quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

As ilhas do Porto


As ilhas do Porto eram um tipo de habitação operária muito diferente do de outras cidades industriais, como Lisboa, onde existem os pátios, ou as cidades industriais europeias. Surgiram inicialmente na zona oriental da cidade, mas rapidamente se estenderam ao centro e aos concelhos limítrofes.
Para o aparecimento das ilhas acredita-se que tenha contribuído a grande influência inglesa na cidade. O esquema das ilhas é frequentemente associado às primeiras back-to-back houses em Leeds, quer em termos de morfologia, de promotores e em termos de intuito de construção.
A origem das ilhas é desconhecida sendo certo que no século XVIII já eram relatadas casas a que se chamava de ilhas.
Em inquirições de D. Afonso IV (1291-1357) fazem-se referência também a conjuntos de habitações com apenas uma saída para a rua.
Foi, no entanto, no final do século XIX, com o desenvolvimento industrial da cidade, e com a chegada de muitos migrantes das terras do norte do país, que este tipo de habitação se massificou.
Somente na freguesia de Campanhã houve 243 " ilhas". Ainda restam cerca de oito mil casas dos antigos bairros operários portuenses embora apenas pouco mais da metade ainda sejam habitadas.
Fontes: Viva! Porto, Domus Social, Cargo, Wikipédia.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Direito ao sono - Pelo fim dos voos nocturnos no Aeroporto Humberto Delgado

Para: Presidente da Assembleia da República Portuguesa, Governo de Portugal

1 - O Aeroporto de Lisboa é o único grande aeroporto internacional que ainda funciona dentro de uma capital europeia. Este aeroporto fustiga mais de 200.000 cidadãos de Lisboa com um número de aviões sem precedentes a passar a baixa altitude: são em média voos a cada 2,5 minutos, mais de 200.000 voos por ano, mais de 600 voos por dia, mais de 20.000 voos por ano no período das 23:00 às 07:00.

2 - Os outros aeroportos europeus com um potencial de afectação da população semelhante ou inferior encerram todos à noite (salvo excepções e emergências).

3 - Não é o caso de Lisboa, onde são permitidos 26 voos por noite e 91 por semana entre as 0:00 e as 06:00, os quais são muitas vezes superados.

4 - Os cidadãos de Lisboa estão exaustos de conviver com esta situação, com impactos negativos no seu descanso e na sua saúde. É um brutal impacto no que há de mais básico nas suas vidas, sendo impreterível e inadiável terminar este flagelo.

5 - Por todas estas razões, a Plataforma Cívica «Aeroporto Fora, Lisboa Melhora» e os signatários desta petição vêm por este meio exigir o fim definitivo dos voos nocturnos.

domingo, 15 de dezembro de 2024

Tire as mãos da terra do Tibete


Os projectos de desenvolvimento em grande escala da China no Tibete, incluindo barragens, auto-estradas e operações mineiras, ameaçam o ambiente, o património cultural da região e a vida do povo tibetano. Estes projectos servem os interesses estratégicos da China no controlo dos recursos e nas reivindicações territoriais, mas têm efeitos devastadores no ecossistema do Tibete, nos locais culturais antigos e nos direitos dos seus habitantes.

Entretanto, o Ocidente estabeleceu uma parceria com a China para benefício económico mútuo, ignorando ao mesmo tempo a ocupação do Tibete, a exploração dos seus recursos naturais e os danos ambientais irreversíveis infligidos à região. Os interesses ocidentais e chineses na transição para a Energia Verde continuam a violar os direitos dos Tibetanos às suas terras e recursos sem o seu consentimento, resultando na detenção, prisão e tortura de manifestantes tibetanos.

Assina e divulga a petição

sábado, 14 de dezembro de 2024

África

África. É bom lembrar como era a realidade ainda não há muito tempo. Hoje por outros meios, o processo de esbulho das suas riquezas e populações procura perpetuar a mesma realidade.
Em 1913, a 20 de outubro, a Inglaterra fez um acordo com a Alemanha para eles ficarem com Angola e Moçambique. Se os alemães não tivessem cheios de vontade de começar uma guerra com a Rússia antes de esta se tornar demasiado forte para eles, esse mapa seria muito diferente.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Moita de Deus é a falência da humanidade de que o Público fala


Segundo um recente relatório, Gaza é a zona do mundo com maior n° de crianças amputadas. A falta de empatia deste tipo de pessoas é a prova que evolução tecnológica ou intelectual não tem relação com evolução ética ou moral. Não passam de crápulas de fato, ignorantes, alheios à dor e ao sofrimento humano. Puros monstros.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Loteamento de solos rústicos: seis décadas depois, reabrimos a caixa de Pandora?


