Mostrar mensagens com a etiqueta Moçambique. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Moçambique. Mostrar todas as mensagens

domingo, dezembro 08, 2013

Dos pontapés de Cavaco na Constituição às causas das coisas


      “(…) e a posição de Portugal foi sempre clara do princípio ao fim: nós exigimos a libertação dos presos políticos, nós queremos o fim do apartheid, mas não queremos a luta armada (…).”

Chama um leitor a atenção, na caixa de comentários deste post, para o que estabelece a Constituição da República Portuguesa (artigo 7.º, n.º 3): “Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito à insurreição contra todas as formas de opressão.” Depois, o leitor coloca a seguinte questão: para Cavaco Silva, “insurreição” seria o quê?

Se no entender de Cavaco Silva os povos não têm o direito à resistência armada para enfrentarem a opressão e a injustiça, então qual posição de Cavaco Silva em relação aos movimentos de libertação de Angola, de Moçambique e da Guiné? E em relação ao golpe militar do 25 de Abril feito pelo Movimento das Forças Armadas?

Aqui nasce o problema. O regime democrático ignora, para não se envergonhar, que teve dez anos como primeiro-ministro e, se calhar, outros tantos como Presidente da República alguém que, já homem feito, escreveu numa ficha da PIDE/DGS estar “integrado no actual regime” fascista e que não se coibiu, num espaço opcional de observações dessa ficha, de se demarcar do sogro pelo facto de este se ter casado segunda vez: “O sogro casou em segundas núpcias com Maria Mendes Vieira, com quem reside e com quem o declarante não priva.”

A História é indispensável para perceber a realidade que nos cerca.

sexta-feira, outubro 25, 2013

A trabalhar todos os dias para escaqueirar a CPLP


Machete soma e segue: agora, foi a vez de Moçambique. Não me refiro ao facto de o ministro dos Negócios Estrangeiros ter ficado inerte perante os acontecimentos que abalaram Moçambique, nem sequer tendo sido capaz de envolver a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na intermediação do conflito.

Para fazer prova de vida, o ministro dos Negócios Estrangeiros decidiu fazer uma nota à imprensa (para consumo doméstico). Para tanto, Machete terá ido ao cacifo e sacou uma cábula: “O Governo português acompanha com preocupação a situação em Moçambique, nomeadamente na Gorongosa, e lamenta a perda de vidas humanas”.

Estranhei o teor do comunicado, porque não tinha lido em lado nenhum ter ocorrido a “perda de vidas humanas”. Por isso, em lugar de reagir de imediato, pedi a amigos que vivem em Moçambique que me confirmassem o que a imprensa local relatou sobre os incidentes. Enviaram-me edições de vários jornais (cujos cabeçalhos reproduzo acima). Não há notícia de ter havido “perda de vidas humanas”. Talvez por isso, a referência à “perda de vidas humanas” que consta da nota à imprensa aparece rasurada no site do Governo.

António Rodrigues, deputado do PSD, insinuava ontem que há “interesses de pessoas” e de outros países na origem do mal-estar entre Portugal e as ex-colónias, no caso Angola. Não é preciso: Machete, sozinho, consegue-o, sem precisar de apoio de terceiros.