dinheiro".

Os irmãos Tate têm estado sob investigação criminal desde abril. Um porta-voz disse ao Daily Mirror que não podia fornecer quaisquer pormenores sobre os relatórios policiais, mas que "Andrew e Tristan Tate têm o maior respeito pelas autoridades romenas e vão ajudar sempre da forma que puderem".

Esta semana, Andrew Tate esteve envolvido numa polémica no Twitter com a ativista climática Greta Thunberg, depois de ter partilhado uma fotografia nas redes sociais ao lado de um carro topo de gama, como provocação à causa ambiental.

"Olá, Greta Thunberg. Tenho 33 carros. O meu Bugatti tem um motor w6 8.0L quad turbo. Os meus dois Ferraris 812 Competizione têm 6.5L v12s. Isto é apenas o começo. Por favor dá-me o teu endereço de e-mail para que possa enviar-te uma lista completa da minha coleção de carros e as suas respetivas enormes emissões", pode ler-se.

Greta Thunberg respondeu à provocação em tom irónico, disponibilizando um email fictício: "Envia-me um e-mail para [email protected]  
[em tradução livre, "pé[email protected]"].

Depois desta discussão e da detenção de Andrew Tate, surgiram rumores online de que a polícia tinha sido avisada da presença do influencer na Roménia depois de este ter publicado um vídeo como nova provocação a Greta Thunberg, conta a BBC. Nas imagens seria visível uma caixa de pizza de um restaurante local, o que poderá ter revelado a sua localização.

Após a detenção, Thunberg escreveu no Twitter mais uma mensagem em tom irónico: "Isto é o que acontece quando não reciclas as tuas caixas de pizza".

Quem é Andrew Tate e em que polémicas está envolvido?

Andrew Tate, kickboxer anglo-americano, posa com carros rápidos, armas e retrata-se como um playboy que fuma charutos. Segundo o Observer, passou da obscuridade à fama global na Internet em meses.

Cresceu em Luton, filho de um assistente de restauração e mestre de xadrez. Com 20 anos, Tate trabalhou como produtor de televisão enquanto treinava como kickboxer no ginásio local, continuando a lutar profissionalmente e a ganhar títulos mundiais.

Em 2016, a sua carreira voltada para o público parecia ter terminado quando ainda mal tinha começado: participou no Big Brother e foi expulso da casa devido a um vídeo em que aparecia a bater numa mulher com um cinto.

Um segundo vídeo surgiu pouco depois: Andrew dizia a uma mulher para contar os hematomas que aparentemente lhe causou. Tanto Tate como a mulher negaram a ocorrência de qualquer abuso e disseram que os clips em causa mostravam sexo consensual.

Mas a polémica não ficou por aqui e seguiu-se mais controvérsia, envolvendo publicações com comentários homofóbicos e raciais na sua página do Twitter.

Nos seus vídeos, diz que as mulheres devem ficar em casa, que não podem conduzir e que são propriedade do homem. Afirma também que as vítimas de violação devem "assumir a responsabilidade" pelos seus ataques, na sequência do movimento #MeToo, e fala sobre bater e asfixiar mulheres, destruindo os seus pertences e impedindo-as de sair de casa. Estas opiniões fizeram com que fosse impedido de entrar no Twitter.

Por tudo isto, os seus pontos de vista têm sido descritos como sendo de "extrema misoginia". Mas Tate, com 35 anos, não é uma personalidade marginal que se esconde num canto obscuro da Internet. Em vez disso, é uma das figuras mais famosas do TikTok: em julho, o seu nome foi mais pesquisado no Google do que o de Donald Trump ou Kim Kardashian.

E tal não foi por acaso. As provas obtidas pelo Observer mostram que os seguidores de Tate estão a ser aconselhados a inundar os meios de comunicação social com os seus vídeos, escolhendo os clipes mais controversos de modo a obter o máximo de envolvimento por parte do público.

Contudo, apesar da fama, Andrew Tate não tem conta no TikTok, pelo que os vídeos não são partilhados por si. A sua foto e o nome aparecem, mas por meio de outros.

Em causa estão contas administradas por membros da Hustler’s University, uma espécie de clube privado onde Tate promete que os seus membros podem ganhar até 100 mil dólares através de aulas sobre investimentos e recrutando mais pessoas, ganhando 48% da comissão por cada uma. E o valor aumenta se criarem polémica nas redes sociais, com conteúdos virais.

Lei de Bases do Clima: dez pontos urgentes que tardam em ser cumpridos


Um ano após a publicação, ZERO alerta para a importância de executar a Lei de Bases do Clima e identifica medidas que urge executar

A Lei de Bases do Clima foi publicada em Portugal há precisamente um ano (no dia 31 de dezembro de 2021), tendo entrado em vigor no dia 1 de fevereiro de 2022. Numa altura em que a crise climática constitui um dos maiores desafios que Portugal enfrenta – e a lei reconhece a situação de emergência climática vivenciada –, esta é uma lei-quadro fundamental para alinhar a política climática do país com o objetivo do Acordo de Paris de conter o aumento da temperatura média em 1,5°C e com o Pacto Ecológico Europeu, funcionando nessa matéria como um instrumento chave orientador e estruturante dos governos, instituições e organizações. Em 2022, muito graças à aprovação e entrada em vigor da lei, Portugal subiu dois lugares no Índice de Desempenho Climático (CCPI), um instrumento que analisa e compara a proteção do clima num total de 59 países, ocupando a 14.ª posição. Mas a existência da lei tem de se consubstanciar em ações e medidas concretas, sob pena de não passar de um conjunto de intenções.

