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quinta-feira, 4 de abril de 2024

Inglaterra: Doenças transmitidas pela água aumentaram 60%


As doenças transmitidas pela água, como a disenteria e a doença de Weil, aumentaram 60% desde 2010 em Inglaterra, revelam novos números.
A análise das internações hospitalares do NHS pelo Partido Trabalhista descobriu que o número de pessoas internadas no hospital com doenças transmitidas por infecções transmitidas pela água aumentou de 2.085 em 2010-11 para 3.286 em 2022-23.
A análise segue a indignação generalizada depois que vazamentos recordes de esgoto foram revelados esta semana. Os dados da Agência Ambiental mostraram que o esgoto bruto foi descarregado durante mais de 3,6 milhões de horas em rios e mares no ano passado – um aumento de 129% em relação aos 12 meses anteriores.
O aumento do esgoto bruto nos rios significa que há um risco maior de infecções, argumentam os ativistas, uma vez que as pessoas têm maior probabilidade de entrar em contacto com as bactérias presentes nos dejetos humanos.
No último ano, por exemplo, 122 pessoas foram diagnosticadas com leptospirose (doença de Weil), o dobro do número de 2010. A doença, que pode causar danos hepáticos e insuficiência renal, é transmitida através de água contaminada com urina de animais infectados, geralmente ratos ou gado. A urina infectada entra na boca, nos olhos ou em um corte, geralmente durante atividades como canoagem, natação ao ar livre ou pesca. Os casos de febre tifóide, que também se espalha através de águas poluídas, aumentaram de 445 para 603.
O secretário do Meio Ambiente do Partido Trabalhista, Steve Reed, disse: “É repugnante que este governo conservador tenha feito vista grossa ao despejo ilegal de esgoto que colocou milhares de pessoas no hospital. Para piorar a situação, os consumidores enfrentam contas de água mais elevadas, enquanto os chefes da água embolsam milhões em bónus.
“Os trabalhadores colocarão as empresas de água sob medidas especiais para limpar a água. Reforçaremos a regulamentação para que os chefes da água que violam a lei enfrentem acusações criminais e daremos ao regulador novos poderes para bloquear o pagamento de quaisquer bónus até que os chefes da água tenham limpo a sua sujidade.”
A análise ocorre no momento em que os organizadores da corrida de barcos de Oxford e Cambridge emitiram novas orientações de segurança para a corrida no sábado, alertando os remadores para não entrarem na água e cobrirem quaisquer feridas abertas, depois que altos níveis de bactérias E. coli foram encontrados no curso do rio Tamisa.
Em vez da celebração tradicional em que os membros da equipa vencedora saltam frequentemente no rio, as tripulações serão incentivadas a lavar-se numa estação de limpeza dedicada no final. Alguns remadores relataram que ficaram gravemente indispostos depois que água suja entrou nas bolhas que eles tiveram ao segurar os remos.
Alastair Chisholm, diretor de políticas da Chartered Institution of Water and Environmental Management, disse: “Nossa pesquisa mostra que 86% do público deseja a reforma da água no próximo governo. A nossa crise fluvial não está apenas a afetar a saúde da natureza, mas também a adoecer as pessoas. Isso tem que mudar. Precisamos de uma reforma urgente.”
Richard Benwell, executivo-chefe da Wildlife and Countryside Link, disse: “A poluição e a perda da natureza são um desastre de saúde pública. Biliões de dólares poderiam ser economizados todos os anos para o NHS limpando rios imundos, reduzindo a poluição do ar e trazendo a natureza de volta à vida. Todas as partes devem fazer com que os grandes poluidores paguem e garantir que as empresas de água invistam na recuperação da natureza em prol da saúde pública.”
Richard Walker, empresário e ex-presidente do Surfers Against Sewage, que era um doador conservador antes de mudar em janeiro para apoiar o Trabalhismo, disse: “A maneira como os conservadores permitiram que nossas costas, rios e córregos ficassem cheios de excrementos é a metáfora perfeita pela forma como trataram o país nos últimos 14 anos. O plano trabalhista tomará as medidas duras necessárias para que os nossos serviços vitais voltem a servir o interesse público.
“Todos merecem desfrutar da nossa bela costa e dos nossos rios sem medo de adoecer porque algum gato gordo está a distribuir dividendos em vez de investir em melhorias vitais.”
Um porta-voz do governo disse: “Fomos claros que o volume de esgoto despejado em nossas águas é completamente inaceitável e as empresas de água precisam melhorar rapidamente.
“Já estamos tomando medidas duras para responsabilizá-los, incluindo a exigência de níveis recordes de investimento acelerado, garantindo uma monitorização de 100% dos transbordamentos de tempestades e uma quadruplicação das inspeções das companhias de água, e estamos atualmente consultando sobre a proibição dos chefes de água. bônus, quando ocorreram infrações criminais.
“Isso se soma às metas rigorosas em vigor para as empresas de água reduzirem os derramamentos de esgoto – ações antecipadas em águas balneares designadas para fazer a maior diferença nesses locais o mais rápido possível.”

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Organizações ambientalistas reivindicam 15 medidas urgentes pela água


Mais de 70 organizações de seis movimentos ambientalistas, de norte a sul do país, apresentaram esta quinta-feira um manifesto reivindicativo que apela aos partidos políticos para que olhem para 15 medidas consideradas urgentes para proteção dos rios e da água.

"Aquilo que se pretende é efetivamente pôr na agenda política as questões da gestão da água e do uso eficiente da água, por forma a que esse recurso, que é finito, seja bem usado e para aquilo que é efetivamente necessário", disse à Lusa Paulo Constantino, porta-voz do Movimento pelo Tejo -- proTEJO, com sede em Vila Nova da Barquinha (Santarém).

Segundo alertou o dirigente, "as práticas que se vislumbram e que têm vindo a ser propostas conduzirão ao seu esgotamento e a uma escassez contínua por um excessivo consumo".

Entre as 15 reivindicações apresentadas, a poucas semanas das eleições legislativas de 10 de março, estão, por exemplo, medidas de combate à seca, de proteção de rios e águas subterrâneas, ou contra os transvases e construção de novas barragens, açudes e dessalinizadoras.

"Não pode haver ofertas ilimitadas de água", afirmou Constantino, tendo defendido a importância de "gerir as necessidades e as disponibilidades de água em cada bacia hidrográfica, satisfazendo as necessidades humanas e as necessidades ecológicas".

'Não aos transvases entre bacias hidrográficas' é a primeira reivindicação que consta num documento que os signatários enviaram na quarta-feira aos partidos políticos com assento parlamentar na Assembleia da República e a que a Lusa teve acesso.

Na lista de 15 reivindicações apresentadas, divididas entre o sim e o não, do lado a combater, segundo os signatários, está o "não aos transvases entre bacias hidrográficas, ao desperdício de água, aos projetos sustentados num aumento do consumo de água (dessalinizadoras, barragens), à construção da dessalinizadora do Algarve, e "à proliferação de barragens e açudes".

Do lado positivo elencam o "sim à proteção das águas subterrâneas, ao cumprimento integral e urgente da legislação comunitária e nacional (Diretiva Quadro da Água, Lei da Água) e à implementação urgente das medidas previstas nos Planos de Bacia Hidrográfica (PGRH), à definição e implementação rigorosa de regimes de caudais ecológicos", e à "implementação de processos de recuperação ecológica".

