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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Inconsequência que mata


É, eu sei, só eu falo de futebol por aqui - às vezes falo demais, até. É que eu gosto. E quando acontece algo assim me sinto na obrigação de comentar.

Essa semana morreu um torcedor de 14 anos no jogo San Jose x Corinthians, pela Libertadores da América. O jogo aconteceu na Bolívia e o rapaz que morreu era boliviano e torcedor do San Jose. O sinalizador que o atingiu saiu da torcida do Corinthians. 

Teorias e mais teorias são apontadas, mas o que parece ser o mais lógico é que a morte foi um acidente. O que não exime, de maneira alguma, a culpa do portador do sinalizador. Esse tipo de material é proibido nos eventos organizados pela Conmebol - e pela CBF também - mas, ainda assim, as torcidas insistem em levá-los e a segurança insiste em não confiscá-los.

O resultado do rolo foi - além da morte do menino - a punição do Corinthians. O time deverá jogar de portões fechados, sem sua torcida - torcida esta que já comprou 85 mil ingressos antecipadamente (três desses são meus, inclusive).

Agora fica a questão: é correto punir o clube pelo crime cometido - culposa ou dolosamente - por integrantes isolados de sua torcida?

Eu, sinceramente, não vejo como isso pode resolver tal situação. Mas, ainda assim, acredito que essa punição poderá "meter medo" na torcida, para que coisas assim não ocorram mais. Não consigo decidir se essa punição é correta ou não.

Pensando racionalmente acredito que não é correto punir 30 milhões de torcedores pela atitude inconsequente de uma pessoa. Que as autoridades deveriam ser capazes de identificar e punir o real culpado, sem atingir a instituição, que não deu dinheiro pra ninguém comprar sinalizador. E acredito que a justiça deva ter esse pensamento racional também, mesmo que não tenha sido o tom adotado pela decisão da Conmebol.

Mas pensando emotivamente, tenho uma raiva profunda de pessoas que por pura burrice colocam a vida dos outros em risco. E imagino que apenas mexendo com o time do coração desses indivíduos, privando-os de assistir sua equipe preferida nos estádios esses boçais pensarão antes de levar esse tipo de coisas para os jogos. 

Meu ponto de vista vai mais pelo lado lógico, mas não sei qual é o certo nessa situação. O certo é que a vida do rapaz não será devolvida, seja qual a punição impingida tanto ao clube quanto ao torcedor. A entidade organizadora deveria fazer revistas de verdade e se importar de verdade com a segurança do torcedor - não apenas com os royalties provenientes dos ingressos.

Aqui no Pacaembu, em SP,  fui barrada uma vez apenas porque estava com um pocket book na bolsa. Livros podem iniciar incêndios. Isto é segurança. O que se viu na Bolívia foi irresponsabilidade e desleixo. Infelizmente é assim que o torcedor é tratado por quem deveria zelar por sua vida. 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

2012 - Um ano quente, mas nem tanto


Manchete de Ontem: 2012 foi o ano mais quente já registrado nos EUA



Nos Estados Unidos a temperatura subiu. A média anual foi de 13ºC, a mais alta já registrada. No passado, o ano mais quente havia sido 1998, que foi superado em 1 grau Fahrenheit (pouco mais que 0,5º).

Um dado interessante é que em 2012, as estações metereológicas americanas registraram 34 mil recordes de altas temperaturas.

De acordo com cientistas foram as “variações naturais” as causas do forte calor e a seca que o país enfrentou.

No entanto, mesmo com o recorde americano, 2012 não pode ser considerado o ano mais quente da história. Quem influenciou nas temperaturas no ano passado foi o fenômeno La Nina, que tende a baixar as temperaturas. 

Agora, somente entre nós. Por que essas “variações naturais” ocorrem mesmo?!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Rafael Bastos - o correto?

"O sábio não diz tudo o que pensa, mas pensa em tudo que diz" - Aristóteles

Rafinha Bastos xinga Luciano Huck por dirigir alcoolizado

Querido Rafael Bastos,

Cada vez que você partilha com a humanidade seus brilhantes pensamentos, sempre tão agradáveis aos olhos e ouvidos, fico perplexa.
Eu sei que vocês, não só "comunicadores", mas personalidades públicas em geral, eventualmente tem dificuldades em entender que, antes de serem "os caras da TV", são cidadãos brasileiros, como eu, meus pais, meus vizinhos, e assim por diante.   A mim pouco interessa se o tal público que Luciano tenta agradar a qualquer custo (de acordo com você), irá ou não relevar seu trago. Me interessa que o DETRAN apreenda sua CNH, e ele responda a um processo por dirigir alcoolizado. Porque ele,  assim como você, é um cidadão brasileiro. Novamente, assim como você, ele violou a lei.

Brasileiros devem se comportar de acordo com as leis brasileiras, enquanto forem domiciliados em território nacional. "Comunicadores", pela natureza da atividade que escolhem para si como ganha-pão, além disso também devem suportar o peso e as consequências das palavras que escolhem proferir publicamente. Como você, com seu "comeria ela e o bebê", ou Boris Casoy com "dois lixeiros do alto de suas vassouras!", Bial com "isso é coisa de viado", e assim por diante. Digamos que são "ossos do ofício".  

Você pode até pegar táxi quando toma uma, ou talvez não tomar nenhuma, mas não está em posição de se fazer de baluarte do correto. Parabéns por não beber e dirigir, por não concordar com isso, mas desculpa, cara: não é mais que a sua obrigação!  Já se você almeja pelo indulto popular que imagina que Luciano Huck terá, é simples: escolha melhor suas palavras. É um começo. Aprenda a ser um falastrão inconsequente na vida privada, e alguém mais contido na vida pública. Assim como ele mantém seu lado playboy inconsequente para si mesmo, guarde sua ignorância para a intimidade.

Particularmente, acho difícil eleger quem é pior parasita para a mídia brasileira, se você ou ele. Cada um em seu ramo, vocês são especialistas na mediocridade e mal gosto. No fundo, medíocres e agora infratores das leis brasileiras, vocês não são tão diferentes quanto você imagina. Oportunistas, também, pois enquanto seu criticado usa de "assistencialismo barato", você tentou usar a falha alheia para se reerguer do ostracismo, ignorando que a posição na qual se encontra foi consequência de sua própria falta de bom senso. 

