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quinta-feira, 31 de outubro de 2024
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terça-feira, 25 de junho de 2024
Julian Assange Livre, após forte pressão diplomática e de movimentos cívicos
After 5 years in jail, Julian Assange has finally walked free.
Julian Assange wasn’t imprisoned for his own crimes, but for exposing the crimes of others.
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sábado, 15 de junho de 2024
Homens que cortaram árvore centenária, destruindo património mundial, vão a julgamento no Reino Unido
Daniel Graham e Adam Carruthers: são os nomes dos homens acusados de ter abatido uma árvore centenária e causado danos na muralha de Adriano. O julgamento dos dois suspeitos, no Tribunal da Coroa britânico, começa esta quarta-feira.
O caso começou a 28 de setembro do ano passado, quando o Parque Natural de Northumberland, no norte de Inglaterra, acordou com a notícia que que a árvore com mais de 150 anos tinha sido deliberadamente cortada. A árvore, um bordo, ficou famosa por crescer solitária num vale da planície, uma imagem cinematográfica que ficou imortalizada no filme de 1991 Robin Hood – O Príncipe dos Ladrões.
Depois de cortada, a árvore caiu em cima da Muralha de Adriano, uma fronteira do tempo do império romano que se estendia ao longo de mais de 100 quilómetros, de oeste ao este da Grã-Bretanha. A ruína, que foi declarada Património Mundial da UNESCO em 1987, ficou parcialmente destruída pela queda da árvore.
Segundo a BBC, a polícia britânica abriu uma investigação ao caso, para averiguar os culpados, acabando por deter Graham e Carruthers em abril deste ano.
Os suspeitos foram depois presentes ao tribunal de Newcastle no dia 15 de maio. A procuradora Rebecca Brown, citada pela AP, declarou que o custo dos danos aos dois marcos emblemáticos ultrapassou as 620 mil libras (cerca de 735 mil euros). “A acusação diz que a árvore foi deliberadamente abatida em 28 de setembro do ano passado e que a queda resultante danificou a Muralha de Adriano, Património Mundial da UNESCO”, afirmou Brown no tribunal.
Os homens enfrentam duas acusações de crime de dano. Em tribunal, Daniel Graham declarou-se inocente, enquanto Carruthers não se pronunciou.
A juíza Zoe Passfield acabou por redirecionar o caso para o Tribunal da Coroa, responsável pela apreciação dos casos penais graves. Justificou-se, dizendo que “o caso é demasiado grave para ser julgado no tribunal de magistrados”. Nas suas declarações, citadas pela Sky News, Passfield afirmou: “Estou ciente de que os ânimos estão exaltados em relação a este caso”.
O caso mediático começa a ser julgado no Tribunal da Coroa de Newcastle, esta terça-feira, dia 12 de junho. Entre os dois julgamentos, os suspeitos foram libertados sob fiança.
sexta-feira, 24 de maio de 2024
Conto: Artur
Na quietude da noite, sob o cobertor sufocante do brilho neon da cidade, havia um homem chamado Artur. Artur morava num apartamento pequeno e bagunçado à beira do esquecimento, ou pelo menos era assim que ele se sentia. A sua vida era um labirinto de prazos, cada um deles um minotauro que o perseguia incansavelmente. O tique-taque dos relógios, o zumbido do computador, os bipes incessantes das notificações – o tempo era uma fera com muitas cabeças, e cada uma delas estava com fome.
Artur trabalhava como jornalista, mas não do tipo que escrevia sobre acontecimentos importantes ou pessoas influentes. A sua batida era o mundano, o despercebido, o esquecido. Ele narrou a vida daqueles que viviam nas fendas da sociedade, os invisíveis. Ele sempre sentiu afinidade por eles, talvez porque também se sentisse invisível na maior parte do tempo. As suas palavras eram seu único refúgio, uma forma de dar sentido ao caos que o cercava.
