Antoine Buéno é um professor francês que publicou agora um livro “Le Petit Livre Bleu: Analyse critique et politique de la société des Schtroumpfs”, onde faz uma análise sobre os bonecos azuis, investigando a história dos Estrunfes, as mensagens subliminares de cada personagem, o dia-a-dia das histórias. No seu estudo, o autor garante ter encontrado vários valores totalitários.
terça-feira, 7 de junho de 2011
Os parisienses são capazes de tudo!
Antoine Buéno é um professor francês que publicou agora um livro “Le Petit Livre Bleu: Analyse critique et politique de la société des Schtroumpfs”, onde faz uma análise sobre os bonecos azuis, investigando a história dos Estrunfes, as mensagens subliminares de cada personagem, o dia-a-dia das histórias. No seu estudo, o autor garante ter encontrado vários valores totalitários.
Posted by Daniel Melo at 23:33 1 comments
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segunda-feira, 18 de abril de 2011
Tintin no Congo vai a tribunal por racismo: está certo?
Apesar de ser fã do Hergé, concordo com este pedido concreto. Os adultos que quiserem que o comprem para os seus filhos. Já discordo de fitas amarelas a denunciar conteúdo atentatório. Mas há mais. Para quem quiser saber o resto pode ver aqui.
Posted by Daniel Melo at 21:58 3 comments
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terça-feira, 7 de dezembro de 2010
SOS Racismo festeja 20 anos
Posted by Daniel Melo at 23:28 2 comments
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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Caderno de memórias coloniais
Por estar atenta a essa literatura autobiográfica ou memorialística sobre África, escrita por portugueses que regressaram à antiga metrópole depois das independências africanas, posso dizer que Caderno de memórias coloniais (Coimbra, Angelus Novus, Dez. 2009), de Isabela Figueiredo (autora do blogue Novo Mundo), é um livro fora do comum. Ao contrário da esmagadora maioria da «emergente literatura dos 'retornados'» (como lhe chamou Sheila Khan), é um exclente livro em termos literários. E esse será o melhor motivo para ler e recomendar a obra. Acresce que consegue dar um contributo significativo para a desconstrução de uma imagem hegemónica e monolítica das vivências dos colonos portugueses em África. A partir das memórias de infância e adolescência, trabalhadas literariamente, somos confrontados com a sua visão do sistema colonial, do racismo, da sexualidade, do «retorno», da sociedade portuguesa... Como pano de fundo e elemento catalizador, a sua relação com o pai; figura que, para ela, a partir de certa altura, passou a personificar o colonialismo. Não obstante a educação e os valores cristãos que sempre lhe transmitiu.
O colonialismo português paternalista do pós-II Guerra Mundial, que a um ideário humanista (fundado numa suposta vocação ecuménica dos portugueses) continuava a aliar uma prática de violência, discriminação e exploração dos africanos, ganha corpo neste livro.
Posted by Cláudia Castelo at 22:36 0 comments
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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
A deriva filo-fascista ainda mal começou...
Posted by Daniel Melo at 22:00 2 comments
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sábado, 17 de outubro de 2009
Importa-se de repetir? - parte II
Posted by Zèd at 14:40 0 comments
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Importa-se de repetir?
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terça-feira, 30 de junho de 2009
...e os motins da banlieue (2005) foram há tanto tempo que já ninguém se lembra.
Posted by Zèd at 18:46 0 comments
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quinta-feira, 5 de março de 2009
Uefa adota “tolerância zero” contra o racismo no futebol
Ufa! Finalmente a Uefa tomou uma medida um pouco mais efetiva contra o racismo no futebol. Ontem, a entidade realizou a sua 3ª conferência “United Against Racism”, onde discutiu o tema visando a adoção de algumas punições mais severas, que não sejam somente aquelas multas (ir)risórias que os milionários clubes europeus pagam com um puta sorriso no rosto e tudo fica na mesma. Ficou decidido que os árbitros deverão adotar medidas de “tolerância zero”. Entre as punições previstas, estão a interrupção do jogo e a equipe que tiver o torcedor racista será considerada derrotada por 3 a 0. Aianda é pouco, mas já é alguma coisa. Mais.
Posted by Sappo at 07:11 0 comments
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Humanidade sem raças?
