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segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

No 101º aniversário de Maria Callas, recordamos o filme Medea de Pasolini (1969)- legendado em Português


O filme Medeia, de Pier Paolo Pasolini, de 1969, é uma das mais notáveis ​​adaptações não convencionais da mitologia grega antiga, combinando o estilo cinematográfico único de Pasolini com o poder intemporal da tragédia de Eurípides. O filme é protagonizado pela lendária soprano de ópera Maria Callas no seu único papel no cinema, encarnando a personagem-título Medeia com uma intensidade impressionante. A visão de Pasolini é uma fusão de mito e realismo, mostrando o seu fascínio pelas civilizações antigas ao mesmo tempo que incute na narrativa sensibilidades modernistas. O estilo visual distinto do filme, filmado em locais deslumbrantes na Turquia e em Itália, é marcado pela sua abordagem minimalista à narrativa e pela sua cinematografia assustadoramente bela, que contrasta o épico mitológico com a emoção humana crua no seu núcleo.
Maria Callas, conhecida pelo seu incomparável talento vocal e pela sua presença marcante no palco da ópera, trouxe uma dimensão profundamente pessoal ao papel de Medeia. A sua interpretação da figura trágica, cujo amor e traição a levam por um caminho de vingança, ressoou no público não só pela sua profundidade emocional, mas também pela capacidade de Callas de transmitir as complexidades da personagem sem diálogo falado na maioria das cenas. Medeia de Pasolini capta a profunda transformação psicológica da protagonista, uma mulher dividida entre o amor pelos filhos e a agonia da traição. A colaboração entre Pasolini e Callas criou uma experiência cinematográfica que transcende os limites tradicionais da ópera ou do cinema, estabelecendo Medeia como uma peça significativa na intersecção entre arte, cultura e música clássica.

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Medidas de adaptação às alterações climáticas reduziram mortes por calor em 2023



Um estudo de modelação publicado na revista Nature Medicine sugere que, em 2023, poderão ter ocorrido na Europa mais de 47 000 mortes relacionadas com o calor. No entanto, este total poderia ter sido até 80% superior na ausência de adaptações sociais do século atual ao aumento das temperaturas.

O ano de 2023 foi o mais quente de que há registo a nível mundial e o segundo mais quente na Europa. As vagas de calor representam ameaças para a saúde das populações de alto risco, e a consciencialização destas ameaças para a saúde levou à implementação de planos de prevenção do calor, que incluem estratégias de preparação e resposta e potenciais intervenções.

No entanto, a sua eficácia não é clara.

Elisa Gallo e colegas usaram registos de mortalidade que representam 96 milhões de contagens de mortes do Serviço Europeu de Estatística (Eurostat) para estimar a carga de mortalidade relacionada com o calor em 2023 em 35 países europeus.

Os autores sugerem que 47 312 mortes relacionadas com o calor podem ter ocorrido entre 29 de maio e 1 de outubro de 2023, que é a segunda maior carga de mortalidade desde 2015, superada apenas por 2022.

Eles estimam que o maior número de mortes relacionadas ao calor ocorreu no sul da Europa, incluindo Grécia, Bulgária, Itália, Chipre, Espanha e Portugal.

Além disso, os autores modelaram qual poderia ter sido o impacto da mortalidade relacionada com o calor em 2023 sem medidas de adaptação ao clima do presente século, tais como melhorias nos cuidados de saúde, proteção social e estilo de vida, progressos na saúde ocupacional e nas condições de construção, esforços de preparação, maior sensibilização para os riscos e estratégias mais eficazes de comunicação e alerta precoce.

Sugerem que a mortalidade relacionada com o calor em 2023 poderia ter sido 80% mais elevada na população em geral e, nas pessoas com 80 anos ou mais, poderia ter sido mais de 100% mais elevada, sem as atuais adaptações sociais.

Os autores concluem que os seus resultados realçam a importância das adaptações do século atual na prevenção de um maior número de mortes relacionadas com o calor em 2023.

No entanto, observam que devem ser implementadas estratégias mais eficazes destinadas a reduzir o peso da mortalidade dos futuros Verões mais quentes, juntamente com os esforços de mitigação dos governos para evitar atingir os limiares de temperatura.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Ciclovias: Portugal pedala na cauda da Europa


No acesso a ciclovias seguras, Portugal ainda pedala na cauda da Europa. Neste novo indicador do Atlas of Sustainable City Transport , Portugal regista 13%, ficando apenas à frente da Grécia (6%), Roménia (6%), Ucrânia (7%) e Bielorrússia (10%). No topo da tabela de países que têm melhor cobertura estão Finlândia (97%), Dinamarca (94%), Suécia (89%) e Países Baixos (85%). 
Público 4jun2024

segunda-feira, 20 de maio de 2024

Coreógrafo Dimitris Papaioannou


Saber mais:
Dimitris Papaioannou é um ateniense nascido em 1964 que emergiu da cena artística underground grega como uma figura definidora. Começando como criador de banda desenhada, tornou-se diretor, coreógrafo, performer e designer de cenários, figurinos e iluminação. Wikipedia (inglês)

Página Pessoal
Dimitris Papaioannou

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Ode a Gaia - Tão lindo este poema para o Dia da Terra

Releif from the Ara Pacis Augustae (Altar of Augustan Peace), 9 BC, Ara Pacis Museum in Rome.

Orphic Hymn to Gaia
Divine Gaia, mother of men and of the blessed gods,
you nourish all, you give all, you bring all to fruition, and you destroy all.
When the season is fair you are heavy with fruits and growing blossoms;
and, O multiform maiden, you are the seat of the immortal cosmos,
and in the pains of labor you bring forth fruit of all kinds.
Eternal, reverend, deep-bosomed, and blessed,
you delight in the sweet breath of grass, O goddess bedecked with flowers.
Yours is the joy of the rain, and round you the intricate realm of the stars
revolves in endless and awesome flow.
But, O blessed goddess, may you multiply the gladsome fruits
and, together with the beautiful seasons, grant me favor.

