• João Pinto e Castro, Lindos serviços:
- ‘Uma boa parte do crescimento do terciário consiste simplesmente na externalização de actividades que passam a ser adquiridas fora em vez de executadas dentro de casa. A crescente divisão do trabalho estimula desse modo o surgimento de empresas especializadas na prestação de serviços às empresas industriais. É assim que têm crescido os serviços financeiros, a advocacia de negócios, os serviços informáticos, a consultoria, a contabilidade, a auditoria, o design, a arquitectura e a publicidade, entre outros.
O angustiado apelo à reindustrialização que hoje escutamos decorre de um deficiente entendimento do que são e como funcionam as economias contemporâneas. O sector terciário não é uma alternativa ao secundário nem implica a sua extinção, antes ajuda a torná-lo mais sólido. Os serviços fortalecem a indústria qualificando a força de trabalho, cuidando da sua saúde, facilitando as comunicações e movimentando mercadorias, mas também ajudando-a directamente a tornar-se mais produtiva e a solidificar factores de diferenciação competitiva assentes, por exemplo, na inovação, no design e no marketing.
Precisamos urgentemente de melhor indústria, não necessariamente de mais indústria. Por isso, a nossa preocupação deveria antes centrar-se em fomentar o surgimento e consolidação tanto de indústrias como de serviços de alto valor acrescentado e alta tecnologia e em promover sinergias entre ambos. Tudo o resto não passa de crença supersticiosa na superioridade intrínseca das coisas e da sua manipulação sobre as ideias e o poder do espírito.’