Este é o título do livro onde o geneticista Sérgio D. J. Pena desmistifica o conceito de “raças, cujos excertos destaco. "Não existem 'raças' humanas.Elas são produto da nossa imaginação cultural, um conceito empregado não só para estudar populações, mas também para criar esquemas classificatórios que parecem justificar a dominação de alguns grupos por outro”(...) “A Bíblia nos apresenta os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: Morte, Guerra, Fome e Peste. Com os conflitos na Irlanda do Norte, em Ruanda e nos Bálcãs, no fim do século passado, e após o 11 de Setembro, a invasão do Afeganistão e do Iraque e os conflitos de Darfur no início do século 21, temos de adicionar quatro novos cavaleiros: Racismo, Xenofobia, Ódio Étnico e Intolerância Religiosa.” Leia aqui a resenha e o livro poderá ser comprado aqui.
Posted by Sappo at 18:50 1 comments
Labels: ciência, livros, racismo, Sérgio D. J. Pena, xenofobia
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Sexo: Feminino. Nacionalidade: Brasileira.
Foram justamente estes dados do bilhete de identidade que levou a advogada brasileira a ser cruelmente torturada por um grupo de skinheads neonazistas suíços. Paula Oliveira estava grávida de 3 meses de gêmeas e terminou por perder os bebês. Depois de ser barbaramente agredida a socos e chutes por mais de 15 minutos, cortaram-lhe o corpo inteiro com estiletes a até “escreveram” em sua barriga e pernas a sigla SVP (Scheiz Volks Partei – em português, Partido Popular da Suíça). Este partido é composto por grupos de ultradireita e xenófobos e centra toda a sua campanha eleitoral em temas populistas, onde o imigrante do país é seu principal alvo de ataque. Mais detalhes e imagens desta selvageria aqui.
Imagens: Um dos cartazes de campanha eleitoral do SVP, onde uma ovelha negra é expulsa do país por outras brancas, com o texto: "Pela expulsão de estrangeiros criminosos. Criar Segurança". Infelizmente, este não é um ato isolado de xenofobia. Abaixo, um vídeo sobre a onda de xenofobia e racismo que se alastra pela Europa.
Adendo - Finalmente um jornal europeu escreve sobre o assunto: Este episódio está a gerar alguma tensão diplomática entre a Suíça e o Brasil. Ainda de acordo a agência noticiosa brasileira, o caso ganhou contornos políticos depois de a cônsul-geral do Brasil em Zurique, Vitória Clever, ter constatado que a polícia local não abriu nenhuma investigação ao sucedido nem sequer tentou identificar os autores do ataque.
domingo, 18 de janeiro de 2009
Porque será que ainda existe racismo?
Em França a polícia pode interpelar uma pessoa sem precisar de uma justificação para o fazer, são os "coltrôles au faciès". Não existem dados oficiais sobre estas interpelações, um polícia nem sequer tem que preencher papel algum. No entanto CRAN (Conseil Répresentatif des Associations de Noirs) solicitou uma sondagem à CSA sobre a incidência, e a conclusão foi que os membros das minorias visíveis são duas vezes mais controlados pela polícia do que a média da população. Infelizmente não é muito surpreendente, mas fica a demonstração de que as interpelações arbitrárias pela polícia resultam em discriminação, e mesmo em racismo institucional. O CRAN, lançou a semana passada uma campanha de sensibilização para o problema, e fez vir dos EUA um sósia de Barack Obama para realizar o vídeo que está ali abaixo. A campanha tem sido um sucesso pelo menos da internet, segundo o presidente do CRAN, Patrick Lozès, o vídeo foi visto 160000 vezes em dois dias. Note-se que o CRAN não deseja o fim do "contrôle au faciès", mas propõe que um polícia que interpele uma pessoa seja obrigado a preencher um relatório indicando os detalhes e - sobretudo - a justificação para a interpelação. É uma proposta, na minha humilde opinião, bastante razoável, pretende-se apenas responsabilizar o polícia. Uma medida idêntica foi adoptada do Illinois quando Obama era senador, e foi uma das experiências que inspirou a proposta do CRAN, ainda segundo Lozès. De notar também que a chefia da Polícia acolheu favoravelmente esta campanha, tal como os meios político (com a excepção do ministro da Imigração e Identidade Nacional Eric Besson).
