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terça-feira, 23 de outubro de 2012

A pílula da padronização



Eu demorei 1 ano e 7 meses para andar.
Sim, 365 somados com mais ou menos 210 dias para andar.
Mas andei, feliz. Meio sonsa, mas feliz.

Eu não entregava as tarefas nas datas previamente designadas pela professora. Nem levava a tesoura no dia de aulas de artes. E vestia o biquíni e o roupão no dia errado, em que eu achava que era dia de piscina. Mas aprendi a ler, a escrever, a somar, dividir, diminuir, multiplicar e tudo que deveria aprender. E me formei no ensino básico.

Eu fui uma adolescente um pouco rebelde, de unhas pretas, cabelo às vezes colorido, ouvia o bom e velho rock'n'roll em alto e bom som. Como toda adolescente. Na medida que meus hormônios foram se acalmando, fiquei mais alternativa. E me formei no ensino fundamental e no ensino médio, ainda que continuasse a entregar tarefas e trabalhos atrasados... e a tagarelar bastante nas aulas.

Nunca me dei bem com esportes, mas tirei o primeiro lugar em concursos de desenho, poesia, de música.

Eu não sabia bem o que fazer profissionalmente, cursei Direito e saí do curso meio sem saber como lidar com a vida adulta e com o diploma que eu tinha em mãos. Tive época de insônia e ansiedade.

Você acha algo anormal nisso tudo?

Demorei, mas andei. Reprovei, mas formei. E daí?

Daí que um belo dia eu acreditei que eu tinha um transtorno! Mas hoje não acredito nisso mais.

Transtornos, como o TDAH, acredito que são meras invenções para se adequarem crianças diferentes a um padrão; pessoas diferentes a um padrão. Estamos longe de saber lidar com a diferença! 

É mais fácil enfiar uma pílula pequena e branca boca abaixo do que mudar o ambiente de alguém que é, simplesmente, diferente. O sistema criou um padrão, a escola criou um padrão. Tudo é padronizado. Adaptar custa caro! Então vamos criar uma medicação para adequar os humanos: não o ambiente!

Um baixo rendimento escolar poderia ser resolvido com adaptações. Mas vamos adaptar o humano, quimicamente.

E assim o uso do medicamento vai crescendo, aumentando, em busca de uma padronização de pessoas. Porque o diferente, neste mundo absurdo, não é normal.

Reflitam!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Questão de saúde


Manchete de Ontem: Clientes terão bebedouros em boates e casas noturnas

Pois é. A vereadora tá preocupada com a saúde dos frequentadores de boates e casas noturnas de Belo Horizonte. Diz ela que é importante beber água, porque o chopp e as outras bebibas alcoolicas desidratam. E o cliente não deve pagar por preservar a sua saúde.

Quem concorda comigo que essa mulher tá precisando de um tanque de roupa pra lavar? Tudo bem, eu até achei legal a ideia das boates disponibilizarem um bebedouro. Mas assim, isso ser um projeto de lei em uma câmara de vereadores? Imagina o tempo gasto com a discussão desse projeto? Deve ter no mínimo uns 257 assuntos mais importantes do que esses a serem discutidos pelos representantes do povo. Mas quem disse que os vereadores estão ali pra discutir os nossos interesses, não é mesmo? 


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Plano Infalível

Manchete de Ontem: Tenista de 95 anos diz que esporte é a chave da longevidade.


Estive me suicidando lentamente... Tomei a decisão inconscientemente, também inconscientemente comecei a colocá-la em prática, ainda com 10 anos, quando, na quinta série, comecei a matar as aulas de educação física. Para mim, não fazia sentido correr atrás da bola no basquete. Eu era muito ruim e meu time não sentia minha falta. Levei a decisão adiante e, ao longo dos anos, muitas vezes abandonei a academia e outros esportes... Porque como assim usar aquelas roupas aderentemente desconfortáveis? Porque transpirar? Porque? Porque? E então, assim, fui me despedindo desse mundo...

Infelizmente, falhei. Essa é a parte ruim de planejar viver pouco... Você continua tendo que viver um tantinho considerável, não acaba. E cá estou, pensando em voltar a praticar atividades físicas... Não porque sonho com a longevidade propagada pelo velhinho da reportagem, mas pra manter um nível de saúde que me permita viver o tanto que for obrigatório sem muitos problemas... De qualquer forma, praticarei esportes com muita moderação, porque mais 59 anos pra inteirar os 95, não sei se estou disposta. Vocês estão? Sério!?

sábado, 4 de agosto de 2012

Quem vacina e quem informa?



Quem deve se vacinar?


