sexta-feira, 30 de junho de 2023

Proxima Centauri b


Proxima Centauri b é um exoplaneta da zona habitável da estrela anã vermelha Proxima Centauri.
Só fica a uma distância de 4,2 anos luz (ou seja cerca de 40 triliões de km). Seria preciso viajar 4,2 anos à velocidade da luz (300.000 km/s) para lá chegar. Com o mais rápido engenho espacial construído actualmente, é uma viagem de 80.000 anos.

Logo neste momento não temos para onde fugir, não há planeta B

Casa, só temos uma, a Terra... Vamos tratá-la com ternura e respeito. Obrigado.

Oligarca russo na Suíça atingido por sanções dos EUA


Viktor Vekselberg (na foto), acionista maioritário da UC Rusal, a maior empresa de alumínio do país, perdeu mais de 60% de seus ativos desde o início da guerra, segundo o Visual Capitalist. Estima-se que o magnata teria deixado pelo caminho cerca de 11,3 biliões de dólares (em escala americana), desde o início da guerra na Ucrânia, que, curiosamente, é o território onde nasceu.

O iate chamado "Tango" de propriedade do bilionário russo Viktor Vekselberg, que foi sancionado pelos EUA em 11 de março de 2022, é visto no Palma de Mallorca Yacht Club, Mallorca, Espanha

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Colapso da Thames Water mostra fracasso devastador dos defensores do neoliberalismo- Menos Estado


Mercado livre implica responsabilidade, equidade e acesso justo ao bem que mercantiliza. Mas não é isso que acontece. Os preços aumentam, a rentabilidade é distribuída entre os chefões e o preço não é dividido entre a população, que continua a paga-lo e é caro. Exemplos destes abundam, infelizmente. 
Vejamos a Thames Water. 
A Thames Water tem uma dívida de 14 mil milhões de libras!!! O seu diretor executivo demitiu-se. A Ofwat está a preparar-se para que o seu colapso tenha um efeito dominó noutras companhias de água, nomeadamente a Yorkshire Water, a Portsmouth Water e a SES. 
Recorde-se que todas estas empresas foram privatizadas há 40 anos, sem dívidas.
O colapso da Thames Water mostra o fracasso devastador da privatização e dos defensores do liberalismo/menos Estado.
Desde o ano 2000 até os dias de hoje, houve 1.609 reestatizações de serviços públicos ao redor do mundo, incluindo os de distribuição de água. Entre os países europeus, a Alemanha foi o que mais reestatizou com 21 empresas privadas que forneciam água, de um total de 407 desprivatizações diversas. Na recente reestatização do fornecimento de água em Setúbal, Portugal, a queda nas tarifas ficou em 20% (geral) e 60% na tarifa social.

Documentário - Vida em Extinção

Fonte: Wired


Em "Vida em Extinção", uma equipa de artistas e ativistas expõe o mundo oculto da extinção com imagens inéditas que podem mudar a forma como vemos o planeta. Dois mundos impulsionam a extinção em todo o planeta - e podem provocar a perda de metade das espécies conhecidas. O primeiro é o comércio internacional de animais selvagens, que cria mercados clandestinos às custas de criaturas que sobrevivem neste planeta há milhões de anos. O segundo está à nossa volta, oculto bem diante de nós — um mundo que as empresas de gás e petróleo não querem que a população veja. Usando táticas secretas e tecnologia de ponta, a equipa de Vida em Extinção expõe esses dois mundos numa tentativa de inspirar a preservação da vida na Terra. Dos mesmos criadores do premiado "A Enseada" (2009), vencedor do Oscar de Melhor Documentário.

Mais detalhes aqui

quinta-feira, 29 de junho de 2023

Porque saltam os golfinhos?

Tejo. Lisboa

Se nada é por acaso, acha que os Golfinhos saltam só porque sim? Leia a descrição e descubra o porquê!
- Os saltos ajudam a caçar: seja para avistar cardumes ou como manobra de distração numa emboscada; 
- Para respirar: os golfinhos são mamíferos, têm pulmões e precisam de vir à superfície para respirar pelo espiráculo;
- Como forma de comunicação: os golfinhos são animais gregários e ao saltarem indicam o caminho ao bando ou procuram-no quando se perdem; 
- Para conservar energia: os golfinhos nadam constantemente e a longas distâncias. Saltar fora de água permite-lhes diminuir a fricção, pois a atmosfera é menos densa que o meio aquático;

A Comissão Europeia autorizou três novas variedades de milho geneticamente modificado


A Comissão Europeia autorizou três novas variedades de milho geneticamente modificado, bem como a renovação das autorizações de três variedades de soja transgénica e de uma variedade de algodão. Estes transgénicos são todos propriedade da Bayer e destinam-se a ser importados como alimentos para consumo humano e animal. Até à data, a Comissão Europeia autorizou a importação de cerca de uma centena de plantas geneticamente modificadas, incluindo milho, soja, colza, algodão e beterraba. Estas autorizações, válidas por dez anos, não permitem o cultivo destas plantas, mas apenas a sua utilização na alimentação humana e animal (milho, soja, colza) ou como agrocombustível (colza, soja). Apenas o milho Mon810 continua a ser autorizado para cultivo, após a renovação da sua autorização em 2017.

A Comissão recorda que “qualquer produto feito a partir destes OGM estará sujeito a regras estritas da UE em matéria de rotulagem e rastreabilidade”, duas obrigações que permitem nomeadamente aos agricultores e consumidores fazer uma escolha informada. Ainda assim, essas autorizações levantam questões. A Comissão Europeia está em processo de desregulamentação de novos OGMs (sem definir seu contorno científico e legal). E, num documento recentemente vazado , a DG Saúde considerou que eles "são tão seguros quanto seus equivalentes convencionais". A DG Saúde também propõe simplesmente não detectar e rastrear esses novos OGMs.

A Comissão Europeia e as empresas vendem-nos o sonho de novos OGM, mais precisos, mais rápidos de desenvolver, mais interessantes para o consumidor nos Estados Unidos, onde as primeiras decisões de desregulamentação de novos OGM datam de mais de dez anos. Os novos OGMs ainda não são cultivados em larga escala, e as questões de precisão e economia de tempo ainda precisam ser demonstradas, além dos discursos publicitários.

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Curta-metragem - Um dia em 2030


Este vídeo é baseado em trechos de áudio dos episódios 1 a 9 do podcast 'From What If to What Next' de Rob Hopkins, gravado por Ben Addicott e depois lindamente animado por Temujen Gunawardena e Badj Whipple . O objetivo é dar vida ao 2030 que poderíamos criar se fizéssemos tudo o que poderíamos fazer, para definir e falar de um futuro pelo qual vale a pena desejar. Para assinar o podcast, visite From What If to What Next. Apresenta as vozes de Phil Teer, Kate Raworth, Ariane Conrad, Yannick Beaudoin, Marieke van Doorninck, Marie Godart, David Holmgren, Masum Momaya, Jane Myat, Sam Lee e Christian Jonet.

Entrevista interessante a Rob Hopkins

Suécia autoriza queima do Corão no exterior de uma mesquita

Salwan Momika afirmou que pretendia criticar o Islão, antes de incendiar o exemplar do livro religioso

O protesto contou com a participação de cerca de duas centenas de pessoas e uma forte presença policial.

Não se registaram incidentes, embora a polícia tenha detido uma pessoa por ter uma pedra na mão, segundo a agência espanhola EFE.

Salwan Momika afirmou que pretendia criticar o Islão, antes de incendiar o exemplar do livro religioso, informou o tablóide Aftonbladet na sua edição 'online'.

O protesto teve lugar num dia em que os crentes muçulmanos de todo o mundo celebram o Aïd al-Adha, ou festa do sacrifício.

A queima de um exemplar do Corão em frente à embaixada turca, em janeiro, pelo direitista sueco-dinamarquês Rasmus Paludan, provocou uma onda de protestos em vários países, incluindo na Turquia.