A imagem mostra um relevo do Ara Pacis Augustae (Altar da Paz Augusta), 9 aC, Museu Ara Pacis em Roma.
"O painel mais bem preservado da parede leste retrata uma figura feminina sentada (acima) que foi interpretada de várias maneiras como Tellus (a Terra), Italia (Itália), Pax (Paz), bem como Vénus. O painel retrata uma cena de fertilidade humana e abundância natural Dois bebés sentam-se no colo da fêmea sentada, puxando sua roupagem. Ao redor da fêmea central está a abundância natural das terras e flanqueando-a estão as personificações da brisa terrestre e marítima. A deusa é considerada Tellus ou Pax, o tema enfatizado é a harmonia e abundância da Itália, um tema central para a mensagem de Augusto de um estado de paz restaurado para o povo romano - a Pax Romana. 

No Dia Mundial da Terra, não esquecer a deusa mitológica de Gaia. Os gregos já eram ambientalistas antes de nós. A civilização grega teve o seu desenvolvimento entre 800 e 140 a.C. Entre as civilizações europeias nascidas na Antiguidade a civilização grega foi aquela que legou ao mundo ocidental elementos essenciais para a sua constituição.

domingo, 26 de novembro de 2023

Monge eremita Santo Antão, o Anacoreta, o Pai de Todos os Monges


Conversa ficcionada com um erudito, sobre temas ligados ao cristianismo, que só muito tarde aprendi e que sei que a maioria dos leitores terá interesse em conhecer.

- Comecemos, então, por dizer que as palavras sinónimas mosteiro e monastério radicam nos elementos gregos monós, que quer dizer sozinho, e terion, que alude ao lugar para fazer algo. Devo dizer que, originalmente, todos os monges cristãos eram eremitas, ou seja, homens que, usualmente por penitência, religiosidade, misantropia ou simples amor à natureza, viviam sozinhos, em um lugar isolado, longe do mundo, designado eremitério. Sabeis que houve um eremita que ficou na história do monaquismo cristão?
- Não sei. A minha ignorância é muita. Mas sei que a palavra eremita radica no grego erémos, que significa deserto, desabitado, étimo que serviu de raiz ao termo latino eremita, com o significado de "morador do deserto", e à nossa palavra ermo, que quer dizer, deserto, no sentido de desabitado.

- Foi Santo Antão, o Anacoreta, o Pai de Todos os Monges. Muito jovem abraçou o Evangelho como único caminho para a salvação, desfez-se de todos os seus bens, que distribuiu pelos pobres, partindo, depois, para o deserto, onde iniciou uma inspiradora vida monacal.
- Só sei que fui baptizado na igreja que lhe foi dedicada, em Évora.

- Também ficou conhecido por Santo Antão do Egipto, Santo Antão, o Grande e Santo Antão, o Eremita. Natural do Egipto, viveu entre os séculos III e IV, com grande destaque entre os chamados Padres do Deserto, de que foi fundador, sendo lembrado pelo seu papel no desenvolvimento da vida monástica. A vida de Santo Antão e as suas tentações inspiraram numerosos artistas, como Bosch, Brueghel, Velázquez, Flaubert, Zurbarán e Dali.
Falai-me, se puderdes, das Tentações de Santo Antão.
- Sei que mostram um mundo angustiante, entregue ao pecado, dominado por monstros e forças demoníacas, face aos quais, a única esperança e salvação estavam em Cristo. A lição que delas tiramos é que, só pela força da renúncia e fortemente apoiados na Fé nos podemos libertar-se dos demónios que nos atormentam.

- E os Padres do Deserto?
- Foram monges eremitas que viveram e exerceram a sua acção evangelizadora, sobretudo, no deserto da Nítria, a Oeste do delta do Nilo, entre Alexandria e o Cairo. Deste grande santo dizia-se que, por sua acção, “o deserto se tinha tornado uma cidade”.

- Bonita imagem!
- Os Padres do Deserto tiveram uma enorme influência nos primeiros tempos do cristianismo, que podemos dizer primitivo. Quer o monaquismo oriental, representado no Monte Athos, na Grécia, quer o ocidental, definido na Regra de São Bento de Núrsia, escrita na abadia de Monte Cassino, em Itália, quer, em geral, todo o monaquismo medieval, revelam acentuada inspiração nas práticas iniciadas no deserto. Crenças religiosas recentes como o metodismo saído da Igreja anglicana inglesa, o evangelismo alemão e o pietismo do estado norte-americano da Pensilvânia, nascido na Igreja Luterana alemã, têm algumas das suas raízes nos Padres do Deserto. Também a Igreja Ortodoxa tem, nestes padres, as suas raízes.

