Mostrar mensagens com a etiqueta Israel. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Israel. Mostrar todas as mensagens

sábado, 27 de agosto de 2011

Dois povos, dois Estados, dois países, agora!

Hoje o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para discutir o apelo da Palestina para se tornar o 194.º país do mundo. No entanto, governantes de países de destaque ainda estão em cima do muro. Somente um esforço gigantesco da opinião pública pode mudar a situação.
A Avaaz fez um pequeno, mas emocionante vídeo [vd. em baixo] mostrando que essa proposta legítima é de fato a melhor oportunidade para acabar com o beco sem saída das infinitas negociações mal-sucedidas e abrir um novo caminho para a paz.


Se concordar com esta causa, pode assinar a petição que a ong internacional Avaaz lhe dedica.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Intolerância, deriva belicista e domínio geo-estratégico: o que permitem a inimputabilidade internacional e a cegueira ideológica

Ocorreu hoje um dos piores actos de agressão do Estado israelita contra a comunidade internacional. Leram bem, contra a comunidade internacional. Foi um massacre de civis activistas de 40 países ocidentais e orientais envolvidos numa campanha de solidariedade com a população palestiniana da Faixa de Gaza, após meses dum bloqueio israelita insano àquele território (neste momento, estão confirmados 10 mortos e dezenas de feridos).

A viagem da «Flotilha da Liberdade» estava programada há algum tempo e a comitiva de c.700 pessoas incluía  deputados da Alemanha, Noruega, Suécia, Bulgária e Irlanda, sendo a maioria dos restantes elementos membros de ong's humanitárias, além duma Prémio Nobel, dum sobrevivente do holocausto, dum ex-senador dos EUA, de jornalistas e de tripulantes (vd. aqui). Israel intimidou desde cedo, pressionando para o seu acostamento em território israelita e não em território palestiniano, como se uma comitiva com intuitos humanitários não pudesse atracar num porto palestiniano sem autorização do auto-declarado ocupante (mesmo que nesta situação, a resposta é completamente desproporcionada e, muito provavelmente, ao arrepio do próprio direito internacional).

O facto do morticínio provocado por comandos israelitas ter ocorrido em águas internacionais, e cujas imagens ecoam a pirataria somali, não demoveu o governo israelita de procurar justificar o injustificável com a mais sinistra propaganda, que alguns (poucos) media ainda acham por bem acolher, seguindo a política bushista da «guerra de civilizações» e da protecção à outrance do sionismo ultrabelicista. Felizmente que a maioria dos media, acompanhando o coro internacional e unânime de críticas a um acto tão atroz, se distanciou de tais derivas belicistas, as quais provocaram uma crise diplomática sem precedentes: vd. «Israel accused of state terrorism after attack». Também a opinião pública internacional tem-se manifestado contra este crime um pouco por todo o mundo: «Clamor internacional contra el "baño de sangre" de Israel».

Porquê agora isto? Rebobine-se um pouco o filme e chegamos a uns dias atrás em que uma iniciativa diplomática de países emergentes na cena internacional (e, por consequência, na respectiva área regional) procuraram resolver diplomaticamente o «caso iraninao». Assim, por iniciativa diplomática, o Brasil intercedeu junto do Irão para que suspende-se o seu programa nuclear, enviando o seu material nuclear para a Turquia. Ora, nesta comitiva solidária, a maioria dos membros eram turcos, antes um dos poucos interlocutores muçulmanos de Israel... Para bom entendedor...

(para quem tem dúvidas é favor ler «Turquia acusa Israel de ter cometido um acto de "terrorismo de Estado"»).

Sobre a acção israelita e seu enquadramento vale a pena ler «Israël veut montrer qu'il reste maître chez lui», do historiador Pierre Razoux.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Israel e Palestina: o caminho da paz é difícil mas não inacessível

BandeirasIsraelPalestina Com os recentes acontecimentos no Irã, pouco ou quase nada se tem falado sobre as declarações do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitindo a possibilidade da criação de um Estado palestino. Esta foi a primeira vez que Netanyahu falou oficialmente sobre a questão. O premiê também destacou que a solução para o atual conflito se baseia no “reconhecimento sincero” por parte dos palestinos de que Israel é "um Estado nacional judeu". E assim, solicitou ao mundo árabe que colabore no sentido de se encontrar soluções de paz para a região e acrescentou estar disposto a negociar em qualquer lugar: seja em Beirute, em Damasco e também em Jerusalém.

