Mostrar mensagens com a etiqueta Hollande. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Hollande. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, maio 12, 2014

Do problema de só se ler as letras gordas dos títulos

Ontem, quando José Sócrates discorria na RTP sobre a necessidade de mudar de política em Portugal, sustentando que se pare de escavar o buraco, José Rodrigues do Santos interrompeu-o e afinfou-lhe com a situação em França, onde Manuel Valls, o novo primeiro-ministro, se prepara para infligir à economia 50 mil milhões de euros de austeridade.

O que falhou de novo nos arquivos de José Rodrigues dos Santos?

Independentemente das contradições de Hollande, a verdade é que o plano de austeridade francês é completamente distinto do que o Governo de direita vem aplicando em Portugal: enquanto Valls quer impor cortes nos aumentos dos rendimentos futuros dos franceses, Passos & Portas amputaram os rendimentos actuais dos portugueses, afrontando o Tribunal Constitucional e pondo em crise os fundamentos do Estado de direito.

Há austeridade e austeridade, José Rodrigues dos Santos.

quinta-feira, abril 17, 2014

Duche frio

Le Monde, amanhã

“(…) L’Europe cristallise d’autant plus les critiques que la majorité a l’impression de s’être fait flouer. Après les municipales, François Hollande avait laissé entendre qu’il ferait desserrer l’étau budgétaireet, danssondiscoursdepolitiquegénérale, Manuel Valls entretenait l’espoir sur l’objectif de 3% de déficiten2015. Douche froide. Non seulement le premier ministre a promis, lundi à Berlin, de respecter les 3% mais, en plus il n’a même pas pu demander de délai supplémentaire.

(…)

En face, la résistance s’organise. A une demi-heure des questions au gouvernement, mercredi après midi, l’ordre du jour est bousculé pour laisser le président de groupe PS, Bruno Le Roux, monter au front et poser la première question. «Députés dela majorité, Monsieur le premier ministre, nous vous soutenons pour refuser l’austérité et les coupes aveugles et porter, comme vous le faites, une nouvelle ambition», déclame l’élu de Seine-Saint-Denis, timidement applaudi par les siens. La veille, déjà, le secrétaire d’Etat aux relations avec le Parlement, Jean-Marie Le Guen, avait fait la leçon aux députés en les appelant à la «responsabilité».

Au milieu du champ de bataille, le président de l’Assemblée, Claude Bartolone, «joue le grand frère, en nous recommandant le calme et la patience», raconte un député, et la toute nouvelle rapporteuse du budget, Valérie Rabault, vit son baptême du feu. «Le point qui peut faire discussion est le report de la revalorisation des retraites, notamment pour les plus modestes», se borne-t-elle à dire quand son collègue de la com mission des finances, Pierre-Alain Muet, rejette le paquet global. «50 milliards d’euros de réduction en trois ans, c’est trop!», assure-t-il, appuyé par Laurent Baumel, selon qui ces mesures «montrent qu’on ne peut pas faire 50 milliards d’euros d’économies sans toucher à notre modèle social». (…)”

quarta-feira, janeiro 29, 2014

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Beco sem saída

• João Galamba, Beco sem saída:
    ‘A somar à irrelevância na política europeia, cujo consenso austeritário tinha prometido combater mas que se mantém totalmente inalterado, na frente doméstica Hollande anunciou que vai cortar na despesa pública para abrir espaço à redução de impostos das empresas: "Chegou o tempo de resolver o principal problema de França: a sua produção. Sim, disse bem, a produção. Temos de produzir mais, temos de produzir melhor. É sobre a oferta que temos de agir. Sobre a oferta! Isto não é contraditório com a procura. Na verdade, a oferta cria procura". Isto não é um mero recuo ou uma inflexão, é a total capitulação de Hollande.

    Um partido que para sobreviver adere às teses dos seus adversários não terá nunca grande futuro, porque os eleitores preferem o original à cópia; quem procurou no PSF uma alternativa às atuais políticas, não tardará muito em olhar para outro lado, provavelmente para a FN, que tem sabido falar para a tradicional base de apoio dos socialistas e que já lidera as sondagens.

