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segunda-feira, 7 de outubro de 2024
Basta de eucaliptal! Carvalho!!
sexta-feira, 6 de setembro de 2024
Seja produtor de sementes para o Parque Natural da Serra da Estrela
A associação Guardiões da Serra da Estrela , com o nosso apoio, procura proprietários/as no território da serra da Estrela dispostos a dar o seu contributo, para a reflorestação e reconversão da paisagem da área protegida.
Amieiro (Alnus glutinosa Gaertn)
Bidoeiro (Betula pubescens e Betula pubescens subsp. celtiberica)
Castanheiro (Castanea sativa Mill.)
Freixo-nacional (Fraxinus angustifolia Vahl.)
Pinheiro-manso (Pinus pinea L.)
Pinheiro-silvestre (Pinus sylvestris L.)
Cerejeira-brava (Prunus avium L.)
Azinheira (Quercus ilex ou Quercus rotundifolia L.)
Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.)
Sobreiro (Quercus suber L.)
Informe-se sobre requisitos adicionais e inscreva-se para ser contactado/a: https://forms.gle/1VwpGz41xmxU6cqg6
segunda-feira, 15 de abril de 2024
Dia Inaugural da Árvore Indígena
O Dia Inaugural da Árvore Indígena criado pelo Grupo de Sementes de Árvores Africanas é no dia 15 de abril de 2024.
Vamos continuar mudando a paisagem das nossas comunidades plantando árvores indígenas.
Site Oficial: Indigenous Tree Day
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segunda-feira, 25 de março de 2024
Investigação: Do Pinhal à Central
A Biofuelwatch e a ZERO acabam de lançar uma investigação em vídeo sobre o fornecimento de madeira pela fábrica de pellets Pinewells, no centro de Portugal, cujo maior cliente é a Drax.
A Pinewells, que pertence ao Grupo Português Visabeira, utiliza grandes quantidades de madeira em troncos de pinheiro maduro. O vídeo apresenta provas de que a Pinewells obteve parte da madeira de cortes rasos na reserva natural montanhosa da Serra da Lousã e no sítio Natura 2000.
O vídeo também analisa os impactos mais amplos da utilização em larga escala de madeira de pinho para pellets de madeira nas florestas de pinheiros e nas indústrias de produtos de madeira em Portugal. Segundo dados da associação da indústria da madeira de pinheiro Centro PINUS, Portugal perdeu 27% da sua área florestal de pinheiro e 35% em termos de produtividade dos pinhais em 15 anos. 20% de toda a madeira de pinho vai para pellets de madeira, sendo o segundo maior consumidor de pinho do país.
Exportamos o nosso "petróleo" verde, (árvores autóctones) aquele que ainda assegura o equilíbrio de diversas espécies de fauna e flora.
Derivado da sua componente eficientíssima do ponto de vista resinoso e convertido em kW/h.
Para a indústria das celuloses estas acções só poderiam ser positivas, pois aqueles milhares de hectares vão dar espaço ao eucalipto, e porquê? Porque o argumento vai ser este: "Não podemos estar muito tempo sem árvores nestes espaços carecas, onde a erosão e outros riscos de catástrofes naturais é pior que o eucalipto!"
O desfecho será óbvio!
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quinta-feira, 23 de novembro de 2023
Dia da Floresta Autóctone - Portugal tem 400 mil hectares de eucalipto ao abandono
O passivo de eucalipto abandonado existe de norte a sul, de este a oeste, e pode bem ser superior a esse número já que o último inventário é de 2015. Foi instalado por todo o país como um petróleo verde. As celuloses detinham uma parte significativa desse e foram-se libertando desse fardo de várias formas, incluindo a venda. Ainda assim existem eucaliptais em áreas sem viabilidade de norte a sul que são abandonados, mesmo que mudem de mãos. Do Douro ao Guadiana passando pelo Tejo, o que não falta são eucaliptais abandonados. Mesmo nas regiões com viabilidade vê-se sinais de abandono por certo ligado aos incêndios. Não sei se já é um fenómeno crescente.
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Dia da Floresta Autóctone - Apenas um habitat florestal em Portugal está em bom estado de conservação
Nesta quinta-feira, 23 de novembro, celebra-se o Dia da Floresta Autóctone, e a ZERO fez uma avaliação ao estado de conservação dos habitats florestais de Portugal, de acordo com um reporte do ICNF, relativo ao período 2013-2018, e revela que “a situação é preocupante”.
Assim, para as três regiões biogeográficas – Atlântica, Mediterrânica e Macaronésica – verifica-se que das representações presentes (sete habitats ocorrem em mais do que uma região) apenas uma se encontra em estado de conservação favorável, 15 encontram-se em estado desfavorável-inadequado, e nove em estado desfavorável-mau.
De forma mais detalhada, a região biogeográfica macaronésica, que abrange as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, tem apenas o habitat prioritário Laurissilvas macaronésicas em estado de conservação favorável, enquanto as florestas endémicas de zimbros e as florestas de zambujeiros e de alfarrobeira estão em estado desfavorável-inadequado e o habitat prioritário turfeiras arborizadas se encontra em mau estado de conservação.
No que respeita à região biogeográfica Atlântica (noroeste de Portugal continental), a situação também não é melhor. Dos cinco habitats representados, dois encontram-se em estado desfavorável-inadequado e três em estado desfavorável-mau, com destaque para o mau estado de conservação dos carvalhais de carvalho-alvarinho ou de carvalho-negral e dos bosquetes de teixo.
Quanto à região biogeográfica mediterrânica, a com mais habitats representados, o panorama não se altera muito, com 10 habitats em estado de conservação desfavorável-inadequado e seis em desfavorável-mau, sendo os carvalhais de carvalho-alvarinho ou de carvalho-negral e os bosquetes de teixo repetem a má condição e juntam-se a estes os freixiais de freixo-de-folhas-estreitas, os carvalhais de carvalho-português e os bosques de sobreiro.
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Dia da Floresta Autóctone - Em defesa do Carvalhal. Fim ao Eucaliptogal
Carvalho-negral (Quercus pyrenaica) |
Nada melhor que lembrar que Portugal estaria muito mais rico com o carvalhal. França, p.ex., não é estúpida. Não quer eucalipto por alguma razão.