Por seu lado, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) considerou que o primeiro-ministro israelense “bombardeou” os esforços de paz no Oriente Médio com o discurso que fez, onde colocou várias condições à criação de um Estado palestino. “Este discurso “bombardeia” todas as iniciativas de paz na região. Coloca entraves aos esforços que visam salvar o processo de paz num desafio claro à administração norte-americana”, disse o porta-voz da ANP, Nabil Abou Rudeina, que também criticou o fato de Netanyahu não ter excluído o congelamento dos colonos nos territórios palestinos. Enfim, membros do alto escalão do governo palestino disseram que a imposição de determinadas condições significa fechar as portas às negociações. Mas não descartam a abertura de conversações.

Já o Hamas, que até ontem se opunha frontalmente a abertura de diálogo parece ter mudado um pouco de ideia e se diz disposto a negociar. Claro que impondo condições. Em seu encontro com ex-presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, o chefe de governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, afirmou que “se existe um projeto realista para resolver a causa palestina com o estabelecimento de um estado nos territórios ocupados em 1967 (Guerra dos Seis Dias) e com plena soberania, nós o apoiaremos”. O problema é que Netanyahu não aceita sentar-se à mesa de negociação com representantes do Hamas.

Em síntese, vejamos o que quer cada uma das partes.

Israel:

- Um Estado nacional judeu.

- Jerusalém como capital indivisível de Israel.

- Reconhecimento de Israel como um Estado judaico

- A questão dos refugiados deve ser negociada fora das fronteiras de Israel

- Um Estado palestino desmilitarizado.

- Não será admitido qualquer pacto militar com o Hezbollah e com o Irã.

Autoridade Nacional Palestina:

- Retorno de Israel às fronteiras pré-1967.

- Divisão de Jerusalém entre os 2 Estados.

- Desmantelamento dos assentamentos.

- Uma solução para os refugiados.

Hamas:

- Exige sem pré-condição a volta de todos os refugiados.

- E aceita uma trégua com Israel por apenas 10 anos se os israelenses retornarem para as fronteiras pré-1967.

Seja como for, é possível agora ver uma luz no final do túnel no processo de paz para palestinos e israelenses. Claro que as negociações poderão ser tenazes por parte dos envolvidos, cada qual defendendo seus interesses. Mas não impossível. O importante é que sejam dados os primeiros passos ao encontro de soluções consensuais para a coexistência pacífica e duradora entre esses 2 povos. Se usarem do bom senso, esta possibilidade não será mais uma miragem no desertol. O campo será sempre fecundo pra quem sabe conviver harmoniosamente com as diferenças e delas fazer uma coexistência edificante.

sábado, 13 de junho de 2009

Reeleição de Ahmadinejad agrada Israel

eleições no irã Parece contraditório mas não é. Segundo a lógica da direita (e da extrema-direita ) que governa Israel, quanto mais radicais forem seus inimigos mais argumentos ela terá para justificar um possível confronto armado. Ao atual governo israelense não interessa um presidente iraniano que promova o diálogo com os EUA e procure reduzir a tensão entre os dois países. Muito pelo contrário. Quanto mais hostis se mostrarem em relação ao Ocidente, melhor é para o premier israelense, Benjamin Netanyahu, que teria como justificar um ataque "preventivo". E Mir-Hussein Moussavi poderia ser esse homem, pois durante toda a sua campanha não se cansou de defender a necessidade de se combater a imagem "extremista" que o Irã tem no exterior. Isso por si só já seria algo de muito positivo e um grande avanço na política externa de Teerã.

Claro que Moussavi não seria sinônimo de grandes transformações internas como imaginam muitos, mesmo porque quem manda na República Islâmica são os aiatolás e cabe a eles de fato a decisão final sobre qualquer assunto de Estado. Porém, não tenho dúvidas de que o ex-primeiro-ministro derrotado (que não aceita a derrota e está a contestar o resultado oficial) seria, com certeza, mais cauteloso e equilibrado no trato das relações internacionais. Mas, enfim, o vitorioso ao que parece (com mais de 64 por cento dos votos - conoforme informação oficial) das eleições de sexta-feira foi o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad. Era tudo que Israel queria. Em outras palavras: juntou-se a fome com a vontade de comer. Vamos a ver no que isso vai dar. Mais aqui e aqui.