Curiosamente, quando o CRAN lança esta iniciativa e quando Obama se prepara para tomar posse, a revista Science publicou um artigo científico em que se analisa o comportamento de indivíduos que presenciam actos de racismo. O ponto de partida do estudo é uma aparente contradição das sociedades actuais: se por um lado o racismo é hoje em dia geralmente condenado e fortemente reprimido, por outro lado os actos racistas continuam a fazer parte do nosso quotidiano. A conclusão principal do estudo que explica, pelo menos em parte essa contradição, é que geralmente alguém que testemunhe um acto de racismo reage muito mais passivamente do que pensaria reagir. Entre a reacção que uma pessoa diz que teria caso presenciasse um acto de racismo, e a reacção que ela efectivamente tem, vai uma distância considerável. Infelizmente, mais uma vez não surpreende, mas a prova empírica vale ouro. E sim, o racismo ainda existe...
Posted by Zèd at 22:54 0 comments
Labels: França, preconceito racial, racismo
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Nós aqui em França, no combate ao racismo, estamos muito à frente dos EUA
A ministra do Interior, Michèle Alliot-Marie, anunciou esta semana a nomeação Pierre N'Gahane para Prefeito (vagamente equivalente do Governador Civil) do departamento "Alpes de Haute-Provence". Quem sabe se no afã de não se ficar atrás da Obamania reinante, e para demonstrar que em França também temos governantes negros, o comunicado do oficial faz questão de precisar que se trata do primeiro Prefeito negro da República Francesa. E vai daí os media fazem coro a anunciar a nomeação do primeiro Prefeito negro da República (Le Parisien, RTL, JDD, Le Point, Le Post, etc... etc...). Simplesmente não é o primeiro Prefeito negro, honra lhes seja feita o Nouvel Obs reparou que houve vários anteriores, N'Gahane é pelo menos o quarto. A diferença, se é que é uma diferença, é que os anteriores são oriundos das Antilhas, entre os quais se encontra uma mulher, Marcelle Pierrot (na foto), enquanto que N'Gahane é oriundo de África. E nem sequer é o pimeiro prefeito oriundo da imigração, é apenas o primeiro prefeito negro oriundo da imigração, como aliás o próprio Ministério do Interior veio rectificar. Esta pequena estória suscita-me várias questões/comentários:
- Será N'Gahane apenas uma vítima da discriminação positiva? O Ministério do Interior e próprio vêem-se obrigados a gastar o seu tempo a explicar que não, que é apenas uma questão de mérito. Se é verdade - e deixando de lado o "pormenor" do anúncio ser feito no dia seguinte à vitória de de Obama - porque razão é o Ministério do Interior quem faz questão de frisar tratar-se do primeiro prefeito negro (o que ainda por cima é falso)?
- Qual é a diferença entre negros das Antilhas e negros Africanos? Sobretudo tratando-se apenas de uma questão de mérito, para quê distinguir o que quer que seja?
- Se é por uma questão de discriminação positiva, e se é para "responder" à vitória de Obama, note-se que 1) Há uma pequena diferença entre presidente dos EUA e Prefeito dos "Alpes de Haute-Provence" 2) Obama não precisou de discriminação positiva para ser eleito presidente dos EUA.
- E como é que um comunicado do ministério aprece reproduzido por essa imprensa fora sem que a verificação dos factos mais elementares seja feita? Na circunstância apenas um facto, um só, e basta ir ver nas páginas intitucionais, há prefeitos negros actualmente em funções, e no caso de Marcelle Pierre nomeada em 2007, que não foi assim há tanto tempo e não é segredo de estado (para minha grande decepção até o Rue89 se esqueceu desse pormenor, apesar da notícia ter a qualidade habitual).
- E o que dizer do comentário da ministra da Justiça Rachida Dati: "Talvez que Obama se tenha inspirado no governo francês"?
- E o que dizer do comentário de Patrick Ollier, deputado da UMP (partido do governo): Se não houve candidatos "de cor"(sic) eleitos nas últimas eleições é "porque eles não tinham um nível à altura das eleições"?
Via Milton Dassier
Posted by Zèd at 07:28 0 comments
terça-feira, 21 de outubro de 2008
E na Europa?
* - por comparação com o panorama político europeu actual.
Posted by Zèd at 22:49 3 comments
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segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Um muçulmano pode ser presidente dos Estados Unidos?