- Evitávamos os piroverões e incêndios florestais e tragédias como Pedrógão Grande;
- O carvalho negral é um lenho de enorme durabilidade;
- Importamos desnecessariamente quase 90% de carvalho, quando podíamos ser um País do carvalhal na Europa e não a pouca vergonha e ruína que é a monocultura do eucalipto!
- Estudos mostram que o carvalhal dá lucro de 9 em 9 anos!
Um excelente vídeo, neste Dia da Floresta Autóctone.
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sexta-feira, 10 de novembro de 2023
Associações da serra da Estrela dedicam este mês à floresta autóctone
Várias associações e movimentos cívicos da serra da Estrela realizam este mês um conjunto de ações de preservação e recuperação da floresta autóctone alertando para a importância dos diversos ecossistemas.
Em comunicado enviado à agência Lusa, o Movimento Estrela Viva, com sede em Seia, no distrito da Guarda, precisa que pouco mais de um ano depois do incêndio que devastou 25% da área do Parque Natural da Serra da Estrela, várias associações e movimentos cívicos “juntam-se este mês para celebrar a floresta autóctone” e desenvolver ações que “alertam para a importância da preservação desses ecossistemas diversos e resilientes”.
Os promotores das várias iniciativas querem fazer de novembro “um mês repleto de momentos de aprendizagem e de ação concreta no território para preservar florestas que dão vida à flora, fauna e às comunidades que com elas convivem”.
Para além das atividades de reflorestação, as associações realizam ações que podem contribuir para a recuperação e preservação de ecossistemas florestais.
O objetivo é “demonstrar a diversidade, realçar o papel das comunidades locais na preservação desses ecossistemas e convidar, a quem vem de fora da Serra da Estrela, para se juntar a estas comunidades de guardiões e guardiãs do território”.
Estão envolvidas nestas ações a ASE (Associação Cultural Amigos da Serra da Estrela), o CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens)/Associação ALDEIA, o MEV (Movimento Estrela Viva), a Cooperativa Integral Geradora, a Associação Guardiões da Serra da Estrela e a Associação Veredas da Estrela.
O combate às plantas exóticas invasoras serve de mote a uma ação do Movimento Estrela Viva já este sábado na Portela do Arão, no concelho de Seia.
A planta em destaque é a háquea-picante (Hakea sericea) que “após vários incêndios, começou a modificar os habitats naturais daquela zona, ameaçando a sobrevivência de espécies autóctones”.
No mesmo dia a Associação Veredas da Estrela desafia voluntários a apoiar o início dos trabalhos de recuperação pós-incêndio no Soito do Futuro, um bosque de castanheiros afetado por dois incêndios que foi recentemente adquirido pela associação.
O objetivo é transformar a área num soito que alie a conservação a uma utilização sustentável por parte da comunidade, criando um espaço de partilha, convívio e aprendizagem.
O CERVAS/Associação ALDEIA faz o convite para uma visita à exposição Cogumelos Incríveis que se encontra patente na Casa da Torre em Gouveia durante este mês e lança o desafio para uma saída de campo e um workshop a realizar no dia 19 de novembro sobre o mesmo tema.
Os Guardiões da Serra da Estrela dão continuidade ao programa Renascer de Dentro para Fora com ações de estabilização de solos e plantações de variedades autóctones nas zonas afetadas pelos incêndios e Associação Cultural Amigos Serra da Estrela realiza ações de reflorestação em Lapas das Cachopas, na Covilhã.
O calendário de ações este mês termina no dia 25 com uma ação de reflorestação com espécies autóctones na aldeia de Prados, concelho de Celorico da Beira, organizada pela A Geradora Cooperativa Integral.
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terça-feira, 10 de outubro de 2023
Petição - Pela Preservação das Florestas e dos Ecossistemas em Portugal
Para: Exmos. Senhores Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro Ministro, Ministro do Ambiente, Ministro da Administração Interna.
Nós, os abaixo-assinados, conscientes da importância das nossas florestas e dos ecossistemas para o equilíbrio ambiental, o combate às alterações climáticas e a qualidade de vida das gerações presentes e futuras, vimos por meio desta petição expressar a nossa profunda preocupação com os cortes rasos na Serra da Lousã e outras práticas prejudiciais à biodiversidade e ao ambiente.
CONTEXTO
Os cortes rasos na Serra da Lousã, realizados por exploradores florestais, que desrespeitam o direito de propriedade públicas e privada, têm causado grande indignação na opinião pública.
A compensação financeira por essa violação, que venha a ser paga por exploradores florestais, é de todo insuficiente para o prejuízo ambiental resultante a médio e longo prazo.
Serão necessárias décadas para repor a situação existente e NÓS não temos esse tempo.
A floresta não pode, nem deve ser somente vista apenas como floresta de produção com a inerência económica que daí advém; deve ser vista sim, até com os desafios climáticos que temos pela frente, como uma floresta de conservação, e a sua natural essência (fundamental) no equilíbrio dos ecossistemas.
Com a continuação destas políticas enfrentamos a maior vaga de infestação de invasoras (acácia e hakea). A desflorestação sem critério não é mais que o cenário ideal para a sua propagação.
DESAFIOS
Monocultura e redução da diversidade:
As políticas públicas adoptadas ao longo das décadas priorizaram o valor económico da floresta, resultando na substituição de florestas por plantações de monocultura, reduzindo a diversidade e a resiliência dos ecossistemas florestais, com todas as consequências que daí advém.
São urgentes políticas de proteção à floresta, políticas sérias e credíveis, que não passem de uma mão cheia de boas vontades, e que não permitam que o crime compense.
Desertificação e fragmentação da propriedade:
A desertificação do interior levou à transformação de terras agrícolas em terras florestais, causando a fragmentação da propriedade florestal, o seu abandono, e criando condições propícias para os incêndios florestais.
Permitiu igualmente o abandono de espécies autóctones que eram essenciais para a subsistência da população de outrora, permitindo o seu corte e substituição com vista à plantação de espécies que visam unicamente o lucro rápido.