Mas ultimamente, Artur sentia um aperto no peito, uma sensação torturante de que o seu tempo estava a acabar. Não eram apenas os prazos – eles sempre existiram, como velhos amigos que demoravam muito para serem bem-vindos. Não, isso era algo mais profundo, mais insidioso. Ele se viu a olhar para o relógio, vendo os segundos escaparem como grãos de areia por entre os seus dedos. Ele sentiu como se estivesse na costa de um vasto oceano, a maré subindo inexoravelmente, ameaçando puxá-lo para baixo.
Uma noite, sentado à sua mesa, cercado pelos detritos de sua vida – chávenas de café vazias, papéis amassados e refeições pela metade –, ele recebeu um e-mail. A linha de assunto dizia: “Seu prazo final”. Era de uma mulher chamada Elara, um nome que parecia brilhar na tela. O e-mail era breve, quase enigmático: "Encontre-me na antiga torre do relógio à meia-noite. O seu tempo está a acabar."
O coração de Artur disparou. Ele nunca tinha ouvido falar de Elara, mas havia algo na mensagem que parecia urgente, inegável. A antiga torre do relógio estava abandonada há anos, uma relíquia de uma época passada. Ficava nos arredores da cidade, uma sentinela silenciosa vigiando a vida daqueles que passavam sob a sua sombra.
À medida que se aproximava a meia-noite, Artur viu-se parado na base da torre do relógio. O ar estava denso de neblina, e a torre assomava acima dele como um monólito, com os ponteiros congelados a um minuto da meia-noite. Ele empurrou a pesada porta de madeira e entrou.
O interior estava escuro, exceto por uma única vela tremeluzindo sobre uma mesa no centro da sala. Sentada à mesa estava uma mulher, o rosto parcialmente obscurecido pelas sombras. Ela ergueu os olhos quando ele entrou e ele viu que os olhos dela eram de um azul profundo e penetrante, como as profundezas do oceano.
"Você deve ser Artur", disse ela, com a voz suave e melódica. "Eu estive à espera por você."
"Quem é você?" Artur perguntou, sua voz tremendo ligeiramente.
"Eu sou Elara", ela respondeu. "Estou aqui para ajudá-lo a encontrar o tempo que você perdeu."
Artur franziu a testa. "O que você quer dizer?"
Elara apontou para o relógio na parede. "O tempo é uma construção, Artur. Ele pode ser dobrado, esticado ou até mesmo pausado. Mas para você, tornou-se uma prisão. O seu tempo está a acabar porque se esqueceu de como viver no presente."
Artur balançou a cabeça. "Eu não entendo."
Elara levantou-se e caminhou até ele. "Feche os olhos", ela sussurrou.
Ele obedeceu e, ao fazê-lo, sentiu um calor inundá-lo, uma sensação de ser levantado, sem peso. Imagens passaram diante de seus olhos – memórias da sua infância, momentos de alegria, tristeza, amor e perda. Ele se via quando menino, correndo pelos campos de trigo dourado, rindo com os amigos, brincando na chuva. Ele viu seu primeiro amor, o toque da mão dela, o calor do seu sorriso. Ele viu os seus pais, com os rostos marcados pela idade, mas cheios de orgulho e amor.
E então ele se viu curvado sobre a mesa, o peso do mundo sobre os ombros, o relógio sempre correndo, sempre em contagem regressiva.
Quando ele abriu os olhos, ele estava de volta à torre do relógio. Elara havia desaparecido, mas a vela ainda tremeluzia, lançando um brilho suave. O relógio na parede começou a se mover novamente, os seus ponteiros avançando continuamente.
Artur respirou fundo e saiu. A neblina havia-se dissipado e as primeiras luzes do amanhecer surgiam no horizonte. Ele sentiu uma sensação de clareza, de propósito. Ele sabia agora que o tempo não era seu inimigo, mas uma dádiva – uma dádiva a ser valorizada, a ser vivida plena e completamente.
Ao voltar para o seu apartamento, resolveu escrever a sua história, não apenas dos esquecidos, mas dos momentos encontrados, dos momentos que faziam a vida valer a pena. Afinal, não se tratava de ficar sem tempo, mas de fazer valer cada momento.
sexta-feira, 10 de maio de 2024
George Orwell sobre Jornalismo
Liberdade para Julian Assange e Pablo González, um jornalista basco com o azar de ter dupla nacionalidade: espanhola e russa e desde o início da guerra russo-ucraniana está na cadeia na Polónia acusado sem provas de ser espião russo, quando ele fazia jornalismo ao estilo de Bruno de Carvalho.