Foto AFP

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Para que conste

É por demais evidente, a ofensiva militar de Israel em Gaza não tem de todo por objectivo acabar com os rockets do Hamas. Nem sequer os israelitas acreditam nisso. Os objectivos são outros e parecem estar a ser conseguidos. Que morram centenas de civis em nome de uma causa tão nobre quanto umas meras eleições legislativas será apenas um detalhe. Ainda para mais eleições legislativas em Israel não são propriamente um acontecimento raro.
Não surpreende, mas não deixa de ser muito relevante que a grande maioria dos israelitas apoie a operação militar em Gaza mesmo achando que não vai impedir o lançamento de rockets. Presume-se portanto que uma grande maioria dos israelitas concorda que a punição dos palestinos é legítima em si mesma, a punição pela punição (colectiva, note-se). Será a ofensiva Israelita em Gaza (e a política de Israel para com a Palestina) apenas uma consequência normal da democracia?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

“Israel está simplesmente lutando por sua liberdade e pela sobrevivência de sua gente. Não deseja destruir outro povo.” (???) - atualizado

israel Como não deseja destruir outro povo se já o faz há anos!? Pra tanto, basta lembrar que Israel não permite o retorno dos cerca de 4.000.000 de refugiados palestinos espalhados pela Jordânia, Egito, Líbano e alhures, vítimas da agressão militar e do expansionismo israelense. Enquanto isso, judeus originários de qualquer parte do mundo têm o direito de se estabelecerem no Estado de Israel (Lei do Retorno). Deixo aqui o meu ponto de interrogação, sr. Gilles Bernheim. Mais.

********

noticia_12201_normal

ONU defende direito de palestinos fugirem para outros países

(É o que diz o Alto Comissariado para os Refugiados, António Guterres.)

É a sério isto ou querem tapar o Sol com a peneira? Creio que a ONU deveria defender de forma cristalina o direito de os palestinos terem um Estado livre e soberano, pra não precisarem se refugiar noutros países e nunca mais poderem voltar pra terra onde nasceram, se criaram e de onde estão sendo expulsos há anos, a exemplo do que já acontece com os quase 4.000.000 deles. Na foto, um grupo de refugiados palestinos, em 1948. Imagem retirada daqui.


domingo, 4 de janeiro de 2009

Em Gaza há amanhecer. Mas não sei se haverá o amanhã.

gaza ao manhacer

Foto AP

sábado, 3 de janeiro de 2009

Agora 80% de Gaza depende de ajuda humanitária (atualizado)

masp_palestinoa_AE2

tanques_app gaza - bombas

soldado art

Ontem, milhares de pessoas protestaram no mundo todo contra os ataques israelenses em Gaza. Foram registradas manifestações no Oriente Médio, na Ásia, na África, em alguns países europeus e em São Paulo, onde um grupo de apoio à Palestina liderou uma manifestação promovida por diversas entidades sindicais, partidos políticos e instituições de defesa dos direitos humanos. Sem dar ouvidos ao mundo, a artilharia israelense bombardeou hoje a Faixa de Gaza, enquanto tropas e tanques faziam uma ofensiva terrestre. Assim, sobe pra mais de 460 o número de mortos e aproximadamente 2.300 feridos. Agora 80% da população da região dependente completamente de ajuda humanitária. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha denunciou hoje que, pelo segundo dia consecutivo, o governo de Israel impediu a entrada em Gaza de equipes médicas, apesar de ter informado com antecipação as autoridades de sua chegada. Fonte: ONU.

Fotos: Agência Estado, AP e Efe.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Gaza pode ter sido vítima da política partidária israelense

palestinos(2) F-16_israeli_sobrevuela_territorio_palestino

As 100 bombas lançadas pelos 60 F-16 israelenses, que mataram ao menos 230 pessoas e deixaram mais de 700 feridas, poderia ter motivação política? Como o Pedro Doria, eu não descarto esta possibilidade. Na última sondagem com vistas às eleições de fevereiro, o Kadima (de centro e no governo) ficaria com 26 das 120 cadeiras do Parlamento, enquanto o Likud (de direita e na oposição) arrebanharia 32. Antes, estavam praticamente empatados. E a melhor forma de se vencer eleição em Israel é não se mostrar fraco perante os "terroristas palestinos". Este foi o mais violento ataque de Israel à Gaza desde que foi conquistada na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Claro que é condenável as hostilidades do Hamas, com disparos de mísseis Qassam contra o sul de Israel. Mas também é condenável a reação desproporcional da Força de Defesa israelense contra os palestinos. Principalmente, se este ataque devastador teve "apenas" uma finalidade político-partidária, onde inocentes (crianças e mulheres) civis também se tornaram vítimas dessa monstruosidade. Só imaginar isso, seria nojento demais pra qualquer pessoa minimamente civilizada. Fonte.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Espírito Natalino (2) - the wall, a prenda israelense