As autoridades de Ancara continuam a bloquear a ratificação da adesão da Suécia à NATO, aprovada há um ano na cimeira de Madrid.

Em fevereiro, a polícia sueca recusou autorizar duas petições de queima do Corão, alegando riscos de segurança para a Suécia, mas os tribunais rejeitaram esse argumento em várias ocasiões nos meses seguintes.

"Os problemas de segurança e ordem a que a polícia se refere não estão suficientemente ligados às reuniões planeadas para recusar a autorização", afirmou um tribunal administrativo de recurso numa decisão do início deste mês.

O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, qualificou o ato de hoje como uma provocação e admitiu que era "legal, mas não adequado".

"Não tenciono dar aos provocadores a atenção que pretendem. Eles querem provocar e ofender os outros", afirmou Kristersson.

"O meu objetivo é que a Suécia adira à NATO o mais rapidamente possível, porque é importante para a segurança sueca e para a segurança da nossa região", acrescentou.

Na sequência da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a Suécia e a Finlândia puseram termo a uma política histórica de não-alinhamento militar e pediram a adesão à NATO.

As candidaturas dos dois países nórdicos foram aceites na cimeira de Madrid, há um ano, após um acordo de última hora com Ancara para levantar o veto turco.

A Finlândia tornou-se o 31.º membro da Aliança Atlântica no início de abril, mas a Suécia ainda está à espera de ultrapassar a relutância turca e húngara.

A Hungria acusa a Suécia de lhe ser hostil no seio da União Europeia (UE) e a Turquia critica Estocolmo por não extraditar pessoas que considera terroristas, especialmente do Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

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Petição: Defender o interesse nacional. Assegurar a Coesão Territorial. Promover o desenvolvimento

Os signatários, alicerçados na resiliência de quem não desiste de trabalhar em prol de um Portugal de progresso, harmonia e bem estar; defensores intransigentes do Interesse Nacional; há muito empenhados na procura de soluções que contribuam para o desenvolvimento sustentável do País e contribuam para uma redução das reconhecidas assimetrias que persistem entre a faixa litoral e as zonas do interior; dirigem-se a Vossa Excelência, no sentido de ser considerado, com caráter de urgência e de interesse nacional, o investimento necessário para a modernização e eletrificação do troço ferroviário Beja-Ourique/Funcheira e a variante que ligará a Linha do Alentejo ao Aeroporto de Beja.

Trata-se de um “missing link” que, com um mínimo de investimento, garante uma obra estratégica e cujo interesse nacional é incontornável, pelos impactos positivos da mesma para a coesão territorial de todo o Sul do País; para garantir as redundâncias estratégicas, no presente inexistentes, das ligações ferroviárias de Lisboa-Faro e Complexo de Sines-Elvas/Badajoz; garantir a ligação direta de Faro às capitais do Alentejo e à Estremadura Espanhola e destas com o Algarve; para garantir e dar fiabilidade ao crescente transporte de mercadorias entre Sines e o resto do País bem como para o estrangeiro; para servir a Agricultura, as Agro-indústrias e o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva; para servir os coutos mineiros; para responder à crescente e exponencial procura turística no Alentejo e Algarve; para garantir o transporte de qualidade num território que representa mais de um terço do território nacional; para garantir a competitividade das empresas sediadas no território; para substituir por energia elétrica renovável os combustíveis fósseis hoje consumidos, com os consequentes impactos positivos no ambiente; evitando assim que a Linha do Alentejo deixe de ser um ramal incoerente para Beja e passe a ser parte essencial da Rede Ferroviária como se defende no Plano Ferroviário, recentemente submetido à discussão pública.

O troço ferroviário entre Beja-Ourique/Funcheira existe, não se trata de uma obra nova mas tão só da sua renovação, modernização e eletrificação de forma a garantir a circulação de mercadorias – comboios até 750 metros ou mais – e a circulação de comboios de passageiros em velocidades entre os 200/250 km/hora.
A IP- Infraestruturas de Portugal dispõe do estudo da REFER, de Maio de 2015, e dos estudos que contratualizou em 2020 com base nos quais pode arrancar de imediato com os projetos de execução e os concursos para o início destas obras, as quais, atendendo ao facto da linha estar no presente desativada, pode avançar em três frentes simultâneas e sem qualquer tipo de impedimentos, o que poderá levar à sua conclusão dentro dos prazos previstos para a execução do PRR.

A Reprogramação em curso do PRR é uma oportunidade, que pode ser única, para responder positivamente, à Resolução nº 6 da Assembleia da República, aprovada sem votos contra, a 26 de Janeiro de 2023, no sentido de ser assegurada a modernização e eletrificação de toda a Linha Ferroviária do Alentejo – Casa Branca-Beja-Ourique/Funcheira - e uma maior utilização do Aeroporto de Beja em todas as suas vertentes.
São muitos milhares de postos de trabalho que estão pendentes.

terça-feira, 27 de junho de 2023

"Muito preocupante". Quais os 13 grupos de extrema-direita em Portugal?


Novo relatório do Projeto Global contra o Ódio e o Extremismo identifica 13 movimentos radicais de direita em Portugal. Partido de Ventura acusado de “envenenar” o discurso público “com uma retórica racista, anti-LGBTQ+, anti-imigração e anticigana”

“A rápida ascensão e influência do Chega é um aviso de que nenhum país é verdadeiramente imune a forças exclusivistas, demagógicas, e que até mesmo minúsculos partidos de extrema-direita podem expandir rapidamente a sua base de apoio”. Este é um dos alertas vertidos no relatório da organização não-governamental norte-americana Global Project Against Hate and Extremism (GPAHE) sobre Portugal, divulgado esta terça, 27, e a que a VISÃO teve antecipadamente acesso. “O fervor nacionalista branco e anti-imigração entre os grupos de extrema-direita em Portugal é muito preocupante”, refere a presidente e cofundadora Wendy Via num comentário que acompanha o conteúdo do documento, no qual são identificados 13 “grupos de ódio e de extrema-direita” nacionais.

Fundado em 2020 por Wendy Via e Heidi Beirich, duas veteranas da luta pelos direitos civis e especialistas em movimentos extremistas, o GPAHE combate o extremismo de direita enquanto “ameaça existencial às democracias prósperas e inclusivas” e recorre a informações públicas a partir da Imprensa, de documentos e relatórios oficiais dos governos, registos judiciais, publicações, sites e contas nas redes sociais dos grupos em questão. As suas denúncias e atividade têm auxiliado o congresso dos EUA, são acolhidas em conferências da ONU e ajudaram as multinacionais de tecnologia a bloquear conteúdos extremistas que violam as regras dos seus serviço. O relatório sobre a realidade portuguesa é o quinto de uma série que inclui França, Bulgária, Irlanda e Austrália.

Active Club Portugal, Alternativa Democrática Nacional (ADN), Associação Portugueses Primeiro, Blood and Honour (B&H) Portugal, Chega, Chega Juventude, Habeas Corpus, Ergue-Te/Partido Nacional Renovador (PNR), Escudo Identitário, Força Nova, Movimento Social Nacionalista, Portugal Hammerskins e Proud Boys Portugal são os 13 grupos, partidos e movimentos cujo perfil é identificado e detalhado no documento. Segundo a GPAHE, todos mantêm “crenças e atividades que menorizam, assediam ou inspiram violência contra pessoas com base nos seus traços de identidade”.

O “veneno” Chega

No caso do Chega, a ONG norte-americana sedeada no Alabama considera que o partido liderado por André Ventura “tem trabalhado para envenenar o discurso nacional com uma retórica racista, anti-LGBTQ+, anti-imigração e anticigana” e se transformou numa espécie de casa comum para identitários, conspiracionistas, supremacistas brancos, nostálgicos de Salazar, nacionalistas cristãos e outros extremistas de direita “que apoiam o autoritarismo”.