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terça-feira, 30 de abril de 2024
Julian Assange - A man who risked everything to bring the truth to light
A man who risked everything to bring the truth to light
We need YOUR help to get The TRUST FALL: JULIAN ASSANGE- Documentary out to cinemas 🎬📽
📣Please contact YOUR local cinema and request for them to run this film. Point them to www.thetrustfall.org for info, the trailer and to make a booking. Thanks for helping to raise awareness with this film.
Shame on you, USA. Before giving lessons of wisdom to the world using force and violence, look in the mirror.
20 may 2024 the UK courts will decide if they will extradite Julian! He should be released immediatly!
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terça-feira, 13 de fevereiro de 2024
Hoje é Dia Mundial da Rádio
Eu próprio fiz rádio, nos anos 80, quando houve o boom de rádios clandestinas. Chamava-se Rádio Caos e fiz um programa intitulado "Terra-Mãe", de cariz ecologista, divulgando notícias sobre ambiente.
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sábado, 3 de fevereiro de 2024
Gaia Vince - We Are in a Post-Climate Change World
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terça-feira, 23 de janeiro de 2024
Universitários leem mais nas redes sociais do que nos sites noticiosos
Uma equipa de investigadores levou a cabo um projeto que pretendia conhecer os "Hábitos de Leitura dos Estudantes do Ensino Superior", mas num universo de quase 180 mil alunos de universidades e institutos politécnicos portugueses, responderam apenas 1.982 estudantes de nove universidades.
"Estes resultados não são representativos dos hábitos de leitura", salientou Filomena Oliveira, sub-diretora geral da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC), explicando que o estudo apresentado esta terça-feira na Fundação Calouste Gulbenkian acaba por ser apenas um "exercício piloto", apelando a "um maior envolvimento das Instituições de Ensino Superior" (IES) nos próximos estudos.
Apesar de não se poder extrapolar, mais de 90% dos inquiridos disseram ter hábitos de leitura sem fins académicos, lendo livros, jornais, revistas ou textos online.
"Entre as quatro modalidades de leitura possível, os textos online são os mais lidos (74%) e as revistas as menos escolhidas" (33%), contou Filomena Oliveira, acrescentando que os alunos usam sobretudo meios digitais (mais de 70%), sendo o papel a opção mais apontada para querem ler um livro.
É nas redes sociais que os alunos mais procuram textos online para ler (81%) mas também procuram informação em sites noticiosos (78%).
Entre as redes sociais, o estudo aponta o Instagram como a mais procurada (82%), seguindo-se o X (ex-Twitter) e o Facebook, acrescentou a diretora-geral da DGEEC.
Metade dos alunos disse ler jornais, mas os sinais dos tempos mostram que a maioria (61%) já prefere o formato digital e apenas 7% ainda prefere o papel.
O inquérito quis saber também se os alunos liam as bibliografias académicas e concluiu que 29% leva as recomendações a sério, mas muitos (23%) ignoram as sugestões dos professores e nunca leram qualquer bibliografia.
Entre os obstáculos à leitura das bibliografias, aparece a falta de tempo mas também "o nível de dificuldade dos textos", sublinhou Filomena Oliveira.
As bibliotecas das instituições são espaços poucos usados, com menos de 30% dos alunos a usá-las e, na maioria dos casos, apenas para fazer trabalhos ou estudar ".
A apresentação do estudo contou com a presença da comissária do Plano Nacional de Leitura, Regina Duarte, do secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Nuno Teixeira, e da coordenadora do estudo e professora da Universidade de Coimbra, Cristina Robalo, que também criticou a dedicação das IES neste projeto, salientando apenas "honrosas exceções".
Além do pouco interesse mostrado pelas IES, Cristina Robalo apontou também os efeitos da pandemia e o tema do inquérito - focado nos "hábitos de leitura" - como motivos para dificultar a recolha de dados.
