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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ao vivo é menos chocante?


Manchete de Ontem: Sobre Meninos e Lobos

Eu não assisti o vídeo comentado pela Carta Capital, mas recentemente me senti extremamente desconfortável ao ver um caminhoneiro exposto em um jornal da mesma emissora. O cara tinha provocado um acidente que matou um repórter da Band, parecia dopado e talz... Bateu o caminhão, matou, e continua sendo humano, merecendo respeito, privacidade e tudo mais. Se é culpado, que seja julgado e condenado... Irresponsabilidade a parte, o cara estava trabalhando, perdeu o caminhão,  e de quebra será indiciado, talvez acabará preso. Enquanto lida com sua consciência, enquanto um turbilhão de coisas passam pela cabeça dele, enquanto ele vive um pesadelo, ele precisa dar satisfações a mídia... 

Afinal, seres humanos perfeitos estão sentados no sofá, ávidos por uma novidade que os deixem “horrorizados”. Não assistir TV não nos exime da culpa, se somos ativistas de twitter e facebook, se damos ibope ao sensacionalismo de outros meios de comunicação... Ridicularizar e expor fraquezas é uma justiça típica de adolescentes de filmes americanos, não é o comportamento esperado de pessoas adultas. Contudo, vamos nos dar o benefício da dúvida, vamos dizer que estamos sempre bêbados quando logamos no twitter e compartilhamos coisas no facebook, que não sabemos o que estamos fazendo quando julgamos precipitadamente e quando agimos como plateia dos “Datenas” da internet... Vamos dizer que estamos bem intencionados, por isso nos indignamos, compartilhamos, fazemos e acontecemos quando a notícia cai no nosso colo. Mas como nos comportamos no dia a dia? Ficamos indignados? Fazemos alguma coisa? 

Apenas penso que a injustiça e os crimes deveriam nos impactar mais quando acontecem ao vivo, não quando são vistos na TV, na internet, no jornal escrito, nas revistas... Por exemplo, temos aí uma centena de anapolinos que não estão indignados com o Cachoeira, e estão errados? Acho que são coerentes, se eles estavam aceitando antes, não faria sentido que deixassem de aceitar só porque está na TV. Não acho certo, mas acho mais adequado do que sair do armário da indignação apenas porque caiu na mídia. 

Se eu me indigno? As vezes.... Mas tendo ao conformismo. Porque? Estive acompanhando denúncias ao Ministério Público relativas compartilhamento de fotos pornográficas de menores de idade: deu em nada. Estive acompanhando denúncias a Secretaria do Meio Ambiente relativas a crimes ambientais: deu em nada.  Estive acompanhando advogados agindo de má-fé em causas trabalhistas: deu em nada. Estive tentando... Não desisti, se coisas parecidas acontecerem novamente, vou fazer minha parte. Apenas sei que minha parte não é o bastante, a justiça não está ao meu alcance... Não está ao meu alcance porque a maioria das pessoas tratam os crimes com naturalidade quando são vistos ao vivo, porque os crimes que não estão na mídia não são importantes... E se não são importantes pra população, porque seriam importantes pras autoridades? São apenas crimes que, segundo as autoridades, acontecem demais e são difíceis de fiscalizar, investigar e punir.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Fala, fala o tempo todo, mas não tem nada a dizer.

Manchete de Ontem:
Envolvido em chacina em Doverlândia sofre queda de helicóptero
Suspeito de degolar 7 morre em queda de helicóptero

Quer me irritar? Comece a falar coisas sem nexo.

Ontem eu estava acompanhando as notícias sobre a queda do helicóptero em Piranhas (GO), aquele da polícia que estava investigando a chacina que ocorreu na fazenda em Doverlândia (GO) - em que um único homem declarou ter matado sete pessoas. Detalhe: ele as esfaqueou. E degolou. Além de pensar na barbaridade do crime, eu fico cá com meus botões pensando em como ele é pretensioso em querer que acreditem que ele, sozinho, deu conta de fazer todo esse trabalho sangrento, como se as vítimas esperassem calmamente em fila a sua vez de ser morta. Enfim.