A impunidade dos exploradores florestais:
A exploração florestal é levada a cabo através de práticas de diversas infrações ambientais, assim como, desrespeitando a propriedade públicas e privada, intimidando proprietários e comunidades locais, muitas vezes com a complacência das autoridades locais/nacionais.
Estamos perante um atentado ambiental, como foi o cometido nos últimos dois anos na serra da Lousã, com um corte superior a 130ha de floresta com dezenas de décadas de crescimento, com o corte de dezenas ou até mesmo centenas de árvores de espécies autóctones, muita desse área em Rede Ecológica Nacional e Rede Natura 2000. Há dúvidas sobre a legitimidade legal de compras efetuadas. Houve invasões de propriedades públicas e privadas. As estradas abertas em Rede Natura não foram repostas e não foi replantada uma única árvore.
A resposta não pode nem deve ser “não podemos fazer nada”, deixar impune atos de autêntica atrocidade ambiental e passar o assunto incólume, quando o maior prejudicado é a sociedade presente e futura. Discutir políticas ambientais e deixar passar estes atos impunes é elevar o cinismo e a hipocrisia ao seu máximo.
Classificar áreas como Rede Natura e, por estas terem maioritariamente pinheiro bravo, fazer tábua rasa da restante vegetação, assim como de todo o coberto vegetal, com a consequente deterioração e erosão do solo com as chuvas, além de negligente é passar a mensagem que o crime compensa.
APELO
Instamos os responsáveis políticos a compreenderem que a redução das emissões de carbono e o incentivo às energias renováveis não são suficientes. É hora de adotar uma nova política ecológica e florestal que promova a retenção da água, a melhoria da qualidade dos solos, a diversidade das espécies e a regeneração das florestas, assim como conservar e melhorar o pouco que ainda subsiste.
PROPOSTAS:
Entre outras possíveis para cumprir o objetivo, queremos ver implementadas algumas medidas concretas:
• A eliminação definitiva de cortes rasos em áreas protegidas, como a Rede Natura 2000, para manchas superiores a 1ha de floresta, contribuindo para o cálculo da área os terrenos contíguos.
• Replantar todas as áreas cortadas de floresta nas áreas protegidas, sendo que 25% da área com espécies nativas após cada corte;
• Aumento significativo das molduras contraordenacionais em Rede Natura e rede ecológica.
• Cessação imediata de utilização de qualquer carreiro ou estrada aberto ilegalmente em Rede Natura 2000 ou reserva ecológica.
• Obrigatoriedade de pagamento de compensação pecuniária para reposição do coberto vegetal.
• Perda efetiva do alvará de exploração florestal, por parte do explorador singular ou coletivo, sendo que deverão ser identificados os sócios com proibição acessória de exercício de exploração florestal no período não inferior a 5 anos.
• A verificação por parte do ICNF da legitimidade legal dos contratos e dos intervenientes que estão na base do manifesto de corte; nomeadamente com o envio das respetivas matrizes e georreferenciação.
• A detenção e acusação por crime de desobediência, por parte das autoridades policiais, a violações de embargos administrativos de cortes florestais, mesmo que declarados verbalmente nos termos da lei.
• Medidas de fiscalização efetiva e regular da implementação dos Planos de Gestão Florestal públicos, privados e baldios aprovados, especialmente no que concerne à replantação das áreas cortadas.
ASSINATURAS
Ao assinarmos esta petição, demonstramos o nosso compromisso com a proteção das florestas e dos ecossistemas em Portugal. Pedimos a todos os cidadãos, organizações e autoridades responsáveis que se unam a nós nesta causa vital para o nosso país e para o nosso futuro.
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quarta-feira, 23 de novembro de 2022
23 de Novembro – Um dia dedicado à Floresta Autóctone
A 23 de novembro celebra-se o Dia da Floresta Autóctone, uma data estabelecida para promover a importância de preservar e plantar espécies que fazem parte do património natural.
Este dia foi escolhido como alternativa ao Dia Mundial da Floresta (21 de março), criado originalmente para países do norte da Europa, que têm nessa altura melhores condições para a plantação de árvores. Na Península Ibérica, as condições climatéricas do mês de novembro, com temperaturas mais baixas e alguma precipitação, são mais favoráveis para a plantação de árvores.
De acordo com a Quercus, a plantação de árvores em Portugal, durante a primavera, apresentam frequentemente um baixo sucesso associado ao aumento das temperaturas e redução das chuvas que se faz sentir com a proximidade do verão.
O que é a Floresta Autóctone?
A Floresta Autóctone consiste numa floresta de árvores originárias do próprio território.
A floresta autóctone portuguesa é toda a floresta formada por árvores originárias do nosso país, como é o caso dos carvalhos, dos medronheiros, dos castanheiros, dos loureiros, das azinheiras, dos azereiros, dos sobreiros.
Qual a importância das florestas autóctones?
- Estão mais adaptadas às condições do solo e do clima do território, por isso são mais resistentes a pragas, doenças, longos períodos de seca ou de chuva intensa, em comparação com espécies introduzidas;
- Ajudam a manter a fertilidade do espaço rural, o equilíbrio biológico das paisagens e a diversidade dos recursos genéticos;
- Fazem parte do nosso ecossistema. São importantes lugares de refúgio e reprodução para um grande número de espécies animais autóctones, muitas delas também em vias de extinção;
- Exercem um importante papel na redução do efeito estufa;
- Regulam o ciclo hidrológico e a qualidade da água;
- Embora de crescimento mais lento, são normalmente mais resistentes e resilientes aos incêndios florestais.
72% da floresta portuguesa é composta por espécies florestais autóctones
Em Portugal, as árvores autóctones representam cerca de 72% da floresta, uma percentagem que é composta principalmente por espécies como o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), o sobreiro (Quercus suber), a azinheira (Quercus rotundofila) e o pinheiro-manso (Pinus pinea). Juntas, estas quatro espécies representam 61% da área florestal total em Portugal continental (ICNF, 2017).
