Porque neste mês as minhocas começam a aparecer no solo que finalmente aquece depois do frio do inverno. Aliás, as minhocas atraem tordos e outras aves, que são realmente o sinal da primavera!
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sábado, 23 de março de 2024
segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
Darwin e as minhocas. Solo e Húmus
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Caricature of Charles Darwin’s theory of evolution from 1882. The image was published in a Punch almanac after Darwin released "The Formation of Vegetable Mould through the Action of Worms" |
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domingo, 20 de março de 2022
"O senhor Dona Alice" por Ana Primavesi
O senhor Dona Alice
"O túnel era escuro mas bastante cômodo. Era arrematado com uma massa viscosa que tornava as paredes duras e estáveis. De vez em quando forquilhava para dar acesso a uma gruta espaçosa, cujo chão e paredes eram revestidas caprichosamente com pedrinhas.
Aqui morava Dona Alice, uma minhoca da nobre tribo dos Enchytraideos. Tinha trazido as pedrinhas, uma por uma da superfície para arrematar seus quartos, onde descansava e dormia. Agora mesmo, estava repousando numa de suas salas lendo o noticiário das minhocas. Achou um absurdo que estavam importando minhocas da família das Eisenia para criação de rãs. Era uma família vagabunda, que vivia quase que exclusivamente de esterco de gado, crescia rápido e praticamente não cavava túneis e casas. Mas finalmente, recebia o que merecia. Era criada somente para ser jogada como comida à rãs que as devoravam.
Dona Alice sentiu um arrepio porque era um sistema bastante cruel. Outra notícia dizia que um professor da tribo dos Octaclátios virá para dar uma palestra sobre a melhor maneira de misturar a terra com húmus. Mas Dona Alice achou que não iria adiantar muito porque nesta região tropical, o húmus era raro, e o que se tinha para comer eram folhas frescas ou semi-decompostas. Leu ainda, que a maior população de minhocas vivia no Alto do Araguaia na Amazônia, onde se supunha que não existissem minhocas.
Fechou o jornal e foi à sua despensa para beliscar uma folha que estava sendo preparada pelas bactérias. Estava quase no ponto para ser comida. Passou por um de seus depósitos de lixo e olhou com curiosidade as bactérias e fungos, especialmente os actinomicetos que brigavam pelos restos. E de repente lhe veio a pergunta: será que são tão pobres que não têm coisa melhor para comer do que meu lixo, ou ela era tão fina que jogava tanta coisa boa fora?
Comeu uns fios de fungos sem pedir licença e seguiu seu caminho. Inspecionou os quartos onde iria depositar os casulos com seus ovos. Aqui estariam protegidos e os filhotes poderiam viver um bom tempinho dentro do casulo, consumindo o líquido nutritivo que tinha colocado com muito cuidado. Aqui, ninguém iria incomodá-los e poderiam sobreviver bem à primeira fase de sua vida. Depois viria a luta pela sobrevivência.
Hoje, não estava de bom humor. Tinha brigado com seu companheiro o Senhor Eisino, porque tinha dito para ele que nas próximas semanas ela seria o dono da casa. “Como?” perguntou ele, “Sem mais nem menos você quer que troquemos?” “Naturalmente,” disse Dona Alice, “A partir de hoje eu sou o Senhor Alicio e você é a Dona Eisina. Acho muito justo que troquemos. Por que somente eu devo fazer os ninhos e produzir os casulos, se você também pode?”
E quando uma raiz de Cambará entrou para perguntar se poderia usar seu túnel, em busca de água, lá em baixo, no lago subterrâneo, e ainda não sabia da troca chamando-a de Dona Alice, esta berrava irritada: “Nada de Dona Alice. Sou o Senhor Alicio! Está bem!” “Desculpe,” gaguejava a raiz, “Não sabia que tinham trocado novamente.” “É algo confuso seu status. Nunca sei se devo dizer Dona Alice ou Senhor Alicio.” A minhoca olhava desconfiada para a raiz, não sabendo se era gracejo ou se falava sério. Mas quando viu que era toda sincera, alisou suas cerdinhas que sempre eriçava quando estava brava, desenrolou seu corpo em todo seu tamanho para mostrar seu cinto novo e disse algo conciliador: “Diga simplesmente senhor Dona Alice, aí se evita confusão.”