Por Pedro Bingre do Amaral
Quase sessenta anos depois, com estas novas alterações, corremos o risco de manter as carências de habitação, ao mesmo tempo que prejudicamos a agricultura, a floresta e o ambiente, ao criarmos sobre os mercados imobiliários expectativas de valorização súbita dos terrenos rústicos por meio de alvarás de loteamento concedidos ad hoc

No final de novembro foi aprovado, para audições da Associação Nacional dos Municípios Portugueses e outras entidades, um decreto-lei que, ao alterar o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT), permitirá às autarquias autorizar a construção de habitações em terrenos rústicos, ou seja, fora dos perímetros até agora dados como urbanos ou urbanizáveis nas Cartas de Ordenamento dos Planos Diretores Municipais (PDM). Com esta medida o legislador pretende enfrentar o renovado problema da habitação, disponibilizando mais terrenos para a construção de casas em solos que até agora se destinavam à agricultura, à floresta e à proteção da Natureza. Já em janeiro deste mesmo ano fora promulgada uma simplificação do mesmo RJIGT, também para facilitar novas construções.

Por atendíveis que sejam as preocupações sociais destas alterações legislativas, poderemos estar perante opções não somente ineficazes de satisfazer o interesse comum em matérias de imobiliário, como também deletérias para a qualidade do ambiente e do território. As soluções plasmadas nesta iniciativa legislativa repetem, na sua essência, os erros cometidos pelos legisladores portugueses de 1965 quando para resolver o problema da escassez de habitação e das pressões especulativas se promulgaram o Decreto-Lei n.º 46673, de 29 de novembro, criando a figura dos loteamentos privados ad hoc em solo rústico. Este decreto-lei criou o enquadramento legal para o desordenamento do território dos cinquenta anos seguintes.

Em termos muito simplificados, antes deste decreto-lei de 1965 a expansão urbana processava-se nas seguintes fases. Em primeiro lugar a administração pública traçava o plano do bairro que se pretendia criar, segundo os modelos urbanísticos de cidade clássica, cidade-jardim ou cidade moderna.

Seguidamente, adquiria os prédios rústicos necessários para implantar esse novo bairro, emparcelando-os. Tal como nos países mais desenvolvidos da Europa ocidental, era então prerrogativa exclusiva da Administração Pública concretizar as expansões urbanas. Aos particulares estava vedada a transformação de solo rústico em solo urbano. O poder público comprava ou expropriava solo rústico adjacente à malha urbana preexistente, pagando por esses terrenos o valor próprio de terras cujos únicos aproveitamentos autorizados eram a agricultura ou a silvicultura, já que a nenhum privado era concedida a faculdade de urbanizar.

Concluída esta etapa, realizavam-se as obras de infra-estruturação: vias de circulação, saneamento, jardins, &c. Estas obras definiam novos lotes urbanos, os quais eram vendidos aos particulares para edificação segundo a volumetria e finalidades estabelecidos no plano. Da venda destes lotes edificáveis resultavam avultadas mais-valias urbanísticas que ressarciam os custos que o erário suportara na operação de compra de terrenos agrícolas e da construção de infraestruturas. A Administração Pública não se endividava, os proprietários de solo rústico eram remunerados pela perda de terra agrícola, os construtores adquiriam a preços não especulativos solo onde edificar, os compradores finais encontravam habitação em bairros de boa traça arquitetónica e boa qualidade de engenharia civil. Assim nasceram bairros lisboetas como Alvalade, Azul, Alvito, Benfica, Campo de Ourique, Restelo, Areeiro, Encarnação, Olivais, &c. Como o preço do solo se mantinha bem regulado, era possível reservar para fruição pública (jardins, parques, praças, largos, calçadas) uma percentagem elevada da área urbana.