Mas estas árvores estão longe de ser casos únicos. Segundo os dados do GlobalTree Portal, Portugal tem 103 espécies de árvores autóctones. Esta lista inclui espécies menos conhecidas, como o pau-branco (Picconia azorica), endemismo açoriano ou o marmulano (Sideroxylon mirmulans), um endemismo madeirense, das Canárias e Cabo Verde e outras mais conhecidas, como a aveleira (Corylus avellana), a alfarrobeira (Ceratonia siliqua), o freixo (Fraxinus angustifolia), o choupo-branco (Populus alba) ou o salgueiro-branco (Salix alba).
Ainda de acordo com o GlobalTree Portal, das 103 espécies nativas, 9 estão em risco global de extinção e uma está classificada como “possivelmente ameaçada”.
Como cuidar e manter as espécies autóctones?
Cuidar e manter espécies autóctones, sobretudo as que estão em maior risco, implica:
- Gerir os habitats existentes;
- Recuperar paisagens degradadas e reforçar a presença destas espécies através de ações de plantação;
- São também fundamentais as ações ex-situ, ou seja, fora dos habitats naturais, criando capacidade de conservação de biodiversidade e evitando a extinção das espécies mais vulneráveis.
A participação e colaboração de todos é fundamental para que a nossa floresta autóctone esteja cada vez mais protegida. Todos podemos contribuir para a preservação e expansão das nossas espécies indígenas!
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segunda-feira, 18 de julho de 2022
Ambientalistas pedem gestão do eucalipto para ordenar floresta
Ambientalistas pedem gestão do eucalipto para ordenar floresta
As associações ambientalistas defenderam hoje uma gestão mais integrada da produção de eucalipto com vista a um melhor ordenamento da floresta portuguesa contra incêndios, para se conseguir conciliar com os interesses deste setor económico.
"Temos uma indústria em Portugal instalada, temos eucaliptos na paisagem, temos necessidade da matéria-prima que produz valor e cria emprego, por isso não queremos a erradicação das plantações e da indústria do eucalipto. Agora, temos de ter uma gestão equilibrada do território que possibilite que também existam outras espécies e isso não está a acontecer", afirmou Paulo Lucas, da Associação Zero, à agência Lusa.
Considerando que "há um certo descontrolo da plantação do eucalipto", com a espécie a crescer em áreas "pouco produtivas" de minifúndio e sem qualquer gestão, o ambientalista defendeu que os limites legais à plantação ou replantação desta espécie "não devem ser ultrapassados".
"Nos casos em que o eucalipto está abandonado e não tem uso produtivo, tem de ser forçado a deixar de existir com o Governo a promover a reflorestação com espécies autóctones", preconizou por seu turno à Lusa Miguel Jerónimo, do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA).
Para o coordenador de projetos de reflorestação em Monchique e Leiria, é preciso "evitar ter dezenas de quilómetros de uma só espécie, intercalar o eucalipto com bosques de espécies autóctones para promover o ordenamento e proibi-lo em zonas de alta perigosidade de incêndio".
Tendo o eucaliptal um ambiente mais seco do que o de outras espécies arbóreas, o que propicia uma maior propagação e projeção do fogo, o dirigente alertou que, para haver essa descontinuidade da mancha florestal, a área de eucalipto tem de ser reduzida.
A mesma posição é assumida pela Associação Zero.
Ambas as associações defenderam que os povoamentos em que os proprietários plantaram outras espécies arbóreas para "compensar" os de eucalipto também não podem ficar ao abandono e carecem de uma gestão contra os incêndios, sob pena de constituírem uma "bomba-relógio" sempre que existe combustível por limpar.
Por todos estes motivos, preconizaram, não basta apostar na certificação do eucalipto que, além de cara, não constitui um verdadeiro avanço para o ambiente e para a defesa da floresta contra incêndios, quando o problema é o desordenamento florestal, o abandono da terra e a falta de gestão.
É urgente o ordenamento florestal, alternando a mancha florestal com várias espécies, frisaram.
"Não basta decretar a proibição da expansão do eucalipto e o apoio à reconversão e depois ficar à espera de que sejam as próprias pessoas a fazê-lo, quando não têm meios", disse Miguel Jerónimo, para quem é necessário passar dos planos às ações concretas no território, com áreas integradas de gestão da paisagem, e investir na prevenção dos incêndios neste quadro de alterações climáticas, com fenómenos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
"Este Governo trouxe uma nova visão com um plano de transformação da paisagem, mas basta ir a áreas ardidas como em Pedrógão [2017] ou Monchique [2018] e ver que a floresta continua exatamente na mesma ou até pior", exemplificou.
O eucalipto ocupa 26% da floresta portuguesa.
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sexta-feira, 19 de novembro de 2021
Territórios da rede Natura 2000 fortemente afectados pela expansão dos eucaliptos
Investigação levada a cabo por investigadores das universidades de Munique e Zurique usou imagens multi-espectrais para monitorizar populações de eucaliptos fora do perímetro das áreas de plantações regulares. As conclusões surgem em tom de alerta.
20 de Agosto de 2020
Os primeiros registos da espécie Eucalyptus em território europeu remontam ao final século XVIII, quando, primeiramente por razões ornamentais, as árvores foram exportadas da Austrália para o resto do globo. Não foi necessário, ainda assim, muito tempo para que o carácter adaptativo da espécie se destacasse, aliado a um crescimento rápido, despertando o interesse de inúmeras indústrias – tanto que no século XX o eucalyptus globulus (mais utilizado para aplicações industriais) já estava fortemente presente no continente europeu. À medida que a expansão ocorria (incentivada por governos nacionais e organizações internacionais, que promoviam as propriedades da espécie enquanto fonte renovável de energia de rápido crescimento), muitos ignoravam as desvantagens da cultura, a começar pelo seu carácter invasivo.
Foi precisamente com o objectivo de mapear a existência dos eucaliptos na Península Ibérica que Andreas Forstmaier se juntou a Jia Chen (ambos do departamento de engenharia electrónica e informática da Universidade Técnica de Munique) e ao engenheiro agro-alimentar Ankit Shekhar (da Universidade de Zurique). Fazendo uso de imagens multi-espectrais, de resolução média, provenientes dos satélites usados nas missões Sentinel 2, o trio examinou as áreas pertencentes à rede Natura 2000 – zonas ao abrigo das directivas europeias de protecção de aves e habitats –, de forma a identificar “pequenas e incipientes populações, assim como “plantações ‘mistas’, fora do perímetro das áreas de plantações regulares”.