Pânico! O inverno chegou... Em qualquer mídia de comunicação se ouve falar do maldito vírus. H1N1, letras e números, medos e mortes. Mas, de onde tiramos este tipo de ideia? Bem, qualquer assunto, bem como anda a cultura, existe o comum e o contracomum. Ou seja, cultura e contra-cultura. Este movimento não acontece somente nos anos 70 com a guitarra do Hendrix. Mas vivenciamos na corrida de opiniões. Existem os que veneram bandas adolescentes e os que odeiam. Mas o foco, independentemente da posição, é a banda. Com a vacina não é nada muito diferente. Existem os apavorados que se rendem a qualquer notícia divulgada pelo facebook  e os céticos, que em nada acreditam ou ainda acreditam em conspiração... Não tomo nenhuma posição dentro deste texto pois, assim como sei que a farmácia é uma grande indústria, sei  também que quando mais mirabolante a história parece, mais revolucionário se sente quem a critica.
A ideia que se faz desta gripe é a de destruição e epidemia. Mas algumas informações passam despercebidas. São contadas como vítimas da doença qualquer pessoa que tenha começado o tratamento. Porém, nos hospitais, estão fazendo o tratamento em qualquer pessoa que apresente os sintomas antes da verificação. Claro que esta medida é necessária, pois o Tamiflu, que nem preciso explicar o que é, só faz efeito em 48h após os sintomas, durante a etapa de encubação do vírus.
Na Europa, 2 anos atrás, foram compradas vacinas que ultrapassavam o total da população que, em sua maioria, nem se vacinou. O Brasil parou de produzir sua vacina contra poliomielite para comprar de outro laboratório, mesmo que saia mais caro.
O que acontece é que estamos sempre á mercê de informações que, para quem conhece um pouco de história, que  nem sempre são confiáveis. Enquanto houver política, dinheiro ou qualquer outra vaidade misturada á saúde, cura não significará  cuidado, mas sofrimento, e já sabemos de quem.

sábado, 19 de maio de 2012

Velho? Nem morto!

Executivos dos EUA tentam retardar envelhecimento com hormônios

Quem quer ser velho na cultura da inovação? Bem, me parece que a cultura passou a tratar de forma diferente a velhice e suas consequências, como por exemplo, a morte. A medicina vem gastando milhões de horas (dinheiro?) na busca de tecnologias capazes de rejuvenescer o paciente. O que me parece é que nem é tanto pela questão da saúde, mas sim das implicações que um corpo não jovem e saudável trazem.
Se fosse da primeira forma, a possibilidade do desenvolvimento de câncer seria ao menos levada em consideração, bem como diversos outros riscos em outras doenças estéticas, que tem um propósito muito parecido com este tratamento a base de hormônios. O discurso operante é da ordem da imagem. A imagem de um homem que não sabe o que é envelhecer ou tornar-se impotente. Mas questiono, não seria algum tipo de impotência a fragilidade de um sujeito de não conseguir mais se deparar com sua ruína?
Bem, a morte fica para outro assunto, pois nem faria tanta diferença. Desde há pouco, é assunto para ser deixado para mais tarde...e tomara nunca ser tocado.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

A sesta, essa tal sonolência...


Entre tantos estudos, o cidadão me vem com o óbvio, de que aquele sono depois do almoço, diminui a produtividade. Ora, , pra se solucionar isso, temos a solução rápida e barata: a sesta! Se temos ao menos duas horas de almoço, dá perfeitamente para fazer a sesta em uma hora (ou uma hora e meia, no caso do cidadão comer rápido)... Eu particularmente creio que uns quarenta minutinhos de papo com Morfeu deixa qualquer um renovado pra aguentar o resto do dia, e nem por isso o trabalho vai desandar. Quem já foi à Espanha, por exemplo, dizem que o comércio só abre pra valer depois das 15h e nenhuma viv'alma (excetuando-se os malas dos turistas) fica perambulando pelas ruas vazias. E lá é uma instituição nacional e até agora não vi algum cidadão de lá dizer que a penúria e a carestia oriundas da crise é em decorrência de dormir depois do almoço.
Aqui a gente tem de fazer um malabarismo danado pra dormir um tiquinho que seja, caso não trabalhe em uma empresa moderninha que não quer funcionários bocejando como zumbis enquanto, aí sim, a produtividade vai pro espaço. Proporcionar aos funcionários um pouco de qualidade de vida não vai matar ninguém e nem fazer com que a empresa toda entre em letargia.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Automedicação

R7 testa: farmácias entregam antibiótico sem receita em SP, Rio e Brasília

Farmácias vendem antibióticos sem prescrição médica, infringindo normas da Anvisa. Só é permitida a venda de antibióticos sob a apresentação da prescrição. Durante a compra, a farmácia fica com uma das vias da receita e o paciente com a outra, como forma de controle. A equipe de reportagem da notícia faz testes com farmácias pedindo encomendas. Dos 10 pedidos, 5 foram entregues, denunciando a irregularidade de farmácias.
Aqui então reside um possível impasse... a automedicação X monopólio médico. Não é recomendável para ninguém comprar medicação sem a prescrição de um médico. O erro de uma falha de hipótese de diagnóstico pode agravar ainda mais o problema. Porém, muitas vezes, temos que ir ao médico somente para pegar a receita. Talvez estas questões nem sejam tanto para o caso do antibiótico, que é um medicamento um tanto quanto perigoso se tomado sem as devidas precauções, mas para remédios mais comuns do dia-a-dia, que todos tem conhecimento. Pode parecer irresponsabilidade levantar estas questões, mas outras tantas, como o monopólio e apropriação da saúde do paciente pelo profissional me faz questionar. Mas claro, em contraponto à automedicação, o médico estudou anos para poder dar precisão no diagnóstico.
Por enquanto, a nossa mentalidade é de que os profissionais detém o conhecimento e a eles devemos nos submeter, seja a área de conhecimento que for. A revolta da vacina foi um caso a parte.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

“Um problema de índole social” (?)