O relatório dedica ainda alguns parágrafos à Juventude Chega, o ramo oficial da geração mais nova que aderiu ao partido liderado pela deputada Rita Matias e que, segundo o relatório, tem “membros mais radicais”. O documento destaca mensagens e afirmações públicas de dois elementos do braço juvenil da formação política de Ventura, Francisco Araújo (ramo do Porto), João Antunes (ramo de Coimbra), que difundem conteúdos abertamente racistas e fascistas. Mas há mais: Gonçalo SousaAfonso GonçalvesAlexandre Gazur

Segundo a GAPHE, os dados globais recolhidos mostram que, em Portugal, “há hoje uma clara tendência de internacionalização entre elementos de extrema-direita”. E assinala ainda: “Onde antes o nacional-socialismo, a fidelidade ao regime salazarista ou as visões lusotropicalistas do império português dominavam grande parte da extrema-direita pós-25 de abril, hoje, a extrema-direita portuguesa bebe cada vez mais dos movimentos neofascistas franceses (Movimento Social Nacionalista), neofascistas italianos (Escudo Identitário/Força Nova), identitários franceses (Portugueses Primeiro/Escudo Identitário) e até dos supremacistas brancos americanos (Proud Boys Portugal)”, lê-se no documento. Embora menos influente do que nos seus homólogos franceses, a teoria da “Grande Substituição” – alegada conspiração de “elites” ou “globalistas” para “substituir” as populações europeias brancas por estrangeiros – também se apoderou de setores radicais de direita nacionais, de acordo com o relatório. “Os movimentos radicais de extrema-direita inspiram terrorismo, assassinatos em massa e políticas de restrições de direitos em todo o mundo e, como mostra o nosso relatório, os vários movimentos estão cada vez mais interligados”, refere Heidi Beirich, cofundadora do Projeto Global contra o Ódio e o Extremismo, numa outra nota que acompanha o documento. “A segurança comum e das democracias está em risco. É fundamental que as pessoas, local e globalmente, entendam o cenário radical de extrema-direita, como ele opera e como os pontos se ligam dentro dos países e transnacionalmente, a fim de combater as ameaças desses grupos, para que possamos estar à frente deles. Esperamos que estes relatórios ajudem os defensores e os decisores políticos a fazer isso.”

Pode ler o relatório na íntegra aqui, onde são explicitadas em detalhe as características de cada um destes partidos e movimentos.

Funchal no top 10 dos portos com maior poluição por navios de cruzeiro na Europa


Os portos de Lisboa e do Funchal estão no 'top 10' das infraestruturas portuárias da Europa com maiores níveis de poluição associada a navios de cruzeiro, segundo um estudo divulgado hoje pela associação ambientalista Zero.

"Em termos absolutos, Portugal mantém o 6.º lugar entre os países europeus com maiores níveis de poluição por óxido de enxofre (SOx) emitido pelos navios de cruzeiro, depois de Itália (1.º), Espanha (2.º), Grécia (3.º), Noruega (4.º) e França (5.º)", segundo um novo estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, da qual faz parte a Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável.

Esse estudo, que incide sobre os portos da Europa, apresenta os dados de 2022, com a evolução da poluição atmosférica e das emissões de gases de efeito de estufa (GEE) provenientes dos navios de cruzeiro relativamente aos níveis pré-pandemia de 2019, verificando que houve "um agravamento das emissões de SOx em 9%, de óxidos de azoto (NOx) em 18 % e de partículas finas em 25%".

Estes poluentes são responsáveis por doenças cardiovasculares e respiratórias e contribuem para a acidificação e eutrofização do oceano, com consequências negativas para o equilíbrio dos ecossistemas, referiu a associação Zero, indicando que, "de um modo geral, o transporte marítimo é responsável por cerca de 3% das emissões globais de GEE e por cerca de 250 mil mortes prematuras e cerca de 6,4 milhões de casos de asma infantil por ano em todo o mundo".

Segundo o estudo, em 2022, os 218 navios de cruzeiro que navegaram na Europa emitiram mais óxidos de enxofre do que o equivalente a mil milhões de carros.

"Nos portos da Europa, o teor de enxofre do combustível é limitado a 0,1% (1000 ppm - partículas por milhão), mesmo assim 100 vezes mais que os limites impostos ao combustível dos automóveis (10 ppm)", explicou a associação ambientalista.

O 'top 10' dos portos europeus com maiores níveis de poluição associada a navios de cruzeiro é liderado pela cidade espanhola de Barcelona, seguindo-se Civitavecchia (Itália), Pireu (Grécia), Palma de Maiorca (Espanha), Lisboa (Portugal), Hamburgo (Alemanha), Southampton (Reino Unido), Mykonos (Grécia), Thira (Grécia) e Funchal (Portugal).

Ocupando a 5.ª posição deste 'ranking', o porto de Lisboa foi o que registou maior tráfego de navios de cruzeiro (108) na Europa em 2022, à semelhança do que se verificou no relatório anterior publicado em 2019, verificando-se um aumento das emissões de óxidos de enxofre.

"Em Lisboa, os navios de cruzeiro emitiram 2,44 vezes mais SOx do que os cerca de 374 mil veículos de passageiros registados na cidade (cerca de 11 toneladas comparativamente a 4,5 toneladas, respetivamente)", informou a Zero, acrescentando que os navios emitiram cerca de 278 toneladas de NOx, o que corresponde a 12% da emissão deste poluente por parte dos automóveis que circularam na capital portuguesa.

No 10.º lugar, o porto do Funchal registou 96 escalas de navios de cruzeiro em 2022, "um aumento acentuado relativamente a 2019, altura em que registou cerca de 75 escalas", o que contribuiu para elevar os níveis de poluição atmosférica, levando-o a integrar o 'top 10' dos portos mais expostos à poluição por SOx, quando antes ocupada na 15.ª posição.

Para a associação ambientalista Zero, "é urgente limitar a poluição oriunda de navios de cruzeiro" com a adoção de medidas mais rigorosas nos portos portugueses e europeus, seguindo o exemplo de Veneza, que em 2019 tinha o porto de cruzeiros mais poluído da Europa e "em 2022 caiu a pique para a 41.ª posição após ter banido a entrada de grandes navios".

Em comunicado, a Zero alertou que "falsas soluções como o gás fóssil aumentam o impacte ambiental e climático destes grandes monstros poluidores", acusando os operadores de cruzeiros de "campanhas de propaganda verde enganosas" e defendendo que as autoridades portuárias devem evitar quaisquer novos investimentos em infraestruturas de abastecimento de gás fóssil, canalizando esforços e investimento para o fornecimento de combustíveis renováveis de origem não biológica.

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Black Rock - Os Donos Disto Tudo


Fonte: Zero Hedge
Uma semana depois que um funcionário da maior empresa de gerenciamento de ativos do mundo, a Black Rock, descreveu como a empresa tenta ficar fora dos holofotes da media enquanto compra políticos e lucra com a guerra (de acordo com imagens secretas obtidas pelo O'Keefe Media Group) , achamos que vale a pena dar uma olhada em quais empresas a empresa de 34 anos tem mais controle.

Como lembrete, em imagens gravadas secretamente por jornalistas disfarçados em Nova York, um recrutador da BlackRock chamado Serge Varlay explica como a empresa de investimentos é capaz de “governar o mundo”.

“Eles [BlackRock] não querem ser notícia. Eles não querem que as pessoas falem sobre eles. Eles não querem estar em nenhum lugar no radar”, disse Varlay.

Varlay disse a um jornalista da OMG na filmagem que a BlackRock administra US$ 20 triliões em todo o mundo (na verdade, cerca de US$ 9 triliões). “São números incompreensíveis”, disse.

“ Você pode pegar essa p*** de dinheiro e comprar pessoas, eu trabalho para uma empresa chamada Black Rock… Não é quem é o presidente, é quem está controlando a carteira do presidente.