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sábado, 30 de dezembro de 2023
UNESCO quer investigação ao homicídio de João Chamusse
Diretora-geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), Audrey Azoulay, condenou o homicídio do jornalista moçambicano João Chamusse e pediu uma investigação às circunstâncias do crime.
Numa posição divulgada por aquela organização das Nações Unidas, a que a Lusa teve hoje acesso, Audrey Azoulay pede uma investigação sobre as circunstâncias da morte daquele profissional, no dia 14 de dezembro, em Maputo, e afirma "que a impunidade para tais crimes não deve ser tolerada e os criminosos devem ser levados à justiça".
"A Unesco promove a segurança de jornalistas por meio da conscientização global, capacitação e coordenando a implementação do Plano de Ação das Nações Unidas sobre a Segurança de Jornalistas e a Questão da Impunidade", recorda a organização.
O Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) anunciou em 22 de dezembro a detenção de mais dois suspeitos de envolvimento no assassínio do jornalista moçambicano João Chamusse.
"Eles foram detidos na posse dos telemóveis e do computador pertencentes à vítima", declarou Henrique Mendes, porta-voz do Sernic na província de Maputo, durante uma conferência de imprensa.
João Chamusse, de 59 anos, foi encontrado morto no dia 14 de dezembro no quintal da sua residência, em Nsime, na província de Maputo, sem roupa e com um ferimento na nuca.
As autoridades acreditam existirem elementos fortes que provam o envolvimento dos indiciados, de 23 e 18 anos, incluindo o instrumento contundente que terá sido usado para assassinar João Chamusse.
"Um deles, que é confesso, alega que terá realizado alguns trabalhos na casa da vítima e não foi pago. Por isso, optou por ajustar as contas com vítima, ele era um vizinho da vítima [...]. O outro suspeito foi detido na posse de um dos telemóveis da vítima, em resultado do trabalho que fizemos", observou o porta-voz do Sernic.
Segundo as autoridades, as outras três pessoas que tinham sido detidas suspeitas de estarem envolvidas no caso na semana passada foram entretanto libertadas.
Piloto comercial de formação, pela Escola Aeronáutica de Lisboa, João Chamusse era diretor editorial do jornal eletrónico "Ponto por Ponto" e comentador televisivo, caracterizando-se por uma abordagem crítica, irónica e, por vezes, cómica, sobretudo em temas de política interna.
segunda-feira, 25 de dezembro de 2023
A nossa Comunicação Social é de direita
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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Os novos negacionistas
Quando Galileu descobriu que era a Terra que rodava em torno do Sol (e não o contrário), a doutrina dominante não aceitou e obrigou-o a renunciar à sua descoberta. Reza a história que à saída da igreja onde abjurara, Galileu se voltou para um amigo e lhe sussurrou: “E, no entanto, ela (a Terra) gira.”
O mesmo se passa hoje em relação à crise ecológica e ao crescimento económico exponencial das nossas economias. Quando se diz algo absolutamente razoável sobre a insustentabilidade de um sistema dependente do crescimento a todo o custo, a recepção violenta ou pedante (pelas elites, comentadores políticos, etc.) é sinal de que voltamos ao estilo da Idade Média.
Mas, independentemente do dogmatismo vigente, o facto é que não podemos continuar a aumentar o PIB para sempre. É muito simples: não é possível crescer o PIB sem aumentar ao mesmo tempo os fluxos de matérias e de energia – necessários para construir e fazer funcionar quase tudo o que se compra e vende. Mesmo quando uma inovação reduz o consumo material/energético de um bem ou serviço, esse ganho de produtividade/competitividade resulta em vendas acrescidas, o que leva a maiores consumos materiais e energéticos no total. Chama-se a isto o paradoxo de Jevons. Verifica-se sempre, desde que foi identificado no início da Revolução Industrial, e é o que demonstra a impossibilidade crónica do crescimento verde. Sem apelo.