A raiz riu baixinho, com cuidado para que o senhor Dona Alice não a visse nem ouvisse, e seguiu seu caminho em direção à água.
Eisino, agora Eisina, foi à superfície para pegar algumas folhas e ventilar sua raiva. Ontem ainda era o maridinho e hoje devia ser esposa. Mas depois consolou-se que a vida das minhocas era assim mesmo. Ia colher algumas folhas semi decompostas porque eram mais gostosas. E caso não encontrasse nada, arrastaria também uma plantinha nova para sua casa. Depois resolveu fazer outro túnel para não encontrar mais com Alicio naquele dia. Empurrava a terra com força.
“Nossa!"- gritou uma vespinha que estava prestes a depositar um ovo numa larvinha e que foi varrida por este terremoto, enquanto a larvinha aproveitava para fugir. “Que maneira grosseira, onde se viu empurrar a casa dos outros?” Eisina não disse nada mas andava igual a um caterpiller, derrubando tudo que estava em seu caminho. Mas depois a terra ficou dura e seca e resistia à sua cavação. Já se arrependia um pouco de sua teimosia, mas como verdadeira minhoca não desistia facilmente. Molhava a terra com água de sua reserva que sempre carregava junto e depois, sem maiores dificuldades, a engolia, porque não tinha onde depositá-la. Usava sua própria barriga como carreta. Depois, quando saída da terra despejava tudo na superfície, agora misturada com húmus e cálcio de sua glândula especial e formando pequenos cones. Tinha certeza que a chuva não iria destruí-las e a entrada de água estaria garantida. Sem umidade nem minhoca nem planta consegue viver.
A região onde estava era nova e ainda não existiam folhas semi decompostas. Assim mesmo, carregou algumas folhas para sua despensa, que ainda não estava revestida, e respingou um líquido por cima das folhas para atrair bactérias, que deveriam começar a digeri-las. Bactérias trabalham bastante rápido e logo iriam dar uma comida especial. Enquanto isso, comeu alguns fios de fungos e caçou algumas larvinhas de saltadores ou colêmbolos e até de nematoides.
Os nematoides velhos que estavam por perto olhavam-na com ódio. Mas nesse dia, Eisina estava nervosa e não suportou esta sem-vergonhice dos nematoides, esses verminhos brancos e sem forma alguma que pareciam simplesmente uns fios. Avançou contra eles e espirrou um jato de líquido por cima deles que os fez dissolver em forma de espuma. “Estes não vão me provocar mais” pensou satisfeito. Mas agora estava com fome e furtivamente, entrou no túnel comum dela e de Alicio e comeu com gosto uma folha preparada por bactérias. Uma raiz de grama-batatais entrou, virou-se e disse: “Como está gostoso aqui: fresquinho e úmido. Lá fora tem um calorão horrível.” E para agradar Eisina, deixou cair algumas radículas e disse ocasionalmente, mas suficientemente alto para ser ouvido: “Aqui debaixo do meu manto espesso nunca haverá calor e seca, e, comida nunca faltará.” “Enquanto não lhe queimarem.” Disse Eisina secamente.
Com tantas minhocas na terra, o pasto era bom, muito bom, até bom demais. Pelo menos o dono do pasto pensava assim. Aqui iria dar uma ótima lavoura de algodão. Fincou uma enxada para tirar uma mostra da terra, justamente onde estava Eisina, e a cortou ao meio. Um besouro que passava nesse instante, quase morreu de rir. “Dona Flor e seus “dois maridos!”gritou ele: “Esposas” observou Eisina triste.
Uma formiga que se encontrava por perto, olhou e perguntou: “Como se chamará a outra metade?” E logo apareceu uma centopeia que fez seus cálculos se dava para comer uma das partes, uma vez que a minhoca diminuiu de tamanho, e parecia exatamente adequada. Mas depois desistiu. Alguns saltadores que não tinham medo de nada, perguntaram: “Qual das duas partes é a Eisina?” A Eisina também não sabia. Como iria saber se cada parte iria dar uma minhoca inteira? Um ácaro sugeriu: “Chame uma parte de Eisina e outra de Aloisia, em homenagem a Alicio. Mas agora as duas partes se revoltaram. Isso lhes faltava. Homenagear outros com a própria desgraça. Mas afinal, nem sabia ao certo se era uma desgraça ou uma vantagem. O único que poderia sabê-lo, era a velha toupeira, o bicho mais sábio debaixo da terra, mas não queria perguntar, porque corria o risco de ser engolida na hora.
