A mente é decerto um órgão muito misterioso, refleti, afastando a cabeça da janela, sobre o qual não se sabe absolutamente nada, embora dependamos dele tão completamente.
Li, gostei, guardei.
sábado, 18 de maio de 2013
domingo, 12 de maio de 2013
quinta-feira, 9 de maio de 2013
domingo, 17 de abril de 2011
sexta-feira, 15 de abril de 2011
sábado, 26 de março de 2011
"Jamais estamos tão desprotegidos contra o sofrimento do que quando amamos, jamais nos tornamos tão desamparadamente infelizes do que quando perdemos o objeto amado ou o seu amor. Contudo, isso não esgota a técnica de vida baseada no valor e na felicidade do amor; há muito mais a dizer a respeito."
O mal estar na cultura.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Comporta-te assim, meu Lucílio, reivindica o teu direito sobre ti mesmo e o tempo que até hoje foi levado embora, foi roubado ou fugiu, recolhe e aproveita esse tempo. Convence-te de que é assim como te escrevo: certos momentos nos são tomados, outros nos são furtados e outros ainda se perdem no vento. Mas a coisa mais lamentável é perder tempo por negligência. Se pensares bem, passamos grande parte da vida agindo mal, a maior parte sem fazer nada, ou fazendo algo diferente do que deveria fazer.
Podes me indicar alguém que dê valor ao seu tempo, valorize o seu dia, entenda que se morre diariamente? Nisso, pois, falhamos: pensamos que a morte é coisa do futuro, mas parte dela já é coisa do passado. Qualquer tempo que já passou pertence à morte.
Então, caro Lucílio, procura fazer aquilo que me escreves: aproveita todas as horas; serás menos dependente do amanhã se te lançares ao presente. Enquanto adiamos, a vida se vai.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Eu não sou poeta, mas...
Dê razão sempre a si mesmo e a seu sentimento, diante de qualquer discussão, debate e introdução; se o senhor estiver errado, o crescimento natural de sua vida íntima o levará lentamente, com o tempo, a outros conhecimentos. Permita a suas avaliações seguir o desenvolvimento próprio, tranquilo e sem perturbação, algo que, como todo avanço, precisa vir de dentro e não pode ser forçado nem apressado por nada. Tudo está em deixar amadurecer e então dar à luz. Deixar cada impressão, cada semente de um sentimento germinar por completo dentro de si, na escuridão do indizível e do inconsciente, em um ponto inalcançável para o próprio entendimento, e esperar com profunda humildade e paciência a hora do nascimento de uma nova clareza: só isso se chama viver artisticamente, tanto na compreensão quanto na criação.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
O mundo ia muito bem até nascer o por quê.
No começo, é difícil. Sem por quê, viver, arrastar esses dias, um atrás do outro, é subir uma escada sem corrimão, entrar pelado no mar, andar no mato de olhos fechados, dormir ao relento e sem cobertas. Mas, enfim, a gente acaba se acostumando a qualquer coisa. Me acostumei a viver sem perguntar por quê. E a só freqüentar as questões periféricas, como?, quando?, onde?
domingo, 1 de agosto de 2010
O pai
Vera faltou na escola. Ficou o dia inteiro trancada em casa. Ao anoitecer, escreveu uma carta ao pai. O pai de Vera estava muito doente, no hospital. Ela escreveu:
- Peço que você goste de você, que se cuide e se proteja, que se mime, que se sinta, que se ame, que se desfrute. Digo que gosto de você, cuido de você, protejo você, mimo você, sinto você, amo você, desfruto você.
Héctor Carnevale durou mais alguns dias. Depois, com a carta de sua filha debaixo do travesseiro, foi-se embora no sonho.
Mapa do tempo (ou um trecho dele)
Faz uns trezentos mil anos, a mulher e o homem se disseram as primeiras palavras, e acharam que poderiam se entender. E assim estamos até hoje: querendo ser dois, mortos de medo, mortos de frio, buscando palavras.
Se houve, prove.
De noite, me perguntou onde eu queria dormir. Com você, é claro, eu respondi. É por isso que eu adoro você, ela falou. Mas faz tua cama aí nesse canto, eu durmo aqui no sofá mesmo, legal pra você?
— Norma, que é que está acontecendo? Que história é essa?Vamos conversar um pouco. Onde é que foi parar aquilo tudo que havia?
— Tudo aquilo, o quê?
— Ora, você sabe, não se faça de boba.
— Você deve estar louco. Nunca houve nada entre nós.
— Essa não, Norma. Invente outra.
— Se houve, prove.
Eu não podia provar nada. A única evidência que eu tinha de que TINHA HAVIDO ALGUMA COISA ENTRE NÓS, esse nó no peito, essa sensação de que tinham colocado uma rolha no gargalo do meu coração, e essa vontade de apertar seu pescoço devagarinho até fazer o cérebro sair pelas orelhas que nem bosta num moedor de carne. Ou bater nela com um maço de notas de mil, até ouvir ela gritar Bernardo. Uma navalha, por favor.
— Norma, que é que está acontecendo? Que história é essa?Vamos conversar um pouco. Onde é que foi parar aquilo tudo que havia?
— Tudo aquilo, o quê?
— Ora, você sabe, não se faça de boba.
— Você deve estar louco. Nunca houve nada entre nós.
— Essa não, Norma. Invente outra.
— Se houve, prove.
Eu não podia provar nada. A única evidência que eu tinha de que TINHA HAVIDO ALGUMA COISA ENTRE NÓS, esse nó no peito, essa sensação de que tinham colocado uma rolha no gargalo do meu coração, e essa vontade de apertar seu pescoço devagarinho até fazer o cérebro sair pelas orelhas que nem bosta num moedor de carne. Ou bater nela com um maço de notas de mil, até ouvir ela gritar Bernardo. Uma navalha, por favor.
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