Ainda do lado positivo está o "sim ao efetivo controlo físico-químico e biológico dos efluentes libertados nos meios hídricos", à redução dos valores limite de emissão dos efluentes libertados pelas estações de tratamento, à definição de políticas eficazes no sentido de regulamentar a proliferação de monoculturas, à disseminação da informação 'online' de acesso livre, a uma estratégia de desenvolvimento conduzida por planos nacionais de restauro fluvial, de eliminação de barreiras transversais, de erradicação de invasoras e de eficiência hídrica a par do "desenvolvimento de programas que de uma forma massiva combatam a iliteracia ecológica".

Os movimentos ambientalistas pedem a "introdução destas questões na campanha eleitoral", e a "observação de um discurso com pensamento estratégico que represente um projeto viável de ação coletiva e individual responsável e com sentido de justiça intergeracional".

As 15 reivindicações pelos rios e pela água são subscritas por mais de 70 organizações nacionais e locais - que incluem Organizações Não Governamentais (ONG, ONGA, associações e municípios -, bem como cidadãos a título individual que fazem parte de seis movimentos com representatividade nas principais bacias hidrográficas do país (AMORA, Mondego Vivo, #MovRioDouro, MUNDA, PAS e proTEJO).

"(...) Chegámos à situação que nos coloca no limiar da sobrevivência face à rapidez das alterações climáticas e, em particular, face à degradação da quantidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas e respetivos ecossistemas", alertam os movimentos subscritores, num documento em que pedem aos decisores políticos para se "agir prioritariamente sobre as causas como forma de combater os efeitos".
Fonte: DN

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Golfinhos da espécie burrunan sofrem os mais elevados níveis conhecidos de poluentes tóxicos


De acordo com uma nova investigação, os golfinhos em perigo de extinção nas águas ao largo de Melbourne e Gippsland apresentam as concentrações mais elevadas de produtos químicos PFAS registadas em golfinhos em todo o mundo.

O estudo conjunto realizado por cientistas da Marine Mammal Foundation, da RMIT e da Universidade de Melbourne revelou concentrações alarmantes destes produtos químicos – amplamente utilizados em embalagens de alimentos, espuma de combate a incêndios e utensílios de cozinha antiaderentes e notoriamente conhecidos como “produtos químicos eternos” por não se decomporem – nos golfinhos da espécie burrunan de Victoria, que se encontram em perigo crítico de extinção.

Foram recolhidas amostras de 38 golfinhos de várias espécies encontrados encalhados ao longo da costa de Vitória, mas foram encontradas concentrações hepáticas de PFAS especialmente elevadas nas populações de golfinhos da espécie burrunan de Port Phillip Bay e Gippsland Lakes.

As concentrações médias de alguns produtos químicos nestas populações eram mais de 10 vezes superiores ao que os cientistas acreditam causar toxicidade hepática e uma série de problemas de saúde.

Um golfinho-burrunan juvenil da Baía de Port Phillip tinha uma concentração hepática de PFAS de 19 500 nanogramas por grama – o nível mais elevado registado num golfinho a nível mundial.

A autora principal do estudo, Chantel Foord, afirmou que estes resultados são simultaneamente muito preocupantes e globalmente significativos.

“Não só encontrámos os níveis mais elevados destes tóxicos artificiais numa espécie que já está criticamente ameaçada – incluindo em recém-nascidos e juvenis – como também encontrámos um golfinho da Baía de Port Phillip com concentrações de PFAS quase 30% mais elevadas do que qualquer outro golfinho individual registado a nível mundial”, afirmou Foord, que é investigadora de doutoramento conjunta do Grupo de Investigação em Ecotoxicologia da RMIT e da Marine Mammal Foundation.

Foord adiantou que estes resultados não significam necessariamente um risco para os seres humanos nas águas vitorianas: os golfinhos ingerem peixe inteiro, incluindo o fígado, que acumula estes poluentes, enquanto nós apenas comemos tecido muscular de peixe.

As principais fontes de PFAS no ambiente aquático foram atribuídas a efluentes de fabrico, descargas de estações de tratamento de águas residuais, escoamento urbano e de aterros e espumas de combate a incêndios utilizadas em terra perto de cursos de água.

Embora exista regulamentação internacional para alguns destes produtos químicos, a Austrália ainda não ratificou na íntegra a Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes, o que permite a sua importação para utilização numa série de produtos ao longo de décadas.

A investigação inovadora, publicada na revista de topo Science of the Total Environment, realça o mistério por detrás desta poluição dos mamíferos marinhos, uma vez que não há fabrico de PFAS na Austrália.

Foord sublinhou a necessidade de identificar as fontes e de compreender o comportamento destes produtos químicos no ambiente.

“Embora fosse de esperar concentrações mais elevadas nos locais onde estes produtos químicos são fabricados, não foi isso que este estudo encontrou”, afirmou, acrescentando “portanto, se o fabrico não ocorre na Austrália, porque estamos a registar estes níveis alarmantes de PFAS?”

“Mais importante ainda, como é que vão afetar a viabilidade destas populações de golfinhos?”, questionou.

O estudo também revelou contaminantes emergentes no ambiente, indicando que os produtos químicos de substituição mais recentes já estão a ser bioacumulados através da rede alimentar até aos golfinhos.

Um golfinho criticamente ameaçado
O golfinho-burrunan foi descrito pela primeira vez como uma espécie separada em 2011 pela Diretora da Marine Mammal Foundation, Kate Robb, também coautora deste estudo. Infelizmente, já está criticamente ameaçado de extinção.

Robb disse que as duas únicas populações conhecidas – na Baía de Port Phillip e nos Lagos Gippsland – são ambas pequenas e já estão em alto risco de extinção localizada.

“Com apenas 250 indivíduos nestas populações, aumentar a nossa compreensão dos processos de ameaça é absolutamente crucial para a conservação e proteção do golfinho-burrunan, bem como para a gestão e mitigação dessas ameaças”, afirmou.

Kate Robb disse ainda que, “dados os atuais riscos de comprometimento imunitário e impactos na saúde associados à exposição a PFAS, é incrivelmente preocupante que estes golfinhos da espécie Burrunan estudados tenham o nível mais elevado de PFAS documentado em todo o mundo, especialmente devido à sua elevada vulnerabilidade e risco de extinção.”

“Este estudo realça o quão crucial é continuarmos a nossa investigação vital para garantir o futuro da espécie”, concluiu.

Saber mais:

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Pseudo Simplex Ambiental: desresponsabilizar sem desburocratizar

Minha arte digital

“A crise ecológica está a colocar em risco a civilização tal como a conhecemos. Os relatórios do IPCC e do IPBES não deixam dúvidas sobre a gravidade alarmante das alterações climáticas e da consequente perda de diversidade e que as mesmas tenderão a agravar-se nos próximos anos. Em contraciclo com a necessidade urgente de acautelar os valores ambientais, sentida à escala planetária, em Portugal, o Governo aprovou o Simplex Ambiental, um diploma legal cujo objetivo, legítimo, de simplificação dos procedimentos administrativos para obtenção de autorizações e licenças ambientais, é feito à custa de medidas que prejudicam a sua qualidade e, portanto, podem comprometer o Ambiente em Portugal.” (Continua)

Ler o Manifesto por completo aqui (versão atualizada, a versão inicial de 25 de setembro de 2023 pode ler aqui).

A subscrição continuará aberta. Caso queira subscrever, entre em contacto com a PAS: [email protected]

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

proTEJO denuncia novo foco de poluição vindo de Espanha


O movimento ambientalista proTEJO denunciou no sábado, 9 de setembro, que “a poluição de bloom de algas (cianobactérias) de extrema toxicidade e com cheiro putrefacto, com origem em Espanha, invadiu novamente o rio Tejo e já chegou a Vila Velha de Ródão”, tendo feito notar que o ministro do Ambiente “deve exigir explicações ao seu congénere espanhol”.