Atraído pelo barulho geral, apareceu Alicio. Olhou algo surpreso as duas partes de Eisina e disse laconicamente: “Eisina I e Eisina II, agora somos um casal a três.” Mas uma aranha que passava abanou a cabeça em desaprovação: “Embora isso seja moda entre os humanos em Brasília, não precisam imitar esta sem vergonhice!”
A entrada da enxada foi somente o início de uma série de catástrofes. Resolveram arar e gradear o campo e plantar algodão. E para não nascerem plantinhas nativas, que chamavam de invasoras, aplicaram herbicida. Das minhocas da terra revolvida, quase nenhuma escapou dos passarinhos. Alicio se refugiou a tempo para o fundo de seu túnel, arrastando consigo Eisina I e II. Mas veio ainda pior. Aplicaram liberalmente adubo e, o nitrogénio amoniacal é mortal para a maioria dos bichinhos da terra. A terra nua e desprotegida aqueceu muito sob os raios solares diretos. Os depósitos das minhocas se esvaziaram, e as folhas semi-decompostas terminaram. Não tinha mais comida. Mas a vista não lhe animou. Havia somente algodão, plantinhas novas que nem pensavam em jogar alguma folha. E, mesmo se as tivesse jogado, não teria ajudado, pois estavam impregnadas de veneno.
Eisina se levantou e se espichou, mas não podia ver nada, a não ser algodão. Não poderia migrar por cima desta terra seca e quente. E ir para longe, era impossível. Minhoca que se preze, não migra muito. Somente as da família dos lumbricus migram com gosto, mas também após uma chuva.
Quando finalmente choveu, Alísio tentou fugir com as duas Eisinas. Mas a plantação não tinha fim. Era grande demais. Cansados, desistiram. E agora?
Todas estavam famintas e fracas. Era melhor voltar à terra. Cavaram um pequeno túnel e deitaram. “Agora, quem iria fazer túneis para as raízes poderem buscar água? Quem iria proteger as entradas dos túneis, para a água poder entrar? Quem iria preparar a terra fofinha e rica em cálcio para as plantas? Quem iria matar os nematóides ou criar bactérias benéficas?” quis saber Eisina I. Alício deu um nó duplo no seu corpo e Eisina I e II fizeram o mesmo. Já quase anestesiada perguntou ainda: “E se essas adversidades não terminarem tão cedo?” O fim da frase foi um sussurro quase inaudível e depois elas caíram num sono profundo do qual nunca mais iriam acordar.
Os homens não se deram conta que as minhocas eram seus melhores amigos.
In: A Convenção dos Ventos - Agroecologia em Contos
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sábado, 12 de março de 2022
Bioinsectidas
Quando os nossos autarcas pulverizam, ou, pagam a quem pulverize, os solos com herbicidas, estão a matar os insectos que controlam outros insectos mais devoradores, e a envenenar os solos. O mesmo acontece quando os agricultores pulverizam as suas culturas com pesticidas.
É isto que quer para o futuro dos seus filhos?!
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sexta-feira, 28 de maio de 2021
O que é agricultura biodinâmica?
A agricultura biodinâmica é um método de produção agrícola que relaciona fases da lua e signos do zodíaco.
A agricultura biodinâmica é um modelo de produção agrícola que não utiliza adubos químicos, herbicidas, sementes transgênicas, antibióticos ou hormônios. Por isso, é muito relacionada e confundida com a agricultura orgânica. O método, criado por Rudolf Steiner em 1924, pode ser entendido como um ramo da antroposofia que pretende entender de maneira mais profunda quais são as relações entre o ser humano, a terra e o cosmos.