    Ninguém questiona que a economia e o Estado francês têm problemas que carecem de reformas. O problema do Presidente francês é outro: pior que não ter ideias próprias é optar pelas ideias erradas dos adversários. Se o desafio é produzir mais e melhor, não se percebe em que medida é que reforçar a austeridade, cortando na despesa pública e aumentando o IVA, e baixar as contribuições sociais de todas as empresas resolve o problema: a austeridade deprime a procura, que já é hoje, segundo os próprios empresários franceses, a principal limitação à actividade das empresas, e a redução dos custos de todas as empresas só leva a mais produção, investimento e emprego se as empresas tiveram a quem vender os seus produtos, algo que a austeridade trata de garantir que não acontecerá.

    A social-democracia europeia tem de perceber que não poderá ter sucesso enquanto não contestar a política da direita que aposta na compressão da procura interna e na redução dos custos das empresas como via única para a prosperidade. Este não é, em rigor, um problema francês: é um problema europeu. O problema de Hollande é não perceber isto e escolher aderir às políticas que estão a condenar a Europa (e a França) ao definhamento económico, a um crescente descontentamento social e a uma frustração política explosiva.

    A resposta da social-democracia não pode ser a de aderir a este suicídio colectivo, mas sim o de procurar enfrentar o problema na sua raiz, que é a de uma estratégia europeia que insiste em tratar a maior zona económica do planeta como se esta fosse uma pequena economia aberta, que pode sacrificar o mercado interno e o poder dos seus cidadãos no altar das exportações. Esta estratégia pode ter resultado para a Alemanha isoladamente, mas não poderá nunca ser generalizada: se todos os países tentarem comprimir a procura e baixar os seus custos de produção, o resultado final será mais recessão em todo o lado e ganhos de competitividade nulos, porque, quando todos fazem o mesmo, ninguém ganha.’

domingo, janeiro 19, 2014

“A supply-side voodoo and ideological convergence”


É de leitura obrigatória o artigo de Wolfgang Münchau no Financial Times: The real scandal is France’s stagnant economic thinking. Münchau desfaz Hollande. Em suma: é um presidente zombie que decidiu aderir a um pensamento zombie (lei de say). Quando Münchau, que não é de esquerda, diz isto, algo de muito trágico se passa com a social-democracia.

Creio que o Diário Económico costuma publicar os artigos de Münchau (à terça-feira). Se não o fizer, procurarei reproduzir alguns extractos.

quinta-feira, janeiro 16, 2014

A palavra aos leitores


Excerto de e-mail de Alexandre V.:
    A única relação extraconjugal de Hollande que interessa é a que ele decidiu ter com a direita.

sábado, novembro 30, 2013

O Miguel Vasconcelos dos estarolas “fez de alemão”

Causou enorme espanto o conjunto de declarações que o meninote investido nas funções de secretário Estado dos Assuntos Europeus fez numa mesa-redonda em Atenas sobre “Governância económica e crise europeia”. Bruno Maçães, o meninote em causa que já foi assessor político de Passos Coelho, identificou-se de tal forma com os pontos de vista alemães que os jornais gregos escreveram que o governante português “fez de alemão”.

Com “bastante surpresa”, os jornais gregos registaram as declarações de Maçães, designadamente quando “se mostrou resolutamente contra uma frente europeia do Sul na zona euro”. Eis o desabafo de um jornalista grego, depois de ter confrontado Maçães com os esforços para mudar o curso da política europeia por parte de François Hollande e Enrico Letta, que se tinham reunido na véspera da passagem do meninote por Atenas: “Ficámos verdadeiramente desiludidos, porque tínhamos a expectativa de encontrar um amigo da periferia europeia que se revelou um rigoroso académico sem qualquer solidariedade com um país com problemas semelhantes ao seu.