Talvez seja melhor que nem todo "comunicador" partilhe de sua virtude, essa capacidade ímpar de confundir sinceridade com inconveniência. Às vezes a preservação da ordem pública, do espaço e do direito alheio, dependem um pouco do discernimento que a maioria tem, de separar entre tudo o que pensa, o que é ou não pertinente vir a público. 

Acredito que você seja um idiota (por seu mérito unicamente), mas não um cara totalmente desprovido de inteligência. Então, por favor, entenda: o erro alheio não deixa o seu menos feio.


domingo, 21 de outubro de 2012

O que te preocupa?

"O povo não está preocupado com isso. Está preocupado em saber se o Palmeiras vai cair e se o Haddad vai ganhar" - Luis Inácio Lula da Silva

Diga-me, brasileiro: com o que você realmente se preocupa?

Em diversos fóruns, Facebook a dentro e a fora, vi sindicalistas furiosos com a decisão da justiça de suspender a publicação do jornal de sindicato com texto a favor do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo.  Alguns usaram inclusive o termo "censura" para definir a decisão judicial. Eu, particularmente, considero muito pertinente a proibição de colaboração de entidades sindicais em campanhas políticas. 

Uma líder sindical se manifestou em certo fórum: "quer dizer que direção não pode declarar voto?".  Como todo cidadão, um sindicalista, indivíduo, pode se engajar na campanha política do candidato que considerar pertinente, e pode declarar voto.  Considero a declaração de voto de sindicalistas tão relevante quanto a de intelectuais ou qualquer outro tipo de formador de opinião. Entretanto, o jornal sindical, impresso com recursos provenientes da contribuição de sindicalizados com os mais diversos posicionamentos políticos, não é meio adequado para isso. Que o sindicalista faça como todos os demais: encha seu carro de adesivos, suba no palanque se julgar pertinente, diga suas opiniões em seu Facebook, Twitter, Blog.

Como foi possível observar na longa e abafada campanha salarial dos servidores das universidades federais, somos um país no qual movimentos trabalhistas são fracos, não tem apoio público, e são ignorados sempre que possível pela outra parte envolvida na negociação. Inclusive por isso, entidades sindicais devem ser protegidas de interesses alheios a seu propósito inicial: defender a causa dos trabalhadores.  Ainda que a negociação política seja uma das muitas ferramentas que podem ser utilizadas por um sindicato, o seu envolvimento direto em campanhas desvirtua seu propósito.  É evidente desde a eleição de Lula à Presidência da República o crescimento da presença de pessoas oriundas das entidades sindicais em cargos eletivos.  Hoje, muitas vezes observamos sindicatos sendo utilizados como ferramentas política: mesmo sem conseguir alcançar seus objetivos junto às mais diversas classes trabalhistas, de professores a servidores dos correios, bancários e metalúrgicos. Hoje temos um ex-professor no segundo turno da disputa pela Prefeitura Municipal de São Paulo,  um ex-bancário Deputado Federal, e um metalúrgico ex-Presidente da República. 

Ainda assim, muitos trabalhadores não se sentem representados por seus sindicatos, deixam negociações insatisfeitos não apenas com o resultado, mas com o posicionamento das entidades sindicais. Qual é a razão?

Hoje um colega me contou que o está havendo uma gigantesca mobilização no Facebook para desmoralizar alguém aí (não entendo de futebol) que suspendeu Ronaldinho Gaúcho por um jogo, enquanto um vídeo no qual são mostrados os custos de um Deputado para o Brasil padece com pouca divulgação.  Eu particularmente fiquei perplexa com a honestidade de Lula ao revelar seus pensamentos sobre o tal "povo" e suas prioridades, mas infelizmente imagino que ele tenha razão sobre a primeira preocupação: o futebol. Tanto deve ser, que o Banco Itaú apostou forte na sua campanha publicitária "Vamos Jogar Bola", assim como a Brahma com sua "Pessimistas, pensem bem", que se não fosse uma propaganda de cerveja, certamente seria do governo.

Somos um povo de prioridades equivocadas. Contando que não falte cerveja, o churrasquinho, e o futebol ou qualquer outra válvula de escape, pouco importa se políticos são culpados, se sindicatos são desvirtuados, se faltam leitos nos hospitais ou se professores apanham de alunos na escola.

O Brasil padece pelo descaso do brasileiro.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Censura, você por aqui?


Manchete de ontem: Depois de perder recurso, Google Brasil divulga que vai bloquear vídeo do YouTube



Engraçado isso de o Brasil parecer querer compensar uma cultura de corrupção e falta de ética e moral na política tendo uma Justiça Eleitoral tão "eficiente". 

É triste morar num país onde a liberdade de expressão, um direito inerente a todos e a qualquer um, não está acima de leis obscuras que beneficiam apenas todo o sistema corrupto que sempre existiu. O Brasil é um país que viveu muitos anos com as portas fechadas para a opinião de quem discordava das regras de quem estava no comando. E isso faz com que essa censura soe ainda mais absurda e injusta. 

O governo é ruim, o país é ruim, os candidatos são ridículos, o povo vota mal e é ignorante e medíocre. Ninguém precisa concordar comigo, mas eu tenho todo o direito de dizer o que penso. Ainda. 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Quando tudo não é o bastante

Eike Batista defende filho envolvido em acidente no Twitter
("Infelizmente aconteceu um acidente fatal. Porém, a imprudência não foi de Thor")
Polícia encerra inquérito sobre denúncia de estupro na UFES
(''Meu caçula é o meu companheiro do dia a dia, e agora está na cadeia por algo que pode nem ser verdade'')
Brasileiro condenado a morte na Indonésia sera executado em julho
("As mães deles – mulheres sofridas, esperançosas e guerreiras – estão em campanha pela liberdade dos “garotos”, como elas e parte da imprensa tratam os dois barbados. Depois de gastarem os tubos com eles, estão raspando os cofres para resgatá-los. ")

'Meu filho tem índole', afirma mãe de músico suspeito de estupro na Bahia
'Faço tudo por ele, não é possível', lamenta pai


Nem todo criminoso é "favelado".  Nem todo criminoso é órfão de pai e mãe. Quando um filho é acusado de um crome, a tendência é que os pais entrem em algo similar ao Modelo de Kübler-Ross, e seus estágios do luto: primeiro eles negam, em seguida sentem raiva (não do rebento, mas do mundo que o acusa). Por último tentam negociar (quando entram os advogados). A maioria para por aí, mas alguns ficam deprimidos, e um número menor alcança a tal aceitação.