Na apresentação dos resultados do artigo, intitulado Mapping of Eucalyptus in Natura 2000 Areas Using Sentinel 2 Imagery and Artificial Neural Network, os investigadores realçam que, só no território português, já há 15 territórios (pertencentes à rede Natura 2000) afectados pela presença de eucaliptos, dos quais nove estão “fortemente afectados”.
Em declarações ao PÚBLICO, Andreas Forstmaier justificou a opção pelos territórios pertencentes à Rede 2000 por estarem em causa “zonas protegidas e que, como tal, devem ser monitorizadas com mais detalhe, para que os seus ecossistemas mais sensíveis sejam preservados”. Daí que encare “a substituição gradual das espécies autóctones por população invasiva” como uma das maiores ameaças ambientais às espécies que ali habitam. “Como estes ecossistemas são únicos e albergam várias espécies ameaçadas que dependem de um ambiente intacto, é crucial que façamos um esforço para os proteger”, resumiu.
Quanto às tecnologias usadas no estudo, muitas representam uma novidade nas investigações desenvolvidas neste campo. Se, por um lado, este é o primeiro estudo a oferecer um mapa de resolução espacial de 10 metros das ocorrências de eucalipto, mesmo para as áreas externas às plantações regulares da Península Ibérica ocidental, a utilização de imagens provenientes dos satélites usados nas missões Sentinel 2 para a detecção de espécies invasoras, a nível nacional, na rede Natura 2000 é também uma novidade.
Segundo Andreas Forstmaier, as imagens multi-espectrais utilizadas, que facultam mais informações do que as imagens de cor, contêm “partes do espectro da luz que não são visíveis ao olho humano, por exemplo, infravermelhos, daí que sejam normalmente usadas para a monitorização de culturas ou florestas, inclusive com informações sobre a actividade fotossintética das plantas”. A aposta deve-se ainda à componente automatizada do método e à disponibilidade no acesso às imagens, que podem ser consultadas por qualquer cidadão que tenha acesso a um computador.
Questionado sobre o uso dos métodos para outros fins, ainda que no âmbito da gestão florestal, o investigador é rápido a enumerá-los. Desde “forçar o cumprimento de leis e as limitações às plantações de eucaliptos”, à detecção dos esforços dos proprietários em demarcar a incontrolável propagação dos eucaliptos em redor e fora das propriedades, passando ainda pela localização de propriedades não registadas. No que diz respeito à prevenção de fogo, as imagens podem ser usadas para “identificar as áreas que estão densamente cobertas por monoculturas de eucaliptos”.
Incêndios, causa e efeito
Numa análise mais geral, o investigador defende que o efeito mais visível das plantações de eucaliptos em larga escala, com especial destaque para os territórios ibéricos, são mesmo os “incêndios florestais” e a rapidez com que a espécie renasce depois da ocorrência destes, em comparação com as “árvores nativas”. Por outras palavras, “os eucaliptos substituem a vegetação existente e actuam como combustível para potenciais incêndios florestais futuros”. Um “ciclo” que, na opinião de Forstmaier, “continuará e, face à previsão de subida de temperaturas médias em Portugal nas próximas décadas, será cada vez mais recorrente”.
Para fazer frente a (ou até mesmo reverter) esta realidade, Forstmaier considera que uma “acção rápida é necessária”, principalmente nos ecossistemas onde os eucaliptos se podem espalhar “rapidamente”. Nestes casos, “pequenas populações têm de ser removidas e substituídas por espécies autóctones”, visto que uma acção tardia pode representar “um controlo ainda mais difícil no futuro”.
A acção deverá passar igualmente por “um controlo contínuo e mais rigoroso por parte das autoridades”, com o foco na “prevenção e na gestão da sustentabilidade das florestas”. “Necessário é trazer de volta práticas de gestão florestal sustentáveis e subsidiar empresas e agricultores que trabalham de forma sustentável.” Paralelamente, defende ainda o reforço do corpo de guardas florestais que “controlam regularmente as florestas (tanto públicas como privadas)”, algo que considera vital. Estas medidas, reconhece, exigirão um “grande esforço para reconstruir a indústria florestal em Portugal”, no entanto, serão “a única forma de prevenir incêndios no futuro”.
O investigador lança um desafio àqueles que duvidam do impacto da presença cada vez mais dominante de eucaliptos nas florestas portuguesas. “Entre numa floresta, sente-se durante cinco minutos e não faça mais nada senão ouvir. Primeiro faça-o numa plantação de eucaliptos e depois numa floresta virgem e tente descobrir as diferenças.”
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terça-feira, 16 de novembro de 2021
Por quê chamar-lhe rewilding quando queremos dizer renaturalização?
Uma teoria divide nos últimos tempos o movimento conservacionista, chamam-lhe rewilding. O termo foi usado pola primeira vez em 1990 no artigo de Jennifer Foote “Trying to take back the planet”, publicado na revista norte-americana Newsweek. Seriam os também norte-americanos David Foreman, em 1993, e Michael Soulé e Reed Noss, em 1998, aqueles que desenvolveriam e aprimorariam o conceito.
Com o rewilding procura-se uma gestão dos ecossistemas como forma de autorregulação, que preserve a sua funcionalidade e que mantenha e mesmo recupere a biodiversidade. Para a sua concretização, propõe-se uma restauração dos processos naturais degradados baseada em três pilares fundamentais: Conservação, mediante figuras de proteção ambiental estritas, de grandes áreas naturais com a superfície suficiente para serem resilientes face às perturbações ambientais; existência de corredores naturais, que as mantenham interligadas; e recuperação de espécies chave, que seriam os drivers ou condutores no restabelecimento das dinâmicas naturais.