Bom, não sei se é do conhecimento de todos, mas dia 06 de fevereiro foi/é o Dia Internacional Contra a Mutilação Genital Feminina, mesmo sendo um assunto muito cruel, é uma luta ainda com poucos holofotes voltados para ela, mesmo com tantos dados significativos de muita violência, citarei alguns:

- Pesquisas contabilizam que cerca de 150 MILHÕES de mulheres e meninas (principalmente entre os dois e quinze anos de idade) foram submetidas à mutilação genital feminina em todo o mundo;

- Cerca de três MILHÕES de meninas se tornam vítimas dessa prática a cada ano;

- A mutilação tem como principais vítimas as mulheres do sul do Saara e de 28 países africanos. Embora essa prática seja também bastante comum nos países árabes, e na Europa e na América do Norte os imigrantes regressam para seus países de origem para mandar mutilar suas filhas;

- A mutilação genital feminina (MGF) pode tanto consistir na remoção total quanto parcial de partes dos órgãos sexuais femininos;

- A infibulação: consiste na costura dos lábios vaginais e do clitóris, deixando apenas uma pequena abertura para a urina e a menstruação;

- A excisão: extirpação do clitóris acompanhada da eliminação de parte ou de todo o lábio vaginal;

- Estas mutilações acarretam uma série de conseqüências físicas e psicológicas gravíssimas, tendo seu começo com o sofrimento e a dor da mutilação, depois com o processo de cicatrização, sem contar o risco de infecções por conta dos instrumentos rudimentares de corte utilizados que podem estar contaminados (hepatite B e C, HIV), podendo ocasionar também incontinência urinária, infertilidade, complicações durante o parto e em vários casos a morte.

E alguém vem e diz: Faz parte da cultura! Realmente faz parte... Só que as culturas não podem e nem devem violar elementares princípios de direitos humanos e da dignidade humana, direito à saúde, direito do livre desenvolvimento da personalidade, direito à integridade física e mental, direito a não discriminação, do direito à vida e do direito a não ser sujeito a tortura ou qualquer outro tipo de tratamento degradante... Concordo com um argumento que li que estes casos ficam parecendo muito mais com "violações e crimes do que com tradições culturais", não é?

Todo mundo quer ser respeitado dentro da sua cultura, só que isso não parece estar longe de ser apenas uma tradição diferente? "A ideia de respeito cultural não pode atropelar o direito humano, que é absoluto e inviolável". 

E o que fica escondido (não tanto) atrás da MGF? O machismo! 

Por isso, assim como o dia 8 de março é importante, o dia 6 de fevereiro também é uma data de luta importante e que deve ser lembrada, divulgada e discutida.  Ajudem a ligar mais holofotes!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Menina gulosa se dá mal.

Mayra Cardi come 23 pedaços de pizza, passa mal e vai parar no hospital.

A primeira coisa que você pode estar se perguntando é quem é Mayra Cardi. Mayra Cardi é uma ex-bbb das mais apagadas, cujo único hit emplacado na mídia foi uma sex-tape bastante modesta que curiosamente "vazou" justo quando ela entrou na casa.

Esclarecido isso, você pode se perguntar: por que ela comeu 23 pedaços de pizza? No caso, não se trata de uma versão brasileira e com sérias restrições orçamentárias do exuberante programa de TV Man Vs Food. Antes fosse. Possivelmente Mayra Cardi comeu 23 pedaços de pizza por algum dos seguintes motivos:

- Tava barato o rodízio (vamos supor que é um rodízio, ela é ex-bbb, não tem dinheiro pra rasgar em tanta pizza avulsa).
- Tava gostosa a pizza.
- Tava querendo aparecer na mídia a qualquer custo.

Em situações como essas a melhor forma de entender o ocorrido é olhando pra gente mesmo. Oras, lembrei aqui, eu também já passei por situação semelhante - salvo devidas proporções.

Era verão de 2007 e eu me encontrava enferma. Mesmo estando no raiar da minha juventude, meu corpinho começou a apresentar falhas misteriosamente. Após vários dias de esperança ("Amanhã eu melhoro!") resolvi encarar a realidade e ir ao médico. Além disso, em função da tal enfermidade eu estava me alimentando pouquíssimo. Então fui ao doutor e ele me recomendou vários exames, sendo alguns extremamente invasivos e pouco práticos. Vai daí que tirei o dia todo para fazer exames. Tudo em jejum, como manda o figurino e logo cedinho, pra aproveitar bem o dia na fila do laboratório.

Passei a manhã fazendo exames, na parte da tarde o senhor doutor já tinha os resultados em mãos e me passaria diagnóstico e tratamento. De posse da papelada o figurão da medicina me segredou que meu caso era tranquilo, o pior já passou, agora é se cuidar e viver a vida de uma maneira responsável e divertida. Com esse conselho me mandou pra casa. Firme no intento de curtir a vida o quanto antes (pois ela é curta) liguei para meus amigos e disse: TÔ VIVONA E COM FOME.