Quando a criminalidade estava restrita aos "pobres", ninguém se importava em analisar suas causas: eles são pessoas sem instrução que vivem em meio às drogas e prostituição. No fundo era esse o pensamento da imaculada sociedade de classe média brasileira. 

Hoje eles alegam não entender porque tanta violência e se assustam com a escalada da criminalidade em todas as classes sociais. Sociólogos dizem que vivemos uma "crise de valores", religiosos dizem que "falta Deus" em nossas vidas. Eu acho que falta é educação familiar mesmo.

Enquanto no passado famílias apelavam até ao trabalho infantil para garantir a subsistência familiar, muitos dos pais modernos sentenciaram: "darei a meu filho tudo que não pude ter". Isso vai de colégios particulares  a coca-cola todos os dias, kinderovo de sobremesa, casa da barbie, video game e TV a cabo no quarto. Uma vida de privilégios, providenciada por pais que tiveram uma vida de privações: dois opostos. Soma-se a isso a distorção por vários pais do papel da escola na vida dos filhos: lá existem professores de português, matemática, história, e muitas outras coisas, mas não há professores de comportamento em sociedade. Isso ainda é tarefa para os pais.

Muitos filhos são acostumados, por toda a vida, a ter não apenas "do bom e do melhor", mas na hora que solicita. Porque assim evita-se a fadiga daquele menino dando birra, fazendo o pai passar vergonha. Esse pai se esquece que quando filho não envergonhava os seus progenitores, porque aprendeu respeito, e significado de palavras como "não", e frases como "não posso comprar isso para você hoje".  

Muitos filhos vivem hoje com a idéia de que o mundo é seu, suas vontades importam mais que qualquer outra coisa, e tudo o que quiser é garantidamente seu, e tem suas ferramentas para isso: quando criança, ele grita, dá verdadeiros chiliques e acessos de raiva, chora; quando adulto e incapaz de obter o que quer por meios legais, ele é capaz de roubar, violentar.

Então surgem os pais em negação, dizendo em defesa de si mesmos e da prole que lhes deram tudo, sem notar que tudo, de verdade, vai além da coca-cola, kinderovo, video game e carro zero quando se passa no vestibular. Tudo inclui ensinar a lidar com a privação, a respeitar o outro, entender que nem todas as suas vontades podem ser satisfeitas, que nem tudo é seu. 

Tudo, de verdade, inclui respeito, ética, empatia. 

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Vergonha

Manchete de Ontem: SUS perdeu quase 42 mil leitos nos últimos sete anos, diz órgão médico


Poderia criticar por horas a qualidade da saúde pública no Brasil. Argumentos não faltam, porém este aqui é impossível deixar passar em branco. Em 7 anos, 42 mil leitos a menos no Sistema Único de Saúde (SUS).

O presidente do Conselho Federal de Medicina, senhor Roberto Luiz Dávila, atribui isso a uma falta de política eficaz. Essa explicação ele nem precisaria dar, é só olharmos ao nosso redor.

Recentemente fui acompanhar uma tia que não tem plano de saúde para fazer uma cirurgia de catarata. Chegamos ao posto de atendimento as 11h40 e saímos de lá mais de 15h. Para mim, que sou jovem foi difícil esperar, agora pensem naqueles idosos, com idade média de 70 anos, esperando, e muitos sem ter lugar para sentar.

Dessa experiência eu percebi o seguinte. O SUS funciona sim, mas para quem não tem pressa ou a doença não for grave. Se for algo urgente, esqueça... É só fazer uma busca em qualquer site para ver quantos morrem esperando atendimento.

E, em vez de melhorar, só piora 

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Um filme ruim e o "respeito" pela religião


Um filme ruim e ofensivo que causou a morte de várias pessoas e muita destruição. Foi isso que aconteceu, resumido em uma frase. Um filme ruim e mal feito, de extremo mau gosto, como tantos outros que existem por aí. Com uma significativa diferença: seu tema central envolve a religião que, atualmente, responde de forma mais agressiva a quem discorda dela, o Islamismo. 

Abaixo, o trailer do filme ruim em questão:



Infelizmente, religião é um tema considerado delicado. Deve-se ter cuidado ao questionar fé, crenças, rituais e todas as suas implicações na sociedade. É considerado delicado porque "respeitar" religião é uma convenção social, é o que se deve fazer, é o "certo". E o que é respeito? E o que é tolerância? E por que devemos ter infinitamente mais "respeito" ao questionar a influência da religião na sociedade que temos sobre qualquer outro tema? Não importa quantos sofram, morram ou sejam injustiçados. Religião não se discute.  A moral religiosa é superior e pronto. Guarde sua opinião para si. 

Citarei abaixo um discurso de Douglas Adams, transcrito por Richard Dawkins em seu livro Deus, um Delírio, que diz o suficiente:


“A religião [...] tem determinadas ideias em seu cerne que denominamos sagradas, santas, algo assim. O que isso significa é: "Essa é uma ideia ou uma noção sobre a qual você não, pode falar mal; simplesmente não pode. Por que não? Porque não, e pronto!". Se alguém vota em um partido com o qual você não concorda, você pode discutir sobre isso quanto quiser; todo mundo terá um argumento, mas ninguém vai se sentir ofendido. Se alguém acha que os impostos devem subir ou baixar, você pode ter uma discussão sobre isso. Mas, se alguém disser: "Não posso apertar o interruptor da luz no sábado", você diz: "Eu respeito isso". Como é possível que seja perfeitamente legítimo apoiar o Partido Trabalhista ou o Partido Conservador, republicanos ou democratas, um ou outro modelo econômico, o Macintosh e não o Windows — mas não ter uma opinião sobre como o universo começou, sobre quem criou o universo [...] não, isso é sagrado? [...] Estamos acostumados a não questionar ideias religiosas, mas é muito interessante como Richard causa furor quando o faz! Todo mundo fica absolutamente louco, porque não se pode falar dessas coisas. Mas, quando se analisa racionalmente, não há nenhuma razão para que essas ideias não estejam tão sujeitas a debate quanto quaisquer outras, exceto o fato de que, de alguma forma, concordamos entre nós que elas não devem estar.”