A agricultura em si é uma atividade sempre impactante, em maior ou menor grau. Assim, Steiner propôs meios de se restabelecer os equilíbrios rompidos por meio da utilização de preparados biodinâmicos, de maneira que as atividades agrícolas não comprometam todo o sistema. Nesse modelo de agricultura, a propriedade agrícola é vista como um organismo vivo, cuja saúde depende das interações entre os seus elementos dentro e fora da propriedade. Dessa maneira, a biodinâmica procura manter um ciclo de produção que seja condizente com a sua área, as espécies utilizadas e seus ciclos naturais.
O termo “biodinâmico” é composto pelas palavras biológico e dinâmico. A primeira refere-se a uma agricultura inerente à natureza, que impulsiona os ciclos vitais pela adubação verde, compostagem, consórcios, rotações de culturas e integração das atividades agrícolas. A segunda, por sua vez, está relacionada à atuação de forças da natureza, o que, na prática agrícola, ocorre pelo uso de preparados biodinâmicos, do conhecimento dos ritmos astronómicos e da formação da paisagem agrícola.
Signos do zodíaco e fases da Lua
A agricultura biodinâmica relaciona signos do zodíaco e meios de cultivo por meio da utilização de um calendário celestial. De acordo com o biodinamismo, dependendo do signo da época, algumas plantas se desenvolvem melhor que outras. A divisão é feita em quatro elementos: água, terra, fogo e ar. Os signos de água são mais propícios para plantas em que o caule é utilizado. Os de terra, as raízes; já os de fogo, as frutas; e os de água, as folhas e as flores.
Além disso, as fases da Lua também são levadas em consideração no calendário da agricultura biodinâmica. Agricultores semeiam em lua nova, porque nesse momento a energia da semente está mais interiorizada. Na crescente, a semente começa a se desenvolver; na lua cheia, a planta está em plenitude e, na minguante, é quando eles não podem abusar da colheita.
Adubação biodinâmica
A adubação biodinâmica busca dar condições para que o solo mantenha a sua estrutura, permeabilidade, microbiologia e cobertura de proteção, estando também ligada a uma série de práticas que garantem eficiência da adubação.
Na agricultura biodinâmica, adubos naturais elaborados a partir de plantas medicinais, esterco e silício são preparados e enterrados no solo para serem submetidos às influências da Terra. Eles podem ser pulverizados no solo e nas plantas ou introduzidos em compostos ou em outras formas de adubos orgânicos.
Os preparados são numerados de 500 a 507, como uma forma de facilitar a comunicação internacional. O mais conhecido entre eles é o composto de número 500, que é responsável por auxiliar no desenvolvimento da planta. Segundo agricultores que praticam esse modelo, o preparado é sempre feito no solstício de inverno que é quando as forças de cristalização da terra estão mais acentuadas. Pega-se chifre de animais mortos e coloca-se esterco. Depois, a mistura é enterrada em um buraco para ser desenterrada no próximo solstício.
Segue-se a nomenclatura dos preparados:
500: chifre esterco;
501: chifre sílica;
502: flores de mil-folhas e bexiga de cervo macho;
503: flores de camomila e intestino delgado de bovino;
504: parte aérea de urtiga;
505: casca de carvalho e crânio de bovino;
506: flores de dente-de-leão e mesentério bovino;
507: suco fermentado de flores de valeriana.
Objetivos da agricultura biodinâmica
A agricultura biodinâmica possui diversos objetivos, como:
- Produzir alimentos de alto valor biológico e nutricional, isentos de produtos tóxicos;
- Preservar a qualidade do meio ambiente;
- Elaborar insumos naturais e que não causem prejuízos ao meio ambiente;
- Valorizar a influência de fenómenos astrológicos na agricultura;
- Estimular a certificação de produtos biodinâmicos;
- Contribuir para o bem-estar dos agricultores;
- Promover a integração entre produtores e consumidores.
Por ser diretamente influenciada por fenómenos astrológicos, a agricultura biodinâmica sofre diversas críticas. No entanto, além de produzir alimentos saudáveis e contribuir para o bem-estar do agricultor, essa prática pode ser considerada sustentável, já que utiliza técnicas benéficas ao meio ambiente.