Nas redes socias só se comentava sobre a queda do helicóptero. A maioria do pessoal dizendo "perdemos ótimos profissionais". Eu não os conhecia, por isso não posso dizer se são ótimos, mas foram bons para passar no concurso, então a esperança é que sejam realmente bons e honestos. Mas não me agrada muito o costume de endeusar as pessoas que morrem sem que as conhecessem. Eles morreram, trágico. Talvez se eu os conhecesse, também sentiria mais do que já sinto, e talvez pudesse dizer o quão bons realmente eram, mas eu não os conhecia. Eu achava que o Demóstenes era legal, honesto e olha no que deu.

Não me levem a mal, não estou dizendo que sou insensível quanto as mortes, porém acho desrespeitoso que a galera que nem conheça direito as pessoas que morrem, comecem a ficar falando coisas sem fundamentá-las. Quer me irritar? Tenha uma opinião e a preguiça, ou a impossibilidade, de fundamentá-la. "É porque é" não cola.

Além do mais, me irritei ao ler que se não fosse por causa do tal Aparecido (o "principal suspeito"), todo o pessoal que faleceu ainda estaria vivo. Olha, eu não sou a mãe Diná e não posso prever. E acho pouco provável que alguém tenha esse poder sobrenatural de vidência, então não posso dizer com convicção que eles ainda estariam vivos, mesmo porque a gente cresce ouvindo a máxima do "quando é o dia, não tem jeito, morre mesmo". Ao invés de todo esse burburilho nas redes, eu fico preocupada é com o andamento do caso. Sim, fico em luto pelas mortes que ocorreram, só que me preocupa a continuidade das investigações.

Obviamente, não foi esse cara sozinho que degolou todo mundo. E o meu medo é que, agora, com essa nova tragédia, se perca o fio da meada que conduziria à solução desse crime bárbaro. Foi um crime chocante, a polícia deve investigar e mais, tem a obrigação de descobrir a real motivação que levou nesse episódio sangrento revoltante. Não foi um simples assassinato, gente. Equivaleu ao "Matteucci". 

Com o falecimento do "principal suspeito", tenho medo de quem esteja por trás ria das consequências do destino que fez calar eternamente quem muito sabia e, espero eu, arder no mármore do inferno. A polícia tem que investigar.

Quanto ao helicóptero, até então, como vemos, pareceu ser uma fatalidade (mas e se não foi?). Eu quero a punição dos culpados. Mas punição efetiva para inibir a sociedade desse comportamento.

Resumindo, existem questões bem importantes que vão sendo esquecidas pelo sensacionalismo que acaba tomando conta da galera que adora falar só por falar.

Quer me irritar? É só começar a dar importância ao grosso. E esquecer do refinado.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Minhas picuinhas penais.



Um advogado assassinado, misteriosamente. Nada foi roubado e ele não tinha passagem pela polícia. Levou 20 tiros.

Eu não sei o que esse advogado deve ter feito e se o crime tem a ver com a profissão, mas essa notícia me deu uma abertura para falar coisas que eu gostaria expor. 

Durante a faculdade, dizem que nós, advogados, namoramos com o Direito Penal. Mas casamos com o Civil. Todos diziam isso e eu não acreditava: “Quando me formar quero ser criminalista. Vou defender os direitos humanos de alguns presos e vou defender quem realmente for inocente.” É difícil achar alguém realmente inocente. Nessa época, eu era a inocente. Num país como o Brasil eu não teria coragem de advogar em matéria penal por vários motivos.

Se eu for defender o estuprador, eu não tenho princípios... ou seja, o cara estuprou, merece ser linchado na cadeia, merece ser abusado pelos policias e colegas de cela, merece o inferno – essa é a visão da maioria das pessoas. E eu tenho asco do estuprador também, porém ele tem que pagar pelo que ele fez de forma justa. Injustiça por injustiça e o mundo não mudará nunca. Eu defendo o estuprador, não pelo que ele fez, o defendo nos direitos que são garantidos por uma Constituição que é a representação da vontade do meu povo. Fim de papo. Só que é um fardo muito grande para carregar: defender estupradores, Nardonis, Lindembergs. Não seria uma defesa para inocentá-los, afinal, aqui se faz, aqui se paga... mas ninguém entende isso. E provavelmente, ninguém me contrataria: querem que o advogado seja do Diabo, faça-os inocentes. Não trabalharia desta forma. Eis meu primeiro desgosto com a área do crime.