Por isso, a ZERO alerta para a urgência da rápida implementação e regulamentação das disposições na lei, as quais incluem medidas que devem ser executadas e apresentadas pelo Governo no prazo de um ano após a sua entrada em vigor, isto é, até 1 de fevereiro de 2023, nomeadamente:
  1. Está prevista a disponibilização ao público de uma ferramenta digital, o Portal de Ação Climática, que permitirá aos cidadãos participar na ação climática e aceder a informação sobre emissões e metas, progresso no seu alcance, financiamento para o clima e estudos e projetos relevantes. A participação pública ocupa um lugar central na lei, incluindo os cidadãos e as associações de ambiente no planeamento, tomada de decisões e avaliação das políticas públicas. No entanto, não está claro como será realizado o enquadramento desta participação, se através da implementação de assembleias para o clima, ou a adoção de outros mecanismos.
  2. A determinação e estabelecimento dos Orçamentos de Carbono, que estabelecem limites de emissões de gases de efeito de estufa, não havendo ainda informação sobre esses valores para o período 2023-2025 e para o quinquénio 2025-2030.
  3. A apresentação do relatório de avaliação inicial de impacte climático, onde são identificados os diplomas governativos em potencial divergência com as metas e instrumentos presentes na Lei de Bases do Clima. Neste relatório deverão constar as seguintes análises: às normas que regulam a execução de projetos que contribuem para emissão de gases de efeito de estufa; às normas que enquadrem o investimento em infraestruturas cujos impactes não estejam incluídos no Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050; ao Código dos Contratos Públicos.
  4. A regulamentação do risco e impacte climático nos ativos financeiros, fundamental para a clarificação e dinamização do financiamento sustentável e promoção da informação sobre riscos climáticos junto dos agentes económicos e financeiros.
  5. A apresentação de um relatório por parte do Ministro das Finanças sobre património, investimentos, atividades, participações e subsídios públicos, onde constem detalhes sobre em que medida cumprem os princípios da taxonomia europeia, a qual identifica as atividades ambientalmente sustentáveis.
  6. A revisão das normas sobre governo das sociedades, onde devem constar as revisões necessárias de forma a harmonizar o Código das Sociedades Comerciais e demais legislação com a Lei de Bases do Clima, nomeadamente integrando a exposição de eventuais cenários climáticos e potenciais riscos financeiros conexos.
  7. A revisão do regime jurídico dos hidrocarbonetos que deverá incidir na revisão das normas que regulamentam a concessão, prospeção e exploração de hidrocarbonetos em Portugal. Esta matéria é particularmente relevante, tendo em consideração que na própria lei é proibida a outorga de novas concessões de prospeção ou exploração de hidrocarbonetos em território nacional.
  8. O relatório de avaliação do impacte carbónico da Assembleia da República, que deverá ser apresentado no primeiro ano de cada legislatura, no caso do governo atual (XXIII Governo Constitucional) até 30 de março de 2023, onde deverá constar uma avaliação do impacte carbónico da atividade e funcionamento da Assembleia da República na legislatura anterior, bem como as medidas a adotar para mitigar esse impacte.
  9. A restrição da produção e comercialização de combustíveis ou biocombustíveis que contenham óleo de palma ou outras culturas alimentares insustentáveis. Segundo a lei, a partir de 1 de janeiro de 2022 esta restrição deveria estar assegurada, mas isso não está a acontecer. Apesar de já proibidos em vários países, a sua utilização está a crescer em Portugal, beneficiando, desde o ano passado, de incentivos fiscais através da isenção do Imposto Sobre Produtos Petrolíferos, da Contribuição do Serviço Rodoviário e da Taxa de Carbono, correspondendo a um bónus fiscal de vários milhões de euros. Esta medida tinha inclusivamente já sido considerada no Orçamento do Estado de 2021, sem nunca ter sido implementada.
  10. A constituição do Conselho para Ação Climática (CAC), órgão consultivo que terá a responsabilidade de elaborar apreciações e pareceres sobre a ação climática e toda a legislação relacionada. Este será também responsável por apresentar bienalmente recomendações sobre o desenvolvimento das infraestruturas de energia e transporte. Apesar de não ser apontada na lei uma data-limite para a sua criação, a existência deste órgão é fundamental para a prossecução dos desígnios da lei.
Neste contexto, a ZERO aguarda com expectativa a apresentação e concretização destas medidas, apelando ao Governo português que não fique para trás neste longo e exigente caminho que todos temos de trilhar, e para o qual a Lei de Bases do Clima estabelece o código, regras e destino – e esse destino, no entender da ZERO, e ao abrigo do espírito da lei, deverá ser a antecipação da neutralidade climática de 2050 para 2045 ou antes.

Afinal, qual é a taxa real de reciclagem?




Ao consultar os dados da APA sobre a taxa de reciclagem de resíduos urbanos relativa a 2021 uma dúvida salta logo à vista: em Portugal Continental reciclámos 21% ou 33%?

É que no gráfico de colunas que inicialmente é apresentado, existe a indicação de que em Portugal Continental foram reciclados 14% dos resíduos urbanos através de reciclagem multimaterial e 7% através de compostagem ou digestão anaeróbia, o que perfaz um total de 21% de reciclagem.

No entanto, numa tabela mais abaixo é referido que essa taxa foi de 33% e é esse o número que é apresentado como oficial pela APA.

Mas afinal, em que ficamos?

A razão desta grande incoerência de dados reside no facto de para os 21% a APA ter apenas contabilizado os resíduos que foram efetivamente reciclados, enquanto que o número dos 33% surge na sequência da fórmula de cálculo utilizada no PERSU de 2015 que considerava que todos os resíduos biodegradáveis (biorresíduos e papel/cartão) que passassem na báscula das unidades de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) eram automaticamente considerados como reciclados através de valorização orgânica.

Isto, independentemente desses resíduos serem ou não efetivamente tratados por processos biológicos e desse tratamento ter resultado um composto que tenha sido utilizado para melhoramento dos solos.