- Depois deste interessante desvio, continuemos a conversa sobre mosteiros, conventos e abadias.
- Se nos reportarmos aos mosteiros cristãos ocidentais, podemos chamar-lhes conventos cartuxos, conventos de frades, abadias e priorados. Volto a dizer que um mosteiro é uma instituição edificada que alberga uma comunidade de monges ou de monjas, levando uma vida de oração e trabalho, em completo afastamento da sociedade.

domingo, 20 de agosto de 2023

Música do BioTerra: Clan of Xymox - Medusa

Minha arte digital

Finally
I have seen the lights in your eyes
And now
I am glorifying my tragic destiny
Dreams can be wholesome for me
Life is a tormented dream for me

Mesmerize me, enchant me
Mesmerize with your eyes, now

Enchant me, hypnotize me
Enchant me, mesmerize me
Enchant me, hypnotize me
I found the lies in your words
And now
I am glorifying my tragic destiny

Dreams can be hard and mean
I still wonder if you are aware of this
Dreams can be hard and mean
Life is a tormented time, now

Medusa, Medusa
Medusa
Enchant me, mesmerize me

My digital art based in Medusa song by Clan of Xymox


Ouvir também:
Capicua - "Medusa" com Valete (Beat: Roger Plexico) - Letra Video

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Capicua - Sereia Louca



Ela queria usar sapatos, dançar de salto alto
Beijar a boca de um homem, embranhar-se no mastro
Queria perder as escamas e rasgar as barbatanas
Até que pernas humanas lhe saissem da carne
Poder conhecer o doce o amargo e o ácido
Ali tudo era salgado azulado e aquático
Partir o aquário deixar de vez o Atlântico
E rogava por ajuda dos marinheiros com o seu cântico
Mas seu cântico era grito que não suportavam
E só Ulisses vivera depois de a ter escutado
O seu canto era um feitiço carpido como o fado
Que levava navios perdidos para outro lado

Eu tenho um búzio que me diz coisas estranhas ao ouvido (4x)

Sua voz era livre como ela não era
Como sempre quisera que o seu corpo fosse
E por cantar o sonho e a sua quimera
Era para as almas como um cúmplice
Forte como um coice, como uma foice
Trespassava gelada o silêncio fundo da noite
Enquanto a sua melodia como a maresia
Envolvia em maravilha a lonjura da sua corte
Chega a maré vazia para lavar em água fria
A sua melancolia e o medo da morte
Não é que a lágrima é da mesma água salgada
Gritava entre o mar e a estrela da madrugada

Eu tenho um coração de esponja que cresce com a tristeza (4x)

Sereia louca que vai deixar tentar deixar o mar
Com a coragem de quem sai do seu habitat
Sereia louca que vai gritar, chorar
Bramir, esbracejar tentar até conseguir
Sereia louca que vai sentir a falta do mar
Sentir a falta do ar que há neste lugar
Sempre que digam que é louca
É melhor muda que rouca
Eu fico nua que é roupa que aperta o respirar
E grito ainda mais alto neste barco suspenso
Que pior que o meu canto há-de ser o meu silêncio
Pior que o meu canto há-de ser o meu silêncio

Eu tenho um búzio que me diz coisas estranhas ao ouvido (4x)

Eu tenho um coração de esponja que cresce com a tristeza (4x)

Não é que a lágrima é da mesma água salgada
Gritava entre o mar e a estrela da madrugada
E grito ainda mais alto neste barco suspenso
Que pior que o meu canto há-de ser o meu silêncio!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Um texto natalício muito sensato

Jesus filho de virgem: por que é que essa história não surpreendia os primeiros cristãos.

“A Anunciação”, de Sandro Botticelli, cerca de 1485. Crédito: Metropolitan Museum of Art


Todos os anos, no Natal, os cristãos celebram o nascimento do fundador de sua religião, Jesus de Nazaré da Galileia. Parte dessa celebração inclui a alegação de que Jesus nasceu de uma mãe virgem chamada Maria, o que é fundamental para o entendimento cristão de que Jesus é o divino filho de Deus.

O nascimento virginal pode parecer estranho para o público moderno – e não apenas porque vai contra a ciência da reprodução. Mesmo na própria Bíblia, a ideia raramente é mencionada.

Como um estudioso do Novo Testamento, no entanto, argumento que o público original dessa história não teria se deixado levar pela suposta “estranheza” da história do nascimento virginal. A história teria parecido muito mais familiar para os ouvintes naquela época, quando o antigo Mediterrâneo estava cheio de relatos de homens lendários nascidos de deuses – e quando os primeiros cristãos prestavam muita atenção às profecias da Bíblia hebraica.

O que a Bíblia diz – e não diz

Surpreendentemente, o Novo Testamento é relativamente silencioso sobre o nascimento virginal, exceto em dois lugares. Aparece apenas nos evangelhos de Mateus e Lucas, escritos algumas décadas após a morte de Jesus.

O Livro de Mateus explica que, quando José estava noivo de Maria, ela “achou-se grávida pelo Espírito Santo”. O escritor vincula essa gravidez inesperada a uma profecia do Antigo Testamento em Isaías 7:14 , que afirma que “a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ela o chamará de Emanuel”. Segundo o profeta Isaías, essa criança seria um sinal para o povo judeu de que Deus os protegeria de poderosos impérios.

Agora, a maioria dos primeiros cristãos fora da Judeia e em todo o império romano não conhecia o Antigo Testamento no hebraico original, mas sim uma tradução grega conhecida como Septuaginta. Quando o Evangelho de Mateus cita Isaías 7:14, ele usa a Septuaginta, que inclui o termo parthenos, comumente entendido como “virgem”. Esse termo difere do Antigo Testamento hebraico, que usa a palavra almah, traduzida corretamente como “jovem”. A pequena diferença na tradução entre o hebraico e o grego pode não significar muito; mas para os primeiros cristãos que sabiam grego, ela fornecia uma prova profética do nascimento de Jesus da Virgem Maria.

A crença no nascimento virginal foi baseada em uma tradução incorreta? Não necessariamente. Esses termos às vezes eram sinônimos no pensamento grego e judeu. E a mesma palavra grega, parthenos, também é encontrada na versão de Lucas da história. Lucas não cita a profecia em Isaías 7:14. Em vez disso, essa versão da história da Natividade descreve o anjo Gabriel anunciando a Maria que ela daria à luz, embora fosse virgem. Como na versão da história de Mateus, Maria é informada de que seu bebê será o “filho de Deus”.