Referências bibliográficas:
sábado, 9 de novembro de 2019
Cientistas franceses alertam: fungicidas SDHI são tóxicos para abelhas e células humanas
Uma equipa de investigadores franceses chegou à conclusão que os fungicidas da família SDHI, inibidores da succinato-desidrogenase, são tóxicos não apenas para fungos, mas também para minhocas, abelhas e células humanas. No entanto, a pesquisa está já a mostrar-se polémica, com organizações de agricultores franceses a relembrarem o caso “Séralini”.
Num estudo publicado em 7 de Novembro na revista científica Plos One (aqui), a equipa liderada por Pierre Rustin, investigador do Inserm — Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica, destaca a toxicidade de oito fungicidas da família SDHI (flutolanil, Fluopirame, boscalid, flowapyroxad, penflufen, pentiopirade, isopirazam e bixafena) em células humanas, bem como em minhocas e abelhas.
Estes cientistas franceses tinham já alertado sobre os riscos dos inibidores da succinato-desidrogenase em Abril de 2018, num fórum publicado no jornal Libération e co-assinado por oito pesquisadores, toxicologistas e médicos.
Falta de alertas de saúde
Após esse alerta, a Agência de Segurança Nacional de Saúde (ANSES) concluiu em Janeiro de 2019, depois de “examinar todos os dados científicos actualmente disponíveis” haver “falta de alertas de saúde que possam levar à retirada autorizações de introdução no mercado para estes fungicidas”.
A Agência, no entanto, lançou um “pedido de vigilância” a nível europeu e internacional e enfatizou “a necessidade de reforçar a pesquisa sobre os possíveis efeitos toxicológicos em humanos” .
Os fungicidas do grupo SDHI funcionam bloqueando uma etapa fundamental na respiração dos cogumelos, a fornecida pela succinato-desidrogenase (SDH). No entanto, a SDH “é um componente universal das mitocôndrias presentes em quase todos os organismos vivos”, explicam os pesquisadores franceses na sua publicação de 7 de Novembro.
O caso Séralini
Perante este novo estudo, são já muitas as organizações francesas de agricultores a relembrarem o “Caso Séralini”. Gilles-Éric Séralini, biólogo molecular francês, consultor político e activista contra organismos e alimentos geneticamente modificados (OGM), publicou em 2012 um estudo que defendia a toxicidade a longo prazo do milho geneticamente modificado NK 603 tolerante ao glifosato. No estudo publicou fotografias de ratos com enormes tumores. A qualidade do trabalho de Gilles-Éric Séralini foi questionada e a sua publicação acabou por ser retirada das revistas científicas.
A Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) rejeitou o estudo de Séralini em 2012 devido às “lacunas constatadas na concepção e na metodologia” da pesquisa, que concluiu que havia um alto risco de tumores na mama e de lesões hepatorrenais para os ratos alimentados com milho NK 603.
Em 2018, um novo estudo publicado na revista Toxicological Sciences, concluiu que uma dieta à base de milho transgénico ministrada durante seis meses a ratos não afectou a sua saúde nem o seu metabolismo, contradizendo a polémica pesquisado professor francês Gilles-Eric Séralini.
Família SDHI
A família SDHI é relativamente recente entre os fungicidas: a maioria das substâncias activas (excepto boscalid, carboxina e flutolanil) foram aprovadas depois de 2013.
Em França, a boscalid é a substância mais vendida dentro dessa família, mesmo se com as toneladas vendidas a diminuírem significativamente nos últimos anos (menos de 200 toneladas em 2018 contra 600 toneladas em 2009), em favor de substâncias autorizadas mais recentemente, como bixafen, fluopyram e fluxapyroxad.
Segundo a União das Indústrias de Protecção de Plantas, os fungicidas da família SDHI representam 2% da tonelagem de fungicidas vendidos em França. São usados em tratamentos de sementes em culturas de campo, bem como em tratamentos aéreos para cereais, oleaginosas e muitas frutas e legumes.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
Encontros improváveis- Charles Bukovsky e Coil- Panic
quatro e meia da manhã
(Tradução: Jorge Wanderley)
os barulhos do mundo
com passarinhos vermelhos,
são quatro e meia da
manhã,
são sempre
quatro e meia da manhã,
e eu escuto
meus amigos:
os lixeiros
e os ladrões
e gatos sonhando com
minhocas,
e minhocas sonhando
os ossos
do meu amor,
e eu não posso dormir
e logo vai amanhecer,
os trabalhadores vão se levantar
e eles vão procurar por mim
no estaleiro
e dirão:
“ele tá bêbado de novo,
mas eu estarei adormecido,
finalmente, no meio das garrafas e
da luz do sol,
toda a escuridão acabada,
os braços abertos como
uma cruz,
os passarinhos vermelhos
voando,
voando,
rosas se abrindo no fumo
e
como algo esfaqueado e
cicatrizando,
como 40 páginas de um romance ruim,
um sorriso bem na
minha cara de idiota.