Ou seja, para além dos 7% dos resíduos urbanos que foram efetivamente reciclados através da valorização orgânica, a APA está a contabilizar como reciclados mais 12% dos resíduos urbanos, cerca de 600 mil toneladas de resíduos biodegradáveis, que passaram nas básculas dos TMB, mas cujo destino final foi o aterro, tendo por isso pago a respetiva TGR.

Para a APA é sol na eira e chuva no nabal: os mesmos resíduos servem para aumentar a taxa de reciclagem e as receitas da TGR.

E esta contabilização é ilegal, uma vez que de acordo com o ponto 6 do Artigo 2.º da Decisão da Comissão de 18 de novembro de 2011 que estabelece regras e métodos de cálculo para verificar o cumprimento dos objectivos estabelecidos no artigo 11.º , n.º 2, da Directiva 2008/98/CE do Parlamento Europeu e do Conselho:

”No caso em que o cálculo dos objectivos se aplica à digestão aeróbia ou anaeróbia de resíduos biodegradáveis, os que são submetidos a tratamento aeróbio ou anaeróbio podem contar como resíduos reciclados se o tratamento gerar compostos ou lamas e lodos de digestores que, após qualquer tratamento adicional eventualmente necessário, sejam utilizados como produto, material ou substância reciclados para tratamento do solo em benefício da agricultura ou para melhorar o ambiente.”

É pois de lamentar que a APA e o Ministério do Ambiente insistam nesta contabilidade criativa, tentando aumentar artificialmente as taxas de reciclagem em vez de reconhecerem os males de que padece o nosso sistema de gestão de resíduos urbanos e procurar as respetivas soluções.

É pena também que a Comissão Europeia feche os olhos ao incumprimento das próprias leis por si publicadas, passando para os responsáveis governamentais dos diversos países um claro sinal de que a legislação europeia não é efetivamente para cumprir.

E o resultado é o que se vê, nomeadamente em países como o nosso, onde já ninguém acredita que as metas ambientais são para cumprir, sucedendo-se os diversos responsáveis pela pasta do ambiente sem qualquer interesse em alterar este estado de coisas, enquanto que na APA se mantêm sempre as mesmas pessoas e cuja função principal parece ser a de fornecer aos governantes as tais contabilidades criativas para minimizar o péssimo desempenho do nosso país na área dos resíduos urbanos.

Como nota final, dizer que se Portugal Continental reciclou 33% dos RU em 2021, enviou para aterro 56%, valorizou energeticamente 19% e enviou para outras valorizações 2%, então a soma de todos estes destinos finais dá 110% e alguém terá de voltar à escola primária.
[Relatório Anual de Resíduos Urbanos em 2021, da APA  aqui]

Música do BioTerra: Benedict Sheehan- “Liturgy of St. John Chrysostom” (Mvt. 9: The Cherubic Hymn)


Tudo perfeito! Coro, acústica da Igreja (St. Stephen’s Pro-Cathedral - Wilkes-Barre, Pennsylvania) e maestro / compositor. De destacar que se encontra, entre os membros do coro, o famoso octavista Glen Miller.
A Divina Liturgia de São João Crisóstomo é a mais celebrada Divina Liturgia no rito bizantino. Recebeu o seu nome em homenagem a anáfora do mesmo nome que é a sua parte central e é atribuída a S. João Crisóstomo, arcebispo de Constantinopla do século V.

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quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Manifesto Brasil-UE


Acordo deve incluir a criação de um fundo para remunerar os serviços dos ecossistemas da Amazónia, o reconhecimento do clima estável como Património Comum da Humanidade e uma nova estratégia para cumprir os objetivos de Paris

Mais de 40 personalidades do Brasil e de Portugal subscrevem um manifesto que defende uma parceria estratégica entre a União Europeia, o Brasil e o Mercosul (Mercado Comum do Sul) para a defesa do clima estável como Património Comum da Humanidade. Entre os subscritores figuram conhecidos políticos, académicos, ativistas ambientais, dirigentes indígenas, escritores e artistas.

Esta parceria deverá basear-se em quatro prioridades: a defesa do ambiente e da biodiversidade como orientação estratégica das relações entre a UE, o Brasil e o Mercosul; a definição de uma nova estratégia para cumprir os objetivos do Acordo de Paris; a criação de um fundo para remunerar os serviços dos ecossistemas e contribuir para a preservação, recuperação e ampliação da floresta, nomeadamente na Amazónia; e o reconhecimento do clima estável como Património Comum da Humanidade. Os estados-membros do Mercado Comum do Sul são o Brasil, o Uruguai, o Paraguai e a Venezuela (suspensa desde 2016). E tem ainda como países associados o Chile, a Bolívia, o Equador, o Peru e a Colômbia.

Os subscritores incluem vários ex-ministros brasileiros, como Izabella Teixeira (Ambiente, hoje copresidente do Painel Internacional de Recursos do Programa da ONU para o Ambiente), Celso Lafer (Relações Exteriores, neste momento professor emérito da Universidade de São Paulo), Renato Janine Ribeiro (Educação) e Rubens Ricupero (Fazenda e Meio Ambiente). E ex-ministros portugueses, como Guilherme de Oliveira Martins (Educação, atual administrador executivo da Fundação Gulbenkian), Luís Braga de Cruz (Economia, agora presidente da Associação das Florestas de Portugal) e Maria João Rodrigues (Trabalho, hoje presidente da Fundação Europeia para os Estudos Progressistas).

