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segunda-feira, maio 26, 2014

Encruzilhadas da social-democracia europeia

• João Galamba, Encruzilhadas da social-democracia europeia:
    «(…) No contexto europeu, não podemos dizer que o PS fique mal na fotografia. Não só venceu, como tem uma percentagem de votos superior à média dos partidos da mesma família política. Mas isto diz-nos mais sobre a crise da social-democracia europeia do que sobre a vitória do PS.

    Em Portugal, PSD e CDS foram rejeitados por uma enorme maioria do eleitorado. E o PS fez história ao ter vencido a direita coligada. Mas não podemos dizer que o PS tenha tido uma vitória histórica, longe disso.

    É hoje evidente que existe um largo consenso na sociedade portuguesa de que o país precisa de uma mudança. Mas, olhando para os resultados destas eleições, também parece evidente que o PS ainda não está em posição liderar essa grande maioria, sobretudo quando os partidos que mais crescem - o PCP e o MPT - são, de forma diferente, anti-poder, e portanto anti-PS.

    O país rejeita o governo e deseja uma alternativa. Mas ainda não acredita que essa alternativa exista. Se estes resultados se repetissem nas legislativas, o país que rejeita o governo ficaria condenado a vê-lo regressar, aliado ao PS, num bloco central frágil e inconsistente, que só poderia ter efeitos negativos para a democracia portuguesa. E que teria certamente resultados desastrosos para o PS.»

sexta-feira, março 07, 2014

Carta a um pontapé




• Fernanda Câncio, Carta a um pontapé:
    «Escrevo quatro dias depois de te ter visto. É com perplexidade que reconheço que poderia nunca ter sabido de ti, já que os canais de TV que habitualmente sigo te ignoraram, e os jornais que leio, a começar por este em que trabalho, só te noticiaram porque houve um canal de cabo que te mostrou. Não fosse esse canal, que tenho por exemplo do que o jornalismo não deve ser, terias ficado clandestino, graças ao que, levaram estes dias a explicar-me, seria um nobre acordo de cavalheiros entre quem te desferiu, o vai para 40 anos assessor de imprensa do PSD José Mendonça (Zeca para todos) e quem levou contigo, o meu colega Paulo Spranger - porque o Zeca pediu desculpa ao Paulo, que aceitou as desculpas. E pronto, dizem-me: é circular, faz favor, não há mais nada para dizer. Mas olho para ti e não vejo nada de cavalheiro, nem de nobre, nem de senhor. Ou por outra, vejo um senhor pontapé. Gratuito, deliberado, discreto, profissional - um pontapé de quem sabe dá-los. É o que se vê no corredor do hotel onde decorreu no domingo o Conselho Nacional do PSD: o Zeca, acompanhando Relvas, afasta-se dele e caminha, calmo e ligeiro, para Spranger, que está a fotografar Relvas. Pespega-lhe um pontapé e a seguir segura-o (para que não caia?). É o pontapé de um assessor de imprensa, no desempenho das suas funções, a um jornalista a tentar desempenhar as suas. É o pontapé do funcionário de um partido, o principal partido do Governo, a agredir fisicamente alguém ao serviço de um jornal - portanto, o jornal. É o pontapé de um membro do Conselho de Opinião da RTP - porque Zeca Mendonça é-o - a fazer algo que, além de constituir uma ofensa à integridade física, pode ser configurado como "atentado à liberdade de informação", punido com prisão até dois anos caso "o infrator for agente ou funcionário do Estado ou de pessoa coletiva pública e agir nessa qualidade." É muito para ver num pontapé? Vindo de quem, na minha experiência profissional, sempre foi, além de eficiente, simpático? É. Diz Zeca que se descontrolou. Pois não vejo ali, em ti, pontapé, descontrolo nenhum. Pelo contrário: vejo um controladíssimo pontapé, a controlar. "Um pontapé não define uma pessoa", garante, em procissão de elogios no Facebook do Zeca, um ror de gente, muita dela habitualmente inflamada contra "tentativas de controlo" e "asfixias democráticas". Em estando uma pessoa em causa, poder-se-ia discutir isso (aliás, resumir o caso a uma escolha entre linchar e perdoar Mendonça define bem aquilo a que chegou a nossa vida pública). Mas não está. Está um funcionário do PSD a zelar pela imagem do partido. Está a imagem do partido. E se o silêncio do PSD sobre o ocorrido mostra quão bem lhe vai este pontapé ao parecer (uma semana depois do discurso da pancada, até rima), o do jornalismo mostra que merece. Até à próxima, pois, pontapé

sábado, outubro 27, 2012

A coligação PSD/CDS/RTP/SIC/TVI


Há várias horas que, de forma quase ininterrupta, todos os canais de notícias fazem directos, acéfalos e anti-jornalísticos, das "jornadas parlamentares" do Partido Gaspar.
1. Eis o pensamento de Coelho&Relvas para os media: uma espécie de circuito interno de TV, à escala nacional, sem mediação jornalística (*);

2. Se a estratégia até tinha essa virtualidade propagandística, a concretização é o inevitável: um desfile interminável de ministros a contar anedotas,  numa exposição quase pornográfica das capacidades governativas de tal elenco.

3. Felizmente, está um belo sábado de inverno solarengo e as televisões ficaram a falas sozinhas - a fazer directos que apenas estão a ser vistos nas redacções das concorrências.

(*) um primeiro exemplo ao vivo do Plano Marshall que Carlos Magno está a pensar (passe o exagero...) para a Comunicação Social.