Humano e divino?

Para os primeiros cristãos, a ideia do nascimento virginal acabou com qualquer rumor sobre a honra de Maria. Também contribuiu para a crença de que Jesus era o Filho de Deus e Maria, a Mãe de Deus. Essas ideias tornaram-se ainda mais importantes durante o segundo século, quando alguns cristãos debatiam as origens de Jesus: Ele simplesmente nasceu um ser humano, mas tornou-se o Filho de Deus depois de ser batizado ? Ele era um ser semidivino, não realmente humano? Ou ele era totalmente divino e totalmente humano?

A última ideia, simbolizada pelo nascimento virginal, foi a mais aceita – e agora é a crença cristã padrão. Mas o relativo silêncio sobre isso nas primeiras décadas do cristianismo não sugere necessariamente que os primeiros cristãos não acreditavam nisso. Em vez disso, como o estudioso bíblico Raymond Brown também observou, o nascimento virginal provavelmente não era uma grande preocupação para os cristãos do primeiro século. Eles afirmavam que Jesus era o divino Filho de Deus que se tornou um ser humano, sem tentar explicar exatamente como isso aconteceu.

Raízes greco-romanas

Afirmar que alguém nasceu divinamente não era um conceito novo durante o primeiro século, quando Jesus nasceu. Muitos heróis greco-romanos tiveram histórias de nascimento divino. Tome três figuras famosas: Perseu, Íon e Alexandre, o Grande.

Uma das lendas gregas mais antigas afirma que Perseu, um antigo ancestral do povo grego, nasceu de uma mãe virgem chamada Dânae. A história começa com Dânae aprisionada por seu pai, o rei de Argos, que a temia porque foi profetizado que seu neto o mataria. Segundo a lenda, o deus grego Zeus se transformou em chuva de ouro e a engravidou.

Quando Dânae deu à luz Perseu, eles escaparam e depois pousaram em uma ilha onde ele cresceu. Ele acabou se tornando um herói famoso que matou a Medusa de cabelos de cobra, e seu bisneto era Hércules , conhecido por sua força e raiva incontrolável.

O dramaturgo Eurípides, que viveu no século 5 a.C., descreve a história de Íon, cujo pai era o deus grego Apolo. Apolo estuprou Creusa, mãe de Íon, que o abandonou ao nascer. Íon cresceu sem saber de seu pai divino, mas acabou se reconciliando com sua mãe ateniense e ficou conhecido como o fundador de várias cidades gregas na atual Turquia.

Por fim, as lendas afirmam que Zeus era o pai de Alexandre, o Grande, o governante macedônio que conquistou seu vasto império antes dos 33 anos. Alexandre foi supostamente concebido na noite anterior à consumação do casamento de sua mãe com o rei da Macedônia, quando Zeus a engravidou com um relâmpago do céu. Filipe, o rei da Macedônia, criou Alexandre como seu filho, mas suspeitava que havia algo diferente em sua concepção.

Um tipo familiar de herói

No geral, as histórias da concepção divina eram familiares no antigo mundo mediterrâneo. No século 2 d.C., Flávio Justino (também conhecido como Justino Mártir), um teólogo cristão que defendia o cristianismo, reconheceu este ponto: que o nascimento virginal não seria considerado “extraordinário ” em sociedades familiarizadas com as divindades greco-romanas. De fato, em um discurso ao imperador romano Antonino Pio e aos filósofos, Justino argumentou que eles deveriam tolerar a crença cristã no nascimento virginal, assim como fizeram com a crença nas histórias de Perseu.

A ideia do divino participando da concepção de uma criança destinada à grandeza não teria parecido tão incomum para um público antigo. Ainda mais, a interpretação dos primeiros cristãos da profecia em Isaías 7:14 da Septuaginta apoiou sua crença de que a origem de Jesus não era apenas divina, mas prevista em suas escrituras proféticas.

* Rodolfo Galvan Estrada III é professor assistente de Novo Testamento na Vanguard University (EUA).

** Este artigo foi republicado do site The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original aqui.

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Encontros Improváveis: Franklin Booth e Paul Claudel

Franklin Booth (American, 1874-1948) Autumn Leaves. 1911

As Musas, por Paul Claudel

As Nove Musas e, no meio, Terpsícore!
Eu te reconheço, Bacante! Eu te reconheço, Sibila! Não espero em tua mão nenhuma taça e nem mesmo teu seio
Convulsivamente em tuas unhas, ó Cumana no turbilhão de folhas douradas!
Mas essa grande flauta crivada de bocas entre os teus dedos mostra bem
Que uni-la não precisas mais ao sopro que te enche
E que acaba de pôr-te, ó virgem, de pé!

Contorção não há: do colo nada rompe as belas dobras do vestido até os pés por ele ocultos!
Mas bem sei o que querem dizer essa cabeça para o lado, o semblante cerrado e ébrio, esse rosto a escutar, a fulgurar com a jubilação orquestral!
Só um braço não pudeste conter! Ele se levanta, ele se crispa,
Impaciente no furor de dar o compasso inicial!
Secreta vogal! animação da palavra nascente! Modulação da qual é consoante todo o espírito!

Terpsícore, que descobriste a dança! que seria do coro sem a dança? quem mais cativaria juntas
As oito irmãs arredias para a vindima do hino jorrante, inventando a figura inextricável?
Em quem, se antes te plantando bem no centro do seu espírito, virgem vibrante,
Não lhe fizesses perder a razão grosseira e baixa a tudo inflamando com a asa da tua cólera no sal do fogo que estala,
Consentiriam entrar as castas irmãs?