De Portugal subscrevem também o manifesto o embaixador Francisco Seixas da Costa, Carlos Pimenta, ex-secretário de Estado do Ambiente e antigo eurodeputado, José Luís da Cruz Vilaça, ex-juiz do Tribunal de Justiça da UE, Alexandre Quintanilha, deputado e professor catedrático da Universidade do Porto (UP), Álvaro de Vasconcelos, fundador do Fórum Demos e ex-diretor do Instituto de Estudos de Segurança da UE. E académicos como Filipe Duarte Santos, professor catedrático da Universidade de Lisboa (UL) e presidente do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, Luísa Schmidt, investigadora do Instituto de Ciências Sociais da UL e colunista do Expresso, Paulo Magalhães, investigador do Centro de Investigação Jurídico-Económica da UP e presidente da Casa Comum da Humanidade, Francisco Ferreira, professor da Universidade Nova de Lisboa e presidente da ZERO, Fátima Vieira, professora e vice-reitora da UP, Teresa Andersen, professora da mesma universidade e membro da Comissão Permanente do Património Mundial da UNESCO, Viriato Soromenho-Marques, professor catedrático de Filosofia da UL, Helena Freitas, professora da Universidade de Coimbra e ex-deputada, e diversos académicos do Brasil, com destaque para Carlos Nobre, investigador sénior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, um dos cientistas brasileiros mais conhecidos do mundo devido à sua investigação pioneira das alterações climáticas (ver entrevista).

Regresso à Política Internacional

“A vitória de Lula da Silva e o regresso do Brasil ao seu lugar indispensável na política internacional criam condições favoráveis para, a partir da questão ambiental/climática, construir uma resposta capaz, com efeitos de cascata nas mais variadas áreas, assente num multilateralismo eficaz”, salienta o manifesto, intitulado “Clima Estável Património Comum da Humanidade”.

Esta convicção decorre do discurso do novo Presidente do Brasil, onde sublinhou “o seu compromisso com a agenda ecológica – ‘o Brasil e o planeta precisam de uma Amazónia viva’ – ao mesmo tempo que afirmava a sua vontade de retomar as relações com a União Europeia em novas bases”.

Estas afirmações, continua o manifesto, “convergem com a visão da UE, que tem afirmado que a Ecologia é uma questão estratégica, e que as mudanças climáticas são uma ameaça existencial”. Recorde-se que a política de desmatamento da Amazónia desenvolvida durante os últimos anos foi o argumento utilizado pelos governos europeus para travarem a ratificação do acordo UE-Mercosul, concluído em junho de 2019.

O manifesto propõe que, a partir da tomada de posse de Lula da Silva como Presidente, a 1 de janeiro de 2023, “se deveriam retomar as conversações entre a UE e o Brasil, com vista à formação de uma parceria estratégica por um ambiente sustentável, que deveria relançar também a renegociação do acordo UE-Mercosul, a partir das preocupações manifestadas dos dois lados do Atlântico”. Estas negociações são ainda mais importantes devido à ausência de resultados satisfatórios na COP27, a cimeira da ONU sobre alterações climáticas que se realizou recentemente no Egito, “que demonstraram até que ponto o ‘business as usual’ já não é a resposta adequada para enfrentar as ameaças ambientais e à biodiversidade, que põem em risco os sistemas de suporte à vida na Terra”.

Em todo o caso, o acordo alcançado na COP27 em matéria de perdas e danos, reivindicado pelos países em desenvolvimento há mais de 30 anos, “acabou por ser relevante para construção da justiça climática que pode ser um ponto de partida para um novo enquadramento das relações da UE com os países do Hemisfério Sul”, reconhece o manifesto. Assim, a ideia de uma parceria estratégica entre a UE e o Brasil, “tendo o espaço mais vasto do Mercosul como horizonte”, abre oportunidades “para um multilateralismo renovado que privilegie as relações inter-regionais”. O documento sublinha que “é absolutamente essencial” que esta renovação das relações multilaterais “seja eficaz e inclusiva e tenha em consideração o carácter policêntrico do sistema internacional”.

Acordo de 2019 não garante metas ambientais

O acordo UE-Mercosul de 2019 não oferece garantias suficientes de cumprimento das metas ambientais, assinala o manifesto. Por isso, a UE e o Brasil “deviam fazer do objetivo de cumprir os Acordos de Paris uma condicionalidade dos seus acordos bilaterais e das suas relações inter-regionais”. Essa nova orientação estratégica seria objeto de um anexo ao acordo, “fazendo-o evoluir de uma parceria essencialmente comercial para uma parceria que coloca o objetivo do clima estável no centro das relações inter-regionais”. O acordo UE-Mercosul seria assim ratificado juntamente com o anexo, que tornaria legalmente vinculativa a sua componente ambiental. Deste modo, as objeções europeias levantadas à ratificação do acordo “deixariam de fazer sentido político”.

Para que o Acordo de Paris seja cumprido “é preciso reconhecer os limites de uma estratégia que apenas pretende evitar/mitigar/neutralizar emissões, mantendo o mesmo modelo económico em que só através da destruição e extração de recursos se reconhece a criação de riqueza na sociedade, e que hoje cria mais problemas do que aqueles que consegue resolver”, enfatiza o documento. Por isso, “é urgente criar um sistema que compense os que contribuem para a remoção de CO2, assente numa economia capaz de cuidar/restaurar/regenerar/manter ativamente um clima estável”. E é necessário também criar um enquadramento legal, assente num sistema de contabilidade ambiental, “que permita avançar rapidamente para o objetivo de limpar a atmosfera, incentivando e compensando a realização de emissões negativas”.

Fundo UE-Mercosul para restaurar a floresta

Recuperar e manter um clima estável implica a manutenção dos ecossistemas ainda preservados e um investimento em larga escala no restauro e regeneração das áreas já degradadas, argumenta o manifesto. O objetivo é iniciar o processo de limpeza da atmosfera (emissões negativas) e de provisão de outros serviços dos ecossistemas da maior relevância para a manutenção de um clima estável, como é o caso das florestas tropicais, nomeadamente da Amazónia. Daí que seja proposta a criação de um fundo UE/Brasil/Mercosul, que teria como objetivo remunerar os serviços dos ecossistemas e contribuir para a preservação, recuperação e ampliação da floresta.