Chegados, porém, a meados da década de 1960, a situação sócio-económica alterou-se: as periferias das cidades portuguesas começam a sentir os efeitos combinados de uma explosão demográfica, do êxodo rural e de uma economia em franco crescimento. Escasseava habitação para o imenso número de famílias que chegavam às cidades e vilas, principalmente na faixa litoral entre Setúbal e Viana do Castelo. Os preços do imobiliário tornaram-se proibitivos para a maioria da população; a carestia de arquitetos e engenheiros atrasava a produção de novas expansões urbanas de iniciativa pública. O orçamento de Estado estava comprometido com um esforço de guerra para sustentar o aparelho militar em África. Perante isto, num acto irreflectido, os legisladores portugueses promulgaram o já referido Decreto-Lei n.º 46673, de 29 de novembro de 1965, permitindo aos privados substituírem-se ao sector público e concedeu-lhes a prerrogativa de realizar loteamentos urbanos em zonas rurais. Abriram-se as portas ao crescimento desregrado de novas manchas urbanas, de escassa qualidade, sem se ter, em compensação, conseguido tornar a habitação mais acessível, posto que tal decreto agravou sobremaneira as pressões especulativas. Em suma: até 1965 as cidades expandiam-se gradualmente por “bairros” em terrenos emparcelados cuja qualidade supera a da maioria das urbanizações construídas após a promulgação deste diploma legal; a partir de 1965 passaram a expandir-se por “urbanizações” em parcelas agrícolas avulsas, não emparceladas, de quintas e casais. O território ainda hoje se ressente da ocupação disfuncional e inestética que se produziu nas décadas seguintes, com loteamentos densos esparzidos pelo território, retalhados segundo a lógica da antiga malha cadastral agrícola.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Diversidade: o segredo da resiliência humana e natural


Tal como na natureza, onde ecossistemas biodiversos são mais produtivos e resilientes, os grupos humanos prosperam na diversidade. Cada indivíduo contribui com competências, perspetivas e talentos únicos, que, combinados, criam uma "rede de interações" mais forte e funcional. 
Tal como espécies diferentes num ecossistema contribuem para o seu funcionamento e estabilidade, os contributos humanos complementares ajudam a superar desafios e a promover avanços em áreas diversas da ciência, cultura, arte e tecnologia.
Quando pessoas com diferentes formações e experiências se reúnem para resolver problemas complexos, as suas perspetivas variadas permitem explorar abordagens mais criativas e abrangentes - reflete o conceito ecológico de "nicho complementar", onde diferentes espécies ocupam papéis únicos e, juntas, tornam o sistema mais eficiente e equilibrado.
Além disso, a diversidade humana também atua como uma barreira natural contra a disseminação de ideias ou comportamentos prejudiciais, como no caso de ecossistemas ricos que resistem melhor a espécies invasoras. Num ambiente humano inclusivo, a multiplicidade de pontos de vista e experiências impede que preconceitos ou práticas destrutivas ganhem espaço de maneira descontrolada.
A ideia de resiliência também é crucial. Tal como os ecossistemas com elevada biodiversidade respondem melhor a perturbações, uma sociedade diversificada adapta-se melhor a mudanças e crises. Essa resiliência vem da capacidade de aprender com os erros, de absorver influências externas e de encontrar soluções inovadoras. 
Num contexto humano, isso poderia significar enfrentar crises económicas desafios ambientais ou adaptação às novas tecnologias. Os ecossistemas biodiversos cativam-nos pela sua beleza e complexidade. Da mesma forma, a diversidade humana enriquece a nossa convivência, fomentando a criatividade e a resiliência.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Os bilionários



Dou por mim, muitas vezes  pensar que quem manda nisto tudo é o poder do dinheiro e que os governos, eles próprios, são dominados por esse poder. Já aqui escrevi que o poder do feiticeiro reside na ignorância dos seus irmãos tribais. 
O texto atribuído ao grande divulgador Cal Sagan que se transcreve acima diz, por palavras sábias, esta minha convicção.