O rewilding implica um tipo de gestão ativa à procura dum futuro hipotético onde a nossa intervenção sobre o território fosse mínima; transcende, por consequência, a simples renaturalização passiva, onde não existe qualquer intervenção humana nos ecossistemas. Neste sentido, atribui-se um grande protagonismo à megafauna (grandes hervíboros e predadores), defendendo uma polémica reintrodução de espécies selvagens já desaparecidas, que no caso de estarem extintas em todo o Planeta, seriam substituídas polos seus proxies ou representantes atuais taxonomicamente próximos. Falaremos dalguns destes proxies que poderiam ser drivers no rewilding peninsular .
O ‘rewilding’ atribui grande protagonismo à megafauna (grandes hervíboros e predadores), defendendo uma polémica reintrodução de espécies selvagens desaparecidas.O mais conhecido é o bisonte-europeu (Bison bonasus), sobre o qual existem vários projetos de “(re)-introdução” na Cordilheira Cantábrica e noutros pontos da Península. Por enquanto, estes exemplares vivem atualmente em cercados que não deixam de ser meros parques zoológicos. Porém os bisontes que até princípios do Holoceno habitaram na Europa meridional, os que aparecem nas pinturas rupestres de Altamira e Lascaux, pertenceriam a uma outra espécie, o desaparecido bisonte-da-estepe (Bison priscus). Falaríamos, logo, da introdução duma espécie alóctone e ecologicamente diferente (a primeira é própria de bosques, a segunda de terrenos abertos).
Pretendem, do mesmo modo, introduzir proxies do tarpã (Equus ferus ferus), o cavalo selvagem euroasiático que se extinguiu na Rússia no século XIX. Neste caso oferecem diferentes alternativas: Cavalos-de-Przewalski (E. ferus przewalskii), uma outra subespécie selvagem, nativa da Mongólia; pretensas recriações do tarpã como os cavalos de Heck ou mesmo outras raças domésticas, supostamente, primitivas como os sorraias ribatejanos.
No caso do extinto auroque (Bos primigenius primigenius) utilizam recriações como os bovinos de Heck ou Taurus…
E os mais radicais apostam, mesmo, pela “(re)-introdução” na Europa de elefantes, leões, hienas, leopardos… Sim, durante o Pleistoceno, existiram mamutes-lanosos (Mammuthus primigenius) e até leopardos (Panthera pardus) nas nossas serras orientais.
Portanto, qual é a biodiversidade que queremos preservar? A existente no Pleistoceno? A do Holoceno? Ou a de tempos históricos? Pois, por mais surpreendente que nos pareça, existem partidários do rewilding pleistocénico, do rewilding holocénico…
A sério, onde pomos a data? Certamente, não existe uma resposta fácil à pergunta de qual é a nossa linha de referência temporal quando queremos marcar objetivos no campo da conservação da natureza. Um problema que já foi formulado em 1995 por Daniel Pauly, que o nomeou Síndrome de Deslocamento da Linha de Referência.
Achamos que o rewilding peca dum excesso de essencialismo que o leva a procurar o retorno a uma espécie de Jardim do Éden. Podemos concordar, no entanto, com algumas das suas propostas, como a necessidade de protegermos espaços naturais mais extensos e interconetados mediante corredores ecológicos. Desde 1967, os estudos sobre a biogeografia de ilhas de MacArthur e Wilson estabeleceram a importância de considerar o tamanho e o isolamento das áreas de conservação da vida selvagem, concluindo que espaços naturais pequenos e isolados entre si, continuavam a ser extremamente vulneráveis às extinções.
O ‘rewilding’ peca dum execesso de essencialismo, mas o despovoamento do campo, traz novas oportunidades para processos de restauração ecológica, como os que se estão a dar na atualidade no nosso paísAcreditamos, por outro lado, que o despovoamento do campo, traz novas oportunidades para processos de restauração ecológica, como os que, de facto, se estão a dar na atualidade no nosso país, onde grandes carnívoros (lobos e ursos) e ungulados (javalis, corços, veados, rebeços, cabras-bravas, gamos…) recolonizam uma Galiza que se vai esvaziando de gente.
As nossas serras acolhem, desde há séculos, proxies dos tarpãs e dos auroques. Os nossos tarpãs são os garranos, os cavalos de monte que vivem em estado selvagem todo o ano, e que hoje se vêem ameaçados por burocratas que os tratam como simples gado doméstico. Os nossos auroques são essas raças autóctones de vacas criadas em extensivo, muitas vezes em plena liberdade: Marelas, Cachenas, Caldelãs, Limiãs…
Existem também interessantes iniciativas populares de custódia do território como a Fundação Fragas do Mandeu ou as dos Montes em Mão Comum de Frojão e Covelo. A outro nível trabalha-se no esperançoso projeto de criar o grande corredor ecológico no sudoeste europeu, um corredor que conetaria os Ancares com os Alpes, atravessando a Cordilheira Cantábrica, os Pirinéus e o Maciço Central.
Em definitivo, não necessitamos importar modas americanas. O tal rewilding parece-nos dispensável, ergo uma renaturalização vai ser tão necessária quanto inevitável.
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sábado, 30 de outubro de 2021
Projeto Life Maronesa Quer Combater as Alterações Climáticas e Prevenir Fogos
Um projeto-piloto implementado numa exploração de vacas maronesas, em Vila Pouca de Aguiar, quer ajudar a combater as alterações climáticas, reduzir o risco de incêndio, quantificar a produção de biomassa nas pastagens e os efeitos do pastoreio.
O projeto Life Maronesa tem um financiamento de cerca de dois milhões de euros, comparticipado em 55% pela União Europeia, e estende-se até 2025.
“Aqui, na área do Casal da Bouça, nós adquirimos experiência com estas práticas mais sustentáveis e que estão, de forma natural, mais adaptadas ao impacto das alterações climáticas”, afirmou à agência Lusa Juliana Salvação, da associação florestal Aguiarfloresta, coordenadora do projeto.
A gestora do projeto destacou ainda o contributo do pastoreio para a redução do risco de incêndio florestal e a importância de replicar as “boas práticas” em outros baldios que fazem parte do Life, em Mondim de Basto, Ribeira de Pena e Vila Real, concelhos que são “solar” da raça autóctone maronesa.