E esta dependência de fluxos materiais e energéticos cada vez maiores implica uma destruição da Natureza na mesma proporção, porque estes têm de ser extraídos e transformados ao longo de toda a cadeia de produção: estamos a provocar a 6.ª extinção em massa, a desflorestar, sobrepescar, minerar, poluir, instalar megaparques solares e eólicos, e monoculturas industriais em todo o lado.
O relatório do Estado do Clima de 2023 publicado na revista BioScience é taxativo: “Estamos a deixar para trás as condições associadas com a civilização humana. Temos de mudar a nossa perspectiva de a emergência climática ser uma questão ambiental isolada para uma [perspectiva de] ameaça sistémica e existencial.” Continuar a acreditar que conseguimos “inovar tecnologicamente” as soluções para as múltiplas manifestações deste imenso problema é não perceber a natureza desse mesmo problema. É confundir causas com sintomas. É como tentar curar um cancro com aspirinas, por nos recusarmos a aceitar que temos cancro.
É este o novo negacionismo. No anterior, o climático, não se acreditava que o aquecimento global era provocado pela ação humana. Neste novo, (ainda) não se acredita que a destruição natural sem precedentes que estamos a viver seja provocada pela obsessão do crescimento económico exponencial.
Mas esse crescimento económico exponencial é matemática e fisicamente impossível num mundo com recursos finitos. Não só por causa dos desequilíbrios ecológicos, mas também devido a outras instabilidades como a financeira, a social ou a geopolítica.
O mundo como o conhecemos, e como se materializa nas nossas vidas diárias, está prestes a sofrer uma redução imensa na sua capacidade de aceder às quantidades de energia, materiais e estabilidades essenciais à sua continuação. E se não podemos fazer grande coisa relativamente aos sistemas macro, podemos fazê-lo em relação aos nossos sistemas socio-económicos locais, regionais, nacionais – e talvez europeus – preparando-(n)os para os choques que se avizinham.
É por isso que os artigos do JMT, de Pedro Norton, ou as lastimáveis conversas de café da CNN, são bem exemplificativos das "elites" em Portugal. Embrulham-se na sua incompreensão do que se está a passar, discorrendo disparatadamente sobre um qualquer acontecimento global, repentino, tipo “cometa dos dinossauros” ou apocalipse bíblico onde tudo acontece num repente – daqueles que, realmente, nunca aconteceram à espécie humana. Têm uma visão de progresso monolítica, subjugada ao imperativo do crescimento económico, fora da qual tudo para eles é "um inferno”.
Não contemplam qualquer possível transição, qualquer via de desenvolvimento alternativo. Não entendem que o tal "fim do mundo" se refere ao aproximar do "fim de um mundo", i.e. de um modo de viver: o nosso.
E estão 100% errados, porque isto foi algo que aconteceu, literalmente, a 100% das civilizações da história da humanidade. E nas 100% das vezes que isto aconteceu, as suas elites não reagiram: o que as tornava e mantinha como elites era o sistema em que viviam, mesmo quando este se desmoronava debaixo dos pés. Pelo que mantê-lo a todo o custo era – e é – o seu objetivo último.
O mundo como o conhecemos, e como se materializa nas nossas vidas diárias, está prestes a sofrer uma redução imensa na sua capacidade de aceder às quantidades de energia, materiais e estabilidades essenciais à sua continuação.
Hoje, com o velho mundo a desmoronar, surgem já várias alternativas sistémicas, económicas, democráticas, agrícolas, regenerativas, tecnológicas e em tantas outras vertentes. E o Decrescimento, enquanto corrente crítica, debruça-se precisamente sobre isto: convidar reflexões difíceis, mas honestas, imaginar e experimentar novas economias, novas medidas de progresso social, e experimentar formas de transitar, coletiva e estrategicamente, para uma sociedade onde será cada vez mais difícil o acesso a energia e materiais – por constrangimento, ou por opção.
O que não podemos – e não podemos mesmo – é deixar tudo na mesma, "nas mãos" de um nível de comentário político miserável, de elites políticas e económicas focadas meramente em lucros e eleições, e tudo dependente de uma premissa económica impossível.
Nas tantas histórias da humanidade, já se fez muito mais, por muito menos. Está na hora de mudar de página, de mundo – e de elites.