domingo, 8 de dezembro de 2024

Livro: Autocracy Inc


Bestseller do New York Times • O Melhor Livro do Economista de 2024 • O Melhor Livro do Financial Times de 2024 • Do autor vencedor do prémio Pulitzer, um relato alarmante de como as autocracias trabalham em conjunto para minar o mundo democrático e como nos devemos organizar para derrotá-las
“Um guia magistral para a nova era de autoritarismo... perspicaz e destemido.” —John Simpson, The Guardian • “Especialmente oportuno.“—The Washington Post
Pensamos que sabemos o que é um Estado autocrático: há um líder todo-poderoso no topo. Ele controla a polícia. A polícia ameaça as pessoas com violência. Existem colaboradores malignos e talvez alguns dissidentes corajosos.
Mas no século XXI, isto tem poucas semelhanças com a realidade. Hoje em dia, as autocracias são sustentadas não por um ditador, mas por redes sofisticadas compostas por estruturas financeiras cleptocráticas, tecnologias de vigilância e propagandistas profissionais, que operam em múltiplos regimes, desde a China à Rússia e ao Irão. As empresas corruptas de um país fazem negócios com empresas corruptas de outro. A polícia de um país pode armar e treinar a polícia de outro, e os propagandistas partilham recursos e temas, transmitindo as mesmas mensagens sobre a fraqueza da democracia e o mal da América.
A condenação internacional e as sanções económicas não podem mover os autocratas. Mesmo os movimentos populares de oposição, da Venezuela a Hong Kong e Moscovo, não têm qualquer hipótese. Os membros da Autocracy, Inc, não estão ligados por uma ideologia unificadora, como o comunismo, mas sim por um desejo comum de poder, riqueza e impunidade. Neste tratado urgente, que evoca o ensaio de George Kennan apelando à “contenção” da União Soviética, Anne Applebaum apela às democracias para que reorientem fundamentalmente as suas políticas para combater um novo tipo de ameaça.

Saber mais:

sábado, 7 de dezembro de 2024

Frase de Yann Arthus-Bertrand - É de cortar o coração e muito preocupante!


Música do BioTerra: Björk - Hyperballad


[Verse 1]
We live on a mountain right at the top
There's a beautiful view from the top of the mountain
Every morning I walk towards the edge
And throw little things off
Like car parts, bottles, and cutlery
Or whatever I find lying around

[Pre-Chorus 1]
It's become a habit
A way to start the day

[Chorus]
I go through all this before you wake up
So I can feel happier to be safe up here with you
I go through all this before you wake up
So I can feel happier to be safe up here with you

[Verse 2]
It's early morning, no one is awake
I'm back at my cliff, still throwing things off
I listen to the sounds they make on their way down
I follow with my eyes till they crash
I imagine what my body would sound like
Slamming against those rocks
See upcoming pop shows
Get tickets for your favorite artists
You might also like
Timeless
The Weeknd & Playboi Carti
So High School
Taylor Swift
Army of Me
Björk
[Pre-Chorus 2]
And when it lands
Will my eyes be closed or open?

[Chorus]
I go through all this before you wake up
So I can feel happier to be safe up here with you
I go through all this before you wake up
So I can feel happier to be safe up here with you
I go through all this before you wake up
So I can feel happier to be safe up here with you

[Post-Chorus]
Safe up here with you



“Quando te apaixonas, nunca sabes se essa será a última vez que te vais apaixonar e isso acaba por se tornar em algo muito precioso para ti. Tornas-te superprotetor. E sempre que te encontras com a pessoa por quem estás apaixonado, mostras apenas o teu lado bom e certificas-te que ela nunca vê o teu lado mau, para que este amor se mantenha. Isto acontecia a todos os meus amigos”.

As palavras são de Björk e descrevem o ponto de partida para Hyperballad, o quarto single do seu segundo álbum em inglês, Post, um dos discos que mais cópias vendeu no seu catálogo e aquele que contém, simultaneamente, o seu mais conhecido tema para o público em geral e aquele que a compositora mais tem ignorado em digressões desde então, a sua versão de It’s Oh So Quiet. Björk é assim. De extremos. Ou era, com os seus 31 anos. E também o é Hyperballad, que celebra este mês 20 anos sobre o seu lançamento.

Aquele que é frequentemente citado por muitos como um dos melhores singles lançados pela islandesa, principalmente se fecharmos o espectro de análise à década de 90, é um hino ao anti-politicamente correto. Hyperballad é explodir quando estamos sozinhos para podermos dar o melhor de nós quando não o estamos. É a plataforma catártica para a libertação de frustrações, angústias e inseguranças. Nem que isso implique subir ao topo de um penhasco e atirar peças de carro, garrafas e talheres, como tão candidamente Björk exemplifica na letra.