No Casal da Bouça, na aldeia de Souto, em Vila Pouca de Aguiar, o produtor António Moutinho tem 130 vacas e novilhas em regime extensivo, ou seja, os animais andam a maior parte do tempo ao ar livre entre a serra do Alvão e os lameiros.
Esta exploração transformou-se numa “área de demonstração”. Ali foi construída, há já uma década, uma manga de maneio dos animais que é considerada única na região e “anti-stress” para as vacas e, nos lameiros e na montanha, foram colocados cercados e gaiolas de exclusão (de monitorização da herbivoria).
Também ali está a ser quantificada, pela primeira vez, a biomassa consumida pelas vacas, por dia, o que permitirá, também, apurar o rendimento do animal, por dia, em serviços de ecossistema, ou seja, os benefícios desta raça para o ambiente.
Trata-se, segundo o investigador Carlos Aguiar, do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), de “um ensaio fatorial” onde foram introduzidas variáveis: num cercado não há pastoreio, em outro corta-se o feno e num outro corta-se o feno e há pastoreio.
“E nós vamos ver o que acontece à flora e à produtividade”, referiu.
Com este estudo pretende-se recolher dados científicos e números que, segundo o responsável, “nunca foram quantificados”.
“No final vamos ficar a saber quantos quilos de biomassa produz um lameiro, mas também quantos quilos consome uma vaca”, salientou.
Carlos Aguiar explicou que o Life Maronesa “tem várias frentes”, desde a recuperação da fertilidade das terras nos lameiros, através da aplicação de calcário magnesiano, medida que classificou como importante porque a “produção de feno e de pasto condiciona o número e animais” que os criadores podem ter.
Outra frente é a recuperação dos solos nas montanhas, devastadas pelos incêndios de grande severidade, apostando nos fogos controlados, de baixa densidade, associados à herbivoria, ou seja, à ingestão das plantas por parte dos animais.
Carlos Aguiar referiu que “as vacas podem trazer atrás de si mais animais e mais plantas”.
“O discurso que liga a criação de gado à libertação de metano e a carbono na atmosfera, ao aquecimento global, aqui não, é ao contrário”, salientou.
Por sua vez, o produtor António Moutinho explicou a manga de maneio, construída pelo próprio, que foi inspirada num modelo americano e que visa o bem-estar dos animais.
Ao longo de um cercado com três círculos os animais são conduzidos para uma espécie de tronco, onde entram individualmente e são manuseados “sem entrarem em stress”, o que facilita as intervenções veterinárias, de sanidade e o seu transporte.
“O projeto tenta replicar o que estamos a fazer nesta exploração para outros criadores no sentido de introduzir alguma inovação para tornar as explorações mais sustentáveis ambiental, económica e socialmente”, salientou António Moutinho.
Para levar visitantes ou técnicos ao terreno foi criado o percurso do Pastoreio Sustentável e da Gestão da Paisagem Clima +, onde ao longo de 13 quilómetros foram espalhados 32 painéis, entre o Casal da Bouça até à Serra do Alvão, que descrevem as várias etapas e iniciativas do projeto.
Os mentores do projeto acreditam que o incremento do consumo e do preço da carne de raças autóctones de montanha, criadas em extensivo, traduz-se em fogos de menor intensidade, mais carbono sequestrado no solo, maior diversidade de espécies e ecossistemas, ganhos de bem-estar animal e em rendimentos acrescidos dos criadores de gado.
“O número de animais e de produtores tem vindo a diminuir e é importante valorizar estas atividade enquanto motor de desenvolvimento rural e social e cativar novos pastores e produtores e gado para a região”, afirmou Juliana Salvação.
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
Proteger os Ecossistemas de Água Doce
Os ecossistemas aquáticos de água doce são dos habitats mais ameaçados do planeta. O engenheiro florestal Amílcar Teixeira, investigador do CIMO, tenta preservar a qualidade dos rios e ribeiras nacionais, combatendo as grandes ameaças que sobre eles pairam.
O Homem está na origem dos grandes problemas que ensombram a conservação dos nossos rios e ribeiras. A qualidade da água é colocada em causa pelo excesso de poluição e pela enorme quantidade de material orgânico; a pesca excessiva tem um importante impacto predatório sobre os peixes, crustáceos e bivalves mais raros; a introdução de espécies exóticas compete ferozmente e contribui para a aniquilação das espécies autóctones. Como se isso não fosse suficiente, a construção de barragens e açudes muda a natureza das linhas de água, impede migrações e destrói habitats sensíveis.
Todos estes temas estão na agenda de Amílcar Teixeira. Sediados em Montesinho, em pleno Parque Natural, este investigador e a sua equipa do CIMO - Centro de Investigação da Montanha multiplicam-se em estudos de ecologia e de gestão destas áreas vulneráveis. Uma das suas riquezas é a Biodiversidade que albergam - um património natural, que presta serviços essenciais ao planeta e à Humanidade. Um simples mexilhão de água-doce, espécie atualmente muito ameaçada, pode filtrar 50 litros de água por dia. Sem a ajuda de químicos ou de substâncias industriais. Por isso, quando os troços dos rios de montanha eram cobertos por colónias deste mexilhão, a sua água não podia ser mais pura. E este é apenas um exemplo, que se pode multiplicar por toda a frágil cadeia ecológica.
Mesmo nos mais recônditos espaços de montanha, já não encontramos habitats verdadeiramente selvagens. Todos os ecossistemas sofreram alterações provocadas pela presença humana. Mas em locais como o Parque Natural de Montesinho, e em muitas outras áreas protegidas, a Natureza e o Mundo Rural podem e devem coexistir. Depende dos decisores políticos, centrais e locais, a definição de medidas que permitam a conciliação entre a conservação da Natureza e as atividades económicas, como a agricultura, a caça, a pesca e o lazer. Graças ao trabalho dos investigadores, como Amílcar Teixeira, sabemos qual a capacidade de carga desses espaços, como podem ser usufruídos de forma equilibrada e como devemos preservar o património natural que ainda guardam - e que é essencial para combatermos as alterações climáticas em curso.