Você poderia comprar os seus candidatos. Primeiro, há os senadores que esses caras são baratos p****. Tem 10 mil, você pode comprar um senador. Vou-te dar 500k agora. Não importa quem ganha, eles estão no meu bolso.”

Dado esse status, o portfólio de ações da BlackRock pode fornecer informações úteis aos investidores. Para saber mais, Marcus Lu e Rosey Eason, da Visual Capitalist, visualizaram as 25 principais participações acionárias da empresa no  primeiro trimestre de 2023 . Naquela época, essas 25 posições valiam mais de US$ 1 trilhão e representavam cerca de 30% do portfólio de ações da BlackRock.

Eles criaram um infográfico que podem consultar aqui

Deep Green Politics


Dark Green Environmentalism
Dark Green Environmentalism is closely associated with ideas of ecocentrism, Deep Ecology, degrowth, anti-consumerism, post-materialism, holism, the Gaia hypothesis of James Lovelock, and sometimes a support for a reduction in human numbers and/or a relinquishment of technology to reduce humanity's effect on the planet and the environment. As Alex Steffen notes, Dark Greens believe that environmental problems are an inherent part of industrialised civilisation, and seek radical political change. Dark Greens believe that currently and historically dominant political ideologies (sometimes referred to as Industrialism) inevitably lead to consumerism, overconsumption, waste, alienation from nature and resource depletion. Dark Greens claim this is caused by the emphasis on economic growth that exists within all existing ideologies, a tendency referred to as growth mania.

Alex Steffen continues by describing how, more recently, ‘Bright Greens’ have emerged as a group of environmentalists who also believe that radical changes are needed in the economic and political operation of society in order to make it sustainable, but that better designs, new technologies and more widely distributed social innovations are the means to make those changes—and that society can neither stop nor protest its way to sustainability.

Buddhism and the Ecological Self
As Joanna Macy’s notes in her work on ‘The Ecological Self’, Lynn White, Jr., suggested as long ago as 1967 that Western philosophical and religious traditions had led to a devaluation of nature and an anthropocentric view of the world. This, he (White) argued, has been a major contributor to our current ecological crisis. Others subsequently proposed Buddhism as a source for more ecologically friendly ways of being in the world due to its conception of humans being deeply interconnected with their environment. In recent years, scholars have investigated into Asian and Western religious approaches to ecology, with Buddhism offering fertile ground for many thinkers striving to provide a theoretical basis for a more sustainable relationship with the environment.

Although it would be short-sighted to suggest that the founders of Buddhism were Deep Ecologists, it is possible to identify many elements of Deep Ecology in Buddhism, and elements of Buddhism in Deep Ecology, and they have long been inextricably linked. Buddhist teachings focus on reducing suffering, which is indeed how humans should strive to treat all living creatures, including the Earth itself – an idea also tied to Buddhism's belief in interconnectedness and its opposition to consumerism. Buddhist moral thought encourages refraining from activities such as consuming certain types of meat, polluting water and cutting down trees – all of which are seen as contributing towards creating an ecologically sustainable existence. Furthermore, the sacred precept against killing other living beings - even those lower down the food chain – along with encouraging goodwill towards others, not just within humankind, but also other sentient creatures is often seen as embodying the essence of ecological sustainability and compassion.

“Não estamos a escolher a Terra”: Para salvar o planeta não basta falar. É preciso agir e agora


Esta quinta-feira, cientistas, empresários e ativistas reuniram-se em Madrid, Espanha, para reiterar que o planeta está em crise e para sublinhar que a sua proteção não se faz apenas com palavras bonitas e com discursos chamativos. É preciso agir e o mais rapidamente possível para evitar desfechos devastadores, para os humanos e para todas as outras formas de vida.

No evento ‘We Choose Earth 2023’, promovido pela EDP, Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da elétrica portuguesa, esteve à conversa com Amal Clooney, defensora e ativista dos direitos humanos.

O português, recordando que a EDP pretende tornar-se totalmente verde até 2030, destacou que a transição energética deve ser justa e servir todas as comunidades, e que exige uma mobilização de toda a sociedade, sem exceções.

“A mudança não pode ser alcançada por um só agente”, afirmou, à conversa com Amal Clooney, que sublinhou que além de protegermos a Terra é preciso também proteger “as pessoas que nele habitam”, porque “escolher proteger o futuro do planeta de nada serve sem o poder das pessoas”.

“E que tipo de planeta queremos deixar aos nossos filhos? Eu quero um em que se sejam protegidos os direitos das minorias e em que aquele aqueles que tenham cometido os piores crimes acabem por pagar por eles”, defendeu a ativista.

Outro dos oradores foi Peter Frankopan, professor de História Global na Universidade de Oxford. Recordando uma série de desastres naturais causados pelos desequilíbrios climáticos – a tragédia das cheias no Paquistão, os incêndios florestais devastadores no Canadá, as ondas de calor extremo na Ásia, a seca na Península Ibérica –, o académico frisou que os mais pobres e as mulheres são os grupos humanos que mais sofrem num planeta em franca convulsão causada pela forma como o temos tratado ao longo de séculos.

E lembrou também estamos perante “desafios existenciais não apenas para nós, mas para outras formas de vida”.

Olhando para o passado, Frankopan afirmou que desde 1971 os oceanos já terão absorvido uma quantidade de calor equivalente a 25 mil milhões de explosões como a que dizimou Hiroxima nos anos 40. E que se nada for feito para travar o aquecimento oceânico, nada de bom se poderá esperar do futuro.

O historiador destacou ainda a poluição do ar como um dos reflexos mais nefastos e visíveis da ação humana na Terra, indicando que no norte da Índia, devido ao mau estado da qualidade do ar, a esperança média de vida é seis anos inferior ao que seria se o ar tivesse uma qualidade considera boa.

“Não estamos a escolher a Terra”, lamentou, alertando, em referência ao aumento da população humana global, que deverá ultrapassar os 10 mil milhões de pessoas até ao final do século, que precisamos de fazer escolhas mais acertadas na forma como extraímos, produzimos e consumimos, “porque somos cada vez mais”.

E sobre a vulnerabilidade das sociedades humanas às alterações climáticas, deixou uma mensagem contundente: “O registo histórico está pejado de cidades que não se conseguiram adaptar”.

As “mentiras e desinformação” da indústria dos combustíveis fósseis

Enrique Dans, especialista em inovação e sobre como a tecnologia está a mudar o mundo, não poupou críticas à indústria dos combustíveis fósseis, que acusa de continuar a mentir à população e de tentar impedir a emergência de sociedade realmente assentes na energia renovável e limpa.

Professor na IE Business School, em Madrid, Enrique Dans, embora reconheça os avanços possibilitados por essa indústria, acusou os seus líderes de disseminarem “mentiras e desinformação” sobre a impossibilidade de abandonar de vez os combustíveis fósseis, considerando que as energias renováveis só ainda não são a norma por causa dos obstáculos criados por essas empresas e conglomerados, respaldados por outros poderes económicos e políticos.

O académico apontou também que outra “mentira” lançada pelo setor é de que não existem matérias-primas suficientes para generalizar as renováveis, dizendo que isso se trata de uma “ficção”.

“Não há escassez de materiais”, garantiu, observando que antes de se começar realmente a procurar por ele, o lítio, usado nas baterias dos veículos elétricos e em unidades de armazenamento de energia renovável, era também considerado um elemento em fraca abundância no planeta e que agora “estamos a descobrir depósitos de lítio em muitos locais”.

Por isso, Enrique Dans apelou a uma mobilização de todas as populações mundiais, incitando-as a exigirem mais ação por parte dos seus governos para travar práticas e atividade prejudiciais aos ecossistemas dos quais todos dependemos.

