• João Galamba, Encruzilhadas da social-democracia europeia:
- «(…) No contexto europeu, não podemos dizer que o PS fique mal na fotografia. Não só venceu, como tem uma percentagem de votos superior à média dos partidos da mesma família política. Mas isto diz-nos mais sobre a crise da social-democracia europeia do que sobre a vitória do PS.
Em Portugal, PSD e CDS foram rejeitados por uma enorme maioria do eleitorado. E o PS fez história ao ter vencido a direita coligada. Mas não podemos dizer que o PS tenha tido uma vitória histórica, longe disso.
É hoje evidente que existe um largo consenso na sociedade portuguesa de que o país precisa de uma mudança. Mas, olhando para os resultados destas eleições, também parece evidente que o PS ainda não está em posição liderar essa grande maioria, sobretudo quando os partidos que mais crescem - o PCP e o MPT - são, de forma diferente, anti-poder, e portanto anti-PS.
O país rejeita o governo e deseja uma alternativa. Mas ainda não acredita que essa alternativa exista. Se estes resultados se repetissem nas legislativas, o país que rejeita o governo ficaria condenado a vê-lo regressar, aliado ao PS, num bloco central frágil e inconsistente, que só poderia ter efeitos negativos para a democracia portuguesa. E que teria certamente resultados desastrosos para o PS.»