Eles vieram me buscar e fomos em um rodízio de pizza. Não, eu não comi 23 pedaços, feito a Mayra. Comi apenas 3 míseros pedacinhos. E mesmo assim, quando me preparava para mordiscar o quarto pedaço de pizza, de repente me faltou chão. Mais, até. Me faltou chão, ar e força. Fiquei pálida e quase desmaiei. Assustados, meus amigos me levaram pra casa com a barriguinha mezzo cheia mezzo vazia.

Mamãe deu bronca, lógico. "A menina fica uma semana sem comer e vocês levam ela em rodízio?". Foi quando descobri que carboidratos podem ser malvados.

Então, vejam, tudo tem uma explicação. É necessário acreditar. Mayra Cardi, um recado: carboidratos podem ser malvados. Ainda mais quando as fatias de pizza passam de uma dezena.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Hipocrisia trocada não dói.

Manchete de Ontem: Internautas usam doença para atacar Lula. / Tratamento de câncer pelo SUS atrasa e é ineficiente

Antes de mais nada, quero dizer que espero que o Lula fique curado, sarado, feliz e saltitante.
O Lula está doente, uma galera fez a piadinha do SUS e em contrapartida, outra galera santificou o SUS e crucificou a classe média. Eu não compartilhei a parada bombante do facebook, e não porque não ri, mas porque acho a questão maior do que essa, não é esse meu ponto. Desejar a morte não é meu forte, e mesmo se eu quisesse o pior para alguém, creio que a vida pode ser o pior castigo pra qualquer ser humano. Minha posição é a seguinte: não defendo a piada, mas sou completamente incapaz de compreender como a piada santifica o SUS, apenas isso.

Como disse no twitter, eu desejo um tratamento pelo SUS para qualquer político, seja qual for a doença. Pode ser FHC, Serra, Sarney, Dilma, Marconi, Íris, Ângela Amin...  Falei isso quanto ao José Alencar, Mário Covas... E mais, ultrapassei fronteiras, e quis que Hugo Chavez se tratasse na Bolívia, com os mesmos médicos que ele oferece ao seu povo. Feliz foi Fidel Castro, pra quem desejei tratamento em Cuba (ele não tinha câncer, tinha diverticulite, mas não se pode acusá-lo de ter oferecido um sistema de saúde precário ao povo cubano, principalmente se considerarmos as sanções econômicas pelas quais o governo dele passou). O fato é: eu acredito que se os gestores oferecem produtos e serviços, sejam estes públicos ou privados, eles devem utilizar aquilo que fornecem aos seus clientes ou aos seus eleitores. É uma ótima maneira de conscientizá-los sobre os problemas de sua gestão.

Sou um monstro? Contraditória? Hipócrita? Posso ser. É bem verdade que faço coisas politicamente incorretas desde a infância, embora eu deteste o Rafinha Bastos.  Eu tinha 6 anos e minha diversão era contar pra outras crianças  que o Papai Noel não existe, agora eu tenho 25 e vou contar pra vocês que o SUS não é um mar de rosas, são coisas óbvias, mas  algumas pessoas preferem ignorar.

Veja bem, não estou defendendo a piada, nem pensamentos negativos para o Lula. Só estou me posicionando contra argumentos surrealistas. Afinal, depois de receber uma enxurrada de links para hospitais públicos modelo, pensei  ter tido uma longa alucinação quando estive na sala de espera de consultas do hospital do câncer em Goiânia. Afinal, o tratamento público é eficaz, exemplar, lindo maravilhoso...  Era o que diziam os links, apenas não mencionaram coisas como a fila de espera e o longo caminho pra se chegar ao tratamento (que obviamente um ex-presidente não precisaria enfrentar). Aliás, o tratamento muitas vezes não é iniciado, ou é iniciado tarde demais e o paciente morre antes de concluí-lo (sabiam que não existe pause para doença?). Mais bacana que os links, só a alegação de que eu não poderia reclamar do SUS porque sou de classe média. Acho uma tirada muito inteligente, principalmente quando parte de gente de classe média defensora do SUS, mas que nunca usou o mesmo. A hipócrita sou eu, né?

Eu sou de classe média sim, e podem pegar mais uma pedra, porque, além disso, sou filha de pequenos empresários. A empresa dos meus pais mudou de cidade há uns 3 anos, e não tivemos condições de manter o plano de saúde dos funcionários (nem o nosso) porque os custos de transferência exigiam que vendêssemos nossas almas, coisa que vai contra nos nossos princípios. Desde então, nosso funcionários tem usado o SUS, e aconteceram coisas muito divertidas nas aventuras deles com a saúde pública. Sim, eu disse divertidas. Sou um monstro de classe média, como poderia me compadecer? Vou até enumerar abaixo, para reviver esses momentos felizes e engraçados:

1)      A.  estava passando muito mal, mas não poderia ser atendida, pois as consultas do dia estavam sendo distribuídas da seguinte forma: uma por residência. E por mais que A. estivesse morrendo de dor, sua mãe, já idosa, estava pior. A consulta de A. só foi realizada depois do término do tratamento de sua mãe.