“O proTEJO constatou hoje [sábado], à semelhança de anos anteriores, que um novo bloom de algas (cianobactérias que podem produzir cianotoxinas prejudiciais aos seres vivos com elevada toxicidade e cheiro putrefacto proveniente de Espanha invadiu o rio Tejo em Vila Velha de Ródão estendendo-se pela albufeira do Fratel e que irá progredir contaminando todo o rio Tejo a montante da barragem do Fratel”, explica a proTEJO em comunicado enviado à nossa redação.

Este bloom de algas, segundo o Movimento pelo Tejo, com sede em Vila Nova da Barquinha, resulta de vários fatores, tendo indicado, em primeiro lugar, a “concentração elevada de nutrientes, nomeadamente fósforo, e as substâncias tóxicas depositadas no fundo das albufeiras da Extremadura espanhola, Azutan, Torrejon, Valdecañas, Alcantâra e Cedillo, ao longo de décadas de descargas de águas residuais sem adequado tratamento e das escorrências de fertilizantes agrícolas”.

Por outro, lado, aponta “a permissão à empresa Iberdrola, por parte dos governos de Portugal e Espanha, de livre gestão das descargas de caudais das suas barragens, uma vez que não se encontram implementados caudais ecológicos entre ambos os países, conduz a uma constante e contínua volatilidade do caudal do rio Tejo com alternância de ausência de caudal e de descargas significativas de água pelas barragens espanholas, que tem como única finalidade maximizar o lucro da produção de energia hidroelétrica fazendo descargas quando o preço da energia no mercado espanhol se encontra em níveis bastante elevados”.

Neste sentido, o proTEJO lembra que, “em 2021, o governo espanhol colocou um processo de investigação à empresa concessionária destas barragens, a Iberdrola, pela drástica redução de água para aproveitar o elevado preço para multiplicar a sua produção hidroelétrica, do qual nada se sabe até hoje”.

Por último, e como terceiro fator, o movimento ambientalista indica “as condições de temperatura e luminosidade elevadas, que se observam nos meses de Verão em que estas barragens armazenam pouca água em resultado do seu esvaziamento artificial pelas barragens, criam as condições propícias à proliferação deste bloom de algas que também dispõe dos nutrientes necessários”.

Neste contexto, o proTEJO considera que o ministro do Ambiente e Ação Climática “deve exigir explicações ao seu congénere espanhol, “visto que esta situação, que ocorre ano após ano, constitui um agravamento adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo em Portugal em incumprimento da Convenção de Albufeira quanto à obrigatoriedade de garantir o bom estado ecológico das massas fronteiriças e transfronteiriças e em incumprimento da Diretiva Quadro da Água que impõe o objetivo de alcançar um bom estado ecológico das massas de água”.

Além disso, o proTEJO considera que se encontram “reforçados os fundamentos para apresentar uma Queixa à Comissão Europeia contra os governos de Portugal e Espanha assente no incumprimento da Diretiva Quadro da Água por permitirem uma gestão das barragens para a produção hidroelétrica com critérios meramente economicistas de maximização do lucro que causa uma deterioração adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo e impede que se alcancem os objetivos ambientais do nº 1 do Artigo 4º da DQA ao não assegurar um “regime hidrológico consistente com o alcance dos objetivos ambientais da DQA em massas de águas superficiais naturais” como decorre do documento de orientação nº 31 “Caudais ecológicos na implementação da Diretiva Quadro da Água”.

Fonte e mais fotos: MedioTejo

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Paris quer remover 40% do asfalto para enfrentar picos de calor


O conselheiro para a Transição Ecológica do município de Paris, Dan Lert, alertou que a capital francesa vai enfrentar picos de calor de até 50 graus Celsius e terá de repensar a sua arquitetura, vegetação e remover 40% do asfalto.

Esperamos e prevemos picos de calor muito fortes e muito elevados e vagas de calor de 50 graus. O clima de Paris vai assemelhar-se ao de uma cidade como Sevilha, no sul de Espanha, nos próximos anos”, disse Dan Lert numa entrevista à agência de notícias EFE, depois de um período em que França bateu recordes históricos de temperaturas no final do verão.

Segundo o responsável, Paris está a viver uma “corrida contrarrelógio” contra a crise climática e as ondas de calor extremo são o “desafio número um” para a cidade.

Para responder ao desafio, que representa investimentos avultados, Paris planeia plantar 170.000 árvores até 2026, eliminar lugares de estacionamento e transformá-los em espaços verdes até 2030 e remover 40% do asfalto.

A ideia é passar de uma cidade que é como um radiador, que tem um efeito de ilha de calor urbana, para uma cidade que seja um oásis“, explicou Lert.

Os edifícios residenciais, em particular, terão de ser adaptados, mas a transformação levanta questões importantes sobre a preservação do património parisiense, tão intimamente ligado à estética dos edifícios.

"Temos telhados de zinco em Paris que fazem a beleza de Paris, mas num telhado de zinco estão 80 graus. E quando temos picos de calor que vão dos 40 aos 50 graus, precisamos isolar esses edifícios”, frisou Dan Lert.

Os telhados pretos, por exemplo, concentrariam menos calor se fossem pintados com cores claras, algo que já está a ser feito em alguns edifícios públicos.

As obras necessárias para melhorar o isolamento interior são por vezes travadas por autorizações de conservação do património e o conselheiro apelou para que os Arquitetos dos Edifícios de França mudem os seus procedimentos e se aceite que “a paisagem de Paris vai mudar para se proteger”.

“Uma pessoa idosa que vivesse debaixo de um telhado não isolado tinha quatro vezes mais probabilidades de morrer de calor“, ilustrou o responsável, com base em estudos sobre uma vaga de calor intenso em 2003.

Os ritmos da cidade também terão de mudar para aproveitar as horas mais frescas, acrescentou Lert.

Mais fontes, guarda-sóis e pulverizadores de água em toda a cidade serão também fundamentais e estão a ser implementados já este verão e no período que antecede o verão de 2024, que coincide com os Jogos Olímpicos.

O evento desportivo deixará também outro legado para uma cidade mais habitável em períodos de calor intenso: concretizar a promessa feita no final dos anos 80 pelo então presidente da câmara, Jacques Chirac, de poder tomar banho no rio Sena.

Até agora, não foi possível realizar as provas em águas abertas e de triatlo previstas para agosto, devido às chuvas e aos níveis de sujidade na água, mas as obras planeadas, como as cisternas para armazenar e purificar a água, tornarão esse cenário possível no próximo ano.

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Colapso da Thames Water mostra fracasso devastador dos defensores do neoliberalismo- Menos Estado


Mercado livre implica responsabilidade, equidade e acesso justo ao bem que mercantiliza. Mas não é isso que acontece. Os preços aumentam, a rentabilidade é distribuída entre os chefões e o preço não é dividido entre a população, que continua a paga-lo e é caro. Exemplos destes abundam, infelizmente. 
Vejamos a Thames Water. 
A Thames Water tem uma dívida de 14 mil milhões de libras!!! O seu diretor executivo demitiu-se. A Ofwat está a preparar-se para que o seu colapso tenha um efeito dominó noutras companhias de água, nomeadamente a Yorkshire Water, a Portsmouth Water e a SES. 
Recorde-se que todas estas empresas foram privatizadas há 40 anos, sem dívidas.
O colapso da Thames Water mostra o fracasso devastador da privatização e dos defensores do liberalismo/menos Estado.
Desde o ano 2000 até os dias de hoje, houve 1.609 reestatizações de serviços públicos ao redor do mundo, incluindo os de distribuição de água. Entre os países europeus, a Alemanha foi o que mais reestatizou com 21 empresas privadas que forneciam água, de um total de 407 desprivatizações diversas. Na recente reestatização do fornecimento de água em Setúbal, Portugal, a queda nas tarifas ficou em 20% (geral) e 60% na tarifa social.

