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quarta-feira, junho 12, 2013

Os comentadores e a crise

• José Pacheco Pereira, Os comentadores e a crise [hoje na Sábado]:
    ‘Nem todos os autores ou comentadores tiveram na crise a sua oportunidade, outros passam-lhe ao lado sem nenhum papel relevante no espaço público como "intelectuais orgânicos" da crise, mesmo que o sejam no âmbito mais vasto daquilo que hoje se chama pejorativamente o "regime", ou o "sistema". Independentemente dos méritos que possam ter os seus comentários, Marcelo, Miguel Sousa Tavares, Marques Mendes nada acrescentaram ao argumentário da crise.

    Talvez Marcelo, com a utilização sistemática da dicotomia "discurso político"/ governação, ou seja, "a governação até nem é tão má como isso", mas o "discurso político" é inexistente, possa ter fornecido uma interpretação, muito favorável ao statu quo, mas coerente com o seu modo de ver a política, que tão influente é no jornalismo.

    Nos comentários, economistas políticos como Bagão Félix e Manuela Ferreira Leite assumiram o papel de uma oposição democrata-cristã e social-democrata ao poder "neoliberal", que tinha ficado vazio com o silêncio doentio que os partidos PSD e CDS trouxeram ao espaço público, muito semelhante à desertificação que Sócrates trouxe ao PS na sua longa governação e Cavaco ao PSD antes. Há excepções a esta regra, mas nem por isso deixa de ser regra.

    Nos socialistas, Sócrates está mais no centro do debate público "orgânico", por inesperado que possa parecer. Não porque os seus comentários sejam surpreendentes, não porque os seus dados sejam fiáveis¹, mas porque, combatendo a sua damnatio memoriae, trouxe para a crise a "narrativa" alternativa da sua origem e, em conjunto com Santos Silva, Pedro Silva Pereira, Galamba, Fernando Medina e alguns jovens deputados do PS, tem conseguido uma consistência a milhas da orientação (?) de Seguro e seus homens.

    Do outro lado, da esquerda, o PCP tem-se mostrado um deserto ideológico e político, preso numa linguagem de pau, em que o "Pacto de Agressão" é uma versão de como a escolástica se sobrepõe ao debate. Apenas alguns economistas ligados à CGTP têm dado contributos interessantes. Louçã e as equipas dos jovens sociólogos ligados ao Bloco de Esquerda que escreveram Não Acredite em tudo o que Pensa e a outros grupos radicais, como Raquel Varela, pegaram na crise do ponto de vista da sociedade, também da economia, e contribuíram para um argumentário alternativo ao "ajustamento".

    A ênfase na sociedade e na política em detrimento da aproximação económica caracteriza esta argumentação, que se encontra também em textos de Elísio Estanque e André Freire. No Facebook (que acompanho mal, visto que não faço parte dele) também surgiram vozes que se tornaram virais nesse meio, como a de António Pinho Vargas.’

    _______
    ¹ JPP, tendo acesso a muitos órgãos de comunicação social, há-de explicar quais são os dados usados por Sócrates que não são fiáveis. Aguardemos — sentados.

sexta-feira, março 29, 2013

Brechas na narrativa

O Negócios online inaugurou a moda do fact checking com a entrevista de José Sócrates à RTP. E fê-lo - há que reconhecer - de forma profissional e equilibrada. Factos são factos e Sócrates colocou-os em cima na mesa durante a entrevista.
Mas a moda pegou e nas últimas horas jornais e televisões desataram a "analisar" a entrevista.
Obviamente, a pequenez profissional e moral que caracteriza o meio está a dar azo a uma série de artigos cujo objectivo é apenas repor a narrativa anti-Sócrates construída nos últimos anos pela direita e seus comentadores.
Nota-se, porém, que essa é uma narrativa que começa a mostrar algumas brechas. E ainda estamos no inicio.