O segundo é o sistema prisional. Eu preciso realmente tocar neste tópico? Vou tentar resumir em algumas palavras e você faça seu próprio juízo: Precariedade-desesperança-corrupção-crime-lesão-“irrecuperação”. Pronto. Eu não acredito no sistema carcerário brasileiro. Se você acredita, boa sorte.

E “mexer” com “gente do narcotráfico”? Estou fora.

Aí, vem uma outra coisa complicada: a pessoa que te contrata. Olha, tem que ter estômago para atuar na área criminal. E coragem. Porque, se você der um passo em falso, sua vida pode ir para o saco: você fica em contato demais com gente errada, com coisas erradas, com climas errados. Tem que ser forte para aguentar as pancadas. Um amigo meu, esses dias, advogado, recebia ligações do presidiário. Sim, de dentro da prisão o cara ligava para meu amigo querendo pegar os dados pessoais para “fazer negócios” de dentro da prisão. Negócios errados, claro. E meu amigo não o atendia, pelo menos até aquele momento.

Eu te pergunto: você teria coragem de manter relações, mesmo que sejam estritamente profissionais, com pessoas que você não tem certeza se teria relações estritamente profissionais com você?

Eu não tenho essa coragem.

Aí eu leio essa notinha no jornal e fico relembrando dos advogados que morrem com cinco tiros na cara por aí, por aqui, e que ninguém sabe o porquê. Para mim, advogados sabem demais. É esse o grande problema.

Eu sou muito sincera: não consigo lidar com essa matéria. Eu, com a minha personalidade, não levo jeito para isso: minha vontade – e meu caminho – tem ido no sentido de trabalhar com leis e com a efetividade da Justiça Brasileira. Quero ficar lá nas repartições, mas trabalhando, movimentando a máquina judiciária que está passando da hora de ser renovada.

Pois é, namorei muito com o Direito Penal.

Mas casei com os concursos - nenhum dessa área.


Ps.: A minha ideia não é querer desestimular os que atuam na área penal, mesmo porque minhas opiniões são opiniões pessoais, não são verdades absolutas, as formulei a partir de minha vivência, talvez pouca ainda. Inclusive, eu dou parabéns para quem atua nessa área e consegue ter jogo de cintura em todos os aspectos que eu mencionei, que foram baseados nas histórias que vi, ouvi e vivi.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Doideiras geriátricas: um sonho.

Idosa tenta matar síndica durante reunião, diz polícia em Campo Grande.

Quando eu digo que quero ficar velha logo pra poder dar uma de louca sem maiores consequencias, pessoal fala que estou sendo injusta, que estou exagerando. Ter sempre banco disponível na lotação, furar fila à vontade, falar o que me der na telha e mandar bala na cara da síndica do prédio. Quem não quer uma vida assim? E eu que sou exagerada.

O interessante nessa história é que a velhota nervosinha (que chamaremos de Geraldina) estava de posse de um revólver, que trazia enrolado em uma sacola de pano. Heh. Como é que alguém dessa idade tem revólver, gnete? Aposto que a sacola tinha a barra feita de crochê e era dos dias da semana. Heheh. Então o que rolou foi que Geraldina estava em um dia particularmente difícil e, muito puta da cara, resolveu fazer a síndica (que chamaremos de Nestora) de peneira. Diz que Geraldina colocou o revólver no pescoço da Nestora. Olha as idéias?

Aí você diz "Nossa, Tadsh, tenha respeito pelos mais velhos" e eu te respondo: Babacas também envelhecem. Taí Geraldina pra comprovar: provavelmente sempre foi meio lelé da cuca e agora aproveita as maravilhas da 3ª idade pra sentar o sarrafo em quem lhe incomoda.