2)      A mesma A. da historinha anterior colocou um DIU e passou a ter hemorragia e cólicas constantes. A. voltou ao posto médico, receitaram remédios que não funcionaram. Após um mês de “menstruação”, em uma nova consulta, o médico de A. remarcou para dali 30 dias a retirada do DIU. Porque ficar 60 dias “menstruada” é super saudável, e não causa anemia em ninguém, né?

3)      L. está com dores no peito, vai ao posto médico, ganha um injeção de benzetacil. W. está sentindo fraqueza, vai ao posto médico, ganha uma injeção de benzetacil. D. está com dores de cabeça e falta de ar, vai ao posto médico e ganha uma injeção de benzetacil. Alguém vai ao posto médico, e a galera já começa a fazer piadas com benzetacil, que não por acaso, rima com Bombril.

4)      I. sente dores pelo corpo, fadiga e indisposição. I. faz tratamento para degue  e recebe alta. I. continua sentindo dores pelo corpo, fadiga e indisposição, ganha um novo diagnóstico: pneumonia. I. faz tratamento e recebe alta. I. continua sentindo dores pelo corpo, fadiga e indisposição: decide deixar o trabalho para amenizar o cansaço e se dedicar às filas do SUS. Há seis meses I. se dedica integralmente a descobrir o que tem, o SUS ainda não sabe.

Talvez o pessoal daqui seja muito saudável e os casos não sejam realmente divertidos, então quero expandir um pouco, e colocar os conhecidos e familiares na brincadeira:

5)      C. está tendo convulsões e sua filha a leva para o pronto socorro.  Enquanto C. deveria estar sendo atendida, a sua filha preenche a ficha na recepção. Quando volta para perto da mãe, é surpreendida pela pergunta do atendente: “Ela é deficiente? Eu não estou entendendo o que ela está falando”. C. estava tendo convulsões, mas o rapaz achou que se tratava de uma simpática deficiente tentando se comunicar com ele enquanto passeava na emergência. 

6)      G. sofre de espondilite anquilosante, consegue os remédios para amenizar a dor pelo SUS, sempre atrasados, claro. Já a prótese do quadril, da qual precisa, o SUS não oferece.

Claro, como monstro de classe média, preciso abordar a minha experiência pessoal. Como eu poderia esquecer o meu umbigo? Esse ano eu precisei do SUS duas vezes, foi muito bacana:

7)      Após 15 dias mancando, desisti de esperar que a dor no pé passasse, fui ao SUS. Sem colocar a mão em meu pé, sem nem mesmo olhar meu pé, o médico disse que eu não tinha nada e me receitou um analgésico. Uma semana depois, eu pude ir ao médico particular, que pediu uma radiografia (raio-x, sei lá, é tudo igual?) e passou uma medicação específica para a inflamação.

8)      Semana passada, estava com dores no corpo, dor de cabeça e febre baixa. Fui ao SUS para afastar a suspeita de dengue, a médica não tirou minha temperatura, não tocou em mim, mas disse que como era apenas o 3º dia de dor, eu devia esperar que começasse a ter febre de 39º e retornar após o 7º dia de febre. Além disso, ela disse que não existe dengue sem febre, nem com febre menor que 39º. Segunda feira, recebi na empresa o agente de  prevenção da dengue, e ele disse que com dois sintomas a pessoa deve ir ao pronto socorro e que existe dengue sem febre. Eu não estava com dengue, mas e se estivesse? E quem tem e é atendido por essa médica? Nem dá nada, né? Dengue nem mata. 

E como o assunto é câncer, minha última história divertida tem a ver com ele:

9)      Ano passado estive acompanhando minha mãe, que estava com suspeita de câncer, em exames e consultas médicas. Fomos ao Hospital do Câncer, consulta conveniada, mais por ele ser “referência” do que pelo valor, que realmente não era o mais importante. Quatro horas na sala de espera de consultas e algumas pessoas desesperadas porque só conseguiriam o retorno pelo SUS depois da data recomendada pelo médico. Meia hora na sala de espera de exames, e um senhor chorando, nervoso, ele faria o exame naquele dia para dar início ao tratamento do tumor, mas ele estava na fila do tratamento há 4 meses e só então tinha conseguido vaga no hospital do câncer. Desculpa ae, se decepciono alguém, mas o fato de minha mãe poder pagar o tratamento conveniado não me impediu de ficar sensibilizada pelas pessoas que não teriam acesso ao tratamento gratuito em um tempo adequado.

Saldo de casos de ineficiência do SUS no meu mundo de monstra de classe média:

Olhando ao meu redor: 6
Olhando meu umbigo: 2
Tirando a cera dos ouvidos em uma sala de espera no hospital do câncer: perdi a conta.

Não vou citar casos/dados de jornais, afinal, eles são manipulação da oposição pra influenciar as massas e alimentar a monstruosidade da classe média. Ninguém morre esperando por UTI, ninguém morre esperando tratamento para o câncer, ninguém morre sem nem mesmo receber o diagnóstico de sua doença, né?

O SUS tá lindo, tá feliz, tá saltitante e tá mandando beijo pro Lula e pra nós todos, que fingimos não saber que a saúde pública vai mal, porque faz bem pra consciência. 