Texto original aqui
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terça-feira, 12 de dezembro de 2023
Tel Aviv restringe ainda mais a liberdade de imprensa
Esta foto enviou-me um amigo meu Prof. Univ. em Tel Aviv. É o dia a dia. Constante presença militar. Diz ele que mesmo a alguns km, ouvem-se na capital os bombardeamentos dos sionistas na Cisjordânia. Os canais televisivos só passam o discurso de Netanyahu.
O governo israelita está a pressionar o jornal de esquerda Haaretz para apoiar o governo na sua condução da guerra na Faixa de Gaza. O ministro das comunicações, Shlomo Karhi, sugeriu a aplicação de multas ao jornal.
O Haaretz, que é um periódico independente (fundado em 1919) tem sido alvo frequente dos governos de direita em Israel. Em 20/10 , o governo promulgou regulamentações de emergência, permitindo o fecho temporário dos media estrangeiros considerados prejudiciais ao país.
O CPJ relata que 57 jornalistas e trabalhadores da mídia foram mortos desde o início do conflito. Isso inclui 50 palestinos, 4 israelitas e 3 libaneses. O Repórteres Sem Fronteiras posiciona Israel em 97º lugar em seu ranking de Liberdade de Imprensa de 180 países, acima da República Centro-Africana e abaixo da Albânia. E destaca: “Sob a censura militar de Israel, reportar sobre várias questões de segurança requer aprovação prévia das autoridades. Além da possibilidade de processos por difamação civil, os jornalistas também podem ser acusados de difamação criminal e "insultar um funcionário público".
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sexta-feira, 1 de dezembro de 2023
Caravana anti-mineração percorreu as estradas do Barroso
Vários carros inundaram as estradas da região do Barroso, pedindo a suspensão e rescisão de todos os contratos de exploração mineira duvidosos, assinados nos últimos anos na região do Barroso.
A caravana anti-mineração passou em quatro aldeias ameaçadas por diferentes projetos. Partindo às 13h da Junta de Freguesia de Morgade, a caravana rumou até à Borralha, passando por Dornelas, e terminando em Covas do Barroso.
Às 15h30, ao chegar a Covas do Barroso, os diferentes movimentos e associações locais realizaram uma conferência de imprensa. Esta caravana é uma iniciativa conjunta de 8 associações locais e nacionais – a Associação Povo e Natureza do Barroso (PNB); a Associação Unidos pela Natureza; a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso (UDCB); a Associação Bio-N; o Movimento Não às Minas - Montalegre; o Espaço A SACHOLA; a Rede Minas Não; e a Iris – Associação Nacional de Ambiente.
Com esta caravana, os movimentos e associações querem denunciar o avanço forçado destes projetos.
Nas últimas semanas, temos assistido à entrada de máquinas em terrenos baldios em Covas do Barroso e em terrenos do Alto das Forcadas, na Borralha. Apesar do pedido de demissão do primeiro-ministro estar relacionado com os negócios do lítio, as empresas, com a conivência do Estado, têm tentado, à força, entrar nos terrenos.
As populações querem demonstrar a sua união e força perante esta ameaça aos seus territórios, mostrando às empresas mineiras, ao governo demissionário e ao que virá que a oposição contra as minas não baixará os braços.
A concentração terminou com discursos de vários intervenientes no Largo do Cruzeiro, em Covas do Barroso, entre as 15h30 e as 17h00.
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quinta-feira, 2 de novembro de 2023
Música do BioTerra: Estraca - Preço
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domingo, 29 de outubro de 2023
O Herman que Habita em Nós
Assinalaram-se, há dias, os 40 anos da primeira emissão de “O Tal Canal”. E a grande inquietação que nos atormenta é: como assim, o Herman José fez aquele programa há 40 anos? O mesmo Herman José que vemos, semanalmente, na televisão? O mesmo Herman José que acrescentou no Instagram uma vida artística às milhentas que já viveu? O mesmo Herman José que regressou à estrada, para dar espetáculos, abraçando, tantos anos depois, essa faceta de saltimbanco? Ao visionarmos, hoje, algumas das pérolas de inteligência e criatividade que o humorista lançou constatamos o quão revolucionária foi aquela dose de loucura boa que teve como cúmplices Helena Isabel, Vítor de Sousa, Lídia Franco e Manuel Cavaco. Aquilo que Herman José fez nos anos 80 é tão mais extraordinário se avaliado à luz dos atuais cânones da tolerância no humor. Tudo tem de ser explicado, contextualizado, num equilíbrio infantil para não melindrar ninguém. Aquele humor pós-revolução foi disruptivo porque, como reconheceu recentemente o “verdadeiro artista”, passaram a fazer o que eles gostavam e não o que o grande público gostava. Felizmente que houve um encontro de vontades.