As Nove Musas! Para mim, nenhuma está a mais!
Vejo neste mármore a inteira novena! À tua direita, Polímnia! e à esquerda do altar em que te apoias!
As altas virgens iguais, a fileira das irmãs eloquentes.
Quero dizer de que maneira as vi pararem e como uma à outra engrinaldavam-se
Por algo distinto do que cada mão
Vai colher dos dedos que se lhe estendem.

E eu te reconheci primeiro, Talia!
Reconheci do mesmo lado Clio, reconheci Mnemósine, eu te reconheci, Talia!
Eu vos reconheci, ó conselho completo das nove Ninfas interiores!

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Averróis - Um muçulmano erudito, contemporâneo de D. Afonso Henriques


Bem perto de nós, nascido em Córdova, então território muçulmano, viveu o grande filósofo de origem árabe, Abu al-Walid Muhammad Ibn Ahmad Ibn Munhammad Ibn Ruchd (1126-1198), mais conhecido por Averróis (distorção latina do seu cognome árabe). A Andaluzia era, então, um dos mais notáveis centros de sabedoria da humanidade, e aí teve lugar um movimento intelectual notável que acabou por ser aniquilado pela reconquista cristã. Nesse tempo, fizemos o mesmo que hoje fazem os radicais islâmicos. 
Muitos dos textos dos filósofos gregos salvos das bibliotecas de então, foram ali traduzidos. Durante a última metade da Idade Média, mais de quatro séculos, o árabe foi a língua dominante na filosofia e na ciência embrionária europeias.
A intensa defesa que fez do pensamento científico e da sua independência relativamente aos dogmas da Igreja, deram sustentáculo ao avanço, tantas vezes difícil, levado a cabo, primeiro, por naturalistas e, mais tarde, por geólogos. Ao afirmar que, “com excepção do sobrenatural, o pensamento se deve sujeitar à força da razão”, este muçulmano ibérico deve ser considerado um precursor do pensamento científico e, neste sentido, a sua influência foi grande e decisiva na evolução da ciência, em geral. Seguidor do aristotelismo, que soube fundir com uma parcela de platonismo, Averróis afirmava que, a par da verdade óbvia do dia-a-dia, observável e aceite pelo povo, e da verdade mística da fé defendida e propalada pelos teólogos, há a verdade científica, fruto da razão, podendo estar em desacordo umas com as outras. Num tempo em que a teologia dominava sobre a filosofia natural (ciências da natureza), as suas ideias alastraram entre a comunidade de estudiosos cristãos da Universidade de Paris, criando uma corrente de pensamento científico puro e independente das crenças religiosas, oposto à envelhecida tese de Santo Agostinho (354-430), segundo a qual havia uma única verdade, a dos santos evangelhos. Para Averróis, uma dada afirmação pode ser teologicamente verdadeira e filosoficamente (cientificamente) falsa e vice-versa.
Este, que foi o mais afamado pensador islâmico da Idade Média, viveu muito à frente do seu tempo, abrindo o caminho para o Renascimento e influenciando, significativamente, a filosofia europeia. Intelectual de grande ecletismo, Averróis foi médico, astrónomo, jurista e teólogo. Estudioso do direito canónico muçulmano, foi um dos maiores conhecedores e comentadores do pensamento de Aristóteles, tendo ficado conhecido na história da filosofia pelo cognome de “O Comentador”.
Durante parte da sua vida, Averróis contou com a protecção dos califas locais, até que foi desterrado por Abu Yusuf Ya'qub al-Mansur que, na mesma linha das hierarquias do catolicismo, considerou as suas opiniões desrespeitadoras e em desacordo com o Corão. Muito da sua obra acabou também por ser condenada pela Igreja Católica.

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Simbologia do Carvalho (Quercus robur)


Foto de Bernd Markowsky

Árvore milenar, o carvalho é uma espécie pertencente ao género denominado Quercus, procedente do hemisfério norte. Por ser uma planta que pode viver mais de 2 mil anos e que produz uma das madeiras mais fortes e resistente do mundo, o Carvalho se tornou uma espécie cercada de simbologia. Tradicionalmente, o carvalho é um símbolo de força e resistência, pois é uma árvore imponente e de grande longevidade. Nesta acepção, faz parte de muitos brasões de localidades.

Muitas nações, incluindo a Alemanha e a Inglaterra, escolheram o poderoso Carvalho como árvore nacional. Nos Estados Unidos, Iowa, Connecticut, Maryland, Nova Jersey, Geórgia e Illinois, todos têm carvalhos como árvores do estado pela mesma razão – o simbolismo do carvalho é consistente e seguro.

Muitas tradições em todo o Mundo consideram o carvalho como uma árvore sagrada devido à sua robustez e majestosidade. Considerava-se que havia uma forte relação de poder com os céus pelo facto de os carvalhos atraírem os raios e, por esse motivo, controlarem os trovões e as tempestades. Estas árvores estavam assim em contacto com as divindades e representavam-nas de alguma forma na Terra.

Símbolo de força moral e física, como o atesta a sua expressão em latim, robur, o mesmo termo utilizado para robustez e força, o carvalho representa a árvore por excelência e, através dela, o centro ou o eixo do Mundo. Na Idade Média, considerava-se que o carvalho tinha uma influência mágica sobre o tempo e a madeira de carvalho fazia parte das poções da feitiçaria que provocavam trovoadas e tempestades. 

A sua importância como meio de comunicação entre o Céu e a Terra, ou entre os homens e as divindades, é notória em muitas culturas. O carvalho tem uma grande relevância na simbologia bíblica. Abraão recebeu as revelações de Deus junto a um carvalho, tanto em Hébron como em Siquém. O Antigo Testamento mencionava também que a morada de Abraão em Hebrón era junto a um frondoso carvalho. 

Era a árvore de Zeus, na Grécia, de Júpiter, em Roma, e de vários outros deuses do Norte e do Leste da Europa.
 