Por fim, um objetivo prioritário “deve ser o reconhecimento do clima estável como Património Comum da Humanidade, através de um tratado internacional envolvendo todos os membros da ONU e as organizações relevantes de cooperação regional e inter-regional”. Esse processo seria iniciado com a definição do clima estável a partir dos chamados Limites do Planeta, uma combinação de nove variáveis, incluindo o CO2, que descreve o bom funcionamento do Sistema Terrestre, aquilo a que os cientistas chamam “Espaço de Operação Segura para a Humanidade”. Com base neste instrumento “seria possível internalizar, não só os custos, mas também os benefícios, permitindo construir uma economia de restauro e manutenção do bem comum”, conclui o manifesto.

As negociações climáticas promovidas pela ONU deixariam, assim, de ser um jogo de soma negativa entre países poluidores, em que cada um tenta fazer menos emissões mantendo o mesmo conceito de criação de riqueza, para passar a ser uma cooperação positiva, garantindo as compensações devidas a todos aqueles que contribuem para o clima estável e garantem o bom funcionamento do Sistema Terrestre.

Vivienne Westwood- a anarquista na moda e ambientalista


Extraordinariamente excêntrica mas que talento, que audácia e - para o prazer dos olhos - a cor! Além disso um intenso activismo ambiental!
R.I.P. Dame Vivienne Westwood - the godmother of punk. Also a giant environmentalist soul.

Biografia:




Nanoplásticos podem viajar da alface para larvas e peixes



É sabido que os microplásticos transportados pela água podem se acumular nos tecidos dos peixes e eventualmente ser engolidos pelas pessoas. No entanto, há outra maneira de essas minúsculas partículas acabarem na cadeia alimentar: da terra à vegetação, dos insetos aos peixes.

Em um novo estudo da University of Eastern Finland , os pesquisadores aplicaram a técnica a um modelo de cadeia alimentar contendo três níveis tróficos (posições na cadeia alimentar) alface cultivada em solo contendo poliestireno e partículas de PVC (policloreto de vinila) de 250 nanómetros de largura. Esses materiais foram selecionados porque representam uma parcela considerável da poluição plástica atualmente presente no ambiente marinho.

As plantas foram colhidas após quatorze dias e alimentadas com larvas de mosca-soldado-negra, frequentemente utilizadas como fonte de proteína na alimentação animal. Após cinco dias comendo alface, as larvas foram alimentadas pelos peixes-barata (peixes insetívoros) por mais cinco dias. Em seguida, os peixes, larvas e plantas de alface foram dissecados e analisados ​​por microscopia electrónica de varredura.

Foi descoberto que as raízes das plantas primeiro absorveram ambos os tipos de nanopartículas antes de se acumularem nas folhas. Algumas das partículas dessas folhas entraram na boca e nas entranhas das larvas quando elas as comeram. As partículas persistiram mesmo depois que as larvas tiveram 24 horas para esvaziar o estômago.

As nanopartículas então se moveram das larvas para os peixes, onde foram encontradas predominantemente no fígado, mas também nos tecidos do intestino e brânquias. Nenhuma partícula foi encontrada no tecido cerebral.

Vale a pena notar que nenhum dos organismos – alface, larvas, peixes – apresentou efeitos adversos ao absorver as nanopartículas. No entanto, algumas investigações levantaram a hipótese de que as nanopartículas de plástico podem, no mínimo, acumular patógenos de ambientes contaminados e, posteriormente, transmitir esses patógenos a animais ou plantas.

O Dr. Fazel Monikh, principal autor do estudo, concluiu:

“Os nossos resultados mostram que a alface pode absorver nanoplásticos do solo e transferi-los para a cadeia alimentar. Isso indica que a presença de minúsculas partículas de plástico no solo pode estar associada a um risco potencial à saúde de herbívoros e humanos, se esses achados forem generalizáveis ​​para outras plantas e culturas e para ambientes de campo. No entanto, mais pesquisas sobre o tema ainda são necessárias com urgência.”

O estudo foi publicado no Nano Today em 9 de setembro de 2022.

Frio extremo congela parcialmente as Cataratas do Niágara. Eis as imagens.

No entanto, a quantidade e movimentação enorme de água nunca permitirá que as cataratas congelem completamente.

O ‘ciclone-bomba’ que se abateu sobre os Estados Unidos congelou parcialmente as Cataratas do Niágara, situadas na fronteira entre o Canadá e o estado norte-americano de Nova Iorque, um dos mais afetados pela tempestade ‘Elliot’.

Este cenário de inverno captou a curiosidade dos turistas, que rumaram até ao local, apesar das temperaturas gélidas, tal como poderá verificar na galeria acima.

Contudo, ainda que parcialmente congeladas, a quantidade e movimentação enorme de água nunca permitirá que as cataratas congelem completamente, segundo a página do Niagara Falls USA Tourism.

De notar que, depois de a governadora de Nova Iorque, Kathy Hochul, ter apelado à administração norte-americana para que declarasse o noroeste daquele estado como zona de catástrofe, devido à passagem da tempestade ‘Elliot’, que provocou 27 mortos no estado de Nova Iorque, 18 dos quais na cidade de Buffalo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu à governadora "os recursos necessários" para superar a situação.

Causada por uma frente fria ártica, a tempestade tem assolado os Estados Unidos, desde a zona dos Grandes Lagos, na fronteira com o Canadá, até ao Rio Bravo, ou Rio Grande, na fronteira com o México, afetando cerca de 60% da população dos EUA.