Douglas Adams disse. Eu respeito.



quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Onde foi parar o “casei, mudei e nem te convidei”?

Menos informação, por favor



Realmente é triste presenciar os movimentos das galerinhas que postam tudo por aí, desde as comidas que entram até as comidas que saem delas. É o tempo todo, aquele tanto de contatos online avisando que casaram, depois atualizam para onde se mudaram e logo vem o convite para a festa de despedida de casados (agora tem dessas também). Não é difícil ficar cansado dessa religiosidade em que as pessoas contam suas intimidades e suas piadinhas de mau gosto na internet, mas a partir do momento em que você quis estar ali, ou você usa as ferramentas disponíveis para sumir com isso, ou mude de brincadeira, é simples, é só você puxar um pouco aí na memória e recordar que quando criança você entrava na brincadeira de roda e ou rodava ou saia fora, e nunca estava livre de sentir alguma náusea.

Seguindo no assunto brincadeira, a brincadeira do momento parece meio assim: uma galera enche as redes sociais com um assunto (interessante ou não), uma segunda galera posteriormente enche as redes sociais dizendo que o assunto da primeira galera é inútil, uma terceira galera vê essas duas primeiras e diz que a galera anda discutindo muitos assuntos idiotas e entupindo as redes sociais, logo uma quarta galera vem e faz uma pesquisa dizendo que a maior parte dos usuários das redes estão cansados de tanto conteúdo inútil postado em seu feed...

Em seguinda a primeira, a segunda, a terceira e quarta começam a discutir desenfreadamente sobre a tal pesquisa tão inútil quanto qualquer assunto inútil de qualquer uma dessas galeras, e aí, meu povo, dá na mesma, tudo isso vai continuar crescendo lotando suas redes sociais de informações inúteis para sua sobrevivência, esse fenômeno é muito parecido com aquele tal efeito bola de neve que todos vocês conhecem.

Agora puxa mais um pouco da memória, quem gostava do coleguinha que só reclamava de tudo durante as brincadeiras? Pois então.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A vida vista do 92º lugar

Manchete de Ontem: SP e Rio dividem 92ª lugar em ranking de melhores cidades para se viver

Sou um clássico exemplo de pessoa que veio de uma cidade do interior de algum estado para buscar uma vida melhor na metrópole paulistana. Cada um a seu modo, todos os migrantes têm como objetivo conquistar algo que não tinham em sua cidade de origem: dinheiro, amor, trabalho com carteira assinada, o sonho da casa própria, um diploma, afastar-se ou aproximar-se de algo que antes lhes parecia impossível. No entanto, no mesmo pacote de coisas diferentes que encontram por aqui, há o trânsito infernal, o transporte público lotado, a poluição, os problemas respiratórios, o stress e o caos. 

São Paulo tem informação por todos os lados. É interessante, surpreendente e cheia de tudo. Há algo nessa cidade que nunca consegui explicar ou sequer entender. Esse algo me parece cansativo e consome minhas energias numa frequência diária, mas ao mesmo tempo me desafia a querer sempre mais. Poderia ser melhor, muito melhor, e estar lá em cima no primeiro lugar, como Melbourne. Mas ainda não deu nem um pouco de vontade de ir embora.


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Sobre a força que eu não tenho.



Minha ajudante vive me aconselhando a visitar a Vila São Cottolengo, um lugar muito bacana que faz um trabalho muito bonito, mas eu me recuso. Eu faço minhas doações, vou até a porta, mas não entro. O motivo? O pessoal que é ajudado pela Vila São Cottolengo é feliz, eles tem uma vida bacana graças ao trabalho e o empenho de quem se doa pelos outros, e eu vou chorar após 10 minutos no local. Aí me falam que eu devo ir pra perceber “o quanto minha vida é boa”. Oi? Eu vou usar aquelas pessoas pra me sentir melhor? Eu sei que minha vida é bacana, relativamente fácil. Eu agradeço a Deus e aos meus pais por isso. Eu espero amadurecer ao longo dos anos, me tornar uma pessoa mais centrada e mais forte, e conseguir fazer algo pelos outros além de mandar dinheiro, roupas e cia... Mas por enquanto, eu não consigo. E essas pessoas não precisam da minha pena, do meu choro, da minha instabilidade emocional. Quando você visita um asilo, um orfanato, uma creche de crianças carentes, você tem que levar alegria e deixar seu sofrimento em casa.

Minha mãe teve suspeita de câncer há alguns anos atrás... Era apenas gordura no fígado. Na maratona que passamos no Hospital do Câncer, nas clínicas, no consultório médico, eu era a chorona que não podia ver uma criança carequinha, ou uma pessoa triste, se sentindo cansada, diante de funcionários esgotados e endurecidos pelo tempo, que já não facilitavam a vida de ninguém... Uma coisa bacana: vez ou outra apareciam alguns voluntários, levando cafezinho e uma boa prosa pra quem estivesse esperando o momento massacrante da consulta ou do exame. Eles não estavam lá pra se sentir melhor diante do sofrimento alheio... Eles estavam lá dividindo a alegria deles, oferecendo um pouco de otimismo, tentando fazer bem.

Há quem consiga fazer isso naturalmente, há quem tenha luz própria, encanto e otimismo pra dar e vender. Eu, infelizmente, não sou dessas. Eu leio uma história como essa da notícia em anexo, e choro. Nesse caso, ainda caberia chorar, querendo ou não, o pai já superou a pior parte, já lutou e venceu... É uma coisa bonita de se ler. Mas imagina o cara ao longo da caminhada, recebendo visita de gente que usa a história dele pra se sentir melhor? Francamente... Não é altruísmo nem sensibilidade se você usa a situação de forma egoísta, pra aprender amar sua vida, pra fazer publicidade, pra bancar o bom samaritano...