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domingo, 17 de julho de 2005
Dossiê Compostagem doméstica; Compostagem Caseira e a Vermicompostagem
ATENÇÃO © Copyleft - Permito a livre reprodução exclusivamente para fins não comerciais e desde que o autor e o BioTerra sejam citados

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Tenho visto nalgumas escolas a existência de compostores e verifico que ninguém sabe utilizar aquilo. Inscrevi-me então numa acção da Horta da Formiga e que decorreu neste mês de Julho. Foi uma acção muito intensiva mas extremamente esclarecedora de todos os aspectos que dizem respeito à formação de húmus ou composto. A compostagem caseira ou doméstica permite finalizar o ciclo da matéria orgânica e traz imensas vantagens comparativamente aos adubos químicos. Podemos fazer compostagem no quintal ou até dentro de casa (como a vermicompostagem).
Verdes - restos de cozinha (legumes, fruta, cascas, sacos de chá (!), borra de café, casca de ovo), relva fresca, flores, estrume;
Castanhos - palha (o melhor "castanho" e que se pode comprar é o fardo, nas cooperativas agrícolas), folhas secas, ramos finos, cartão e papel - sem químicos - em tiras, algas (lavadas e secas), serradura e aparas de madeira sem tratamentos. De quinze em quinze dias deve-se revirar a pilha e, no Verão, regar para manter um bom nível de humidade (ao agarrarmos uma mão cheia de composto, este deve soltar-se mas deixar a mão "suja"). Posso assegurar que não cheira mal (se cheirar é porque não está a ser bem feito). Quando o compostor ficar cheio continua-se a revirar e a regar, se necessário, e quando o composto estiver homogéneo, retira-se do compostor e coloca-se numa pilha no chão a maturar: sempre que já não têm nada para comer os bicinhos vão todos à procura de nova casa e a temperatura (que dentro do compostor pode chegar acima dos 65ºC) estabiliza-se. Passado algumas semanas está pronto para nutrir o jardim ou quintal (se não estiver homogéneo, porque colocámos detritos de difícil compostagem, deve-se crivar o composto). O que não colocar no compostor
Não problemáticos (mas depois têm que ser retirados...) - vidro, plásticos, têxteis, papel plastificado;
Perigosos - dejectos de animais domésticos, pilhas, tintas, químicos, madeira tratada, medicamentos, ...; Problemáticos - folhas resistentes (degradação lenta e/ou acidez), alimentos cozinhados, de origem animal e gordura (atraem ratos, moscas, cães, gatos).
As características fisico-químicas e biológicas de um solo influenciam grandemente a qualidade final dos produtos alimentares provenientes da agricultura, pois as culturas agrícolas só poderão produzir em quantidade e qualidade se, além de condições climatéricas favoráveis, tiverem à sua disposição durante o período de crescimento, os vários nutrientes e fauna (minhocas, insectos,...) nas proporções adequadas, o que implica, em muitos casos, o recurso a fertilizantes químicos para aumentar a fertilidade do solo.
A lentidão de formação de húmus natural para restabelecer a fertilidade de um solo, o elevado custo dos fertilizantes químicos e a contaminação consequente das águas e solo, têm conduzido à procura de outros fertilizantes produzidos biologicamente. Uma das opções de melhoria da qualidade do solo passa pela aplicação, na terra, ou directamente junto às plantas, do húmus produzido pelas minhocas ou vermicomposto.