As temperaturas muito abaixo do normal para a época que atingiram todos os estados norte-americanos deverão manter-se durante a semana, obrigando ao cancelamento de voos e deixando as estradas perigosas para circulação, além de terem levado a um corte de energia em quase 1,7 milhões de casas e empresas.

Em Buffalo e na fronteira com o Canadá, as condições meteorológicas foram as piores da História destas regiões, mantendo-se as cidades completamente cobertas de neve e os aeroportos fechados.

Em várias cidades da costa leste, e até no estado da Flórida, conhecido pela temperatura amena, os termómetros marcaram mínimas que não eram atingidas há várias décadas.

A cidade de Nova Iorque alcançou uma temperatura mínima de -10,5°C no dia de Natal, o que não acontecia desde 1872, enquanto Washington, a capital dos EUA, esteve com -10°C naquele que foi o Natal mais frio desde 1983 e Tampa, na Florida, chegou a marcar temperaturas abaixo de zero, o que não se verificava desde 1966.

Música do BioTerra: "Glory to God" from Handel's Messiah

Ele está desde o início dos tempos. Muito antes de Buda, Ísis, Zeus, Jesus, Maomé, etc...Ele não condena, não critica, não espolia. Não massacra. Ele é o caminho, o bálsamo. É Luz, Perdão, Amor. Tema muito bonito. Vozes encantadoras.


Glory to God! Glory to God in the highest,
And peace on earth.
Glory to God! Glory to God!
Glory to God in the highest,
And peace on earth.

Goodwill toward men.

Glory to God! Glory to God in the highest,
And peace on earth.

Goodwill toward men.
Goodwill.

Glory to God! Glory to God in the highest! 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Kuwait regista rara tempestade de granizo


Uma rara tempestade de granizo no Kuwait, país de desertos e um dos mais quentes do planeta, surpreendeu hoje os seus habitantes, enquanto os cientistas se preocupam com as consequências das alterações climáticas neste Estado do Golfo.

O granizo caiu na terça-feira e hoje em Oum al-Haïman, cerca de 50 quilómetros ao sul da capital, e chegou aos 63 milímetros em algumas áreas, informou o serviço meteorológico, adiantando que esperava que o tempo melhorasse a partir de hoje.



As crianças vestiam roupas quentes para apanhar granizo na rua, enquanto os internautas inundavam as redes sociais com fotos e vídeos de estradas parcialmente cobertas de branco.

“Há 15 anos que não vemos esta quantidade de granizo cair”, disse à France-Presse Mohammed Karam, antigo diretor do departamento meteorológico do Kuwait.

Estes eventos são “raros” no Kuwait, e poderão multiplicar-se nos próximos anos devido às alterações climáticas globais, alertou Mohammed Karam.

Em contraste, no verão, este país do Golfo, rico em petróleo, tem atingido temperaturas cada vez mais altas e pode tornar-se inabitável em certas alturas do ano com o aquecimento global, segundo os cientistas.

Em 2016, o mercúrio registou um recorde mundial, com 54 graus Celsius.

Em algumas zonas do país, as temperaturas podem subir 4,5 graus em relação à média histórica entre 2071 e 2100, de acordo com a autoridade pública do Ambiente.

Retrato de Portugal, por Guerra Junqueiro - tão actual



“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, – reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (…)”- Guerra Junqueiro, in Pátria (1896)

Texto completo aqui

Imagem da Capa: Caricatura de D. Carlos I, por Celso Hermínio. Originalmente publicada no n.º 6 do semanário humorístico O Berro.

Etimologia dos Países que Terminam em "-istão"


Por que e que na Ásia o nome de vários países termina em “-istão”? Porque nas línguas mais faladas nessa região do mundo, como o hindi, o persa e o quirguiz, “-istão” quer dizer “lugar de morada” de um determinado povo ou etnia. De acordo com esse princípio, Cazaquistão, por exemplo, significa “território dos cazaques”; Quirguistão, “território dos quirguizes”; Afeganistão, “território dos afegãos” e assim por diante.

É algo equivalente a adicionar os sufixos “-lândia” (que vem de land, “terra”, nas línguas germânicas) ou “-polis” (“cidade”, em grego) no final dos nomes. Petrópolis é a cidade de Pedro, Teresópolis, a de Teresa. Suazilândia é a terra dos suázis – mas, recentemente, o país mudou de nome para Essuatíni, que significa justamente “terra dos suázis” na língua local.

“A forma “-stão” deriva de uma antiga raiz linguística indo-europeia. Esse sufixo carregava a ideia de ‘parar’ ou ‘permanecer’ e deu origem, por exemplo, aos verbos stare, em latim, e stand, em inglês”, diz o linguista Mário Ferreira, da Universidade de São Paulo (USP).

Do stare latino, inclusive, vem o verbo “estar” em português. Ou seja: pensando na raiz etimológica da coisa, você pode traduzir os nomes desses países, ao pé da letra, como “onde estão os afegãos”, “onde estão os cazaques” e assim por diante.

A única exceção a essa regra é o caso do Paquistão, batizado cerca de 20 anos antes de o território do país ser constituído, em 1947. “Rahmat Ali, o idealizador da independência paquistanesa, juntou ao termo “-istão” o vocábulo “paki”, surgido a partir de uma combinação das iniciais das áreas reivindicadas pela futura nação. O “p” representava a província do Punjab, enquanto o “k” equivalia à região da Caxemira, no noroeste da Índia”.

Note que os nomes de países islâmicos localizados no Médio Oriente e no norte da África não carregam o sufixo "istão". Ali, a língua predominante é o árabe, que não possui raízes indo-europeias e sim a outro tronco, o semítico, partilhado com o hebraico e o aramaico. 

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Documentário: África, engenharia genética e Fundação Gates


Lobistas, filantropos e empresários defendem o uso da engenharia genética em África. Eles garantem que é a solução no combate à fome e à malária, duas das maiores pragas do continente.

