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segunda-feira, abril 21, 2014

O homem providencial que nos chega das contabilidades


A estratégia de empobrecimento em curso preocupa-o? Um euro disfuncional incomoda-o? O assalto ao pote perturba-o? Uma comunicação social cada vez mais suave transtorna-o? Nem às paredes o confessa. Numa entrevista extensa à TSF e ao DN (quatro páginas), Rui Rio não arranjou uma oportunidade para expor o que pensa da situação económico-social do país, da Europa, do saque e da asfixia crescente.

O nicho de Rui Rio é o sistema político, a que ele chama regime. Quer mudanças profundas através «de pequenas e de grandes medidas»: a substituição do financiamento dos partidos por uma fundação para arrancar os seus militantes do mundo das trevas; uma reforma dos partidos; umas cadeiras vazias na Assembleia da República em representação da abstenção; um reforço dos poderes presidenciais.

Não é a circunstância da direita no poder estar a virar do avesso o regime democrático que o tira do sério. É a descredibilização dos políticos que o aborrece: «Temos as instituições a perder credibilidade. Não vou dizer que não têm nenhuma, mas estão profundamente abaladas no seu prestígio. A Assembleia da República, o Governo, os tribunais, os autarcas... Restava uma, que diversas vezes referi, a Presidência da República. Hoje, já nem essa resta.» É por isso que Rio não se coíbe de fazer um asséptico paralelismo entre o Estado Novo e a República: «Quando o Estado Novo caiu, dizíamos: "Caiu de podre, estava velho." Tinha 41 anos: de 1933 a 1974. Este tem 40 anos

Perante um «poder político fraco» que «deriva da falta de credibilidade», Rio deseja que ocorram dois movimentos em simultâneo.

Por um lado, vindo de baixo, uma enorme pressão da sociedade e da «base dos partidos [para] demonstrar um grande descontentamento interno» em relação aos políticos.

Por outro lado, vindo de cima, «Era muito positivo se os partidos se conseguissem entender quanto a uma reforma do regime. Eventualmente para a governação também, mas acima de tudo para [a mudança d] o regime tem de ser! E, num quadro alargado, se esse entendimento, dada a relevância do Presidente da República para este efeito, passasse também por uma situação em que o candidato fosse comum entendimento, dada a relevância do Presidente da República para este efeito, passasse também por uma situação em que o candidato fosse comum (…)

Rui Rio faz parte do sistema político, mas começa a falar de fora dele, acusando-o de ser composto de gente de «qualidade» duvidosa. Segundo ele, é a impreparação dos políticos que conduz a uma «governação [que] cria problemas, por ser má - e, acima de tudo, não consegue resolver os problemas que a sociedade tem, ou resolve-os mal

Os três mandatos à frente da Câmara do Porto puseram em evidência que Rio não convive sem sobressaltos com a lógica democrática, estando convencido de que, por graça divina, lhe foi revelado esse valor absoluto e algo difuso a que chama «interesse público», cuja prossecução deve estar reservada a uma casta de iniciados na ciência da governação, que ele manifesta disposição para liderar. Para fazer o quê? Não diz. Mas eu recordo-me de que Rui Rio foi um campeão do austeritarismo avant la lettre (aqui, aqui, aqui e aqui).

domingo, dezembro 16, 2012

Descesdência assegurada


Vasco Pulido Valente tenta conjugar no Público de hoje umas lérias sobre a última edição da Quadratura do Círculo (SIC-N). Fantástico como certas pessoas não conseguem conviver com a derrota - expulso, em boa hora, do programa, quando se chamava Flashback e só passava na TSF, o ex-deputado do PSD ainda não conseguiu arrumar o assunto...
A rabugice, desta vez, vem a reboque da inefável vedette Isabel Jonet.
Diz às tantas o ex-secretário de Estado da Cultura (!?), sobre Jonet: "É uma mulher estimável que, de repente, se viu metida no meio de um jornalismo espertalhão. Não sendo nem moralista, nem teóloga, nem política, falava com a maior inocência sobre si e o seu papel no Banco Alimentar".
Não é política e fala com a maior inocência?
Que bom. "Aníbal, podes finalmente retirar-te. Descobriram uma sonsa à tua altura", comentou-se na Travessa do Possolo.