O Ensino como pedra-angular da mudança que é precisa
E a mudança deve começar logo nas escolas e instituições de Ensino Superior. Júlia Seixas, Pró-Reitora da Universidade Nova de Lisboa e com uma experiência de vários anos em questões de sustentabilidade, alertou que “as universidades estão a formar a próxima geração de líderes”, mas “não estamos a fazer o nosso trabalho devidamente”.

Para Júlia Seixas, as temáticas da sustentabilidade e da proteção do planeta devem ser cada vez mais integradas nos programas curriculares do Ensino Superior, perpassando todas as áreas de conhecimento. Acredita que só assim será possível preparar as gerações mais novas para os desafios que terão de enfrentar e para que não cometam os erros do passado e os que ainda hoje continuam a ser cometidos.

A académica deixou também algumas palavras sobre as renováveis. No que pode ser interpretado como um piscar de olhos a Portugal, Júlia Seixas afirmou que quando se lançam leilões e quando são elaborados projetos de energia renovável não podemos apenas focar-nos na capacidade de produção das tecnologias que se pretende usar, mas é preciso também atentar nos impactos que elas terão sobre a biodiversidade que será afetada por esses empreendimentos.

“Não há vida sem mar”
Uma das intervenções mais antecipadas deste evento foi a de Céline Costeau, documentarista, exploradora, ativista ambiental e neta do célebre oceanógrafo Jacques Costeau.

Céline Costeau recordou-nos de que “não há vida sem mar”, apontando que é nesses ecossistemas que cerca de metade do oxigénio que respiramos, e que muitas vezes tomamos por garantido, é produzido.

“Estamos interligados a tudo”, afirmou, desde os organismos mais pequenos que os nossos olhos humanos não conseguem ver até aos grandes animais que rumam pelo nosso planeta, em terra e no mar.

Enquanto pessoa que passou grande parte da sua vida a experienciar e a observar os ecossistemas marinhos, Céline Costeau lembrou que devemos ser humildes perante da Natureza e não pensar que estamos acima de tudo e de todos.

A exploradora recordou um momento de mergulho em que um colega de equipa foi mordido por um tubarão, “uma das espécies mais controversas dos nossos oceanos” e sobre qual é muitas vezes construída uma imagem negativa. Céline Costeau disse que, através de documentários e filmes, nos é mostrada apenas uma pequena parte da existência desses animais, deixando de fora todas as interações positivas que ocorrem.

“Quando entramos nestes ecossistemas estamos a entrar no lar destas espécies”, apontou, pelo que temos de mostrar “respeito” para com os outros animais que connosco partilham a Terra.

Céline Costeau referiu-se também ao Tratado do Alto Mar adotado recentemente pelos governos das Nações Unidas, lamentando todo o tempo que foi preciso para se chegar a esse desfecho.

“Demorou 20 anos para as nações da ONU reconhecerem que o alto mar precisa de proteção”, afirmou, e reconhece a sua importância para acabar com os crimes que são cometidos em águas internacionais, sobretudo o trabalho escravo e a sobrepesca.

“Não podemos desligar as causas ambientais das causas humanitárias”, declarou.

Argumentou ainda que é fundamental reconhecer os direitos dos povos indígenas às suas terras ancestrais, que considera serem os “guardiões da biodiversidade”, uma vez que, embora representem apenas 5% da população mundial, “protegem 80% da biodiversidade global”.

Para denunciar a ideia enganosa de que podemos manter o atual estado de coisas e resolver os problemas que hoje temos diante de nós, Céline Costeau terminou a sua intervenção recordando uma expressão de Albert Einstein: “os problemas não podem ser resolvidos com a mesma mentalidade que os criou”.

domingo, 25 de junho de 2023

“Tenho muita dificuldade em ver um país muçulmano exemplar nos direitos humanos” – xeque Munir


O imã da Mesquita Central de Lisboa, xeque David Munir, admitiu hoje à agência Lusa que tem “muita dificuldade” em ver um país islâmico exemplar, sobretudo no domínio dos direitos humanos, afinal, um dos pilares do Islão.
“Na teoria, o regime islâmico é baseado na tolerância, na misericórdia e na igualdade. […] Mas a questão que se coloca é que, no Islão, à partida, para dizer a verdade, eu tenho muita dificuldade de ver um país Islâmico exemplar. Em tudo. Nos direitos humanos e, acima de tudo, em valorizar o próximo”, afirmou o xeque Munir.
Numa entrevista à agência Lusa, o imã, que sábado foi um dos oradores de uma conferência subordinada ao tema “A Reforma no Islão”, organizada pela Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL), Observatório do Mundo Islâmico (OMI) e Centro Cultural Colinas do Cruzeiro (CCCC), frisou, porém, que o regime islâmico tem consagrado os direitos de igualdade, liberdade de expressão, liberdade de crença e tolerância.
“Cabe ao califa, que já não existe, ao emir, implementar. Tem de estar disposto a ouvir várias opiniões (…) na assembleia de pessoas, dos sábios ou dos mais entendidos ou dos líderes, os que têm a liberdade de dar a sua opinião”, explicou.
David Munir deu como exemplo o caso da democracia, quando, em eleições, um partido ganha eleições democraticamente com maioria absoluta, que lhe permite “fazer e desfazer”, sem dar hipóteses às restantes forças políticas representadas no Parlamento.
“Nos países islâmicos, temos militares e temos ditadores e temos pessoas que querem o poder e que não o querem deixar. Quando há uma pequena abertura para a possibilidade de haver um governo civil, há sempre golpes de Estado. Este é o mundo islâmico atual, em que a democracia não entra. Isto é assim, mesmo que a pessoa queira [mudar], não dura muito”, argumentou.
Para o xeque Munir, atualmente no Islão qualquer pessoa que levante a voz contra o regime, passa a ser considerado não islâmico, situação que lamenta.
"As opiniões das pessoas são válidas até a pessoa conseguir provar que não vai contra os princípios básicos do Islão. Mas, do outro lado, o que acontece nos dias de hoje, em termos gerais, qualquer pessoa que dê uma opinião diferente da do líder ou do partido que está no poder, não tem hipótese”, defendeu.
“Se for um país um pouco mais pacífico, tudo bem, tem o seu espaço, mas há pessoas que passam por represálias, põem a sua vida em risco, não se pode dizer nada, não se pode falar nada. Isto não tem nada a ver com o Islão”, acrescentou, admitindo que foi assim que surgiram movimentos extremistas, como o grupo Estado Islâmico, os Talibã ou o Al Shabbab.
“A falta de conhecimento, o querer o poder a todo custo, alguma influência também do Ocidente para criar uma certa instabilidade, enfim, se misturarmos tudo isto, temos uma boa refeição. No mundo Islâmico, ou em alguns países islâmicos, quando alguém sofre política, social e economicamente, quando se perde tudo, não tem razão de viver, então vai-se criando psicologicamente uma certa raiva, um certo ódio contra aqueles que estão no poder. Do outro lado, vem um grupo que usa o Islão e diz que vai manter a justiça ou igualdade. Dão alguma esperança à pessoa que perdeu quase tudo e esta acaba por se alinhar com alguma esperança. Mas depois, também acaba por ver que também não são diferentes dos outros”, explicou.
No entanto, na opinião de Munir, quem mais sofre com os grupos terroristas islâmicos “são os próprios muçulmanos”.
“A vida é sagrada para todos nós. Mas como há muçulmanos que não compactuam com a ideia deles e com a filosofia deles, passaram a ser inimigos também", afirma.
"Temos, infelizmente, vários grupos, vários 'lobos solitários' à solta e, quando um grupo é detido, desfeito, cada um faz aquilo que puder, na medida do possível, para manter a política, a filosofia, a ideia, a ideologia do grupo, e muitas vezes vai tentando influenciar o outro”, afirmou o imã da Mesquita Central de Lisboa.
“A falta de conhecimento faz com que as pessoas adiram sem saber porquê. E quando começam a estudar, quando começam a ler, abrem a mente e descobrem que, afinal, não é bem assim. E, ao abrirem a mente, quando começam a confrontar o líder, ou os líderes, são postos do lado”, justificou.
Questionado pela Lusa sobre quais os países muçulmanos que convivem num regime democrático, o xeque Munir admitiu ter “alguma dificuldade em responder”, uma vez que, apesar de já ter vivido em muitos países, não residiu em nenhum Estado muçulmano, pois sempre morou em Portugal, “no Ocidente”.
“O que eu sei sobre os países islâmicos é aquilo que sabemos das notícias. No entanto, os países que eu visitei, que não foram poucos, foram muitos, na prática não notei aquilo que eu gostava de notar. A justiça, a igualdade, a parte económica e social. Temos pessoas muito, muito ricas ou temos os muito, muito, muito pobres. Um dos pilares do Islão é a caridade obrigatória, 12,5%. Se todos dessem, iríamos melhorar muito a situação dos mais carenciados. Mas os ricos querem ficar mais ricos e os pobres vão ficar mais pobres. Esta desigualdade é social, mas também é islâmica”, explicou.
Admitindo que há ainda muito a fazer para pacificar o Islão no seu todo, o xeque Munir lembrou que “os grupinhos, grupos, líderes e congregações” que querem impor o radicalismo porque a leitura que fazem do Islão é muito limitada, não estão abertos a dialogar com os outros, mesmo sendo muçulmanos.
“Isso obriga a que o processo avance lentamente. Nalguns casos deram-se passos à frente e depois para trás e isso é um bocado complicado”, concluiu.