Os gregos o chamavam de árvore de Zeus, o principal deus grego. O primeiro oráculo grego a ser estabelecido foi o de Dodona, no Épiro, que tinha como centro uma árvore sagrada de carvalho que respondia às questões a ela formuladas através do ruído de suas folhas e dos pássaros que nela habitavam. A interpretação dos ruídos era feita pelos sacerdotes.

O bosque da deusa Diana estava cheio de carvalhos que eram também o símbolo da deusa. 

O folclore grego também nos diz que os Dryads vivem nos carvalhos. Aqui Artemis vela por eles. Se a árvore de um Dryad morrer, eles desvanecem-se em nada.

Ulisses, na Odisseia, consulta o carvalho de Zeus no seu regresso a casa. 

As coroas que homenageavam os soldados romanos pelos seus feitos nas batalhas eram feitas de folhas de carvalho e bolotas.

Plínio, o Velho, mencionou os druidas celtas relacionando o seu nome com o nome celta de carvalho, duir, e por isso passaram a ser conhecidos posteriormente como "homens de carvalho". Esta comparação devia-se ao facto de os druidas serem considerados homens de sabedoria e força, qualidades também atribuídas ao carvalho. Os celtas assumiram o carvalho como uma divindade e um símbolo de acolhimento ou lar e também uma espécie de templo, dado o seu forte tronco e os seus ramos e folhagens espessos. Por esta razão, na Irlanda, as igrejas eram chamadas de dairthech, "casas de carvalho", o mesmo nome que entre os druidas significava bosque sagrado.

O Espírito do Carvalho aparece no calendário das Árvores Celtas como o 7º mês. No Ogham, é também a 7ª consonante. Não é surpreendente que os Celtas tenham tido o carvalho em grande consideração, pois era a Árvore do Dagda, que proporciona protecção aos líderes e guerreiros. Eles viam esta árvore como representando o máximo em hospitalidade e segurança, assim como um símbolo místico de verdade e bravura. Neste cenário, o Carvalho ficou como um lembrete firme de que a humanidade tem a capacidade de superar todas as adversidades, assim como uma tremenda capacidade de bondade até mesmo para com estranhos cujo caminho cruzamos.

Para os povos germânicos, o carvalho era a árvore do Deus Trovão, Thor.

Saber mais:
Leo Tolstoi- Parábola do Carvalho
Carvalho- O Pai da Montanha

domingo, 24 de abril de 2022

Eis a canção mais antiga que nos chegou integralmente: Seikilos Epitaph - Song of Seikilos - Σείκιλος



The Seikilos epitaph is the oldest surviving example of a complete musical composition in the world, and the oldest surviving example of Ancient Greek musical notation for that matter. 
The melody is inscribed on top of the lyrics on a tombstone stela, that was found near Aidinion, current day Turkey (in the vicinity of Ephesus), where a woman was using the block of marble as support for her pigeon water hole. It was subsequently lost for a few decades after the 1921-1922 Greek Asia Minor genocide by the Turks, and having survived that catastrophe virtually unscathed, it then resurfaced in Smurna where Turkish railway Director Edward Purser's wife had the bottom sawed off so that it would stand nicer for her garden's flowertops. This obliterated one line of text. The Dutch Consul saw it by chance and brought it via Constantinople to the Hague and then to Copenhagen for safe keeping during the war, where it has been "kept safe" ever since, like all other antiquities in museums around the world. 

It is dated 200 BC to AD 100, meaning this particular musical notation was well established since at least the 3rd century BCE, perhaps the 4th, but it is likely during the time of Homer, 8th BCE, there was another type of notation predating this one. 

Other examples of ancient Greek songs with extant musical notation include the Delphic Hymns, but these are not "complete", but fragmentary. 

The following is a transliteration of the words: 
Hoson zēis, phainou 
Mēden holōs su lupou; 
Pros oligon esti to zēn 
To telos ho chronos apaitei. 
=============== 
On the top, the epitaph reads: 
Εἰκὼν ἡ λίθος εἰμί. 
Τίθησί με Σείκιλος 
ἔνθα μνήμης ἀθανάτου 
σῆμα πολυχρόνιον. 

Which roughly translates to: 

I am this stone, an icon 
Seikilos placed inside me 
an everlasting simulacrum 
of deathless remembrance 
...and might we say, indeed he did. 
============ 
at the bottom, there is also a brief inscription 
Σείκιλος Ευτέρπῃ 

Which roughly translates to: 
Seikilos to Euterpre 

Some scholars argue it is his wife, others his daughter or lover. The most plausible is the Muse Euterpe, given the type of votive this is, that is, music for deathless remembrance, the words of the song about pleasure and no grievances and the idea of time. 

The picture of the stela is by "Nationalmuseets fotograf" and it is in the National Museum of Denmark in Copenhagen with inventory number 14897. 

This is an attempt at Reconstructed Ancient Greek, not Erasmian pronunciation.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Portugal com 4.ª maior subida de horas trabalhadas na UE no 2.º trimestre

Por cá, o número de horas trabalhadas cresceu 10,2%. É a quarta maior subida entre os vários Estados-membros.


Portugal registou a quarta maior subida do número de horas trabalhadas no segundo trimestre do ano entre os vários Estados-membros, de acordo os dados divulgados, esta segunda-feira, pelo Eurostat. Por cá, o número de horas trabalhadas cresceu 10,2%.

O maior aumento verificou-se na Grécia (+18%), seguidas pela Eslováquia (+12,4%) e pela Irlanda (+10,8%), segundo o gabinete de estatísticas da União Europeia (UE).

Do lado oposto, as maiores quedas registaram-se na Bélgica (-3,6%), Países Baixos (-2,8%) e França (-2,2%).