É importante reconhecer, em vida, os feitos dos grandes. Não esperar que eles morram para lhes dizer, como temos obrigação de dizer ao Herman José, muito obrigado por tudo. Muito obrigado por ter plantado, em diferentes gerações de portugueses, o vício de rir. E rir das coisas mais parvas às mais sofisticadas. Quatro décadas depois de “O Tal Canal”, só podemos estar gratos por haver um bocadinho de Herman José em todos nós. Sabermos rir de nós próprios é, antes de tudo, um valioso exercício de liberdade individual e coletiva. Obrigado pelo Esteves, pelo Nelito, pelo Tony Silva, pela Marilú. Obrigado, Herman, pela seriedade com que todos eles nos ensinaram a ser um pouco mais felizes.
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segunda-feira, 23 de outubro de 2023
O Lobby - Assista ao filme censurado que Israel não quer que você veja
Documentário da Al Jazeera censurado após pressão de Israel mostra como o lobby do país exerce influência em Washington.
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quinta-feira, 12 de outubro de 2023
Os países europeus com maiores e menores liberdades
A Europa é considerada um dos continentes mais livres do mundo. A maioria dos países europeus está no topo do Índice de Liberdade Humana, ocupando 19 das 25 primeiras posições do ranking, de acordo com o relatório produzido pelo Cato Institute, dos EUA, e pelo Fraser Institute, do Canadá.
A liderar a lista encontra-se a Suíça (8,94 pontos num ranking de 0 a 10), sendo seguida por Estónia (8,73), que é o segundo país mais “livre” da Europa e o terceiro do mundo, superado apenas pela Nova Zelândia.
Portugal também está bem posicionado na tabela, com uma pontuação de 8,20, à frente, por exemplo, de Espanha (8,08), França (7,80) e Itália (8,02).
De referir que a maior parte dos países europeus tem, em média, mais de 7,50 pontos. Os países com pior pontuação na Europa são Turquia (5,71), Bielorrússia (5,78) e Rússia (6,01).
Em causa está um índice anual que se baseia em 83 indicadores diferentes de liberdade pessoal e económica em áreas como:
- Estado de direito;
- Segurança;
- Circulação de pessoas;
- Liberdade religiosa;
- Liberdade de expressão e informação;
- Sistema jurídico justos e direitos de propriedade;
- Moeda forte;
- Liberdade de comércio internacional;
- Regulamentos do país.
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quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Colapso climático - Em busca de uma saída
Luís Ribeiro, jornalista da Visão escreveu o seguinte: "Este grupo (?) exige 100% de eletricidade de fonte renovável em 2 anos e o fim absoluto da gasolina e do gasóleo nos próximos 7.São exigências absurdas, inapelavelmente impossíveis de cumprir. Quem anda a manipular estes miúdos? Qual é a fonte da ignorância?"
Ora acontece que mais 10 anos a emitir praticamente ao ritmo atual e mesmo depois 20 anos de descida exponencial ainda assim iria fazer com que a atmosfera chegasse aos 450-500 ppm. Acima dos *400* o clima transita para um estado fundamentalmente diferente. Já se iniciaram processos irreversíveis.
quinta-feira, 13 de julho de 2023
Manual de luta contra a desinformação
Maria Angelita Ressa é uma jornalista filipino-americana, nascida em Manila, em 1963, e que foi viver, a partir dos 10 anos, com a família para os Estados Unidos, depois de declarada a lei marcial nas Filipinas.