Clique aqui para aceder ao podcast: https://cienciacomimpacto.pt/pt/media/podcasts/podcast-t4e1-amilcar-teixeira-proteger-os-ecossistemas-de-agua-doce
Clique aqui para ver o filme: https://cienciacomimpacto.pt/pt/media/videos/valorizar-e-cuidar-da-biodiversidade
sexta-feira, 6 de agosto de 2021
Adeus, eucaliptos. Valongo vai plantar 2.960 sobreiros
Valongo não renovou o contrato de exploração de madeira de eucalipto na encosta poente da serra de Santa Justa, que está a ser reconvertida para floresta nativa – 2960 sobreiros serão plantados no Outono.
Escrito por Ana Patrícia Silva quinta-feira 25 março 2021
Mais de sete hectares de eucaliptal na Serra de Santa Justa serão reconvertidos numa floresta com árvores autóctones. O protocolo de cooperação entre a Junta de Freguesia de Valongo e a Metro do Porto foi assinado esta quarta-feira e prevê a plantação de 2960 sobreiros no Outono, a época mais propícia a este tipo de operação.
"A Junta de Valongo, que tem participado com grande proactividade no projecto do Parque das Serras do Porto, tomou a decisão de não renovar um contrato antigo de exploração de madeira de eucalipto, estando a sua propriedade, na encosta poente da Serra de Santa Justa, gradualmente a ser reconvertida para floresta nativa, com o envolvimento do Parque e do município de Valongo, e contando com apoio técnico da Portucalea", anuncia uma publicação do Parque das Serras do Porto.
Esta área foi alvo de estudos académicos por parte de estudantes da FCUP e de uma experiência de inoculação de touças de eucalipto com fungos, para prevenir a rebentação, numa acção promovida pelo CRE.Porto/projecto FUTURO. Em 2019, com a colaboração da LIPOR, foram reconvertidos cerca de quatro hectares, com a plantação de sobreiros e pinheiros-mansos. A LIPOR continua a assegurar a manutenção da área e está a alargar a intervenção a mais dois hectares. Com o envolvimento da Metro do Porto, este trabalho será expandido a mais 7,4 hectares.
O sobreiro foi eleito Árvore Nacional de Portugal desde 2011, devido à grande importância económica, social e ambiental que representa para o país, nomeadamente através da exploração sustentável da cortiça e por contribuir para a preservação da biodiversidade. É uma espécie protegida pela legislação portuguesa desde 2001.
segunda-feira, 21 de junho de 2021
Ambientalistas contra a conversão para biomassa na central do Pego
Associações ambientalistas manifestaram-se hoje contra a conversão para biomassa na central termoelétrica do Pego, no concelho de Abrantes (Santarém), projeto anunciado por um dos acionistas da Tejo Energia, tendo alertado para os riscos ambientais associados.
Em carta aberta dirigida ao Governo e à Comissão Europeia, a que a Lusa teve acesso, a Quercus, em nome da plataforma de nove associações ambientalistas, como a Zero, a FAPAS e o GEOTA, entre outras, afirma que os impactes decorrentes da queima de biomassa para a produção de eletricidade são "devastadores em termos de conservação dos solos, da capacidade de armazenamento de água e da manutenção da biodiversidade", rejeitando a proposta de projeto anunciada para a reconversão da central a carvão do Pego.
"Numa altura em que são cada vez mais evidentes os impactes da queima de biomassa sobre os ecossistemas, as populações e o clima, a Trustenergy", principal acionista da Central Termoelétrica do Pego, com uma potência total de 628 megawatts, "anunciou a intenção de converter a unidade de queima de carvão para a queima de resíduos florestais, mas que, na prática, se traduzirá sem dúvida na queima de arvoredo", pode ler-se no documento.
Nesse sentido, alertam que, "em condições médias de operação, a central irá gerar cerca de 508 GWh por ano, correspondente a uma necessidade de consumo anual de biomassa de 1,1 milhões de toneladas por ano", valor que, na sua plena capacidade, "poderia aproximar-se dos cinco milhões de toneladas de madeira", gerando uma "procura acrescida de matéria-prima que ultrapassaria em muito os recursos disponíveis".
Por outro lado, "pese embora que se alegue apenas vir a queimar resíduos florestais na central do Pego", os ambientalistas alertam para o facto que, de acordo com as regras atuais da União Europeia, este termo pode incluir qualquer tipo de madeira, sejam resíduos das indústrias da madeira ou arvoredo.
As organizações signatárias, que apelam ao Governo português e à Comissão Europeia para "não viabilizarem o financiamento público à queima de árvores para a produção de eletricidade", notam que "um dos cenários mais prováveis para o fornecimento de biomassa ao Pego seria a rolaria de eucalipto", situação que aumentaria a procura por madeira desta espécie, em concorrência direta com unidades muito próximas de produção de pasta e papel.
Tal facto, sublinham, "tenderia a criar condições para a instalação de novas áreas de monoculturas na bacia hidrográfica do rio Tejo, o que poderia agravar ainda mais os problemas associados aos grandes incêndios", para além de exigir maior pressão sobre as importações de madeira de eucalipto por Portugal, a partir de Espanha, do Uruguai ou de Moçambique".
Para os ambientalistas, "qualquer aumento na utilização industrial de arvoredo em Portugal contribuirá, no imediato, para um agravamento da perda de coberto arbóreo, com destaque para as espécies autóctones", sendo que "a possibilidade de se vir a recorrer à sua queima na central do Pego agravaria ainda mais o nível de emissões de gases de efeito estufa".
No documento, a plataforma ambientalista defende a alocação de "financiamento público no apoio à requalificação e criação de novos postos de trabalho na região, em particular os que possuem ligação à promoção de fontes de energia verdadeiramente renováveis, para compensar uma eventual perda de postos de trabalho" com o encerramento da unidade de carvão na central do Pego.
O fundamental é, concluem, "direcionar a subsidiação pública para apoio aos proprietários rurais, na conservação de habitats e no estímulo à adoção de sistema de produção verdadeiramente sustentáveis".
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