Sheik David Munir foi professor de Língua árabe no Instituto Oriental da Universidade Nova de Lisboa, na Universidade Independente e na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

É ainda membro do Conselho Consultivo Internacional da Fundação Paz e Democracia Monsenhor Martinho da Costa Lopes.

Tem como obras publicadas: “Deus que nunca o foi” (1987), “Ensinamentos Elementares do Islão” (1988) e “Da Ciência e Filosofia à Religião” (1996).

Música do BioTerra: Plastique Noir - Mara Hope


The sentinel on the shoal
Where the shore dies every time, every night
Who's able to shut up his screaming will

All the remaining trembling lightpoles
Fade with the morning light
Torches of inquisition for the drunk souls of
The last night, in my dreams seagulls are falling down

Foam celebrates the wedding
Of the sea and the abyss of my heart
Deep blue ocean is fair
Since it grabs closer to the sun

But Mara Hope keeps calm

Biografia e Discografia

Página Oficial

Youtube

sábado, 24 de junho de 2023

Poema - Tell the flowers


"Tell the flowers—they think
the sun loves them.
The grass is under the same
simple-minded impression

about the rain, the fog, the dew.
And when the wind blows,
it feels so good
they lose control of themselves

and swobtoggle wildly
around, bumping accidentally into their
slender neighbors.
Forgetful little lotus-eaters,

solar-powered
hydroholics, drawing nourishment up
through stems into their
thin green skin,

high on the expensive
chemistry of mitochondrial explosion,
believing that the dirt
loves them, the night, the stars—

reaching down a little deeper
with their pale albino roots,
all Dizzy
Gillespie with the utter
sufficiency of everything.

They don't imagine lawn
mowers, the four stomachs
of the cow, or human beings with boots
who stop to marvel

at their exquisite
flexibility and color.
They persist in their soft-headed

hallucination of happiness.
But please don't mention it.
Not yet. Tell me
what would you possibly gain

from being right?" - Tony Hoagland

Música do BioTerra: Hania Rani – Dancing with Ghosts ft. Patrick Watson


A continuação de Hello, lançada no início deste ano, a pianista e vocalista polaca Hania Rani revela o videoclipe exclusivo de sua última faixa, Dancing with Ghosts – dirigida pelas gémeas radicadas em Paris, Sara e Nadia Szy, e com vocais convidados do cantor americano-canadiano e compositor Patrick Watson. Filmado inteiramente em filme, o vídeo apresenta um círculo íntimo de amigos e criativos, ocupando a paisagem de Paris através do movimento.

Detalhando a inspiração por trás do cenário, Sara e Nadia Szy explicaram: "Era natural escolher Paris como pano de fundo, uma cidade pulsando com emoções cruas - amor, solidão e, o mais importante, esperança. Ao incorporar a dança como um meio para explorar Esses temas dentro de um cenário urbano, sentimos que sequências longas e ininterruptas permitem uma imersão completa neste mundo. Desde o primeiro telefonema com Hania, parecia uma conexão de personalidades e sensibilidades semelhantes.

Refletindo sobre o senso de colaboração, Rani partilhou: “Foi uma experiência muito holística para mim - nosso grupo de estranhos acabou pensando de maneira muito semelhante, o que nos permitiu cruzar barreiras e discutir ideias que eu nunca teria considerado antes. Também fiquei extremamente feliz por trabalhar com uma equipa de dançarinos e coreógrafos incríveis que trouxeram tanta energia e ideias para o projeto”.

Retirado de seu último álbum Ghosts, lançado pela Gondwana Records, Dancing with Ghosts apresenta uma nova perspectiva em alinhamento com os temas do álbum, sinalizando um novo começo para a aclamada artista.

I will be gone tonight
Everything's done for a while
And I will be silence with yours
In the fire, in the night
We will be dancing like ghosts

And the day has arrived on time
Silently hides what we find
And you will be silence with mine
In the fire, in the night
We will be dancing like ghosts apart
Will you be dancing tonight?

Softly and close
Dancing, dancing those two little ghosts
Time is a space and space is a time
Are we saying goodbye?
Every single night I'll be simply dancing with ghosts
Dancing with ghosts

Página Oficial
Hania Rani 

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Racing Extinction (Vida em Extinção) - tema original e tema com ANOHNI


A premissa do documentário, que o Discovery Channel exibiu em 220 territórios em 24 horas, é simples. A quinta fase de extinção na Terra, há 65 milhões de anos, foi a que fez desaparecer os dinossauros. A causa? Um asteróide. Em 2015, os cientistas ouvidos no documentário argumentaram que estamos a viver a sexta era, o Antropoceno. "A Humanidade é o asteroide". E esta é a ultima oportunidade para salvarmos o planeta. "Os meus amigos paleontólogos dizem que, se olharmos para a história do Homem desde a revolução industrial até 2100, a II Guerra Mundial será apenas uma nota de rodapé em comparação com a nossa geração, que está a levar a cabo a maior perda de diversidade desde a extinção dos dinossauros".

Realizado como um thriller de espionagem, Racing Extinction mostra Louie Psihoyos e a sua equipa em verdadeiras missões de detetives. Munidos de câmaras e microfones ocultos, viajam até Hong Kong, disfarçados de turistas gastronómicos, à procura de estabelecimentos que vendam espécies em vias de extinção. E é ali, no topo de um edifício, que fazem uma descoberta chocante. Depois, na província de Cantão, na China, visitam um mercado ilegal, em pleno céu aberto, onde são vendidas inúmeras espécies raras, desde corais a mamíferos. Do fundo do mar, Racing Extinction passa para a criação industrial de gado. Três quartos do terreno agrícola do mundo todo é usado para alimentar animais para consumo. E há uma conclusão que, na entrevista, Psihoyos faz questão de enfatizar: "A criação de gado emite mais gases nocivos do que todo o setor dos transportes. Um vegetariano que conduza um Hummer usa menos energia do que uma pessoa que coma carne e ande de bicicleta".

Mas nem tudo são más notícias: o documentário foca os resistentes, os investidores nas energias renováveis, os esforços feitos em países em vias de desenvolvimento para transformar regiões dependentes da caça de espécies em perigo em zonas de turismo. Racing Extinction não é apenas um documentário. Pretende criar um movimento, primeiro nas redes sociais, e depois na prática, usando a hashtag #Startwith1thing (em português, "começa com uma coisa"). Embora admita que governos e organizações governamentais "não estão a fazer o suficiente", o realizador salienta o facto de, "pelo menos, se estar a falar sobre estes assuntos".