Cada um conhece seus motivos, suas razões... Eu conheço os meus. Não gosto de ser egoísta porque não foi isso que meus pais me ensinaram, não são esses os valores que tenho. Fico chateada comigo por ter todas essas limitações emocionais que me fazem manter uma certa distância de algumas situações. Mas aprendi que a gente faz coisas boas pra agradecer pelas coisas boas que foram feitas por nós... A gente doa, porque a gente tem. Porque se a gente se acomodar, vai sempre gastar tudo o que tiver em futilidades, enquanto outras pessoas precisam do básico. A gente faz visitas quando a gente pode levar algo bom, quando a gente consegue dar algum suporte, quando a gente pode suprir alguma carência, quando a gente tem alguma coisa pra oferecer. E a gente dá lição de moral, quando a gente tem moral.

Eu realmente não me sinto dona de alguma razão ou moral, quando o assunto é voluntariado. Eu já fui voluntária em uma creche na minha adolescência, foi o melhor que fiz. Naquela época eu sabia ser feliz, sabia não chorar na frente das criancinhas, mesmo quando os pais esqueciam de buscá-las porque estavam ocupados demais jogando sinuca no boteco. Depois dos 18, amoleci demais. Em um orfanato, saí chorando, porque eu não tinha todo o carinho que as crianças precisavam... E as menininhas ficavam perguntando o dia em que eu iria voltar. Nunca mais tentei, não me sinto forte pra tentar agora... E só vou tentar de novo, quando eu conseguir levar alguma coisa além de instabilidade emocional. Até lá, posso ouvir as lições de moral que os outros tem pra me dar... Desde que venham de gente que se doa por vocação, por altruísmo, e não de gente que o faz em causa própria.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Adeus, Lonesome George

Manchete de Ontem: Última tartaruga de espécie gigante morre em Galápagos

É o fim de uma era. George, que nunca conseguiu se reproduzir e era o último dos seus, será agora uma tartaruga empalhada. O mais triste disso tudo é pensar que estamos em 2012 e ainda existe gente que não "acredita" na Teoria da Evolução e não sabe ou não quer saber o que Galápagos representou para a ciência.  George morreu solitário e, com certeza, mais sábio que muita gente por aí.



sexta-feira, 15 de junho de 2012

Refeições Indigestas (Estréia da Karina)


Olá, pessoas!

Desculpem o atraso na postagem de hoje! O texto é da nova autora das sextas feiras, a Karina, que já escreveu outros posts aqui como autora convidada. A Dai, que deixou as sextas, continuará com a gente como autora convidada.

Se você, que nos lê, gosta de escrever e se sente inspirado por notícias que pipocam por aí, faça seu texto e mande para o nosso e-mail manchetedeontem@gmail.com . A sua participação fará muito bem ao nosso blog!

Agora deixo vocês com o texto da Karina! x)

o/




Já fui assaltada. Mais de uma vez. A sensação é horrorosa, um misto de impotência com medo e vontade de se vingar. De algo ou alguém, não importa. Uma das vezes estava parada em um semáforo na região central de São Paulo, era horário de saída da faculdade (ou seja, zilhões de pessoas pelas ruas) quando um adolescente de camiseta vermelha estourou o vidro do passageiro do meu carro enquanto eu esperava o semáforo abrir. Ele não usou pedra, nada. Apenas a própria mão. Me lembro do barulho e de ver aquele braço tentando abrir a porta por dentro, já que não tinha nada no banco para roubar. Enfim, quem já passou por isto sabe do que estou falando.

Faz um tempinho já que aqui em São Paulo tem ocorrido arrastões em restaurantes. Vários da zona sul e agora no bairro de Higienópolis, região central da cidade e aquele onde a mulher disse ser contra um metrô por ali porque muita “gente diferenciada” passaria a frequentar o bairro. Bairro de classe média alta, bem localizado, possui vários restaurantes famosos. Pois bem, em uma semana uma pizzaria tradicional da cidade e um restaurante renomado foram assaltados. Polícia ainda investigando, o que importa é: paulistanos e aqueles que vem à cidade estão à mercê de bandidos até durante nossa saidinha sagrada para comer, que aqui é alimentado com a ideia de que estamos em uma capital gastronômica? É verdade que teremos que escolher um restaurante pela comida, limpeza e segurança, conforme sugeriu o coronel no texto ai em cima?

Viver com medo é cansativo. Você acaba enxergando pelo em todos os ovos do mundo. Imagina você reunir sua família e, entre uma garfada e outra, ladrões aparecem e querem tudo e para ontem. Não imagino que seja algo agradável. Se eu fiquei traumatizada com meu assaltozinho, penso no que ocorre com quem passa por isso... Vamos fazer o que? Ficar em casa, como na época dos ataques do PCC? Pedir delivery? Renato Russo disse em um trecho de Teatro dos Vampiros: “ninguém vê onde chegamos. Os assassinos estão livres. Nós não estamos...” Seria uma profecia?

Não sei qual a solução; em um país onde tudo é urgente, não sei onde fica o quesito segurança. Com TANTA coisa para ser arrumada, e detestando gente que só aponta defeito e que não tenta ajudar com soluções, faço então minha parte, adotando o seguinte modus operandi: saio cada vez menos, uso delivery, chamo amigos para vir aqui ou nos reunimos na casa de alguém. Se vou a restaurante, escolho o que tem vallet (o que não significa muita coisa, sei disso) e passarei a privilegiar os que possuem segurança (também sei que não significa muita coisa). Cada vez tenho menos liberdade, mas ainda prefiro adotar estas medidas ridículas (e falíveis) a gastar uma puta grana com terapia para me livrar do trauma. É a solução ideal? Não, é a que tem para hoje. Não espero soluções do poder público, espero remediações. Então faço o que me cabe. E honestamente, creio que para que as coisas aqui funcionem só implodindo tudo e recomeçando do zero, porque remendo de tecido velho só gera mais e mais buraco...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Pedicure de Estátua

Hoje foi o dia da Dai Andrade dar o bolo. Sorte nossa que a Karina anda super inspirada e escreveu mais um post pro Manchete! Leiam mais posts da Karina no blog Coca-Cola Quente.