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Limpar, dessalinizar, reciclar: há mais água a chegar aos europeus


Com o aumento da procura e as alterações climáticas, a Europa está a investir em novas formas de reaproveitar um dos recursos mais valiosos do mundo: a água.

A vida na Terra depende da água doce, um recurso sob pressão. A explosão da procura global e as alterações climáticas estão a torná-la cada vez mais preciosa. Mesmo na Europa, onde inundações e secas são cada vez mais brutais e estão a afetar a vida de milhões de pessoas.

Também corremos o risco de os químicos presentes no nosso quotidiano estarem a passar para o que bebemos e persistirem no ciclo da água.

Mas, por outro lado, a qualidade dos cursos de água está a melhorar, em geral, e o acesso à água potável é elevado, indo ao encontro da nova diretiva europeia sobre a água potável visa garantir o acesso de todos a uma água de qualidade.




O maior reservatório de água potável da Europa

O Lago de Constança, na região alemã de Baden-Württemberg, é o maior reservatório de água potável da Europa, bebida por milhões de pessoas. Orgulho da cidade, rege-se por um princípio simples: quanto menos poluída for a água, menos terá de ser limpa.

Marie Launay, uma cientista francesa radicada na Alemanha, trabalha na região, à frente de uma unidade dedicada à luta contra os micropoluentes, nocivos para os peixes, os ecossistemas e seguramente para os seres humanos.

"Estamos a usar cada vez mais químicos em casa, nos produtos domésticos. Estamos a usar mais medicamentos e também mais pesticidas. E estas substâncias, quando são persistentes, também persistem no ambiente. Por isso, é importante poder eliminá-las para preservar a qualidade da água”, afirma.

Parte da solução está nas estações de tratamento de águas residuais que tratam a água que usamos, antes de a devolver à natureza.

Várias estações deste estado federal alemão foram equipadas com um tratamento adicional, por ozono, em que os poluentes são decompostos.

A tecnologia deverá ser desenvolvida noutros locais, numa altura em que a regulamentação europeia sobre as águas residuais está a mudar e é provável que a lista de poluentes a eliminar aumente.

"Existem planos para eliminar os micropoluentes das grandes estações e das regiões sensíveis a nível da União Europeia. Está previsto que as indústrias farmacêutica e cosmética paguem o financiamento destas instalações de proteção ambiental.

Espanha aposta na rega com água do mar

Espanha, o nível das reservas de água é preocupante, sobretudo em algumas regiões como Valência, regularmente afetada pela seca.

Para fazer face a esta situação, o país criou instalações de dessalinização, que produzem água doce a partir da água do mar e são responsáveis por cerca de 9% da água doce consumida a nível interno.

Trata-se de uma tecnologia cara e que consome muita energia, mas necessária,

José Luis Zaplana, diretor da fábrica de dessalinização Cadagua, na zona industrial valenciana. explica que, por exemplo, a sua central "permite que a água do rio Jucar seja devolvida a outras populações que não dispõem deste recurso".

"Pode pensar-se que dessalinizar a água do mar é caro, mas é melhor do que não ter água", defende.

Também Mariola Dura, responsável pelas operações da companhia de saneamento Acuamed, reconhece as vantagens da tecnologia.

"Ajuda muito o motor económico, o turismo, a agricultura, neste caso a indústria. Não temos de nos preocupar tanto se chove, ou não".

Águas residuais contribuem para bebida local

Espanha é também campeã europeia na reutilização de águas residuais. Sobretudo para a agricultura, que capta muitos recursos.

Da horta, uma grande zona agrícola perto do centro da cidade de Valência, saem regularmente produtos frescos para os habitantes, por vezes regados na totalidade com águas recicladas na estação de tratamento de águas residuais.

A prática será incentivada e regulada através de novas regras europeias, que vão entrar em vigor este verão.

Mas as vantagens destas fábricas de reciclagem de água, lembra Juan Ángel Conca, diretor da Companhia Pública de Saneamento de Águas Residuais da Comunidade Valenciana (EPSAR), não se ficam apenas pela água para rega.

"Há lugares no mundo onde a água que sai das estações de tratamento de águas residuais pode ser bebida! Tudo isto, que parece uma fábrica, é uma fábrica de recursos. É uma fonte de água limpa para a agricultura, de água limpa para o ambiente, mas também de lamas, que são utilizadas para fazer fertilizantes para a agricultura. E, finalmente, uma fonte de energia, porque produzimos biogás que usamos nas nossas instalações".

A água é usada para regar diferentes frutas e legumes e em muitos casos, chufa, tubérculo típico de Valência, usado como principal ingrediente da orchata, a bebida local.

Enrique Aguilar é agricultor e lembra-se de como, no início, as águas tratadas deixavam os produtores de pé atrás. “No início, os agricultores tinham dúvidas. Mas já usamos esta água há mais de 25 anos e o resultado é muito positivo.

E será que com água reciclada a chufa sabe ao mesmo? Enrique não hesita na resposta: “Água é água. Ela tem todas as qualidades necessárias. Regamos com água reciclada há muitos anos e nunca ninguém notou nada".

sábado, 4 de março de 2023

Os minúsculos seres que sequestram algas


O acoel (Symsagittifera roscoffensis), um ser vivo minúsculo, agrega-se em acumulações maciças parecendo algas marinhas (aqui fotografadas na frente atlântica de Almada). Os corpos espalmados são transparentes, mas, no interior, vivem algas Tetraselmis, que contêm clorofila e são capazes de realizar a fotossíntese. “Migram para as camadas mais profundas do sedimento durante a noite e voltam à superfície quando aparece a luz do dia”, explica Marco Rubal García, biólogo do Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto.

Os cloroplastos das microalgas dão a cor verde ao organismo de 2 a 4mm. As algas Tetraselmis convolutae podem atravessar vários ciclos de vida nos corpos destas criaturas, absorvendo a luz solar através da pele clara, fotossintetizando alimentos e produzindo oxigénio. Por sua vez, beneficiam de protecção, ambiente estável e alimento, pois reciclam os resíduos do hospedeiro e o dióxido de carbono do indivíduo.

Após investigação na zona de Olhos de Água, um artigo da engenheira biológica Liliana Carvalho e colegas do Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Algarve, publicado em Marine Pollution Bulletin, conclui que o acoel mostra um grande potencial como sequestrador natural de nitratos produzidos pela actividade humana, desempenhando assim um papel importante na “reciclagem” natural nas zonas de fronteira entre mar e terra, com a vantagem de não ter efeitos tóxicos associados.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

AAE do Plano de Gestão da Região Hidrográfica das Ribeiras do Algarve está em consulta pública


A Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) dos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) e dos Riscos de Inundações (PGRI) da Região Hidrográfica das Ribeiras do Algarve está a ser alvo de discussão pública desde ontem, 2 de Fevereiro, e até dia 15 de Março.

Os Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) e os Planos de Gestão dos Riscos de Inundações (PGRI) estão sujeitos ao processo de AAE, uma vez que se enquadram no setor da gestão das águas.

A participação dos interessados nesta fase de discussão pública de ambos os planos pode ser feita através do portal Participa.pt, clicando aqui. É neste local que está disponível toda a documentação que permitirá fazer a avaliação.