Tá certinha ela. Não vejo a hora de fazer 60 anos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Abraços Suspeitos

Manchete de Ontem:  SP: polícia prende assaltante que abordava vítimas com abraço
                                  Professor distribui 2.011 abraços para bater recorde em SP


Fosse um beijo, era Judas, bradariam os folhetins sensacionalistas. Mas não, foi um abraço, esse gesto confortante, solidário, aconchegante, necessário e que sugere até rimas.

O amoroso indivíduo se aproveitava da fragilidade e da carência que castiga os viventes do mundo contemporâneo, oferecendo um abraço apertado em locais movimentados, onde a única suspeita que levantaria seria a de um ou outro gélido coração a se perguntar: “quem ainda troca abraços no meio da rua hoje em dia???”

E era então, que carinhosamente ele sussurrava no ouvido da acarinhada vítima que se tratava de um afago, digo, de um assalto, levando dinheiro e objetos de valor.

O crime não tem alma mesmo. Não cogita, nem se importa que aquele abraço, a princípio sem qualquer ameaça, poderia ter sido o motivo do sorriso de alguém naquele dia.

Diferente do “miguxo” acima, um professor de Ribeirão Preto saiu distribuindo abraços por aí, e dessa vez, sem um fim trágico. Isso sim, não é? Nem tanto. O amigo docente não estava abraçando pelo calor do amplexo ou para distribuir gentileza como único fim. Ele precisava dar três mil abraços para entrar pro livro dos recordes e não sei se ele se empolgou e acabou demorando muito a cada abraço ou se simplesmente não tem lá muito tato com a coisa, mas o fato é que não conseguiu atingir a marca.

Alguma coisa está fora da ordem...


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Marcha, soldado


Não sei se é só comigo, mas a impressão que tenho é que andam nos sufocando por aqui. Pecados e proibições são pauta na imprensa e grito na boca daqueles que como eu, acham que “alguma coisa está fora da ordem.”

Mas eis que alguns militares resolvem dançar o hino nacional em ritmo de funk e o que se espera, depois dessa profanação é uma bela punição a estes que cometeram tamanho crime. Crime??? Pois é.

O "crime" certamente será descrito nas páginas do processo como um desrespeito absurdo a um símbolo nacional. Eu, honestamente, não consigo ver além de um momento de descontração, uma brincadeira. Eu mesma, durante os quase 12 anos que estive como professora, não costumava cantar o hino nos eventos cívicos e até me perguntavam se era proque eu não sabia. Não compartilho desse nacionalismo imposto e não nego, o hino até me arrepia na Copa do Mundo. Mas é só. Interessante é que nesse período os símbolos nacionais estão todos à venda, nas lojas, nas calçadas, estilizados, sem qualquer requinte ou formalidade.

Símbolo nacional pra mim, de fato, é o povo e o respeito aos seus direitos, à sua dignidade. No mesmo período o jornalista Pimenta Neves foi, enfim preso pelo assassinato da namorada, crime pelo qual já havia sido julgado e condenado, mas continuava gozando da liberdade para ouvir funk, dançar ou ver jogos da copa do mundo. Foi preso, ficará sob regime fechado por dois anos e depois usufruirá das benesses do semi-aberto. Isso sim é imoral. Isso sim é crime. Esse e tantos outros desmandos por aí.

Não me comovo com esse nacionalismo nem choro saudosismo militar. Se houve indisciplina, vá lá, que se corrija, que se reveja. Mas dentro da dimensão adequada. E que repensem esses excessos. Que percebam, enfim, que o convencimento traz mais resultados que o autoritarismo. Que possam curtir o hino, seja em rimo de funk, cantado pelo Luan Santana ou pela Vanusa. Mais que isso, que possam se orgulhar do colo cuidadoso da pátria mãe gentil, por tantas vezes madrasta.

P.S.: Oi, eu sou a Moni, sou nova por aqui. Tudo bem? Obrigada por me receberem... E a gente vai se falando! ;-)