Manchete de Ontem: Bandeirante do Ibirapuera tem unhas pintadas de azul.


Quem já teve a oportunidade de viajar para algum país do grupo chamado Primeiro Mundo nota várias diferenças em relação ao nosso Brasilzão velho de guerra. Uma que sempre me chamou a atenção foi o fato de que, na maioria das cidades, lá fora, não há grades em prédios, monumentos e praças públicas, entre outros. Lá é tudo aberto. E mesmo assim dificilmente você vê estes bens sendo alvo de vandalismo. Aqui, se você der uma andadinha básica por São Paulo, verá prédios e grades em todos os lugares, e também pichações nos andares mais altos (juro que me pergunto como eles conseguem). Roubaram já não sei quantas vezes os óculos da estátua do Drummond no Rio, e agora pintaram as unhas do Monumento às Bandeiras, ali no Parque do Ibirapuera em São Paulo. Porque aqui há este desrespeito?
Desculpem se sou uma ogra desinformada, mas estes vandalismos, para mim, não são arte. Forma de expressão? Novamente, não capto a mensagem. Os rabiscos feitos, pintar as unhas de um Monumento, roubar óculos de estátuas, escrever frases de seu gangue grupo, olha, para mim isso é tudo uma forma de demonstrar o básico: continuamos mal educados, e não estou falando do diploma pendurado na parede.
Quando vejo o Brasil melhorando nos indicadores sócio-econômicos, alcançando a posição de sexta economia mundial, percebo o quanto falta para SERMOS esta posição, e não apenas ESTARMOS nela. Carregamos na veia muito ainda daquele pensamento tacanho de quando fomos (?) colônia. Quero me expressar? Dane-se o outro! Invado o espaço alheio? Problema do que teve o espaço invadido: se se incomodar, que se mude. Sou phodão deixando minha marca por ai? Cachorro também faz isto quando levanta a pata para fazer xixi em poste, sabia? Quero ser visto e conhecido e pertencer a um grupo. Quero protestar. Quero sair da mesmice, fazer os outros pensar. Não falo pelo mundo, falo por mim: te acho um desocupado que poderia muito bem estar carpindo campos e campos por ai. Ou fazendo trabalho voluntário. Tudo coisas bem revolucionárias, já que poucos os fazem...
Acho que já temos problemas o suficiente, daí vem gente e cria mais um. Ao pedicure do Monumento, imagino que deva estar rindo por ser notícia nos JN da vida. Aos que roubam placas de trânsito, são transgressores sujando a cidade e patrimônio alheio e público, como gostaria que vocês fossem pegos e tivessem que limpar a sujeira feita. Vejo estas coisas e penso: como podemos cobrar respeito, se nós mesmos não nos respeitamos?
Penso se não deveríamos então começar com o básico, e deixo então aqui uma dica: tente só fazer ao outro o que você gosta que façam com você. Quer ser O cara frente a seus amigos? Seja voluntário. E se eles te acharem um babaca, troque de amigos. É na verdade a melhor coisa que você poderia se fazer... 

sábado, 12 de maio de 2012

É preciso saber a hora de parar.

Manchete de Ontem: CPI do Cachoeira

Eu não tenho compaixão por pessoas corruptas, não mesmo. Até porque, não acho que sejam inteligentes.... De que adianta embolsar fortunas alheias, quando não se sabe a hora de parar?

Cachoeira é o caso mais atual, há quanto tempo esse jovem senhor está podre de rico? Porque diabos não foi curtir a vida e gastar essa grana toda? Além dele, temos Sarney aí quase morrendo, mas não larga o osso. O cara já roubou o caramba, continua dono do Maranhão, vai curtir, véi. Tivemos também ACM que morreu “trabalhando”, Maluf que continua fazendo propagandas políticas... São tantos caras que não sabem curtir a vida. ¬¬

Se o mundo fosse justo, acabariam todos presos, mas não acredito nisso, infelizmente. Só fico me perguntando, o que faz um cara que já está cheio da grana, se sujeitar ao risco de um dia passar por todo esse stress de sair no jornal, contratar advogado criminalista e talz, quando ele poderia simplesmente parar de roubar e começar a gastar o que roubou?

Por um mundo de corruptos que saibam a hora de parar de “trabalhar e aproveitar a vida, por favor.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

MULHERES DE VÉU


Hoje o post é da Karina, autora convidada que vai escrever para o Manchete de vez em quando. Mas não esperem, acessem o blog Coca-Cola Quente e leiam mais textos dela!


Você acha que é livre de pré-conceitos? Claro que é, todos são, não é mesmo? Então tá: você está em um restaurante por quilo onde o negócio é engolir a comida, e tem um lugar vazio à sua mesa. Daí pede para se sentar uma mulher com véu, daqueles usados pelas muçulmanas. Seja honestíssimo: não passa pela sua cabeça, nem um segundinho que seja, um certo... desconforto?

Tendemos a olhar ressabiados para o(s) diferente(s). Se eu sou “normal” e sou “certo”, o que é diferente de mim é então anormal e errado. Lógica burra, mas operante. Triste.

Se, pelo motivo que for, a pessoa resolve usar algo que a distingue dos “normais”, é um direito dela. Não ofendendo os outros, qual o problema? Não vemos bundas e peitos escancarados nas TVs? Porque nos incomodamos tanto com um simples véu? Pela conotação que ele carrega? Você se baseou em que para tirar suas conclusões? Na revista semanal que lê e no programa do domingo à noite?

Agora, se você se sente ofendido pelo véu alheio, sugiro terapia para começar a conversa. Estereótipos são limitados e limitantes, quase como julgar um livro pela capa. Não generalizar já é um bom começo. E que os bons, que são maioria, não paguem pelos erros da minoria existente. Em qualquer grupo, até o dos... “normais”.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Brasileiro no volante, perigo constante

Motorista atropela ciclista duas vezes após discussão no trânsito em Araçatuba
Motorista atropela motociclista após discussão de trânsito em Brasília
Motorista atropela grupo de ciclistas, fere 10 e foge
Pateta: Senhor Andante e Senhor Volante

Vez ou outra eu dizia, brincando, que queria ter uma chave de roda ao lado do freio de mão de meu carro, porque o trânsito brasileiro tira qualquer um do sério e de vez em quando dá vontade de bater em alguns por aí. Como é sabido por muitos, desde a elevação do IPI para veículos importados eu entrei em greve com a indústria de automóveis. Comprei uma motocicleta, fiz um curso de pilotagem, e estou feliz da vida andando sob sol e eventualmente sob chuva por aí. Minha família ficou preocupada, pois como é sabido por todos, motocicletas são os veículos que mais matam no trânsito brasileiro.