O PGRH das Ribeiras do Algarve (RH8) para o período 2022-2027 (3º ciclo de planeamento), define as medidas necessárias para se alcançarem os objetivos ambientais, ou seja, atingir o bom estado ou o bom potencial das massas de água.

O Resumo Não-Técnico esclarece que o PGRI das Ribeiras do Algarve para o período 2012-2027 (2º ciclo de planeamento) «foi desenvolvido em estreita articulação com o PGRH e, atento ao expresso na Diretiva Inundações, procedeu à identificação das zonas críticas, à elaboração das respetivas cartas das zonas de inundação e de risco de inundação e as respetivas medidas de prevenção, preparação, proteção e recuperação em relação aos efeitos das inundações».

A Região Hidrográfica das Ribeiras do Algarve – RH8 tem uma área total de 5 511 quilómetros quadrados (km2) , integra as bacias hidrográficas das ribeiras do Algarve incluindo as respetivas águas subterrâneas e águas costeiras adjacentes.

A RH8 engloba total ou parcialmente 18 concelhos, sendo que 10 estão totalmente englobados na RH e 8 estão parcialmente abrangidos.

Os concelhos totalmente abrangidos são Albufeira, Aljezur, Faro, Lagoa, Lagos, Monchique, Olhão, Portimão, Silves, Vila do Bispo, enquanto os parcialmente abrangidos são Almodôvar, Odemira, Ourique, Castro Marim, Loulé, S. Brás de Alportel, Tavira e Vila Real Santo António.


Os principais cursos de água da região hidrográfica nascem nas serras de Monchique e Espinhaço de Cão, a Ocidente, e na do Caldeirão no setor Nordeste, sendo o mais importante o rio Arade.

Os documentos em discussão assinalam que «a maioria dos cursos de água possui um regime torrencial com caudais nulos ou muito reduzidos durante uma parte do ano, correspondente ao período de estiagem».

O rio Arade, com nascentes na Serra do Caldeirão, alinha-se no contacto entre a serra xistenta e o barrocal calcário na região de Silves.

A ribeira de Algibre abrange, praticamente em toda a sua extensão formações calcárias, segue a direção leste-oeste, aproveitando o alinhamento da falha de Alportel, escoando para oeste até à confluência com a ribeira de Quarteira.

A ribeira de Alportel, à semelhança da ribeira de Algibre, apresenta um trecho extenso alinhado na direção oeste-leste.

A ribeira de Odelouca, que nasce na Serra do Caldeirão, após um trecho inicial com orientação leste-oeste, com vertentes vigorosas talhadas na superfície xistenta, inflete para sudoeste para contornar a Serra de Monchique e no trecho final escoa para sul em direção ao estuário do rio Arade.

Cerca de 15 quilómetros antes da confluência com o rio Arade, o vale alarga consideravelmente, embora mantenha as vertentes de declive acentuado. Esta ribeira atravessa, na maior parte da sua extensão, formações xistentas.



No que diz respeito ao Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Ribeiras do Algarve, neste 3º ciclo foi feita a atualização da caraterização da RH8, nomeadamente ao nível da delimitação das massas de água (superficiais e subterrâneas), zonas protegidas, pressões significativas, avaliação do estado das massas de água, disponibilidades e necessidades de água.

Foram identificadas 81 massas de água superficiais (das quais 72 são naturais, 8 são fortemente modificadas e 2 artificiais) e 25 massas de água subterrâneas.
As principais pressões, como se pode ver na tabela seguinte, estão as 57 rejeições de ETAR urbanas, das quais 63% resultam de tratamento mais avançado secundário. Ou seja, 43% ainda não têm este tipo de tratamento.

Há ainda as águas rejeitadas pela produção e culturas de produtos hortícolas no Sotavento algarvio, que representa 87% da carga total das rejeições pela indústria alimentar.

Segundo os dados do Plano, a situação é mais significativa na a sub-bacia do Sotavento, que «é a mais pressionada [em todo o Algarve] pelas rejeições da indústria alimentar e do vinho, com 97% da carga total rejeitada».

Quanto aos impactos do Turismo e das atividades a ele ligadas, a «sub-bacia do Barlavento é a mais pressionada», já que o setor das atividades desportivas, de diversão e recreativas, que inclui parques aquáticos e temáticos e autódromo, contribui com 72% da carga total rejeitada pelos empreendimentos turísticos.

Em termos de água captada para vários fins na Bacia das Ribeiras do Algarve, «67% do volume captado é para a agricultura e 22% para o abastecimento público».


A bacia sobre ainda muitas «pressões hidromorfológicas», que passam pela «implantação de obstáculos, alteração do regime hidrológico e modificações nas caraterísticas físicas das massas de água superficiais», em resultado da existência de «2712 barragens e açudes, das quais 9 são grandes barragens (altura > 15m); 9 alterações do leito e margens (8 regularizações e 1 canalização); 3 dragagens e 1 alimentação artificial de praia; 43 intervenções costeiras (das quais se destacam 14 esporões, 14 molhes, 7 pontões e 1 quebramar); 27 estruturas de apoio à navegação em águas de transição e costeiras; 357 pontes e 27 viadutos; 109 diques e 165 comportas; 10 entubamentos; 3 instalações portuárias».

No que diz respeito às pressões biológicas, os documentos identificam 50 espécies exóticas, das quais 42 são invasoras. A sua maioria pode ser encontrada nas águas interiores (37 espécies exóticas, todas invasoras), destacando-se a presença da cana, do lagostim-vermelho-da-Luisiana, da perca-sol e da gambúsia.

Quanto ao estado das massas de água superficial existentes nesta RH, constata-se que cerca de 62% apresentam um estado global Bom e Superior e cerca de 38% apresentam um estado global Inferior a Bom.

No que concerne aos rios, 61% deles são classificados com estado global Bom e Superior. As albufeiras, por seu lado, apresentam, na sua totalidade, estado global Bom e Superior.


Mais preocupante é que 62,5% das massas de água subterrânea (aquíferos) apresentam um estado global Medíocre, como se pode ver na figura acima. Os aquíferos da chamada Campina de Faro e Querença-Silves estão bastante afetados.

Quem quiser analisar os documentos e participar nesta Avaliação Ambiental Estratégica dos Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH) e dos Riscos de Inundações (PGRI) da Região Hidrográfica das Ribeiras do Algarve, pode clicar aqui para aceder ao portal Participa.pt.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Afinal, qual é a taxa real de reciclagem?




Ao consultar os dados da APA sobre a taxa de reciclagem de resíduos urbanos relativa a 2021 uma dúvida salta logo à vista: em Portugal Continental reciclámos 21% ou 33%?

É que no gráfico de colunas que inicialmente é apresentado, existe a indicação de que em Portugal Continental foram reciclados 14% dos resíduos urbanos através de reciclagem multimaterial e 7% através de compostagem ou digestão anaeróbia, o que perfaz um total de 21% de reciclagem.

No entanto, numa tabela mais abaixo é referido que essa taxa foi de 33% e é esse o número que é apresentado como oficial pela APA.

Mas afinal, em que ficamos?

A razão desta grande incoerência de dados reside no facto de para os 21% a APA ter apenas contabilizado os resíduos que foram efetivamente reciclados, enquanto que o número dos 33% surge na sequência da fórmula de cálculo utilizada no PERSU de 2015 que considerava que todos os resíduos biodegradáveis (biorresíduos e papel/cartão) que passassem na báscula das unidades de Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) eram automaticamente considerados como reciclados através de valorização orgânica.

Isto, independentemente desses resíduos serem ou não efetivamente tratados por processos biológicos e desse tratamento ter resultado um composto que tenha sido utilizado para melhoramento dos solos.