Bruno Maçães mais não fez do que repetir, talvez de forma nua e crua por ter sido interpelado sem a suavidade dos media portugueses, o que o Governo defende. Ainda recentemente, numa entrevista ao Jornal de Negócios em que se esfalfava em defesa da introdução da regra de ouro na Constituição, o meninote opôs-se à concertação de esforços dos países da periferia:


Dizia-me um amigo esta manhã, enquanto tomávamos café, que, em tempo de guerra, o meninote arriscava-se a ser considerado traidor à pátria. Não me respondeu quando o questionei se os tempos que vivemos não são, de facto, tempos de guerra.

terça-feira, agosto 06, 2013

A palavra aos leitores

Extracto de e-mail enviado pela leitora Maria Fernanda L., que vive no Canadá:
    (…) Neste dia, há 47 anos, eu já lavrava as leiras do jornalismo e pude ver a inauguração da Ponte sobre o Tejo, que nunca devia ter tido outro nome senão esse. Coisa grandiosa na pacatez macambúzia da Lisboa daquele tempo, com repórteres estrangeiros a tirar fotografias, os embaixadores acreditados na capital faiscantes nas suas fardas de gala, as tropas em parada, Salazar e os ministros de fraque, como uma nuvem negra, e eis senão quando chegou o presidente Américo Tomaz com um séquito de oficiais da Marinha, todos de branco como lírios. O jornalista Renato Boaventura, duma agência noticiosa estrangeira, tocou-me no braço e rosnou baixinho: “Chegou a Branca de Neve e os Sacanões”. Era o que pensávamos e sussurrávamos, não fosse a pide ouvir. Em boa verdade, nenhum deles prometeu liberdade, democracia e respeito pelo povo em nenhum momento. Dali a pouco tempo o Renato morria à beira de uma piscina, em Espanha, traído pelo seu grande coração. Hoje, 47 anos depois, dou graças pelo facto de o Renato não ter visto, ouvido e passado o que todos nós sabemos.

    No dia de hoje, dizem-me os jornais que as pensões de reforma dos servidores do estado vão levar cortes brutais; que há doentes na oncologia a quem foram cortados os medicamentos curativos e paliativos por falta de verba; há internados nos hospitais que não querem ter alta porque ali, ao menos, têm comida e cama limpa; há serviços de investigação científica que vão fechar, e os seus membros emigrarão, porque o estado precisa dessa verba para os boys e os carros oficiais dos boys; continuam a fechar empresas, continua alta a taxa de desemprego; Madame Lagarde do FMI diz ao presidente Hollande da França que não se preocupe com o défice e se empenhe no crescimento; mas o primeiro ministro Coelho e o vice primeiro ministro Portas não querem saber disso, estão de pedra e cal vergados diante da troika e da Merkel, enquanto Portugal vai agonizando. E dizem mais os jornais: o pai do primeiro e a mãe do vice estão de coração partido com o sacrifício dos seus rebentos, nada referindo acerca do que sofre o povo com estes meninos mal acabados. Verdade seja dita: o primeiro garantiu, logo à entrada, que era exímio em cantigas e em farófias. Ele bem avisou, nós é que não demos atenção. (…)

quarta-feira, junho 26, 2013

terça-feira, junho 25, 2013

Por mais cabriolas domésticas do impedido Asnô, o futuro de Barroso não é radioso

Enviado por Raúl C. (clique na imagem para a ampliar)

Hoje, nas pp. 16-17 do Libération, faz-se uma síntese dos últimos dias de Barroso na Comissão Europeia:
    ‘Le président de la Commission, José Manuel Durão Barroso, est ainsi accusé par Arnaud Montebourg, ministre du Redressement productif, d’être le «carburant du FN». Par Cécile Duflot, la ministre du Logement, de se comporter comme «un gendarme qui regarde de haut les pays». Et par Alain Juppé, le député et maire de Bordeaux, d’«archaïsme» et de «naïveté dans sa vision d’une mondialisation heureuse». Réponse cinglante, hier, de «l’archaïque» : «Il faudrait que certains responsables politiques français abandonnent certaines ambiguï-tés vis-à-vis de l’Europe et la défendent davantage vis-à-vis du nationalisme, du populisme, voire du chauvinisme. […] Quand ils attaquent la mondialisation, les réformes économiques et l’Europe et ses institutions, les souverainistes de gauche et de droite ont le même agenda.» Fermez le ban !’

sábado, junho 22, 2013

E agora?