Quando subi pela primeira vez em uma moto na condição de condutora desde que fui considerada apta a isso pelo Detran, admito que pensei "Meu Deus, o que eu estou fazendo?", tendo certeza de que a prova do Detran de nada me valeu. Desde que me tornei (de fato) habilitada a conduzir uma motocicleta, passei a observar com um olhar ainda mais crítico e atento o trânsito brasileiro.

Já ouvi dizer que brasiliense dirige mal, goiano, paulista, carioca, mineiro, baiano, catarinense, etc e tal. A grande verdade é que brasileiro, de maneira ampla e irrestrita, é analfabeto de pai e mãe quando o assunto é guiar um veículo seja ele qual for. O problema tem raízes profundas, a começar pelo nosso querido DETRAN, tão eficiente em afanar nossos bolsos com taxas e multas, mas tão complacente com a indústria de motoristas. Toda essa lógica estabelecida contra o cidadão de bem comum, negligencia o quanto um veículo automotor (especialmente o brasileiro) pode ser uma arma fatal.

A insegurança que o processo de habilitação gera no próprio usuário, leva à proliferação de cursos de "Trainamento de Habilitados", que cobram até 300% a mais para fazer o que uma auto-escola deveria ter feito antes, para ensinar o que deveria ser parte da grade obrigatória estabelecida pelo DETRAN.

É assustadora a quantidade de casos no qual pessoas totalmente desequilibradas simplesmente usam seus veículos contra usuários do sistema de trânsito que encontram-se mais expostos - como ciclistas e motociclistas. O mais assustador é o caso de Araçatuba: o atropelador, que não só atropelou propositalmente, como o fez duas vezes, ainda estava em período probatório de sua habilitação, o que indica que seu exame psicotécnico foi realizado recentemente.

Afinal, qual a eficiência do exame  homologado pelo DETRAN? Quantos casos bárbaros seriam evitados se realmente fosse realizada uma perícia no pretendente a motorista? Quão melhor seria o trânsito brasileiro se as auto-escolas, ao invés formassem condutores?

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Dos grandes estardalhaços que não mudam a vida de ninguém.


Manchete de ontem: CPI do Cachoeira

Recentemente a PF descobriu a América. Leia-se por América, o esquema de corrupção comandado por Carlinhos Cachoeira em Goiás, coisa que qualquer anapolino já sabia. Aliás, a primeira reação dos anapolinos, que conhecem Cachoeira há tempos, foi esperar pela transferência/afastamento dos envolvidos na investigação e coisas parecidas. Contudo, dessa vez foi sério, e muitos goianos se encheram de revolta e esperança. Revolta pela corrupção que faz nosso estado parecer uma grande fazenda pertencente ao coronel Cachoeira, e esperança de que o governo atual caia e uma nova era de esplendor comece por aqui. Eu bocejo.

Como disse antes, descobriram aquilo que todo mundo já sabia. O único fato que soa surpreendente é o envolvimento do Demóstenes, político que me gerou diversas dúvidas enquanto secretário de segurança pública do primeiro governo Marconi, mas que enquanto parlamentar, conquistou o meu respeito, que fez questão de perder novamente. Enfim, fora o envolvimento do Demóstenes, não há nenhuma novidade na investigação. A questão é, porque demoraram tanto? Se é que demoraram... Talvez Cachoeira não fosse tão ambicioso, talvez fosse mais discreto... Não sei.

Eu não sou fluente em política, não entendo muita coisa, leio o que aparece na minha frente e talz, então não coloco a mão no fogo pelas coisas que passam pela minha cabeça, mas ainda assim vou dividir com vocês... Posso até estar na vibe da teoria da conspiração, mas acredito que até então Cachoeira havia passado despercebido porque não incomodava, porque Goiás não era interessante, porque o governo de Goiás não enchia o saco. Coisa que foi mudando a medida que a ambição de Marconi rumava para o Planalto, apesar de se tratar de uma ambição risível.  O ego inflado do cara e sua imaturidade política levaram ao caso Cachoeira, que expõe Demóstenes, mas apenas dá pistas sobre Marconi. Sem alternativas, ele faz o que é esperado, diz que vai sair com o rabo entre as pernas em 2014... Assim sendo, provavelmente só saberemos do real envolvimento de Marconi com Cachoeira se ele não cumprir a palavra em 2014.

O primeiro erro de Marconi foi tentar empurrar a responsabilidade do caso Celg para o governo federal, além disso, outras desavenças com o PT culminaram na situação atual. Atualmente as declarações dos políticos possuem maior visibilidade, não se faz mais política dizendo uma coisa no palanque e negando diante dos acusados, e Marconi ainda estava nesse modus operandi, mordendo e assoprando o governo federal. Fora isso, ele é apenas um cara de Goiás, não tem toda a moral que seus aliados propagam por aí, a ponto de ser um candidato viável do PSDB para presidência. Ainda que Goiás tenha um crescimento constante em termos de força política e economia, está longe de ter o poder de fogo de emplacar um presidente. Todos sabem que candidatos fortes despontam do nordeste ou do sudeste, e todos sabem que o PSDB é um partido conservador, com presidenciáveis "sobrando" e dificilmente endossariam uma candidatura do governador goiano a presidência.