A minhoca ingere terra e matéria orgânica equivalente ao seu próprio peso e digere e expele cerca de 60% do que comeu sob a forma de excrementos (húmus), em muito menos tempo que a natureza. A minhoca recicla assim restos de comida e outra matéria orgânica, produzindo um adubo orgânico muito rico em flora bacteriana (cerca de 2000 milhares de bactérias vivas e activas, por cada grama de húmus produzido) e devolvendo à terra cinco vezes e meia mais azoto, duas vezes mais cálcio, duas vezes e meia mais magnésio, sete vezes mais fósforo e onze vezes mais potássio do que contém o solo do qual se alimenta.
A importância das minhocas para a fertilização e recuperação dos solos já era reconhecida pelo filósofo Aristóteles, que definia estes seres como "arados da terra", graças à sua capacidade de escavar os terrenos mais duros. Os antigos egípcios atribuíam poderes divinos às minhocas, protegendo-as por lei. A grande fertilidade do solo do vale do Nilo deve-se não só à matéria orgânica depositada pelas enchentes do rio Nilo, como também à sua humificação pelas minhocas que ali proliferam em enormes quantidades.
Animal extremamente útil para a agricultura e que passa quase todo o seu ciclo de vida debaixo da terra, a minhoca melhora as propriedades fisicas, químicas e biológicas do solo: perfura-o, formando galerias subterrâneas e descompacta-o.
Algumas das vantagens da utilização do húmus de minhoca como adubo natural incluem:
· Não agressivo para o ambiente e fonte de nutrientes para as plantas, especialmente de azoto, fósforo, potássio, cálcio e magnésio.
· Controlo da toxicidade do solo, corrigindo excessos de alumínio, ferro e manganês.
· Contribuição para um pH mais favorável ao desenvolvimento das plantas.
· Redução da lixiviação e volatilização dos nutrientes das plantas.
· Entrada de água e ar facilitada.
· Drenagem controlada, evitando encharcamentos.
· Alteração da estrutura do solo, suavizando efeitos de erosão, compactação, impermeabilização e desertificação.
· Promoção da agregação de solos arenosos.
· População microbiana fixadora de azoto abundante.
· Aumento da resistência das plantas a pragas e doenças.
· Absorção favorecida dos nutrientes pelas raízes das plantas.
· Aplicação possível em contacto directo com raízes, não queimando plantas novas.
A vermicompostagem, isto é, a compostagem realizada quase exclusivamente por minhocas, surge como opção simples de reciclar os restos de resíduos alimentares (cascas, gomos,...) e de obter húmus com excelentes propriedades. Poupam-se recursos, preserva-se o ambiente, evita-se o uso desmesurado de fertilizantes sintéticos e aproveita-se para conhecer melhor este ser vivo.
O comércio de minhocas como isco vivo tem sido o grande responsável pelo desenvolvimento da Minhocultura (blog) (criação de minhocas) na maioria dos países criadores.
Sítios
Compostagem Caseira LIPOR
Compost.org (Canadá)
Compost Guide
Compostagem no Departamento de Agricultura Norte Americano
Composting and organic recycling (Connecticut)
How to Compost
Compost.org (Canadá)
Compost Guide
Compostagem no Departamento de Agricultura Norte Americano
Composting and organic recycling (Connecticut)
How to Compost
Organic Gardening
Master Composter
Textos e Artigos
5 factores básicos en el compostaje
Compostagem e vermicompostagem de efluentes pecuários
Master Composter
Textos e Artigos
5 factores básicos en el compostaje
Minhocário ou Vermicompostor
¿Qué es el compost? Definición y razones para hacer compostaje
Sistemas de compostaje ¿Cómo preparar compost?
¿Qué es el compost? Definición y razones para hacer compostaje
Sistemas de compostaje ¿Cómo preparar compost?
Documentários
Como Fazer Compostagem na VarandaCompostagem e vermicompostagem de efluentes pecuários
Temos de Falar- Compostagem
Dossiês do BioTerra Relacionados
Alterações Climáticas
Biologia
Ciência
Eco-Activismo
Dossiês do BioTerra Relacionados
Biologia
Ciência
Eco-Activismo
NOVA ATENÇÃO © COPYRIGHT- Ao partilhar, agradeço atempadamente a indicação do autor e do meu blogue Bioterra. Estes dossiês resultam de um apurado trabalho de pesquisa, selecção de qualidade e organização.
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