palestino_noel_APPalestino vestido de Pai Natal protesta, em Belém, contra a “barreira de segurança” que vem sendo construída por Israel na Cisjordânia. Esta barreira nada mais é que uma tentativa israelense de tomar territórios nos quais pretende-se fundar um Estado Palestino livre e soberano.

Foto AP

sábado, 1 de março de 2008

Profecias que se auto-realizam


Ontem:
O Ministro da Defesa de Israel avisa que um Holocausto pode vir a abater-se sobre os Palestinianos.

Hoje:
Pelo menos 32 Palestinianos mortos, mais de 70 feridos por raides israelitas só no dia de hoje (sábado, 1 de Março). Pelo menos 60 Palestinianos mortos nos últimos quatro dias (dos quais fazem parte bebés e crianças).
Adenda: Ao fim do dia de ontem (sábado) o número de Palestinianos mortos acabou em 61.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

40 anos de erros

A semana passada por ocasião dos quarenta anos da Guerra dos Seis Dias o Courrier International publicou um número especial com um excelente dossier sobre esse conflito e as consequências que teve para o Médio Oriente nos últimos quarenta anos. Sem re-inventar a roda este número traz uma visão algo nova (pelo menos para mim), e coloca a Guerra dos Seis Dias como momento fundador do confilto Israelo-Palestiniano como o conhecemos hoje. A estrondosa vitória de Israel em 1967 tornou-se no seu maior problema. Israel ocupou então os territórios palestinianos, podia depois ter trocado Terra por Paz mas ficou com a Terra. Não oferece qualquer contestação a necessidade que Israel tinha de fazer a Guerra dos Seis Dias para a sua própria sobrevivência naquele momento. A questão é a de saber o que fazer depois com a vitória. Os Partido Trabalhista, força política claramente dominante na altura, preferiu perseguir o sonho da Grande Israel, ocupou e começou de imediato a contruir colonatos (enganando o aliado americano, para depois fazer a política do acto consumado). A prazo não conseguiram nem a Grande Israel nem a Paz, o que ditou a destruição do próprio Partido Trabalhista e abriu a via para as forças políticas religiosas. Aliás o fenómeno simétrico aconteceu do outro lado, entre palestinianos como entre israelitas o conflito asfixiou os movimentos laicos e catapultou o extremismo religioso.
Do outro lado também abundaram os erros. Os países Árabes vizinhos nunca souberam (nel quiseram) negociar a Paz com Israel, nem os Palestinianos tão pouco. Arafat sempre foi muito mais um chefe de um movimento de resitência armada do que um Chefe de Estado. Nunca hesitou em comprar alianças e dividir as hostes para manter o poder (o que provavelmente não é alheio aos conflitos entre palestinianos que se vêm hoje).
Este número do Courrier International têm testemunhos dos que viveram a Guerra dos Seis Dias de ambos os lados. E sobretudo, o que apreciei bastante, apresenta opiniões de israelitas e palestinianos críticos para com o seu próprio campo. Como por exemplo o psiquiatra palestiniano Eyad Al-Sarraj que escreve um artigo de opinião defendendo que os palestinianos não aprenderam nada com os seus próprios erros, nem com as vitórias e derrotas de outros povos (como África do Sul e Argélia por um lado e Somália por outro). Apresenta também a visão de uma nova geração de historiadores do conflito. Por exemplo é Gershom Gorenberg, um desses historiadores, que refere que os Trabalhistas enganaram os governo americano com respeito aos colonatos, para levar a cabo a política do facto consumado.
No final a opinião consensual é, tragicamente, que nada de substanical mudou nos últimos quarenta anos. A Guerra dos Seis Dias criou um problema que persiste, sem melhorias e sem solução à vista. Para resumo vale a pena ler o editorial (na coluna da direita) de Philippe Thureau-Dangin, e este outro no The Economist a que o primeiro faz referência.