Entre os seus apoiantes está Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo e criador da mais influente fundação de caridade da história. O documentário mostra como a "Fundação Bill & Melinda Gates" se tornou uma das mais importantes financiadoras de experiências de engenharia genética em África. Com discrição e imunes a vozes críticas, os pesquisadores trabalham na modificação genética de plantas de mandioca ou mosquitos para solucionar o problema da malária O papel da União Europeia é ambíguo: a comunidade internacional era cética em relação à engenharia genética devido aos riscos potenciais para a saúde e o meio ambiente, mas agora realiza experiências com a Fundação Gates que seriam proibidos na Europa.

A aplicação da engenharia genética em África é uma questão de poder, mas também de dinheiro. E é por isso que a Fundação Gates é criticada: ao financiar a engenharia genética na África, ela está a praticar o jogo do grande agronegócio ocidental.

Este documentário abre as portas para o mundo feliz do filantrocapitalismo, em que caridade e especulação não são mais conceitos opostos, a engenharia genética se disfarça de mitigação da fome e o investimento público está a serviço de interesses privados.

Estados da Amazônia concentram a maior faixa de agricultores indígenas do País, aponta estudo

MANAUS – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou recente estudo sobre as produções agropecuárias e extrativistas, segundo os grupos de cor ou raça de seus produtores.


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou recente estudo sobre as produções agropecuárias e extrativistas, segundo os grupos de cor ou raça de seus produtores. O Censo Agro 2017 fez um recorte sobre as populações indígenas e apontou que os maiores percentuais de produtores indígenas estão nas regiões Norte (5,0%) e Centro-Oeste (1,29%). Roraima (33,63%), Amazonas (20,43%), Amapá (10,96%), Acre (6,09%) e Mato Grosso do Sul (4,52%) detém os maiores números de produtores indígenas.
As lavouras indígenas são voltadas em quase sua totalidade para o consumo do produtor e sua família 

O censo apontou recortes territoriais específicos sobre as terras indígenas distribuídas pelo País afora e para Unidades de Conservação – Reservas Extrativistas (Resex), Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) e as Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais. Para Marta Antunes, do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, o estudo aponta a família como elo produtivo. “Isso se dá, principalmente, nos estabelecimentos dedicados ao autoconsumo. Nos estabelecimentos dirigidos por indígenas também encontramos maior diversidade de produtos, que ocasiona mais segurança alimentar para essas famílias”, explicou.

O levantamento do IBGE também demonstra que as atividades ligadas ao plantio e cultivo por parte das comunidades e famílias indígenas têm finalidades estabelecidas na necessidade do consumo. Em 67,08% dos estabelecimentos agropecuários, em terras indígenas, a finalidade principal da produção de horticultura é o consumo do produtor e seus familiares. Entre o total de estabelecimentos encontrados pelo Censo Agro 2017, esse percentual é menor (43,54%).

Saudável e diverso

Além de familiar, as culturas praticadas pelas comunidades indígenas são diversas e com maior grau de saudabilidade. Entre as populações pesquisadas, 88,01% dos estabelecimentos dirigidos por indígenas não utilizaram agrotóxicos. O percentual cai se observados nas demais populações. Os pretos (76,86%), pardos (74,73%), amarelos (59,56%) e brancos (55,88%). Os indígenas têm produção mais diversificada (43,24%), classificados como diversificados e muito diversificados, de acordo com a classificação de grau de especialização da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Conforme o técnico em agropecuária e antropólogo Alvatir Carolino, é interessante observar a pesquisa. “Interessante notar que o resultado aponta para o Norte porque, realmente, é no Norte do País que estão concentradas a maioria das populações indígenas“, detalhou. Alvatir também destaca que a complexidade da Amazônia impõe condições às populações indígenas. “É preciso entender a pesquisa sob as realidades impostas pela Amazônia e pela própria cultura desses povos. Existem povos que não veem a agricultura como nós vemos. Os Tariano tem suas roças, já os Gau preferem não ter“, observou.

“São complexidades, diversidades e sistemas, desses povos, que nem a estatística geográfica dará conta de contabilizar a produção. Os Gau, os Makú, preferem não ter roças próprias, e o sistema agrícola é completamente diferente porque são povos que circulam em várias regiões do alto Rio Negro”, analisou. “Já os Mura, da aldeia Muraí, na área de Autazes, deixaram de criar bubalinos depois da demarcação de sua terra. E, agora, estão se voltando para o extrativismo florestal, a castanha e o babaçu”, contou Alvatir.

Ancestralidade

O técnico explica que mesmo com a abundância do babaçu na região dos Mura, os próprios Mura não sabiam, exatamente, como explorar o fruto. “Eles ouviram falar que os antigos ouviram falar que os antigos trabalhavam o babaçu de tal forma, ou seja, foi preciso desenvolver pesquisa para encontrar as formas de aproveitamento do babaçu pelos Mura. Como eles estão, agora, na teia do mercado de consumo, o Ifam está desenvolvendo técnicas para estabelecer produtos agroindustriais do babaçu, e assim torna os Mura autossustentáveis no extrativismo“, adiantou.

Quanto a questão do uso de defensivos, Alvatir Carolino explica: “Como técnico e antropólogo, temos dialogado com muitos povos sobre produção agrícola. Temos, via Ifam, o curso de agroecologia, que orienta os povos indígenas que já vivem os fundamentos de uma sociedade de mercado para manter distância da chamada agricultura convencional que usa adubação sintética e o uso de biocidas, pois assim há possibilidade de aumentar a produção com produtos orgânicos“, afirmou.

