o mundo de tão grande
ficou pequeno
de tão pequeno
avançou sistematicamente
de tanto avanço
curou doenças
comunicou as novidades
permitiu os fluxos
fixos se movimentaram
o homem no meio disso tudo
ainda atrasado...
O futebol no Brasil ficou chato. Pelo menos no eixo comercial se vê de tudo, menos futebol. Bandeiras são proibidas, provocações deixam de ser geniais e viram atos imorais contra um profissional, entrevistas são ensaiadas e os entrevistados são inúteis. Não se vê mais barracas de lanche nos estádios, bandas com marchas, papéis picados e uma farofa alimentando um esquadrão de louco por futebol.
Nisso, Kaká é visto como sujeito digno. Ora, um cara que prefere vestir Jesus com chuteiras a respeitar um adversário ateu ou mulçumano não merece meu respeito. Futebol não é santo e Deus não pega melhor no gol do que Barbosa. O Deus holandês, na última Copa, é melhor que o Deus brasileiro? Esse bom mocismo que invadiu o esporte bretão representa a divulgação de um falso moralismo que entra em nossa casa sem argumento, mas levanta o braço contra a brincadeira e a diversão.
Neymar era minha esperança. Era! Porque babacas de plantão em programas vespertinos trataram de cuidar da imagem para ela tornar-se uma pessoa boba, sem opinião, robô. Pura? E o torcedor que quer ver o adversário humilhado, zombar com o amigo numa deliciosa cervejada, levantar a bandeira e sair gritando por ai com o filho o golaço que acabara de ver. Zoar com futebol agora é bullying e xingar no estádio é contra o estatuto. Por favor, né?
O futebol brasileiro precisa de Edmundos, Romários, Garrinchas, Dadás, Sócrates e até novos Edilsons. Futebol de verdade é o nordestino! Casa cheia, barracas de cerveja, bandeiras enormes, filhos e filhas, maridos e esposas, bandas de frevo e uma devoção que está acima de qualquer lei moralista ou costumes de novela das oito. O futebol precisa de piada, sarcasmo e de amor. Futebol precisa de humoristas e não políticos. Futebol não precisa ser um poema imbecil de Pedro Bial. Brigas? Briga há na sua casa, na rua, no vizinho, na novela. Na casa do torcedor não seria diferente. Meu sonho não é mais ver um Flaflu. Meu desejo hoje é ver Náutico e Sport! E com muita gente diferenciada.