Vale a pena conhecer o trabalho e activismo de J. Ralph

Ver também o lindíssimo vídeo com ANOHNI.

Dia Mundial do Denunciante



Em celebração do Dia Mundial do Denunciante honramos a coragem e a determinação das pessoas que, denunciando, assumem um papel crucial na luta pela justiça e contra as desigualdades sociais.

A Transparency International através dos seus mais de cem capítulos nacionais espalhados pelo globo continua a trabalhar para reforçar a proteção a denunciantes, promovendo as necessárias alterações legislativas e criando um ambiente social e cultural que garanta que todas as pessoas que denunciam irregularidades ou crimes beneficiam do amplo e generalizado apoio de todos os setores da sociedade civil.

Mas neste Dia Mundial do Denunciante 2023 importa também, e sobretudo, reconhecer os enormes desafios que se colocam a denunciantes e no domínio das proteções jurídicas e socioeconómicas que lhes são devidas: muito frequentemente, estas pessoas não se encontram protegidas contra atos de retaliação, nem são devidamente ressarcidas dos prejuízos decorrentes da sua bravura, por exemplo, a perda do emprego, dos seus rendimentos, e da sua saúde física e mental.

Em Portugal, a proteção de denunciantes foi inscrita na lei em dezembro de 2021, transpondo a Diretiva da União Europeia aprovada em 2019. Mas muitas pessoas ficaram de fora do Regime de Proteção (RGPDI) Além disso, continuam a detectar-se inúmeras falhas na implementação da lei e, mais de 6 meses após a entrada em vigor do Regime Geral de Proteção de Denunciantes de Infrações (RGPDI), este continua sem estar em vigor, designadamente no setor público.

“O processo de transposição da Diretiva da UE foi atabalhoado, pouco transparente e nada inclusivo. O Governo e a Assembleia da República ignoraram todas as recomendações e boas práticas e agora é o que se vê: uma implementação da lei com enormes falhas e sem fiscalização, traduzindo, na prática, proteção nula para quem denuncia ou venha a denunciar irregularidades ou crimes.” - Karina Carvalho, Diretora Executiva da TI Portugal

A Transparency International desenvolveu um guia de melhores práticas para organizações públicas e privadas implementarem sistemas eficazes de denúncia interna e cumprirem as suas obrigações legais. Este guia pode ser usado por instituições em todos os setores e países, incluindo Portugal, com o intuito de implementar e operar mecanismos de denúncia que efetivamente previnam, detectem e resolvam a corrupção e outras irregularidades.

“Temos todo o interesse em colaborar com entidades públicas e privadas para garantir que a proteção de denunciantes se efetiva no nosso país. Participámos no processo de negociação e elaboração da Diretiva Europeia e conhecemos bem os requisitos legais e procedimentais. Mas quem deve assumir o apoio à implementação do novo Regime é o MENAC, que continua sem capacidade instalada para desenvolver instruções técnicas, fiscalizar, ou punir infrações, e, especialmente grave, parece estar a delegar no mercado das consultoras, escritórios de advogados e plataformas whisteblowing a definição das regras de implementação e de proteção.” -Karina Carvalho, Diretora Executiva da TI Portugal

A 20 de dezembro de 2021 foi publicada a Lei n.º 93/2021, que estabeleceu o Regime Geral de Proteção de Denunciantes de Infrações (RGPDI), entrando em vigor a 20 de junho de 2022, transpondo para a legislação nacional a Diretiva Europeia 2019/1937 do Parlamento e Conselho Europeus, relativa à proteção das pessoas que denunciam violações do direito da União.

Na TI Portugal continuaremos a acompanhar as condições de proteção asseguradas em Portugal, quer avaliando os termos da transposição da diretiva e apresentando recomendações para que se corrijam as falhas identificadas, quer monitorando a sua eficácia prática.

Quem denuncia protege e é um dever proteger quem denuncia!

Conheça a :

Estudo liga preconceito a pessoas de baixo Q.I.

O estudo revela que crianças com baixo QI estão mais dispostas a realizar atitudes preconceituosas quando se tornarem adultas.


Um estudo feito pela Universidade de Ontario, no Canadá, parece ser bastante provocador. A pesquisa chegou à conclusão de que pessoas menos inteligentes - sim, isso é um eufemismo - são mais conservadoras, preconceituosas e racistas.

O estudo revela que crianças com baixo QI estão mais dispostas a realizar atitudes preconceituosas quando se tornarem adultas. A pesquisa foi publicada na revista Psychological Science

A descoberta aponta para um ciclo vicioso, em que esses adultos com pouca inteligência ‘orbitam’ em torno de ideologias socialmente conservadoras, resistentes à mudança e que, por sua vez, geram o preconceito.  

As pessoas menos inteligentes seriam atraídas por ideologias conservadoras, segundo o estudo, porque oferecem ‘estrutura e ordem’, o que dá um  certo ‘conforto’ para entender um mundo cada vez mais complicado. 

"Infelizmente, muitos desses recursos também podem contribuir para o preconceito", disse Gordon Hodson, pesquisador chefe do estudo, ao site Live Science

 Ele salientou ainda que, apesar da conclusão, o resultado não significa que todos os liberais são ‘brilhantes’ e nem que todos os conservadores são ‘estúpidos’. A pesquisa é um estudo de médias de grandes grupos, disse Gordon Hodson. 

Gordon Hodson é professor de psicologia na Brock University, onde dirige o Brock Lab of Intergroup Processes. Ele é conhecido por suas pesquisas sobre ideologia política e sua relação com preconceito, inteligência e negação das mudanças climáticas. Escreve regularmente para a revista Psichology Today.

quinta-feira, 22 de junho de 2023

Adrienne Buller: "A crise ecológica não pode ser submetida aos mecanismos de mercado"

Adrienne Buller [Fonte: The Guardian]

Adrienne Buller é diretora de pesquisa do think tank britânico Common Wealth , onde lidera projetos sobre a construção de uma economia democrática, autora de "The Value of a Whale: On the Illusions of Green Capitalism" , e coautora, com Mathew Lawrence, de Owning o Futuro: Poder e Propriedade em uma Era de Crise .

Numa época em que o capitalismo verde exige que filtremos a nossa resposta à crise climática por meio do mercado, a autora analisa tudo o que há de errado com essa abordagem.

Nesta entrevista realizada como parte de um projeto sobre populismo climático de direita no Centro para o Avanço da Imaginação Infraestrutural (CAII), Buller aponta que tudo se resume à política: o greenwashing não impedirá que o financiamento climático minimize os riscos, maximize os retornos e negligencie o bem comum. É fundamental que lutemos para governar democraticamente nossos sistemas económicos.

O que é capitalismo verde e quais são seus objetivos? Quem são suas líderes de torcida, tanto em termos de instituições quanto de indivíduos reais?
Em essência, o capitalismo verde tenta encontrar uma maneira de gerenciar a complexidade de abordar a crise climática e ecológica através do prisma do mercado. Isso requer encontrar preços para as coisas, seja carbono ou outras formas de capital natural, e encaixá-los em nosso modelo financeiro.
O mercado busca promover a arbitragem neutra entre atores que buscam lucro e, então, a entende como algo inerentemente alinhado com resultados positivos, como redução de emissões ou combate à perda de biodiversidade.
Minha primeira experiência com o capitalismo verde foi trabalhar na numa organização sem fins lucrativos que ajudava empresas financeiras a otimizar seu papel na transição verde.
A indústria financeira sustentável foi uma janela para essa mentalidade sobre como enfrentar a crise climática e ecológica fazendo pequenos ajustes impulsionados pelo mercado e resistindo à suposta confusão da política.
Seus defensores estão por toda parte. A própria indústria financeira está, na minha opinião, na vanguarda dessa ideia. Você tem campeões como Larry Fink, CEO da BlackRock, como emblemas desse movimento. Mas também está presente em todos os tipos de fóruns de governança climática europeia.
O European Green New Deal é um programa político arquetípico do capitalismo verde. Assim como o Inflation Reduction Act [IRA] nos EUA, que tenta atrair agentes do mercado e encontrar maneiras de tornar os investimentos climáticos desejáveis ​​para o setor privado e seus clientes. É realmente a estrutura predominante com a qual a maioria dos formuladores de políticas, pelo menos no norte global, está trabalhando.