Além do apoio a Obama, Colin Powell dá nessa entrevista uma lição de ética ao partido republicano. A forma como muitos republicanos instumentalizam o rumor de Obama ser muçulmano (cf. o segunda vídeo e a resposta desastrada de Mc Cain : “he’s a decent family man”) é vergonhosa e Powell aponta-o de forma clara.
Colin Powell
"He's an arab!"
Posted by Victor at 10:53 3 comments
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sábado, 31 de maio de 2008
O Maio de 67
Fica aqui o segundo episódio, de oito (todos disponíveis no Dailymotion), de um documentário sobre o Maio de 67 (Mé de 67, em crioulo)
Posted by Zèd at 10:42 0 comments
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terça-feira, 8 de abril de 2008
Boicotar ou não boicotar?
Imaginem o que seria se Pequim, este ano, fosse invadida por dezenas ou centenas de Tommys Smiths e Johns Carlos.
Posted by Zèd at 07:33 8 comments
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quarta-feira, 26 de março de 2008
Por falar em racismo
Gallas apresentou queixa contra o vendedor e a loja.
Posted by Zèd at 22:05 4 comments
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O Poeta da Negritude
et il reste à l'homme à conquérir toute interdiction immobilisée aux coins de sa ferveur
et aucune race ne possède le monopole de la beauté, de l'intelligence, de la force
et il est place pour tous au rendez-vous de la conquête"(1)
Aimé Césaire, Cahier d’un retour au pays natal (1956)
(este post é uma promessa antiga à Cláudia)
Voltando ao episódio do rev. Wright que parece ter causado mossa na corrida de Barack Obama para a Casa Branca. Afinal o que tem o rev. Wright de tão escandaloso? Do tempo que tive nos EUA (que foi bastante, e adorei) uma das imagens que me ficou foi, quando assisti a um jogo da NBA, ver adeptos negros, que provavelmente pagaram com metade do ordenado o seu bilhete, levantarem-se, tirarem o chapéu, e com a mão no lado esquerdo do peito ouvir o hino dos EUA. Ficou para mim como um mistério insondável na natureza que negros, num país onde o racismo é quotidiano, onde as desigualdades socio-económica entre negros e brancos são gritantes, onde foi preciso passar por uma guerra civil para abolir a escravatura e onde nem sequer a promessa dos dois acres e uma mula foi cumprida, que negros, dizia eu, respeitem e sintam esse país como a sua pátria. Custa-me a perceber que cause tanta indignação que o rev. Wright diga "God Damn America!". Não temos que subscrever o que ele diz, mas a reacção da virgem ofendida soa-me a hipocrisia.
Este episódio fez-me reler o magnífico "Cahier d'un retour au pays natal" de Aimé Césire, o poeta da negritude. O Cahier é uma poema sublime, e ao mesmo tempo um murro no estômago, brutal, que deixa qualquer um encostado às cordas. É todo ele atravessado pela questão identitária da negritude. O que é ser negro? O que há de comum a todos os negros? A sua história, o seu sofrimento, a sua sorte. Há claro, quase nunca explicitado, o sentimento do branco como o inimigo e o culpado do sofrimento do negro. Mas por vezes o dedo apontado ao branco vem à tona. Com cinismo: "Parbleu les Blancs sont de grands guerriers, / Hosannah, pour le maitre et pour le chatre-negre! / Victoire! Victoire! / vous dis-je: les vaincus sont contents!"(2) Com rancor: "Ecoutez le monde blanc / horriblement las de son effort immense / ses articulations rebelles craquer sous les étoiles dures / ses raideurs d'acier bleu transperçant la chair mystique / écoute ses victoires proditoires trompeter ses défaites / écoute aux alibis grandioses son piètre trébuchement / Pitié pour nos vainqueurs omniscients et naïfs!"(3)
É claro que o discurso identitário pode levado longe demais, e correr riscos. O próprio Césaire se questiona: "Mais quel étrange orgeuil tout soudain m'illumine?"(4) É esse orgulho que pode lavar a pisar o risco. Não temos que concordar com tudo. Mas alguém pode negar o sofrimento negro? Alguém pode negar a escravidão? Alguém pode negar o direito a indignar-se contra esse sofrimento? E apontar o dedo a quem o causou? E, mais importante ainda, alguém acredita que sem este sentimento alguma vez teriam os negros alcançado metade do que alcançaram nas suas lutas pelos direitos civis?