Do ponto de vista geral, no 2.º trimestre, os trabalhadores com idades entre os 20 e os 64 anos na UE trabalharam 3% mais horas nos seus empregos, face ao primeiro trimestre do ano.

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Jorge Sampaio: o Homem que nunca deixou de continuar a abraçar causas cívicas


Nascido em 1939, filho de um médico especialista em Saúde Pública e de uma professora particular de inglês, Jorge Sampaio passou parte da infância em Inglaterra e EUA e diz a sua biografia oficial(link is external) ter sido uma “experiência que o marcou profundamente”.

Após os estudos nos liceus Pedro Nunes e Passos Manuel, em Lisboa, formou-se em Direito e foi na Universidade de Lisboa que deu os primeiros passos na luta política contra a ditadura. Foi Presidente da Associação Académica da Faculdade de Direito, em 1960-61 - numa eleição em que a sua lista unitária da oposição venceu por apenas um voto de diferença - e Secretário-Geral da Reunião Inter Associações Académicas (RIA), em 1961-62.
Apesar de já ter terminado o curso, na altura em que rebenta a crise académica na capital, Sampaio é um dos líderes da revolta estudantil transformada num dos grandes focos de contestação que a ditadura enfrentou e que abriu caminho a outras lutas estudantis até ao 25 de Abril. A ocupação da cantina universitária por mais de mil estudantes valeu-lhe três dias de prisão em Caxias.

Enquanto advogado, especializou-se em propriedade industrial mas destacou-se na defesa de presos políticos no Tribunal Plenário de Lisboa. Na biografia de Sampaio, da autoria de José Pedro Castanheira, conta-se que foi Mário Soares que o convidou para se estrear como advogado de penal no mediático processo de Beja e que a sua prestação brilhante lhe valeu a alcunha de “Jorge Mason Sampaio” por parte daquele que décadas mais tarde viria a ser o seu antecessor no Palácio de Belém. O seu contacto próximo com os presos políticos viria a ser útil na preparação da revolução, com Sampaio a entregar um croquis detalhado da prisão de Caxias a Otelo Saraiva de Carvalho, em quem votaria nas eleições de 1976.

A primeira participação eleitoral dá-se nas listas da CDE nas eleições de 1969 e recusa o convite para ser um dos fundadores do PS. Depois da Revolução é um dos impulsionadores do Movimento de Esquerda Socialista (MES), com o qual rompe logo no congresso fundador. A adesão ao Partido Socialista dá-se em 1978 e é eleito deputado no ano seguinte, integrando também o Secretariado do partido que viria a liderar dez anos mais tarde. Apesar do longo futuro político que então tinha pela frente, a experiência governativa de Jorge Sampaio já tinha acabado em 1975 com uma curta passagem pela Secretaria de Estado da Cooperação do IV Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves e com Melo Antunes na pasta dos Negócios Estrangeiros.

Sampaio foi deputado durante toda a década de 1980 e reeleito em 1991, já enquanto líder do PS, no ano em que o partido perde as eleições para a segunda maioria absoluta do PSD de Cavaco Silva. A sua grande vitória à frente do partido deu-se logo após tomar posse, quando decide candidatar-se à Câmara de Lisboa numa coligação à esquerda para acabar com o domínio do PSD e CDS no executivo da capital até então. A direita coligada apresentou Marcelo Rebelo de Sousa como candidato em 1989, mas a coligação PS/PCP vence e obtém 9 dos 17 vereadores. A gestão Sampaio prosseguiria no mandato seguinte, com a coligação alargada à UDP e ao PSR, marcando uma grande transformação no que diz respeito de planeamento e desenvolvimento da cidade. E deu-lhe o capital político nacional de que precisou em 1996 para bater Cavaco Silva, recém-saído de quase uma década à frente do Governo, na primeira volta das eleições presidenciais.

Nos mandatos presidenciais de Jorge Sampaio, a convivência institucional deu-se sobretudo com governos do PS, liderados por António Guterres e José Sócrates. A exceção ocorreu entre 2002 e 2004 e culminou no ponto que acabou por marcar o seu exercício da função presidencial. O governo PSD/CDS vê Durão Barroso abandonar o cargo de primeiro-ministro em julho de 2004 para se tornar presidente da Comissão Europeia e Sampaio recusa-se a convocar eleições antecipadas, como a esquerda - a começar pelo PS, liderado por Ferro Rodrigues, exigia. Acaba por dar posse a Santana Lopes como novo primeiro-ministro, para o demitir seis meses mais tarde, por entender “que a maioria absoluta estava a desconjuntar-se".

"Fartei-me do Santana como primeiro-ministro, estava a deixar o país à deriva, mas não foi uma decisão 'ad hominem'. Ninguém gosta de dissolver o parlamento e eu tomei essa decisão em pouco mais de 48 horas. Hoje faria o mesmo, porque era preciso", afirmou Sampaio 13 anos mais tarde ao seu biógrafo. Apesar dos desacordos que marcaram esse período, o estilo próprio que Jorge Sampaio imprimiu à função presidencial, afetuoso e emotivo, granjearam-lhe popularidade em muitos setores políticos.


Antes disso, ainda com o Governo Durão Barroso/Paulo Portas, Jorge Sampaio impediu que Portugal enviasse um contingente militar para apoiar os EUA na sua invasão do Iraque, como era desejo do então primeiro-ministro e anfitrião da "cimeira da guerra" realizada na base das Lajes. Outro dos pontos altos da sua passagem por Belém ocorreu durante o primeiro mandato, com a intervenção nos bastidores diplomáticos e a mobilização da opinião pública portuguesa no apoio ao processo de independência de Timor-Leste.