Ao longo de quase cinco minutos e meio, o quarto single do disco mais eufórico da cantora descreve um sonho que a islandesa teve, e que serviu, assim, de inspiração para a sua composição. Assim como a própria mensagem do tema, que não é mais do que uma espécie de bola anti-stresse para manter a chama acesa numa longa relação, também a composição instrumental do tema, criado em parceria com o seu habitual colaborador Nellee Hooper, vai evoluindo. A consistente percussão quase hipnotizante e pequenos apontamentos psicadélicos de eletrónica no refrão dão lugar a um final pós-clímax e apaziguador, a cargo dos instrumentos de cordas.



O teledisco de Hyperballad, de resto, esteve a cargo do francês Michel Gondry, um dos principais parceiros audiovisuais de Björk na sua carreira, tendo sido também o responsável pelos vídeos de Jóga, Bachelorette, Army Of Me, Isobel, Declare Independence e Crystalline.

Música do BioTerra: The Sugarcubes - Regina


[Verse 1: Einar]
Came from the east
Relative forgot
To scrape away
Land in south
Exhausted engine
No teeth
No chance to stop
Meet Johnny

[Verse 2: Björk]
Came from the east
Like the sun
But with tired engine
Regina otherwise magnificent
Regina in good bloom

[Chorus 1: Björk]
Oh oh as old as the sun
Oh oh with white teeth
Oh oh Regina, oh oh Regina
Oh oh Regina, oh oh Regina

[Verse 3: Einar]
Land on islands
Meet Johnny
Examine my red
Basalt cluster
Bottomless dust, terrific sun
And wetting quite nicely thank you
I do say nicely
I do mean that
Actually

[Chorus 2: Björk]
Blow into the chastity belt
Regina, Regina
Oh oh Regina, oh oh Regina

[Verse 4: Einar]
Hex and bitch and
Deserves lobster and fame
Oh, Johnny
Teeth and gums
In my life
Moon and sun
In my life
Lobster and shrimp
In my life
I don't really like lobster (like lobster)

[Verse 5: Björk]
Regina is too old
But the sun is much older
Still the sun with white teeth
But Mrs R. with none
Sun with false teeth
Give me lobster and fame

[Bridge: Einar]
I really don't like lobster!

[Outro: Björk]
Oh oh Regina, oh oh Regina...

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Boas notícias! Os casais de abutre-preto triplicaram em dois anos em Portugal



Seriamente ameaçado, em Portugal, o abutre-preto (Aegypius monachus) esteve, durante os últimos dois anos, sob a vigilância apertada de um programa nacional de conservação. Em 2022, a Volture Conservation Foundation colocou no terreno o projeto LIFE Aegypius. Financiado pela União Europeia, a iniciativa é apoiada pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, contando ainda com a colaboração de ONG como a Rewilding Portugal ou a Quercus.

A espécie foi monitorizada, a população local sensibilizada para a sua proteção, e as aves, quando feridas, tratadas em cativeiro e devolvidas à Natureza. Os esforços foram finalmente recompensados. Há dois anos, os casais que podiam ser vistos a sobrevoar os céus do território nacional eram apenas 40.
O número subiu agora para, pelo menos,108, podendo chegar até 116 casais. A ave, que se encontrava na cetegoria “criticamente em perigo” na lista vermelha da União Internacional da Conservação da Natureza, desceu um nível e está atualmente em “perigo de extinção”.

Os resultados mostram que os objetivos foram largamente ultrapassados. A duplicação da espécie estava apenas prevista para 2027, data do fim do projeto, mas o seu número triplicou em dois anos. Em 2023, quando foram contabilizados entre 78 e 81 casais nidificantes, o balanço já era animador. O aumento, no entanto, foi encarado com prudência e considerado como um possível reflexo do esforço de monitorização. Apesar dos resultados animadores, o abutre-preto continua muito vulnerável a eventos como incêndios florestais ou tempestades. 
A incerteza pairava ainda no ar, mas a contagem de 2024 trouxe alguma confiança de que o acréscimo se deve à expansão natural da espécie e é uma clara consequência das medidas de conservação que têm vindo a ser aplicadas. São boas notícias, mas é cedo para cantar vitória. O abutre-preto continua demasiado exposto aos perigos e há um longo caminho ainda a percorrer.