Um texto do jornalista Valdemar Cruz no Expresso sobre a mais recente obra de Pedro Adão e Silva, a ser apresentada na próxima terça-feira:
    ‘Portugal vive hoje vários paradoxos. Submetido a experiências de "capitalismo científico", mergulhado em programas de assistência financeira, vê-se refém de uma agenda ideológica que de outra forma não seria politicamente viável, e assiste ao insucesso de sempre da ideia de austeridade expansionista. Não obstante a evidência do falhanço, as avaliações da troika ao cumprimento do memorando mantêm-se positivas. Mesmo perante este cenário, florescem as teses dos desvios morais dos países da periferia, que apenas seriam resolúveis através de rebuscados processos de expiação, materializados no modo como têm sido equacionadas as saídas para a crise. Estas são algumas das constatações do sociólogo Pedro Adão e Silva, um "reformador progressista", como lhe chama Jorge Sampaio, que, posto perante tais dilemas contrapõe ao "Que fazer?", de inspiração leninista, um "E agora?", no título do livro onde surgem aquelas e outras reflexões sobre "a crise do euro, as falsas reformas e o futuro de Portugal".

    Construído a partir de versões alteradas, revistas e editadas de textos escritos na última década, o livro inclui um prefácio do ex-Presidente da República Jorge Sampaio, segundo o qual, para lá da identificação e crítica às "insuficiências e falhanços", aos erros cometidos, aos interesses instalados, percebe-se como fio condutor da obra uma questão formulada pelo autor ao defender que "o centro-esquerda ainda não conseguiu desenvolver uma leitura partilhada da crise, nem articulá-la com uma resposta política coerente". Para Adão e Silva convém "não esquecer que a crise que hoje enfrentamos resulta de uma arquitetura institucional da zona euro desenhada quando a maioria dos países europeus era governada por partidos sociais-democratas. Hoje, o que o centro-esquerda tem para oferecer, desde a França com Hollande, a Portugal com Seguro, é apenas um ato adicional ao estrangulamento político europeu".

    Cáustico e particularmente duro com algumas das principais decisões da nomenclatura que hoje dirige a União Europeia, o sociólogo assegura que o Pacto Orçamental mais não faz do que "consagrar a hegemonia da direita liberal à custa da capitulação política das restantes mundividências".

    Num subcapítulo intitulado 'Dívida e castigo na periferia — O inferno é o euro', Adão e Silva aborda uma questão sensível, geradora de um debate que terá lugar certo em próximas discussões sobre o futuro da moeda única. Isto porque, como diz o autor, e embora sem tomar uma posição definitiva sobre o tema, "hoje, ao contrário do anunciado, o euro não tem promovido a estabilidade, mas a perturbação económica. Mais grave, em lugar de aprofundar as solidariedades europeias, tem reforçado os egoísmos".

    O livro será apresentado por António Costa e Nicolau Santos na próxima terça-feira, às 18 horas, no Corte Inglês, em Lisboa.’

quinta-feira, maio 30, 2013

Uma questão de soberania

Hoje no Público

A Comissão Europeia confirmou ontem a concessão a Portugal de mais um ano para reduzir o défice orçamental, prazo manifestamente insuficiente dado o descalabro das contas públicas e o afundamento da economia. Países houve aos quais foram concedidos mais dois anos. É o caso da França.