Ou seja, para além dos 7% dos resíduos urbanos que foram efetivamente reciclados através da valorização orgânica, a APA está a contabilizar como reciclados mais 12% dos resíduos urbanos, cerca de 600 mil toneladas de resíduos biodegradáveis, que passaram nas básculas dos TMB, mas cujo destino final foi o aterro, tendo por isso pago a respetiva TGR.

Para a APA é sol na eira e chuva no nabal: os mesmos resíduos servem para aumentar a taxa de reciclagem e as receitas da TGR.

E esta contabilização é ilegal, uma vez que de acordo com o ponto 6 do Artigo 2.º da Decisão da Comissão de 18 de novembro de 2011 que estabelece regras e métodos de cálculo para verificar o cumprimento dos objectivos estabelecidos no artigo 11.º , n.º 2, da Directiva 2008/98/CE do Parlamento Europeu e do Conselho:

”No caso em que o cálculo dos objectivos se aplica à digestão aeróbia ou anaeróbia de resíduos biodegradáveis, os que são submetidos a tratamento aeróbio ou anaeróbio podem contar como resíduos reciclados se o tratamento gerar compostos ou lamas e lodos de digestores que, após qualquer tratamento adicional eventualmente necessário, sejam utilizados como produto, material ou substância reciclados para tratamento do solo em benefício da agricultura ou para melhorar o ambiente.”

É pois de lamentar que a APA e o Ministério do Ambiente insistam nesta contabilidade criativa, tentando aumentar artificialmente as taxas de reciclagem em vez de reconhecerem os males de que padece o nosso sistema de gestão de resíduos urbanos e procurar as respetivas soluções.

É pena também que a Comissão Europeia feche os olhos ao incumprimento das próprias leis por si publicadas, passando para os responsáveis governamentais dos diversos países um claro sinal de que a legislação europeia não é efetivamente para cumprir.

E o resultado é o que se vê, nomeadamente em países como o nosso, onde já ninguém acredita que as metas ambientais são para cumprir, sucedendo-se os diversos responsáveis pela pasta do ambiente sem qualquer interesse em alterar este estado de coisas, enquanto que na APA se mantêm sempre as mesmas pessoas e cuja função principal parece ser a de fornecer aos governantes as tais contabilidades criativas para minimizar o péssimo desempenho do nosso país na área dos resíduos urbanos.

Como nota final, dizer que se Portugal Continental reciclou 33% dos RU em 2021, enviou para aterro 56%, valorizou energeticamente 19% e enviou para outras valorizações 2%, então a soma de todos estes destinos finais dá 110% e alguém terá de voltar à escola primária.
[Relatório Anual de Resíduos Urbanos em 2021, da APA  aqui]

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

David Boyd, UN Special Rapporteur on human rights and the environment, talks about water access


The human rights to water and sanitation (2010), and the human right to a clean and healthy environment (2021) are the two youngest human rights! To mark the 75th anniversary of the Universal Declaration of Human Rights, SWA (Sanitation and Water for All) sat down with David Boyd, UN Special Rapporteur on human rights and the environment to discuss the importance of safe access to water and sanitation, and the obligations of governments to find the human, financial and institutional resources necessary to fulfill their human rights obligations and deliver those fundamental services to their people. 
0:04 Introduction of David R. Boyd, UN Special Rapporteur on human rights and the environment 
0:13 Twelve years ago, water and sanitation were recognized as human rights. This year, the UN recognized a healthy environment as a human right. Why was it so important to have these rights formally recognized? 
01:58 What current environmental challenges or climate change impacts are linked to water and/or sanitation? 
02:51 What are some examples of current environmental injustices – particularly those related to water and sanitation? How do they disproportionately affect vulnerable and marginalized groups? 
04:42 How is global water use changing and what impact does this have on the environment? How does the global water crisis highlight inequalities? 
06:00 What human rights obligations do States have? How can civil society, the private sector, and other groups help governments to uphold them? 
07:28 What solutions do we have to ensure a healthy environment and deliver water and sanitation?

sábado, 19 de novembro de 2022

José Eduardo Martins: “O principal obstáculo à economia circular é o conforto”

O advogado, especialista em questões ecológicas e ex-secretário de Estado do Ambiente, fala da natureza humana e da forma como as sociedades estão organizadas para explicar o aparente fracasso da economia circular e das políticas ambientais

José Eduardo Martins, advogado e ex-secretário de Estado do Ambiente, começa por lamentar que andemos “há décadas a falar do mesmo”, aludindo ao facto de ter sido secretário de estado do ambiente do Governo de Durão Barroso, nos idos 2002, e de já na altura os seus interlocutores serem os que agora avista na plateia do auditório da Nova SBE, em Carcavelos. Trouxe às ESG Talks, – uma iniciativa do Novo Banco, em parceria com a PwC, a NOVA SBE, a EXAME e a VISÃO -, as inquietações e provocações de quem trabalha na área há mais de vinte anos e conhece bem o sistema por dentro, numa short talk que agitou a sala.

Neste momento, não tem dúvidas: “O principal obstáculo à economia circular é a natureza humana e a forma como se organizam as sociedades. Estamos todos habituados ao conforto.” Mais à frente há de acrescentar que os políticos “não nasceram propriamente para dizer às pessoas que há conforto a mais.”

Apesar de ter 53 anos, o advogado lembrou que, nos tempos em que havia mais pobreza, as pessoas poupavam mais, reutilizando. Ele, por exemplo, ia à mercearia comprar manteiga e ela era vendida a granel e levada para casa em papel pardo. “Hoje só está tudo a poupar energia porque não há.”


No seu tom característico, José Eduardo Martins notou que agora as coisas estão mesmo a acontecer, pondo em causa a espécie humana. “Começou a ser demasiado sério e impactante.” E virou-se para a China: “Nesse país, onde não há ativismo, as emissões de CO2 são três vezes superiores às da União Europeia e isso afeta o planeta da mesma forma.”

Há 10 anos, acredita, a conferência em que hoje participa teria sido igual. “Não estamos a encarar os desafios. Ficamos a meio caminho entre as palavras e as ações. Podemos fazer melhor: Diversificar. Chegar a mais sítios.” Criticou a opacidade do mundo da reciclagem, os monopólios instalados e defendeu a entrada de novos players no mercado.

José Eduardo Martins acredita na economia circular em alguns setores, com a energia à cabeça, relembrando a reutilização de resíduos, já várias vezes mencionada durante a manhã de conferência. E sugeriu que se estimule cada vez mais as comunidades de energia, de proximidade, sem se utilizar as linhas da REN. São algumas soluções que propõe nesta “guerra pela sobrevivência”.

Para saber mais

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

MovRioDouro acusa: efluentes vinícolas não tratados poluem gravemente



Em 2021, foram despejadas para o Douro 60 a 180 “piscinas olímpicas” de efluentes vinícolas não tratados o MovRioDouro apela a compromisso político no combate aos efluentes vinícolas não tratados e recorda estudo da UTAD que alerta para os problemas da poluição provocados pela indústria vitivinícola

De acordo com estudo, em termos de carga orgânica, os efluentes provenientes das adegas são 10 a 100 vezes mais poluentes que os efluentes urbanos.

Movimento estima que, só em 2021, foram produzidos entre 1,5 a 4,5 milhões de hectolitros de efluentes (o equivalente a 60 a 180 piscinas olímpicas)

O MovRioDouro, movimento de cidadania em defesa dos rios da Bacia Hidrográfica do Douro, quer um compromisso político no combate aos efluentes vinícolas não tratados. Um estudo, elaborado por um investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e divulgado agora pelo movimento, dos problemas de eutrofização causados pela indústria do vinho nos rios da bacia hidrográfica.

