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— Pedro, ficas para a fotografia da praxe, mas não abres o bico. |
“Nunca critiquei o Tribunal Constitucional”, disse hoje Durão Barroso em Bruxelas, com o emplastro de São Bento a seu lado. Se nos recordarmos que, ainda há um mês, Barroso considerou que haveria “caldo entornado” em Portugal caso se verificasse falta de “responsabilidade de todos os órgãos de soberania”, poderemos concluir que o quase ex-presidente da Comissão Europeia estava a dar um açoite humilhante na direita, que tem “uma maioria, um governo e um presidente”, mas que se revela incapaz de fazer um orçamento do Estado sem normas inconstitucionais?
Em todo o caso, veja-se a desfaçatez de Barroso: no caso de o Tribunal Constitucional considerar inconstitucionais algumas normas do Orçamento do Estado para 2014, ele entende que o Governo “terá de substituir essas medidas por outras medidas, medidas provavelmente mais gravosas e medidas que provavelmente terão um efeito mais negativo em termos de crescimento e emprego.”
Barroso não diz por que terão de ter adoptadas “medidas provavelmente mais gravosas” (castigo?), nem por que razão as medidas de substituição terão “um efeito mais negativo” (sabendo-se, de resto, que os cortes na despesa têm um efeito mais recessivo do que os aumentos de impostos). Mas Barroso não diz, mas deixa subentendido, que a Comissão Europeia está de olho no Tribunal Constitucional. A seu lado, o emplastro de São Bento referendou, pelo silêncio, a intromissão na política interna de Portugal.