Durão Barroso, ao anunciar a concessão de prazos mais dilatados, decidiu ser paternalista com o governo francês, admoestando-o a aproveitar, de forma “sensata”, os dois anos adicionais para realizar reformas estruturais. À ríspida resposta de Hollande só faltou dizer: — Ó Barroso, pensas que está a falar com o Passos e o Gaspar?

segunda-feira, maio 06, 2013

"A era do dogma da austeridade acabou"

"Houve uma mudança de doutrina, de orientação, de rumo. A partir de agora, o crescimento deve estar no centro das prioridades", afirmou o ministro das Finanças de França. Jamais o ministro das Finanças da troika o poderia afirmar.

sábado, abril 27, 2013

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

Dos povos e dos mercados

• Mariana Vieira da Silva, Dos povos e dos mercados:
    ‘Não estão em causa os apelos de Hollande para que se reforce o orçamento europeu, se lance um programa de combate ao desemprego jovem ou se proteja o modelo social europeu - estas propostas são correctas e urgentes. O que é difícil de compreender é como compatibilizar a defesa destas prioridades com a permanência do discurso conservador sobre a origem da crise, o peso do Estado e a culpa dos países do sul. Como é que se apoia a regra de ouro, e depois se promete um pacto para o crescimento?’

segunda-feira, janeiro 21, 2013

Da Europa do Tratado do Eliseu à Europa de Schäuble


O 50.º aniversário do Tratado do Eliseu, assinado por de Gaulle e Adenauer, será comemorado em Berlim por Merkel e Hollande, através de uma declaração conjunta e de um conselho de ministros comum.

Associando-se às comemorações, a edição de amanhã do diário Le Monde traz uma entrevista com Wolfgang Schäuble, na qual o ministro alemão, ao fazer uma breve referência aos “países de programa” (juntando-lhes a Espanha, mas não a Itália), continua a ignorar o aviso do FMI sobre os efeitos recessivos da austeridade:
    Le FMI a reconnu qu’il avait sous-estiméles conséquences des politiques de rigueur inspirées par l’Allemagne sur les pays en crise. Est-ce un revers pour l’Allemagne?
    Je ne l’ai pas compris ainsi. Quand on veut résoudre les problèmes de façon durable, on n’échappe pas à un processus d’adaptation qui peut être douloureux. C’est aussi ce que j’ai dit au leader de l’opposition grec, Alexis Tsipras, que j’ai reçu récemment. Cela ne concerne pas uniquement la Grèce, mais aussi l’Irlande, l’Espagne et le Portugal. L’Allemagne aussi d’ailleurs.

quinta-feira, janeiro 17, 2013

O jarrão em Paris

Hollande, impaciente, olha para o relógio enquanto Passos diz umas patacoadas

Com ar contrito, sabe-se lá se devido ao incumprimento das promessas eleitorais, Passos Coelho ouviu o Presidente da República francês, em Paris, dissertar sobre a situação em África como se ele fosse um mero objecto decorativo¹. Quando chegou a hora de falar de Portugal, foi vergonhoso ver Hollande dizer que a França nunca seguiria soluções parecidas com as de Portugal, enquanto Passos Coelho abanava tristemente a cabeça. Não seria melhor ter ficado em casa?

_________
¹ A edição de amanhã do diário Le Monde não dedica nem uma linha à visita de Passos Coelho a Paris.

domingo, janeiro 06, 2013

O Tribunal Constitucional não pode abster-se de confrontar a estrutura do Orçamento com princípios constitucionais tão básicos como a igualdade e a confiança

• Fernanda Palma, Decisão à Francesa:
    ‘Os problemas que o nosso Tribunal Constitucional deverá analisar são de natureza quase inversa. Na verdade, questiona-se a discriminação dos rendimentos do trabalho, em geral, dos funcionários públicos e dos reformados, em particular, e a contribuição extraordinária de solidariedade que incide sobre reformas que em pouco excedem os mil euros mensais.

    O Tribunal Constitucional não pode, assim, decidir à francesa, abstendo-se de confrontar a estrutura do Orçamento com princípios constitucionais tão básicos como a igualdade e a confiança. Estará de novo em causa, como já evidenciou o Acórdão relativo ao Orçamento de 2012, a discriminação negativa dos salários e das reformas quanto a outros rendimentos.

    E se chegar a ser colocada pelos Deputados a questão da progressividade do imposto (associada à supressão de escalões), o Tribunal Constitucional deverá precisar ainda o significado do princípio da equidade fiscal. Terá de esclarecer qual é o grau de exigência que resulta da previsão constitucional de um imposto sobre o rendimento "único e progressivo".’