Acabada a etapa política em Belém em 2006, Sampaio optou por continuar ativo na intervenção cívica internacional, em particular no quadro das Nações Unidas, que o nomearam Enviado Especial para a Luta contra a Tuberculose e depois Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações. Neste contexto, deu particular atenção à questão dos refugiados, protagonizando uma campanha de apoio à educação e acolhimento, através de bolsas de estudo e estágios para os jovens sírios e afegãos que atravessaram o Mediterrâneo em direção à Grécia durante a crise de 2015.


Juntamente com Kofi Annan e outros antigos chefes de Estado, Jorge Sampaio foi também um dos promotores da Comissão Global para a Política de Drogas, procurando sensibilizar os decisores políticos a porem um ponto final no proibicionismo e a apostarem na regulação e em medidas de redução de danos para os utilizadores.

domingo, 15 de agosto de 2021

Musica do BioTerra- Al Kindi Stabat Mater Dolorosa, Muslim and Christian Homage to Mary



A musical creation by Julien Jalal Eddine Weiss  + and the Ensemble Al-Kindi - Featuring : The Orthodox lithurgic Choir Tropos from Athens, Sheikh Habboush (vocal), munshid from Aleppo and the whirling dervishes of Aleppo (Syria), Dogan Dikmen, Bekir Buyukbas, Ahmet and Refik Kaya from Istanbul and the whriling dervishes of Istanbul, Rania Younes (vocal) from Beyrouth.


quinta-feira, 21 de junho de 2018

Callas (Full Film) | Tony Palmer Films


Tony Palmer’s film about Callas - 30th Anniversary Edition. Through a combination of archival footage and interviews, filmmaker Tony Palmer profiles the at once soaring and tragic life of opera legend Maria Callas, 'La Divina Assoluta'. Filmed on location in Athens, Rome, Milan, New York and London. 

"The definitive portrait. Electrifying, marvellous and deeply moving. It will never be bettered." - Daily Express

"There are so many astonishing facts about Maria Callas. First, she was born not in Greece but in Manhattan and went to school there. Second, considering her colossal influence and in contrast to the pumped-up, preposterous, overpaid pipsqueak divas of today, her actual international career was tiny - 18 years at most. Third, and in spite of her reputation, her cancellation record was the lowest of any great singer of her day. Fourth, she rarely looked at the conductor during an opera, simply because she could not see him - she was very short sighted, and often appeared (partly as a result) to be in a trance while on stage. Fifth, she was betrayed by most of those intimate with her throughout her life, and eventually abandoned by many of those who should have known better and who claimed to have loved her. Sixth, she died almost penniless - even her grotesquely rich long-time lover, Onassis, whose marriage to Jackie Kennedy she only discovered by watching the 6 o’clock news, had invested her money in half a cargo boat, which sank. 

Paradoxically, although she died in 1977, her records today outsell every other recorded classical artist, and single-handedly keep EMI Classics afloat. Last, hers was not the most beautiful voice of her time, as she frequently admitted. Some days it worked, other days it just didn’t.

In the end, those who met her in Paris in the seventies agree that she was one of the loneliest, most desperate of women they had ever encountered, slowly drugging herself to death. “Every day, thank God, is one day less”, she told Di Stefano. A summons to tea (for half an hour at most) often lasted until the early hours, with the guest or guests pleaded with not to leave. 

It was pathetic and horrible, but it was Callas. It was always Callas, and that was the secret and the magic. We witness on stage a broken woman who sings nakedly from her heart, about herself and her life, who acts with such incredible power and unashamed truth that we stagger back before what we know, in our hearts, is all of her. No artifice here; no vulgar posturings to which her absurd imitators - and there are many - aspire. Gheorghiou, Battle, Garrett - they cannot touch her hem. 

Maria - just a woman, who often spoke of Callas in the third person, in trouble, asking, begging sometimes, for our understanding and our love. She deserves it because there was no greater singing actress in our time. And she was only 53 when she died."  
- Tony Palmer

1. Ardoin & the tragic love story
2. Una voce poco fa - The Barber of Seville
3. Graziella Sciutti
4. Manhattan
5. Athens
6. Verona, Serafin & Rossi-Lemeni
7. Oh, s’io potessi - Il Pirata
8. Audrey Hepburn & Lord Harewood
9. Callas as a singing actor
10. La Scala & Visconti
11. Nacqui all’affanno - La Cenerentola
12. The ugly duckling & Meneghini
13. Rome opera & cancellations
14. A Greek Tragedy: Tu che la vanita - Don Carlos
15. Habanera - Carmen
16. Carlo Maria Giulini
17. Onassis & Divorce
18. Tosca & Tito Gobbi
19. Abortion & attempted suicide
20. Tacea la notte placida - Il Trovatore: Jackie Kennedy
21. Waiting to die: Ah, non credea mirarti - La Sonnambula
22. Medea & Pasolini
23. I never thought I was any good
24. Every day, thank God, is one day less
25. Vissi d’arte - Tosca
26. O mio bambino caro - Gianni Schlicchi
27. End credits

With: Franco Zeffirelli, Giovanni Battista Meneghini, Aristotle Onassis, Graziella Sciutti, Luchino Visconti, Carlo Maria Giulini, Tito Gobbi, Giuseppe Di Stefano, Arda Mandikian, Nicola Rescigno, Nadia Stancioff, Nicola Rossi Lemeni, Lord Harewood, Sir John Tooley, John Copley, Jacques Bourgeois, Madame Biki, Elvira Di Hidalgo, Arianna Stassinopoulos, Michel Glotz & Polyvios Marchand.

Directed & Edited by Tony Palmer
Produced by Jill Marshall
Associate Producers John Ardoin, Alan Capper, Alan Sievewright
Sound mixed by Alan Dykes