A má gestão do estado não é novidade, mas facilita a derrocada do governador. Contudo, sabemos que uma simples menção de envolvimento não será suficiente pra desfazer a popularidade consolidada com o Nelson da Capitinga e outros "golpes" publicitários, apenas provas de envolvimento direto, como houve com o  Demóstenes, possibilitariam a queda imediata do governador. Além disso, é o caso de questionar, porque nenhuma liderança goiana se posiciona a favor de investigações? Porque estão todos calados? É muito provável que todos estivessem envolvidos de alguma forma e, tendo teto de vidro, não atirarão pedras... Dessa forma, fica difícil ter esperança de que alguma coisa vai mudar. Ainda assim, talvez eu esteja na praça cívica, na manifestação de sábado, as 10:00.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O paradoxo do "desenvolvimento"


Em um encontro da presidente com os integrantes do Fórum do Clima, ela atentamente ouviu uma ambientalista, tomou nota de suas queixas sobre a política energética brasileira, e depois respondeu: "Eu não posso falar: ‘Olha, é possível só com eólica iluminar o planeta.’ Não é. Só com solar? De maneira nenhuma.". Dilma falou não apenas como presidente, mas como especialista.

Depois de muito refletir, acho que Dilma tem toda a razão: é fantasioso, impossível. Por essa e muitas outras razões, concluí que o desenvolvimento é quase necessariamente predatório. Isso me deixou triste e desanimada.

Eu acredito que temos certas obrigações com o meio ambiente. Não é uma questão de "nobreza de espírito", é mais egoísta. É por admiração à riqueza da fauna, flora e paisagem, e também por uma questão de sobrevivência.

A alguns anos descobri um comediante, George Carlin, que em um stand up disse verdades e absurdos engraçados sobre salvar o planeta, baseado num princípio que sempre defendi: não precisamos salvar o planeta, afinal ele continua fazendo o que sempre fez, que é orbitar em torno do Sol. Claro, não se pode levar todo o show de Carlin a sério (afinal, ele é um comediante), mas em muitos pontos ele também tem razão. Recentemente, Hawkings também deu seu parecer: a humanidade tem probabilidades muito pequenas de sobreviver na Terra por mais cem anos.

A quem culpar? Talvez o Capitalismo, nosso vilão recorrente favorito. Eu, particularmente, culpo a medicina. Afinal, o mundo é capitalista há mais de 500 anos, mas sem os antibióticos e as vacinas, o mundo não teria tantas pessoas. Morreríamos velhos e doentes aos 50 anos, sem onerar tanto os recursos naturais da Terra. A Europa Medieval (sanada e quase dizimada pela Peste Negra) que o diga.

Então, a humanidade precisa de uma praga? De um predador? Não, somos muito competentes: o progresso da humanidade já é e vorazmente cresce como a grande ameaça à nossa sobrevivência. Nosso desejo de prosperar, viver até os 100 anos, controlar doenças, conquistar... Nossa aversão à simplicidade, nosso ímpeto de sair das cavernas... 

Antes que retornemos aos tempos em que a igreja condenava a ciência e alguém encontre em minhas palavras os motivos pelos quais deveríamos ter nos voltado para os templos ao invés dos laboratórios, gostaria de deixar claro que também culpo o "crescei-vos e multiplicai-vos".

Não acredito que o beco sem saída em que nos encontramos seja o "sinal dos tempos", o castigo divino. Assim como muitas outras, somo uma espécie que chega ao fim de seu ciclo evolutivo. Somos a última ponta da Curva de Gauss, e fomos ingênuos em acreditar na "perpetuação" da espécie. 

Assim que a humanidade, suas vacinas e antibióticos estiverem extintos, surgirão novas bactérias, capazes de se alimentar de plástico, realizar respiração celular com monóxido e dióxido de carbono, colonizar o concreto, os grãos de areia de todos os desertos, e os "Tietês" que teremos deixado para trás...

A vida,  mas não a humanidade, se perpetuará.
Nós seremos apenas o petróleo do futuro.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Só o pão

Governo quer encarecer vinho importado

Existe algo que a gente aprende na escola: como funcionam as leis de mercado. A tal "oferta e procura", e o quanto a qualidade de um produto influencia em seu fracasso ou sucesso.

Se você tem um bom produto, haverá procura por ele; se a demanda for maior que sua capacidade de produção, talvez você possa melhorar seu ganho subindo os preços; Se preferir ganhar em escala, ou o mercado oferecer produtos de qualidade e preço similar, o que você precisa é aumentar sua produção. 

Agora, se os produtos de preço similar tem qualidade superior à sua, baby, seus investimentos devem ser para melhorá-lo. Eu aprendi assim, as escolas ensinam assim, e a vida, na maior parte do tempo, funciona assim. Exceto no país do gigante deitado em berço esplêndido. 

Depois de tornar os carros importados (geralmente superiores) totalmente inviáveis, chegou a vez de onerar também nosso paladar. Porque deve ser a mesma coisa você, um brasileirinho que não tem direito de preferir um produto de qualidade superior,  tomar um Chateau Duvalier ou um Marcus James, e tomar um Syrah, ou  Chardonnay, argentino ou chileno, feito com muito mais cuidado e método.

Se as vinículas brasileiras não apresentaram nos últimos 200 anos nenhum interesse em se profissionalizar, em aprender com a vizinhança (os hermanos se mexeram anos atrás e hoje o mundo leva o vinho argentino muito a sério), esse problema não é dos acomodados. 

Esse problema é seu, que ou deixa de tomar vinhos, ou se acostuma com os vinagres que fazem por aqui. Porque vinho nacional mesmo, que vá além do vinho de mesa suave, só a Miolo parece fazer.

Minha preocupação vai muito além da gastronomia e da grande interferência que, através do bolso, o governo pretende fazer na vida do brasileiro. Vai até as graves consequências que isso pode trazer ao colocar nossa indústria, que geralmente não é das mais proativas, em uma zona de conforto que ela jamais mereceu. 

Ao invés de simplesmente encarecer os produtos importados, por que não ensinar as vinícolas brasileiras a produzir vinhos? Eles tem essa capacidade. Afinal, a Aurora aprendeu a fazer brandys e grappas excelentes, por que não aprenderia a fazer vinhos? 

Impor o consumo de produtos nacionais é errado, sim. Incentivar a indústria nacional a produzir direito é o certo.

Afinal, se até os argentinos conseguiram, nós podemos também. =)

(vamos apelar pra uma rivalidade histórica, quem sabe assim alguém se sensibiliza)