Expectativas para os próximos anos
Será, por enquanto, arriscado prever que, em 2028, a ave possa entrar na categoria “vulnerável”. A manter-se esta evolução, era o expectável, mas os técnicos envolvidos no projeto advertem que há demasiadas variáveis que não podem ser controladas. Basta um incêndio, uma grande tempestade ou qualquer outro evento que provoque um desequilíbrio acentuado nos habitats para todo o trabalho cair por terra.

É preciso ter ainda em conta a taxa de sobrevivência, um indicador que também melhorou em 2024, alcançado 51%. As cinco colónias do país registaram 48-49 crias que conseguiram ultrapassar o período mais crítico e se tornaram independentes.

Dado o achado tardio, a contagem das aves, neste local em particular, é ainda provisória, entre um e cinco casais e, pelo menos, uma cria. Vidigueira é a agora a quinta colónia de abutres-pretos em Portugal e que se junta às restantes localizadas no Douro Internacional, na fronteira com Espanha, na Serra da Malcata, na Beira Interior, no Tejo Internacional, entre Castelo Branco e Idanha-a-Nova, e na Herdade da Contenda, no Alentejo.

Em Portugal, o abutre-preto nidifica em cinco colónias. 

A colónia do Douro Internacional, a mais isolada, passou de três para oito casais nidificantes e expandiu-se para lá da fronteira, sendo também monitorizada pelos técnicos espanhóis.
Na Serra da Malcata o número de casais passou de quatro, em 2021, para 14, em 2023, e para 18 este ano. No Tejo Internacional, onde se encontra a mais antiga colónia (dois casais em 2010), foram monitorizados entre 61 e 64 casais, que tiveram este ano entre 24 e 25 crias. Destes casais, um quarto assentou arraiais em terras espanholas.
A Herdade da Contenda, no município de Moura, conta atualmente com 20-21 casais. Na Vidigueira, distrito de Beja, há cinco ninhos confirmados, mas falta ainda apurar o número total de crias. O projeto, que termina em dezembro de 2027, prevê ainda a monitorização do abutre-preto em zonas protegidas de Espanha, onde foram registados este ano 153 casais.

Mais medidas de proteção nos próximos meses
O balanço de 2024 está feito, mas o trabalho é para continuar. Duas novas medidas vão ser postas em prática já nos meses que se seguem para assegurar que o abutre-preto não volta a desaparecer do país, enquanto espécie nidificante, como aconteceu na década de 1970.O abutre-preto é a maior ave de rapina da Europa. 

Com a colaboração de criadores de gado e agricultores, o projeto irá criar campos de alimentação para a espécie, com vigilância sanitária implementada. A estratégia também inclui o setor da caça, que irá apoiar a transição para o uso de munições sem chumbo.

As munições sem chumbo vão ser, como tal, gratuitamente disponibilizadas para acelerar o processo. Sendo aves necrófagas, de resto, os abutres aguentam tudo, carne em avançado estado de decomposição, raiva e todo o tipo de bactérias que provocam infeções mortais em qualquer outro animal.

Uma espécie (quase) invencível
O superpoder do abutre para resistir a quase todas as doenças está no suco gástrico produzido pelo aparelho digestivo. Chega a ser até mil vezes mais ácido do que o nosso, dissolvendo cerca de 60% das toxinas ingeridas. Tudo o que escapa à lavagem gástrica é depois eficazmente combatido por um sistema imunológico à prova de bala. Alterações climáticas, caça e envenenamento por chumbo são alguns dos perigos a ameaçar os abutres. 

As bactérias agarradas às penas, no entanto, poderiam ser um problema para os outros animais em contacto com os abutres. Mas é precisamente por isso que as aves são carecas. Conseguindo enfiar a cabeça nas carcaças sem contaminar as penas, anulam o perigo de espalhar doenças. Além disso, ao urinarem sobre os pés, o ácido úrico trata de desinfetar tudo à sua volta, tornando-os inofensivos para o meio ambiente.

Não fossem as alterações climáticas e a atividade humana, o abutre seria praticamente invencível. Além do chumbo das munições da caça, os fármacos, em especial os antibióticos, usados na pecuária, podem enfraquecer o seu sistema imunológico e serem fatais para uma espécie vital no equilíbrio do ecossistema das zonas rurais. Fonte