Critique a piada e a insensibilidade de quem ri do câncer, eu apóio, mas não elogie o SUS e nem o santifique pelos hospitais públicos exemplares. Eles são bons, mas quantos chegam até eles? E quantos acabam voltando pra casa, sem nem mesmo receber diagnostico, porque passam por médicos que nem mesmo tocam os pacientes e receitam uma injeção qualquer que cura o sintoma, mas não trata a causa? 

Então, se é hipocrisia de quem não gosta do Lula mandá-lo pro SUS, mais hipocrisia é imaginar um SUS inexistente para combater uma piada de mau-gosto. Acusem quem divulga a piada, mas não alicercem a acusação em um SUS fantasioso, que vocês encontraram no google quando buscaram “hospital público modelo”. Levantem-se, conversem com quem não tem grana, passem em um pronto socorro municipal, em um posto de saúde, em um hospital do câncer...  Ou façam como eu e evitem isso ao máximo, mas conscientes de que a realidade é triste e que se você sair do seu aquário para enfrentá-la, isso vai embrulhar seu estômago.

Eu, monstra de classe média, nem sempre preciso do SUS, mas isso não me impede de perceber que o negócio está mal gerido e que mata milhares de pessoas por omissão. 

domingo, 23 de outubro de 2011

Quanto tempo o tem...


A reportagem acima trata sobre questões referentes ao tempo: sua pressa, seu significado e interpretações. Bem, certamente podemos dizer que o tempo se trata de uma percepção.

Todos nós já sentimos a situação de quando, por exemplo, estamos fazendo algo que gostamos, o tempo passa muito mais rápido. Ou quando estamos naquela situação chata, aonde o tempo demora pra passar (ou ás vezes até volta alguns segundos...)

Bem, onde eu quero chegar? O tempo é dependente. Esta é a grande questão. A questão não é o tempo em si, mas o que fazemos dele. Para o sol, um segundo é totalmente insignificante. Para um neurônio, trata-se de uma vida. Para nós pelo menos é passível de contagem... Já tentaram contar os milésimos? Nem com um cronômetro conseguiríamos acompanhá-los...então, para que serve-nos esta contagem?

Se viajássemos para a Austrália, ainda durante o dia, chegaríamos lá um dia depois de nosso desembarque. Ainda de dia... E mais, se voltássemos ainda no mesmo dia, voltaríamos no tempo um dia, ainda de dia...Difícil né? Pois bem, o tempo é também o espaço.

O lugar em que nos posicionamos está intrinsecamente ligado também à nossa percepção de tempo. O lugar em que colocamos o tempo também está ligado a como percebemos ele. Não ao nosso tempo, mas o tempo de relógio...horários, compromissos, etc..

O nosso tempo vai além do relógio. Está naquilo que coseguimos fazer com ele, embora muitas vezes deixemos que o tempo mecânico suprima nosso tempo original.

Por fim, depois deste pequeno (ou grande? Depende do grau de ocupação do leitor...) tempo de leitura, deixo minhas saudações pelo post de sábado...ops..já é domingo...

Este tempo está louco!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Cabe em nossas cabeças???

Manchete de Ontem: CRM da Paraíba apura denúncias de uso de furadeira em cirurgias de crânio


Nesse universo de piadas prontas, de imediato poderia falar do povo “cabeça dura”, das insistências históricas, daquilo que não muda, da tal ordem “natural” das coisas, do cristalizado, enfim. Mas há algo mais forte como pano de fundo. Há o serviço público como mote da piada, e mais que isso, na saúde, onde a corrida deveria ser pelas melhores condições para salvar, onde nada, absolutamente nada, poderia servir de motivo para piada.

Mas independente da manchete, das justificativas dadas pela equipe, das negativas, enfim, o que eu queria chamar a atenção mesmo era para a intervenção individual, humana, dos “CPFs” que participam dos processos e que tantas vezes fazem com que os sistemas pensados sejam alvos de críticas, de insatisfações e por que não, de piadas.

O “Ronda do Quarteirão”, por exemplo, sistema de polícia comunitária que atua aqui em Fortaleza, é um modelo exitoso copiado do Japão e do Canadá.  Uma polícia chamada “cidadã”, que deveria ser amiga e conhecida da comunidade, já que atua com um raio restrito, então, com condições de constituir vínculos de confiança. Mas não é bem assim. O “Ronda”, como sistema, não funciona ao apertar de um botão, fazendo tudo acontecer “à japonesa” ou “à canadense”. O Ronda, como qualquer outro sistema, é feito por pessoas, por gente, que carrega a sua bagagem de vida, suas querelas, seus traumas, além de suas habilidades e inclinações – ou não - para o trabalho.

Não é à toa que atos arbitrários, violentos, desregrados são registrados contra a equipe que compõe o “Ronda”. Instituir tal corporação, certamente, demanda uma intensa formação para que a atuação seja de acordo com o modelo pensado. E isso ainda não é garantia de que dê certo. O sistema é feito de gente, a coisa é humana, é corruptível, até certo ponto imprevisível e pode surpreender, ora para o bem, e outras tantas, infelizmente, para o mal.