“Está provado que os produtos orgânicos detêm um poder de mercado enorme no Brasil, ainda mais quando trazem selos de segurança alimentar. Com essa perspectiva é possível aumentar, em muito, a produção. Para se ter uma ideia, os produtos orgânicos na cidade de Manaus chegam a ser 300% mais caros que os convencionais. Trazendo selo de certificação com dois valores agregados, que são o fato de ser orgânico e de vir de uma terra indígena, esses produtos ganham ainda mais um enorme valor de mercado”, salientou Alvatir.

Produção

A pesquisa do IBGE trouxe, ainda, dados sobre a produção e as culturas mais praticadas entre as populações originárias. Entre os produtos mais cultivados pelos indígenas, de acordo com o Censo Agro 2017, estão a pimenta, o cará e a batata-doce. Na lavoura temporária, os produtos mais presentes nos estabelecimentos dirigidos pelos indígenas são, em ordem decrescente, a mandioca, o milho em grão, o abacaxi e o feijão fradinho.

Ortadas de freixo, Miranda do Douro


Quando pensamos em métodos de gestão tradicional, temos a tendência para pensar que todas as práticas são eficazes e permitem uma gestão sustentável do meio natural. Nada é mais errado e o mesmo pode ser aplicado às soluções baseada na natureza, um termo muito na moda, mas que é frequentemente pouco entendido. As práticas tradicionais também obedecem ao mesmo paradigma. As ortadas de freixo são um dos métodos de gestão tradicional da paisagem mais comuns no planalto de Miranda. 

Nessa gestão era frequente o corte de ramos de freixo com o objectivo de aproveitar a folhagem para a alimentação dos animais. No entanto, a poda das árvores nem sempre é a melhor e surgem frequentemente problemas de fitossanidade associados, tal como o desenvolvimento de codominâncias, cavidades e ramos epicórmicos de grande dimensão (ramos ladrões). 

Felizmente, é comum estes ramos persistirem durante bastante tempo em freixos com problemas de fitossanidade. Isto deve-se à elevada capacidade da madeira de freixo receber choques repetitivos sem quebrar, daí ser usada para produzir cabos e bastões de futebol. Apesar de a tenacidade não ser referida com uma propriedade da madeira, ao contrário de minerais e metais, é demais conhecido que a madeira de freixo é tenaz, devido à proporcionalidade entre a sua dureza, densidade e elasticidade. 

A tenacidade é um conceito oposto à fragilidade, pois denota a capacidade de um material resistir à aplicação de uma força externa sem quebrar. Mas mesmo a madeira mais resistente tem um limite, e aparecem frequentemente árvores caídas nestes sistemas de gestão tradicional mal geridos e envelhecidos. Afortunadamente para os insectos xilófagos, que assim tem acesso a uma refeição.

Paul Éluard - Liberdade

Primeira Edição: Era o grande brado do Poeta, identificado com as dores e os anseios do povo e da Pátria. Além de ser um magnífico poema do ponto de vista literário, "Liberté", de Paul Éluard, carrega consigo o peso da História. Escrito em 1942, com o título "Une Seule Pensée" (Um Único Pensamento), esse texto foi transportado clandestinamente da França, ocupada pelos nazis, para a Inglaterra. Em 1943, traduzido para vários idiomas, o poema foi distribuído como um panfleto, lançado por aviões aliados nos céus da Europa conflagrada. O responsável por contrabandear essa preciosidade da França ocupada para a Inglaterra foi um brasileiro, o pintor pernambucano Cícero Dias (1907-2003). Em reconhecimento a essa proeza, Dias foi condecorado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito, em 1998.

Cícero Dias, Mulher na Janela, 1942

"Nos meus cadernos de escola
Nas carteiras e nas árvores
Nas areias e na neve
Escrevo teu nome
Em toda página lida
Em toda página em branco
Pedra, papel, sangue ou cinza
Escrevo teu nome
Em toda imagem doirada
E nas armas dos guerreiros
Ou nas coroas dos reis
Escrevo teu nome
Na floresta e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
Nos ecos de minha infância
Escrevo teu nome
Nas maravilhas da noite
No pão branco da manhã
Nas estações em noivado
Escrevo teu nome
Em todo farrapo azul
No tanque de água mofado
No lago de lua viva
Escrevo teu nome
Nos campos e no horizonte
Nas asas dos passarinhos
E nos moinhos de sombra
Escrevo teu nome
Em todo sopro da aurora
No mar e em cada navio
Na montanha adormecida
Escrevo teu nome
Nas espumas e nas nuvens
Nos suores da tormenta
Na chuva densa e enfadonha
Escrevo teu nome
Nas formas resplandescentes
Nos sinos de várias cores
Em toda verdade física
Escrevo teu nome
Nos caminhos acordados
E nas estradas vistosas
Ou nas praças transbordantes
Escrevo teu nome
Na lâmpada que se acende
Na lâmpada que se apaga
Em minhas casas reunidas
Escrevo teu nome
Na fruta cortada ao meio
Do meu espelho e meu quarto
No leito concha vazia
Escrevo teu nome
No meu cão guloso e terno
De orelhas que estão em guarda
Nas suas patas sem jeito
Escrevo teu nome
Na minha porta de entrada
Nos objetos familiares
Nas ondas de fogo lento
Escrevo teu nome
Em toda carne cedida
Na fronte de meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo teu nome
Na vidraça das surpresas
E nos lábios sempre atentos
Bem acima do silêncio
Escrevo teu nome
Nos refúgios destruídos
Nos faróis desmoronados
Nas paredes de meu tédio
Escrevo teu nome
Nas ausências sem desejo
Na solidão toda nua
Nesta marcha para a morte
Escrevo teu nome
Na saúde que retorna
No perigo que passou
Nas esperanças sem eco
Escrevo teu nome
E ao poder de uma palavra
Recomeço minha vida
Nasci para conhecer-te
E chamar-te
Liberdade."

Paul Eluard : "Liberté" (dit par l'auteur)