No final de 2021, arrancaram as comemorações dos 20 anos da classificação do Douro Património Mundial da UNESCO, uma região rica do ponto de vista cultural, económico, social e, também, gastronómico.

Segundo o Instituto da Vinha e do Vinho para 2021/2022 estima-se que a produção de vinho na Região do Douro alcance os 1,5 milhões de hectolitros de vinho. A região do Douro e Porto terá sido a que registou o maior acréscimo da produção de vinho – um crescimento de 20%.

Um estudo levado a cabo por António Pirra, investigador da UTAD, e divulgado agora pelo MovRioDouro, dá a conhecer alguns dos impactos que esta indústria tem no Douro e seus afluentes. De acordo com o estudo “As adegas e o ambiente: Gestão e tratamento da água na Região Demarcada do Douro”, os efluentes vinícolas são altamente poluentes (cerca de 10 a 100 vezes mais poluentes que os efluentes urbanos, em termos de carga orgânica). No Douro, uma adega produz, em média, cerca de um a três litros de efluentes por cada litro de vinho produzido. Significa, portanto, que, no ano passado, foram produzidos entre 1,5 a 4,5 milhões de hectolitros de efluentes provenientes desta indústria.

sábado, 8 de outubro de 2022

Green Dune - fotobiorreactores


Do meu amigo Nuno Gomes
Hoje é um dia feliz para mim: foi submetida a minha primeira patente mundial e também foi aceite o artigo sobre o projecto GREEN TREAT, coordenado pelo CCMAR (Universidade do Algarve), no qual participámos com os nossos fotobiorreactores GREEN DUNE, numa revista de referência do universo Elsevier.
Mas a saga começou há 22 anos e na altura o motivo era o de reciclar água em aquários para manter o circuito o mais fechado possível.
O princípio é simples: quando há nutrientes na água as microalgas proliferam. Por vezes, crescem tanto que abafam tudo e ao morrerem consomem oxigénio que pode matar peixes e outra fauna aquática. É o fenómeno de eutrofização. Assim, o que os fotobiorreactores fazem é uma eutrofização controlada em nosso proveito, removendo nutrientes da água. Se a biomassa algal for regularmente removida não teremos o efeito pernicioso do seu apodrecimento.
Consegui com isso ter um recife de coral saudável e em pleno crescimento durante mais de um ano sem mudar água.
Na altura não se falava de escassez de água e hoje parece ser a ordem do dia. Em 2006 fazíamos a nossa primeira experiência em águas residuais, na ETAR de Rio Tinto, Gondomar. Conseguimos baixar alguns nutrientes, como o azoto e o fósforo, mas nada por aí além. Depois veio a aplicação do conceito aos lixiviados de aterros sanitários, com uma experiência na LIPOR, onde os fotobiorreactores iluminados nos trouxeram notícias de macumbas e de assentamentos extraterrestres, propagadas por vizinhos assustados. E outras experiências falhadas com reactores de leito fixo. E a maior experiência até hoje, no Hospital Pedro Hispano, onde removemos mais de 99% dos fármacos na água, incluindo antibióticos.
Todas essas experiências com reactores tubulares e leitos fixos nos ajudaram a perceber que o conceito era aplicável na reciclagem das águas residuais, mas deparámo-nos com os elevados custos e baixa produtividade do sistema. Resumindo, se quiséssemos aplicar este sistema numa ETAR ficaria incomportavelmente caro e ocuparia muita área. Daí a razão dos sistemas de microalgas ainda não passarem de pequenas produções de biomassa e nunca terem atingido o Santo Graal da captura de CO2, produção de biocombustíveis ou tratamento de águas.
Por isso, mudámos de rumo e inventámos o Green Dune. É basicamente uma caixa transparente mas os segredos não os direi aqui. Importa saber que é o Ikea dos fotobiorreactores, passe a publicidade, e virá com instruções de faça você mesmo. Uma primeira experiência na Quinta do Lago, a tal que deu origem ao artigo, permitiu concluir que é possível tratar águas residuais e reciclá-las. Agora, há novos projectos em andamento, alguns deles internacionais. Isto na BLUEMATER, a empresa que me acompanha desde há 15 anos e que foi fundada para esta e outras invenções.
De resto, sinto que subi uma montanha muito íngreme e preciso de descansar, que este país não é para inventores!

quinta-feira, 9 de junho de 2022

Eu sonho com rios vivos



Eu sonho com rios vivos. Rios livres, onde peixes migram ao ritmo das estações. Rios com plantas de todos os tamanhos, feitios e de imensas cores. Rios com a bela e elegante lontra e com o rechonchudo castor. Os rios em Portugal já não são rios, imaginemos o futuro.

Para restaurar rios, ribeiras e pântanos precisamos do roedor engenheiro, o castor. Ao construírem barragens e canais, este engenhoso animal suaviza os riachos, minimiza os picos de cheia e armazena água, diminuindo o período de seca. Ao transformar um ribeiro monótono numa zona húmida diversa, cria habitat para insectos, anfíbios, aves e mamíferos. Ao aumentar as zonas alagadas, cria corta fogos naturais na paisagem e evita custos na gestão de zonas húmidas. É um animal adaptável, que podia existir desde as terras quentes do Alentejo às zonas frescas e húmidas do Minho.

Os peixes que vivem nos rios são a categoria de animais mais ameaçados de Portugal. O calmo gigante esturjão precisa de rios livres, uma grande variedade de habitats para completar o seu ciclo de vida e um compromisso longo para a conservação e restauro da natureza. Ao recuperar populações de esturjão, muitos outros peixes teriam condições para prosperar, como o salmão que migra entre o rio e o mar, ou o barbo que migra entre ribeiras e riachos, entre outros, como o sável, o saramugo, a boga ou a truta. As migrações de peixes transportam nutrientes ao longo de várias distâncias, dão vida à paisagem com abundâncias sazonais e, restauram dinâmicas antigas.

Entre esta quinta-feira, 19, e sábado, 21 de Maio, acontece a Conferência Europeia de Remoção de Barragens, em Lisboa.

As plantas aquáticas são uma das categorias de flora mais ameaçada do país. Nenúfares brancos e amarelos, ranúnculos com belas flores, trevos de quatro folhas aquáticos, entre muitas outras espécies. Filtram poluição e excesso de nutrientes, são alimento para muitas espécies e espelham a riqueza e diversidade do mundo natural.

A remoção de barreiras grandes e pequenas nos rios e ribeiros restaura funções que o ecossistema precisa para estar em harmonia, ajuda a restabelecer aquíferos, a renovar solos e a restaurar praias e zonas costeiras com novos sedimentos, o que minimiza a erosão e mitiga o efeito do aumento do nível do mar. Por esta razão, a União Europeia lançou o desafio de criar 25 mil quilómetros de rios livres até 2030.

Mas não é só remover barragens (obsoletas e excessivas), não é só reintroduzir o castor, não é só poluir menos, não é só reforçar populações de peixes, não é só diminuir o nosso uso de água, não é só proteger ou reintroduzir uma espécie de planta. São todas as medidas juntas, não há uma solução mágica, há vários passos na direcção certa. O castor cria oportunidades novas para as plantas ameaçadas e cria zonas abrigadas para os peixes se desenvolverem. As plantas aquáticas são uma fonte de alimento para o castor e outros herbívoros, melhoram a qualidade da água, filtrando poluição e excesso de nutrientes, e criam novas oportunidades para a vida selvagem. Peixes dão vida à paisagem. Rios livres dão espaço à natureza.