E no entanto, a mesma pena que incita ao orgulho negro, apela à tolerância e à convivência entre raças, como na frase que coloquei em epígrafe.
Aimé Césaire é originário da Martinique, que tal como a Guadeloupe e a Guiana Francesa, é um departamento ultramarino francês nas Caraíbas e cuja população é numa enorme maioria negra ou mestiça, descendente de escravos. Nos anos 1930 Césaire, estudante brilhante, foi para Paris estudar e conseguiu um lugar na elitista Ecole Normale Supérieure. Aí conheceu Léopold Senghor (primeiro presidente do Senegal independente) de quem se tornou amigo pessoal, amizade que durou até à morte de Senghor. Césaire, Senghor e outros inciaram então o movimento intelectual que denominaram a "Negritude". Foi pelo, pelo menos em França, o primeiro movimento intelectual de negros para defesa dos negros, com um real impacto junto dos brancos. Editaram jornais e revistas em que falavam das questões raciais, e publicaram as suas obras literárias. O Cahier foi publicado pela primeira vez em 1939, sendo revisto mais tarde, e re-publicado em 1956. Aimé Césaire, como Senghor, teve também uma vida política activa, e com uma longevidade assinalável. Foi deputado no Assembleia Nacional no pós-guerra, participando à redefinição dos departamentos regionais franceses, e foi maire de Port-de-France, a capital da Martinique, durante 56 (cinquenta e seis) anos. É ainda maire honorário. Com 95 anos continua ainda intelectualmente activo, de uma lucidez impressionante (foi um crítico particularmente certeiro de Sarkozy antes das eleições). E é sobretudo uma referência incontornável para os antilheses.
Sim, o orgulho negro pode ser levado longe de mais, mas sem ele, e sem negritude, nada teria mudado, e nunca teria existido qualquer movimento anti-racista. Aimé Césaire e Jeremiah Wright são diferentes, muito diferentes, mas o sentimento é muito parecido.
O Cahier d'un retour au pays natal, é uma obra-prima, e é de facto um murro no estômago. Absolutamente essencial para (tentar) perceber o ponto de vista de um negro, por impossível que seja a quem não é negro percebê-lo. Foi logo de início e é ainda hoje uma obra emblemática, em França, em África, e até nos EUA. Começa assim: "Au bout du petit matin... / Va-t-en, lui disais-je, gueule de flic, guele de vache, va-t-en je deteste les larbins de l'ordre et les hannetons de l'esperance."(5)
tradução (possível):
(1)"mas a obra do homem apenas agora começou
e falta ainda ao homem conquistar todas as interdições fixadas nos resquícios do seu fervor
e nenhuma raça possui o monopólio da beleza, da inteligência, da força
e é um lugar para todos o encontro marcado com a conquista"
(2) Oh Céus os brancos são grandes guerreiros, Hosanah para o mestre e para o capado-negro! Vitória! Vitória! digo-vos eu: os vencidos estão contentes!"
(3) Oiçam o mundo branco horrivelmente exausto do seu imenso esforço / as suas articulações rebeldes sucumbir sob as estrelas duras / a sua rigidez de aço azul trespassa a carne mística / ouve as suas vitórias pérfidas aclamar as suas derrotas / ouve dos álibis grandiosos o seu miserável tropeçar / Piedade pelos nossos vencedores omniscientes e ingénuos
(4) Mas que estranho orgulho tão subitamente me ilumina?
(5) Ao cair da aurora... / Desaparece, dizia-lhe eu, focinho de bófia, focinho de vaca, desaparece detesto os labirintos da ordem e os escaravelhos da esperança.
Posted by Zèd at 07:44 2 comments
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quarta-feira, 12 de março de 2008
"Se Obama fosse um homem branco, ele não estaria nesta posição."
Sentenciou Geraldine Ferraro, a primeira mulher a concorrer à vice-presidência dos Estados Unidos, em 1984, e que integra a campanha de Hillary, em entrevista ao jornal The Daily Breeze of Torrance, publicada na última sexta-feira, numa clara manifestação racista. É assim que a senhora Clinton pretende vencer as primárias norte-americanas?
Adendo:
Posted by Sappo at 04:41 0 comments
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