Frequentou a Universidade de Princeton, onde se licenciou em inglês com um certificado em teatro e dança. Depois de se formar, em 1986, regressou às Filipinas com uma bolsa Fulbright para estudar em Manila, onde iniciou a sua carreira de jornalista.
Em 2012, Maria Ressa fundou e lançou o sítio web Rappler, que rapidamente cresceu, tornando-se uma das maiores fontes de notícias das Filipinas. Esta empresa de comunicação social digital de jornalismo de investigação ficou internacionalmente conhecida por descrever, minuciosamente, o modo como as redes sociais se tornaram numa arma usada pelo poder dominante, bem como por expor o modus operandi corrupto do Governo abraçado por Duterte e seu sucessor , igualmente corrupto, Ferdinand Marcos Jr., filho do ex-presidente com o mesmo nome – conhecido por ter fugido de helicóptero, depois de ter feito o maior desfalque, alguma vez conhecido, a um Estado-Nação.
Os seus “esforços para salvaguardar a liberdade de expressão, uma pré-condição para a democracia e a paz duradoura”, foram reconhecidos ao mais alto nível, tendo-lhe sido atribuído o Prémio Nobel da Paz, em 2021, em conjunto com o jornalista russo, Dmitry Muratov.
A obra agora publicada pela Ideias de Ler, intitulada Como fazer frente a um ditador: A luta pelo nosso futuro , é um relato dos anos de luta pela liberdade de imprensa, num país onde o uso da violência física, digital e até judicial está ao serviço de Governos ditatoriais e cada vez mais autoritários.
Com prefácio da reconhecida Amal Clooney, advogada dos direitos humanos e co-fundadora da Fundação Clooney, o livro está dividido em três partes. Num discurso na primeira pessoa, Maria Ressa narra o seu percurso de vida, desde a escola primária, expondo os seus princípios e códigos de conduta e de honra, iniciando com a sua regra de ouro. Aquele que lhe permitiu, desde sempre, discernir o que seria correto ou errado em qualquer situação na sua vida.
A missão do jornalismo está, igualmente, explicada, sendo, aliás, o motor para a criação de um site de notícias distinto de muitos outros, o Rappler, no sentido em que são os jornalistas (de investigação) que decidem o que noticiar e não os patrocinadores ou os governantes.
A segunda parte é sobre o modo como o poder político usa as redes sociais para a desinformação, por intermédio de contas falsas e sobre a criação, divulgação e ocultação de notícias falsas e, consequentemente, para a destruição das democracias – a “infodemia”. como designa um jornalista.
O poder político é o de Duterte que, logo após assumir a carga, controlou e gerou desequilíbrios nos três ramos da governação. O colapso aconteceu por meio de “um sistema de clientelismo, lealdade cega” e aquilo a que a autora denomina de “três C's: corromper, coagir e cooptar. Se alguém recusasse o que o governo desejava ou oferecia (...) era atacado” (p. 184). Paralelamente, Maria Ressa desenvolve uma explicação detalhada sobre o funcionamento dos algoritmos e de como o Facebook tem contribuído para a manifestação do fascismo e desmoronamento das democracias.
Na terceira parte, a jornalista narra todo o processo de difamação contra si e contra o Rappler e os esforços de toda a equipa para se manter firme e sobreviver “à morte por mil cortes”, num contexto de novos e mutantes ecossistemas de informação.
Ao mesmo tempo, relata-se o crescente empobrecimento de um país alimentado pela desinformação.
Uma das pessoas com quem Maria Ressa trabalhou é a investigadora Shoshana Zuboff, cuja obra sobre o capitalismo de vigilância é um recurso teórico que ajuda a compreender o caso prático das Filipinas.
Ainda que não seja sobre a “A era do capitalismo da vigilância” que aqui se trata, esta obra, além de referenciada e usada por Maria Ressa, é indispensável para compreender todo o processo de transmissão de dados a que todos os que usam a Internet estão sujeitos, embora se saiba que o Facebook e o Google estão na primeira linha de transmissão e controle de dados, bem como na disseminação da desinformação.
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