Qual é o principal fator por trás de sua aparência? As empresas não querem enriquecer com esta tragédia?
Sem ficar muito do lado da conspiração, eu diria que este é um casamento feliz de uma série de interesses do capital. Há o reconhecimento da ameaça de que a crescente crise climática representa um alerta sem precedentes para o capitalismo, especialmente em termos de sua capacidade de se reproduzir.
Mas, ao mesmo tempo, também há um entendimento de que essa é uma esfera totalmente nova de lucro com esse problema. Voltando aos chefões financeiros, Larry Fink publica uma carta anual apresentando a crise climática como uma oportunidade sem precedentes para os investidores.
O outro lado está mais perto dos palcos de Davos. Há reconhecimento da ameaça, mas também da necessidade de manter o capitalismo e os sistemas baseados no mercado.
Isso muitas vezes me parece um compromisso mais ideológico, motivado pela crença de que este é o único – e último – sistema econômico que poderíamos ter. A chave para o capitalismo verde é que é um casamento feliz de todos esses interesses.

Quem interpreta o antagonista do capitalismo verde? Quem representa essa figura da oposição?
Se existe um inimigo imaginário, é aquele que resiste aos sistemas de mercado existentes, ou questiona os fundamentos do capitalismo diante da crise climática e ecológica. É uma descrição bastante nebulosa do inimigo no capitalismo verde.
Aqueles que se encaixam com ela podem ser as partes mais anarquistas da frente climática, grupos como Extinction Rebellion, o ambientalista que resiste a colocar um preço na natureza em qualquer sentido romântico ou de princípios.
Dito isto, nem tenho certeza se há necessidade de um "inimigo" em sentido estrito. Tudo o que consigo lendo o trabalho ou entrevistas de pessoas que considero líderes do movimento capitalista verde é a convicção absoluta de que a sua posição é inevitável e correta. Eles têm aquela crença thatcheriana estridente de que não há alternativa ao sistema existente.
Na minha opinião, é menos sobre ter um "inimigo" e mais sobre uma convicção genuína de que o capitalismo verde e seus defensores são os adultos na sala. Eles acham que todo mundo está a jogar um jogo, sem entender como o mundo funciona e como ele deve continuar a funcionar.

Em seu livro, ele desmonta a ideia dos mercados de carbono, um dos métodos que o capitalismo tem usado para enfrentar a crise climática. O que já sabemos sobre sua eficácia?
Eu me apoio no trabalho de duas pessoas, Jessica Green, uma académica canadiana, e Cédric Durand, que escreveu artigos brilhantes sobre as falácias lógicas dos mercados de carbono.
Olhando para os sistemas atualmente em vigor e a sua eficácia comprovada, Green publicou uma das únicas meta-análises para analisar os resultados reais de todos os sistemas de precificação de carbono que foram implementados, como o esquema de comércio de emissões na União Europeia. Ela conclui que apesar de muitas reclamações sobre a incrível eficácia desses programas, em média, eles estão a gerar reduções entre 0 e 2% ao ano.
A sua eficácia é limitada, em parte porque cobre apenas uma parcela relativamente pequena das emissões reais da UE, mas também porque muito do que realmente consegue é a mudança de emissões.
Embora mudanças como as do carvão para o gás pareçam temporárias, não é exatamente um resultado notável em termos da capacidade dos sistemas de precificação de carbono de fazer o que eles dizem que fazem. Ele refuta as habituais alegações pomposas feitas por economistas sobre a rapidez e a justiça com que podem cortar.
A razão para isso acontecer se resume principalmente a questões políticas. A precificação do carbono pretende ser um mecanismo apolítico baseado no mercado para enfrentar a crise climática. A ideia é que o que ela emitir a mais terá um preço mais alto e, portanto, será expulso do mercado; então, a motivação do lucro garantirá a sua substituição por soluções inovadoras que possam ser oferecidas a um custo menor.
Mas, paradoxalmente, todos os tipos de questões políticas rapidamente entram em jogo. Até mesmo estabelecer os limites do que o preço do carbono cobre requer política. Os combustíveis fósseis e as emissões de carbono estão tão profundamente enraizados em todos os aspectos das nossas vidas, desde a energia até o transporte e a alimentação, que é impossível inovar tão cedo.
Para que os mecanismos de precificação do carbono sejam realmente eficazes, eles teriam que entrar em vigor num nível politicamente tóxico. É por isso que nunca aconteceu. Imediatamente, você está a enfrentar enormes injustiças e desigualdades que muitas vezes recaem sobre aqueles que menos podem pagar pelo preço do carbono.
É por isso que vimos surgir rapidamente muita resistência política aos mercados de carbono. Seja no Canadá , em torno dos esforços de Trudeau para impor um preço ao carbono; ou mais recentemente na Holanda , com a oposição dos trabalhadores rurais às metas climáticas. Há boas razões para essa resistência.

Onde a China se encaixa nessa narrativa? Como você explica o fato de eles terem optado pelos mercados de carbono e parecerem estar indo bem?
Indiscutivelmente, é necessário haver formas mais autoritárias de governo para que esse tipo de mecanismo de mercado funcione. A menos que sejam cuidadosamente articulados ou aplicados num nível tão baixo que sejam muito lentos ou ineficazes na redução de emissões, esses sistemas têm o potencial de causar injustiças e desigualdades económicas significativas.
Portanto, acho justo presumir que na China a ausência de caminhos reais para a dissidência democrática desempenhou um papel significativo no sucesso político percebido de seu sistema de comércio de carbono.

Outro tema que se seguiu é a ascensão da agenda ambiental, social e de governança (ESG). Como você vê a política deles, ou a falta dela?
Há um primeiro ponto muito óbvio. Quer a sua perspectiva da economia seja capitalista ou não, nesta transição precisa haver uma realocação massiva de capital para longe das tecnologias marrons e poluentes e para as verdes. E os ESGs têm sido a principal resposta do financiamento privado e do setor corporativo a essa necessidade óbvia.
O E significa "ambiente", as outras duas letras significam "social" e "governança". Os critérios ESG oferecem uma estrutura clara para os investidores avaliarem o destino de seu capital. Você pode indicar se uma empresa na qual deseja investir atende a uma série de critérios, que podem estar relacionados ao clima ou a questões como paridade de gênero nos conselhos. Mas isso também substitui o planeamento.
Isso nos impede de ter metas mais exatas de como queremos realocar o capital. O ESG tem se mostrado uma maneira eficaz de reduzir a pressão por regulamentações mais rígidas que proíbem a alocação de capital para certas coisas, ou exigem que mais material seja alocado para investimentos verdes, criando a impressão de que algo está sendo feito sem exigir muito, ou nada , de empresas.
Também tem tido enorme sucesso como ferramenta de marketing. Por muito tempo, a área financeira entendeu que tinha um problema de imagem quando se tratava de clima e meio ambiente.
O ESG tem sido um produto incrivelmente popular tanto para investidores de retalho quanto para fundos de pensão, todos os quais colocam seus ativos no sistema acreditando que você ainda pode ser verde e fazer o bem ganhando dinheiro, que você pode maximizar o retorno financeiro. e leve em consideração o critério ESG.
Se isso é verdade ou não, é outra questão, mas é assim que foi vendido. E há muito triunfalismo no setor financeiro sobre como está funcionando bem, sobre como os retornos dos investidores se alinham perfeitamente com questões de sustentabilidade, direitos humanos ou leis trabalhistas.