É preciso repensar a nossa relação com os rios e ribeiros. Se os recursos são finitos, então é preciso partilhar, partilhar recursos entre pessoas, e partilhar entre pessoas e a natureza. Até criar direitos para os rios, linhas de água são uma entidade em si e não apenas um recurso a explorar pelo ser humano.

Eu sonho com rios com lontras e libelinhas, rios que oscilam entre caudais bravos e tempestuosos e caudais calmos e mansos ao sabor das estações, rios onde salmões, trutas e bogas migram, rios com zonas húmidas com árvores centenárias e aves belas, como a cegonha-preta e o pequeno guarda-rios. Rios com castores, esturjões e belos nenúfares.

Eu sonho com rios que dão vida, eu sonho com rios vivos.

Fonte: Público

terça-feira, 24 de maio de 2022

Países da OCDE avançam lentamente em metas de desenvolvimento sustentável até 2030



Despite progress made since the adoption of the 2030 Agenda for Sustainable Development and its 17 Goals (SDGs), OECD countries have met or are close to meeting only a quarter of the targets for which performance can be gauged, according to a new OECD report.

Virtually all OECD countries are already securing basic economic needs and implementing the policy tools and frameworks mentioned in the 2030 Agenda. But progress towards 21 targets on issues such as ensuring no one is left behind, restoring trust in institutions and limiting pressures on the natural environment are still way off track.

The Short and Winding Road to 2030: Measuring Distance to the SDG Targets says that while OECD countries have eradicated extreme poverty, most of them need to do more to reduce deprivation more broadly. Women, young adults and migrants face greater challenges than the rest of the population, and despite some progress, women’s rights and opportunities are still limited in both private and public spheres. In addition, unhealthy behaviours such as malnutrition and tobacco consumption, which appear to be more common among low socio-economic groups, and disparities in education from early years of life, tend to exacerbate inequalities.

Adopted by world leaders in 2015, the 2030 Agenda calls on all countries to build a better and more sustainable future by focussing on a number of targets grouped under the 17 Sustainable Development Goals. The SDGs themselves are clustered into five broad themes – People, Planet, Prosperity, Peace and Partnerships. For instance, SDGs under the ‘People’ theme aim at eradicating poverty (Goal 1) and hunger (Goal 2), at ensuring that all human beings can fulfil their potential, in particular in terms of health (Goal 3) and education (Goal 4), and without being penalised because of their gender (Goal 5).

The report uses UN and OECD data to assess the performance of OECD countries by looking at their current achievements, whether they have been moving towards or away from the targets, and how likely they are to meet their commitments by 2030. The report also considers how progress may be affected by the COVID-19 pandemic.

The report finds that while most OECD countries are close to eradicating severe hunger, few of them will be able to fully prevent social exclusion or reduce malnutrition by 2030. On average, around one in eight OECD residents are considered as income poor, and unhealthy diets and sedentary lifestyles have led to rising obesity rates in all OECD countries – with an average of 60% of adults being overweight or obese.

The report also confirms that environmental pressures are rising. Progress was made on many fronts including energy intensity, water use and municipal waste management. While some of these positive developments are attributable to policy action and technical progress, the displacement of resource- and pollution-intensive production abroad also explains some of this progress. The use of material resources to support economic growth remains high, and many valuable materials continue to be disposed of as waste.

On the climate front, despite progress achieved in decoupling greenhouse gas emissions from population and GDP growth, total emissions are hardly decreasing, and all OECD countries are continuing to support the production and consumption of fossil fuels. As for biodiversity, despite some encouraging developments in protecting ecosystems, threats to terrestrial and marine biodiversity have been rising. Without more determined action, biodiversity loss will continue.

The report nevertheless identifies a number of other areas where the distance that still remains to meet SDG targets is negligible or small. OECD countries are able to provide everyone with access to some basic amenities, including sanitation, fresh water and energy. OECD countries have also been able to reduce maternal and infant mortality, to afford access to early childhood education, to provide modern education facilities and a legal identity to all citizens.

Presenting the report today, OECD Deputy Secretary-General Jeff Schlagenhauf said: “The SDGs are our promise and our responsibility to future generations. While this report shows that some targets are far from being achieved, the momentum for international action is strong. Opportunities to advance on the agenda are many and should not be wasted given the short time left. To seize these opportunities, we need a rigorous understanding of where countries stand, how quickly they are advancing towards their goals and what should be the priorities for action.”

The 2030 Agenda is global by essence and calls on developed countries to implement fully their official development assistance commitments beyond their borders. However, total official assistance provided by the donor countries of the Development Assistance Committee remains less than half of the intended target of 0.7 per cent of gross national income.

The report also aims at setting out the future statistical agenda on SDGs. Despite progress on measurement, there are still many blind spots. Although data are currently available for almost 70% of the objectives in the Planet category, for instance, only one in three of the targets can be monitored effectively due to limited availability of robust time-series.

The OECD says that the recovery packages deployed by most OECD governments in response to the COVID-19 crisis provide an opportunity to quicken the pace of progress towards meeting the SDGs.

The full report is available here.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Cerveja artesanal produzida a partir de água de esgotos vence prémio internacional

A cerveja artesanal VIRA, produzida com água de esgotos, venceu o “Water Reuse Europe 2021 Innovation Prize”.

                              


Por VALTER LEANDRO - EDITOR  
Sim, é verdade! Leste bem. A cerveja leva água no seu processo de fabrico. 

Criado pela Tejo Atlântico, o projeto VIRA quer mostrar como se podem mudar mentalidades e atitudes no que respeita à reutilização da água.

E a prova disso aconteceu com entrega do prémio “Water Reuse Europe 2021 Innovation Prize” à cerveja artesanal VIRA.

Vamos conhecer um pouco mais sobre esta cerveja artesanal, e toda a tecnologia envolvida.
A cerveja VIRA

A VIRA é uma cerveja artesanal fabricada a partir de água+, ou seja, água reciclada, ou seja, água de esgotos.

Mas calma! Ninguém vai ficar mal disposto por beber esta cerveja, já que o processo do seu fabrico é realizado através de um tratamento complementar de ozonização e osmose inversa. Ou seja, é 100% segura!

Como sabes, nunca foi tão importante como nos dias de hoje fazer de tudo para enfrentar as alterações climáticas, e aquilo que isso implica no setor da água: as secas e as inundações.

É aqui que entram as Fábricas da Água, o futuro deste setor, que pretendem reciclar e produzir aquilo a que se chama de água+.

Esta “nova” água é produzida com objetivos próprios, com a quantidade adequada para cada uma das finalidades, como é o caso da produção desta cerveja artesanal.

Foi com este pensamento que a Águas do Tejo Atlântico, a “Moinhos Água e Ambiente” (responsável pelo tratamento complementar da água+) e a “Cerlynx” (produtora artesanal da cerveja Lince), produziram uma cerveja com água de esgotos reciclada, fabricada a partir de água+, a VIRA, que pretende mudar os nossos hábitos e costumes.

O projeto

O caráter inovador desta iniciativa de comunicação tem como objetivo angariar fãs e apoiar decisores na implementação de boas práticas ambientais, na utilização racional da água e no seu aproveitamento depois do tratamento para reutilização com aptidão para rega de espaços verdes, lavagem de ruas e na indústria.

Este prémio veio confirmar a aposta estratégica da Tejo Atlântico no conceito das Fábricas de Água e na reutilização da água, no âmbito da economia circular e da sustentabilidade.

Neste vídeo vais poder visualizar todo o processo de criação da cerveja VIRA, desde a recolha e reciclagem da água dos esgotos, ao engarrafamento das cervejas, e, no fim, até chegar ao consumidor final.



Fonte: aqui