Não diferente é o que acontece no campo das compras públicas, das licitações, quando as obras, as aquisições são pensadas de uma forma e acabam sendo executadas ou adquiridas de outra. Os projetos são bonitos e parecem atender às necessidades da população, mas de novo o elemento humano burla aquilo que parecia ser retilíneo, óbvio, correto e que conduziria a um ato eficaz.

Em suma, não adianta escolas bem equipadas com professores que não respeitam os alunos, transporte público moderno, onde os motoristas não respeitam as limitações de idosos e deficientes físicos, hospitais com tecnologias de ponta, onde os pacientes são ‘des’tratados. Bem como não há como manter tudo isso com qualidade se tais profissionais não têm o seu valor garantido, seus direitos respeitados.

Analisar qualquer questão dessas por um único ângulo denuncia nossa limitação em compreender o todo, em enxergar além da fumaça. Nada funciona automaticamente e a responsabilização também não pode ser automática.

A teia é densa, grandiosa e intensa e ver de fora, atirar pedras e militar no conforto de nossas cadeiras diante do computador pode não dar conta. Agir assim pode ser irresponsável, pode ser tiro no pé, pode ser “Bosh” na cabeça...

sábado, 9 de abril de 2011

Não são só os adultos se deprimem

Criança deprimida


A notícia a qual me refiro com este post está situada no centro da página disponibilizada pelo link. Trata-se, sob ótica psiquiatra, a depressão entre crianças. Chega a oferecer porcentagens (sem anunciar qualquer referência de pesquisa), acerca da quantidade de crianças que podem sofrer de depressão.

Pois bem. A depressão realmente é um quadro sério. Porém, o texto aborda uma relação de sintomas que estão associados à este sofrimento e que a criança moderna tem maior tendência a desenvolver. Então me questiono: será que temos a obrigação de estarmos felizes o tempo todo? Não estou discordando da gravidade do quadro de depressão em crianças e, muito menos de que elas necessitam de tratamento (talvez do tratamento proposto na notícia, mas isso falarei mais tarde). A sociedade moderna, diferente das anteriores, cobra das pessoas que elas devem ser felizes ininterruptamente. Qualquer manifestação de sofrimento já é considerada uma doença.

Acredito numa certa dosagem neste aspecto. Muitas vezes o que nos move é justamente a angustia e o sofrimento. Demonstrá-los não é algo ruim. Sentir-se “triste” pode ser o que necessitamos para a mudança.

O entendimento simplista (claro que não se trata de todos os casos, e isso gostaria de deixar bem claro) de que qualquer sofrimento seja considerado depressão é o reflexo do quanto nós somos exigidos de comportamentos instituídos. Dentro de uma sociedade de controle (descrita por Foucault), nos policiamos ao menor mal-estar. Outro exemplo é a onda de crianças com “déficit de atenção”, o TDAH. Já ouvi casos de crianças que apenas não queriam ir para a aula, pois não tinham vontade de prestar atenção serem diagnosticadas com TDAH sem o menor critério de diagnóstico. E então me pergunto: que criança quer ficar parada dentro de uma sala de aula? Qualquer leitor que se lembrar de seus tempos de infância irá concordar comigo.

Agora sim abordarei o tratamento proposto na reportagem. Se o diagnóstico, em muitos casos é impreciso, muitas crianças tomam remédios ou para depressão, ou TDAH sem necessidade. E quando diagnostica corretamente, um tratamento psicológico também deve ser pensado antes de “dopar” a criança. É sempre menos danoso o uso de tecnologias leves.

Isto tudo está dentro de uma abordagem de conceituação de doença. Ao invés de “tratar” a doença, não seria muito mais eficaz estimular a saúde?

Pelo que sei, foi mais ou menos assim...

domingo, 3 de abril de 2011

Garçom, aqui nessa mesa de bar

-> Barriga de chope é mito.


“Um estudo do Colégio Oficial de Médicos de Astúrias revela que "a barriga de chope é um mito", pois um consumo moderado da bebida, de até meio litro diário, associado a uma dieta como a mediterrânea, não engorda e reduz o risco de diabetes e hipertensão.”


Sendo assim... Durval desce mais uma!

Acho de tamanho mau gosto tirar a desculpa da cerveja dos barrigudos. E agora? Agora culpar as fritas será um árduo caminho a ser percorrer.

Concorda comigo que quem aprecia uma boa cerveja gelada raramente vai conseguir parar no segundo ou terceiro copo? Logo a cerveja não tem graça se fizer bem para a saúde. Não, eu não li a biografia do Jimmy do Matanza, tá.

Mas o que mais me chamou atenção nesta reportagem foi a dose recomendada para as mulheres ser menor. Mais uma vez está comprovado que não é só o mundo que não está preparado para a capacidade feminina, nem mesmo o teimoso organismo feminino está.

Dizem que a quantidade dessa “dose” se dá pelo fato de que o organismo masculino possui uma enzima que faz com que uma parte do álcool seja digerida no estômago, enquanto no organismo feminino o álcool é levado diretamente para o sangue.

Por isso meninos, mesmo as mulheres levando desvantagem nesta teoria, não é então mais másculo vocês dizerem por aí: “tem muito álcool no meu sangue”, ou “tem muito sangue no meu álcool”, isso é coisa de mulherzinha.

Bom, e já que não dá mais para culpar a cervejinha do final de semana pela protuberância abdominal que insiste em aparecer, beba a dose permitida de cerveja e adicione vodca + tequila + gim + absinto + catuaba, use sua imaginação, e entre de barriga ou sem barriga nessa!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Grupo protesta conta o uso de homeopatia.

Texto baseado em:
http://blogs.estadao.com.br/jt-cidades/grupo-protesta-contra-uso-de-homeopatia/

Um grupo de manifestantes anti-homeopaticos resolve tomar um vidro de remédio para comprovar a ineficácia da homeopatia. Ora, já começamos mal pelo método pelo qual estes se manifestaram. O argumento é de que a homeopatia não é eficaz, de modo que, segundo sua lógica, tomando um vidro de remédios, nenhum efeito surtiria. Porém, o que se esqueceu de relevar é justamente a principal diferença do tratamento homeopático do alopático. O tratamento homeopático é feito em longo prazo para ter eficácia, até porque este é o objetivo dele. Não agredir de forma imediata o organismo do usuário. Portanto, além de uma falsa comprovação empírica, deveriam ter proposto tomar um vidro por dia, para então tirarmos a verdadeira constatação de que se trata ou não de apenas placebo, como muitos afirmam.

Porém, temos neste ato algo mais interessante do que um conflito científico, mas um movimento social. Esta é a herança da historia das ciências que transformaram a medicina tradicional em dogma. Mascarada com nome de “verdade”, a medicina tradicional passou a ser reconhecida como a única com comprovação e coerência científica de conhecimento. E, desta forma, está mais próximo de uma crença do que qualquer outra interpretação; está fora dos limites de contestação por ser sustentada por si mesma. Porém, esqueceu-se de que toda a ciência está baseada em pressupostos metafísicos sem comprovação.

O próprio conceito de vida (bios) está fora dos limites de comprovação. A própria forma pela qual ela é apresentada, a linguagem, também não é a realidade em si, apenas uma retratação de uma verdade. Bem como disse; apenas uma verdade. Não estou defendendo a medicina homeopática, até porque este não é o foco do presente texto, mas apenas considerando que, dentro da ciência podemos sim considerar que dois pontos de vista sobre um mesmo fenômeno podem se conciliar, pois não são abordados da mesma forma. Sendo assim, nem toda ciência é a realidade, mas uma versão da realidade. A realidade “em si” não está ao alcance da linguagem lógico-racional, pois trata-se de uma representação da representação, quando antes da racionalidade está as sensações e a linguagem.

O que fora lastimável nesta presente notícia, foi manifestantes defensores da medicina tradicional, que é ensinada por dogmas já admitidos, baseados em pressupostos metafísicos, contestar outra medicina por não haver comprovação. Aliás, no link abaixo segue outra notícia que tem como conteúdo também alguns estudos acerca da eficácia da homeopatia.

Pelo que sei, foi mais ou menos assim...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Todas as leis são de Murphy.


Você é filha de  uma advogada, ou bacharel em direito, que seja. Tem trocentos amigos bacharéis em direito, mais uma tia, um primo e um cachorrinho com carteirinha da oab. Ainda assim, a convivência com essa manada de advogados não te ajuda a entender para que servem as leis, visto que a justiça não funciona e quando funciona é para o mal.

Aí você vê essas pessoas que estudam direito com livros enormes, maçantes, escritos com a linguagem mais robusta possível, falando de coisas que, em geral, só existem na teoria.

 As leis não são aplicadas, exceto a Lei de Murphy que sempre funciona pra maioria da população. Inclusive, diz-se a boca pequena que, segundo a Lei de Murphy,  as leis só são cumpridas quando causam dano a um grande número de pessoas inocentes e de bom coração.

Aí você pensa que isso é coisa de país subdesenvolvido, que acontece porque estamos em um fim de mundo... Por isso soltamos estupradores sem a correta avaliação psicológica, por isso o estado de São Paulo pode discriminar professoras gordinhas ou míopes, por isso  o Sarney só vai sair do senado quando for se mudar para o cemitério, etc e tal.

E você tem aquela paixão pela França, aquela coisa de pseudo-cult, de amar a Amelie Poulain, de ouvir música francesa nem que seja Carla Bruni, de gostar de Le Petit Prince, de achar linda a Torre Eiffel e pensar que sim, os franceses podem ser metidos, porque são o máximo da Europa.

Aí você vai procurar uma notícia interessante pra te inspirar a escrever o post de quinta feira e se depara com a lei mais burra do universo (tá, talvez não a mais burra, já que a disputa é acirrada) que impede um ser humano de salvar a própria irmã.

Se a notícia fosse brasileira seria muuuuuito diferente, o transplante estaria autorizado, mas o SUS só iria marcá-lo para quando a paciente já estivesse morta, ainda que a nossa constituição diga que "a saúde é direito de todos e dever do Estado".

Enfim, em dias que leio notícias como esta, simpatizo muito com o anarquismo.