Como diz o próprio Obama, essa interdição há 22 anos, foi "baseada mais no medo do que em factos".
sábado, 31 de outubro de 2009
Claro que é apenas um pequeno passo insignificante (dirão os cínicos)
Como diz o próprio Obama, essa interdição há 22 anos, foi "baseada mais no medo do que em factos".
Posted by Zèd at 09:39 0 comments
Labels: Barack Obama, EUA, HIV, SIDA
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
Os melhores discos portugueses de 1960-2009?
A eleição coube a uma «Academia Blitz», uma equipa de mais de 50 individualidades do mundo da música, deste críticos e músicos a promotores. Eles escolheram 5 álbuns por década desde 1960. Hoje, o Público resolveu divulgar 25 dos álbuns eleitos como se fosse a lista completa. Como todas as listas (rankings, olé!), esta também é discutível, pelo menos a dos 25, atenção. Numa primeira olhada, constatei a presença dalgumas referências incontornáveis (Paredes, Amália, Carlos do Carmo, Fausto, Rui Veloso, etc.), mas também a ausência de alguns compositores/autores/cantores incontornáveis, como Sérgio Godinho, Brigada Victor Jara, António Variações, já para não falar doutros com relavância, seja em termos «sociológicos» seja em termos de reformulação da música tradicional popular (Xutos & Pontapés, Amélia Muge, etc.). E a presença doutras discutíveis, como os Humanos. Contudo, a lista completa de 170 álbuns («de sempre»?!) parece que só será conhecida na edição de Novembro da Blitz. Ou seja, mais uma vez o Público pôs o pé na poça, ainda por cima tendo um dos seus críticos (Vitor Belanciano) no júri!!! Resta-nos aguardar para ver. Espero que a lista final também contemple álbuns pouco conhecidos como o de música instrumental de Nuno Canavarro & Carlos Maria Trindade («Mr. Wollogallu»), que, para mim, é um álbum único no campo da música instrumental a nível internacional.
Mini-lista dos discos portugueses eleitos pela revista Blitz (1960-2009)
Anos 60
1. Carlos Paredes - Guitarra Portuguesa
2. Amália Rodrigues - Busto
3. José Afonso - Cantares do Andarilho
4. Filarmónica Fraude - Epopeia
5. Alfredo Marceneiro - The Fabulous Marceneiro
Anos 70
1. José Afonso - Cantigas do Maio
2. Carlos Paredes - Movimento Perpétuo
3. José Mário Branco - Mudam-se Os Tempos, Mudam-se as Vontades
4. Amália Rodrigues - Com Que Voz
5. Carlos do Carmo - Um Homem na Cidade
Anos 80
1. Rui Veloso - Ar de Rock
2. Heróis do Mar - Heróis do Mar
3. GNR - Independança
4. Fausto - Por Este Rio Acima
5. Madredeus - Os Dias da Madredeus
Anos 90
1. Pedro Abrunhosa – Viagens
2. Mão Morta - Mutantes S. 21
3. Ornatos Violeta - O Monstro Precisa de Amigos
4. Rui Veloso - Mingos & Os Samurais
5. Ornatos Violeta - Cão
Anos 00
1. Humanos – Humanos
2. Camané - Esta Coisa da Alma
3. Dead Combo - Vol. 1
4. Sam The Kid - Beats (vol.1)
5. Rodrigo Leão - Cinema
Posted by Daniel Melo at 22:11 0 comments
Uma sedutora arma contra o terror
Bem, não sei se esta arma é eficaz contra o terrorismo, mas é bem sedutora e original a coisa. Indianos revoltados após um ataque contra mulheres que bebiam em um bar se uniram para mandar um presente a militantes extremistas: cuecas. Mais de 5 mil pessoas, incluindo muitos homens, aderiram ao grupo, que se autodenomina Consortium of Pub-going, Loose and Forward Women (em tradução livre, Associação de Mulheres Avançadas, Fáceis e Frequentadoras de Bares) ou CPLFW no site de relacionamentos Facebook. Continua.
Posted by Sappo at 14:05 0 comments
Labels: feminismo, Internet, violência de gênero
Conversa pública contra a corrupção
Portugal viveu durante 48 anos sob uma ditadura que suprimiu os direitos políticos básicos dos cidadãos. Durante o período do Estado Novo, os portugueses estiveram, de facto, arredados da escolha e da definição das políticas públicas e do escrutínio da acção governativa. Depois da instauração da Democracia e, sobretudo, após a adesão de Portugal à CEE (1986) surgiu a preocupação de estabelecer mecanismos de controlo e de «public accountability» da acção de todos os representantes eleitos para os órgãos de soberania, governos regionais e autarquias locais. A obrigação de «prestar contas» à sociedade resulta do princípio da responsabilidade e da autoridade partilhadas (eleitores/eleitos).
Porém, no século XXI, verifica-se que no nosso país continua a existir um enorme fosso entre os quadros legais, entretanto ‘europeizados’, e as práticas concretas. Ora os arquivos (instituições e profissionais) têm um papel fundamental a desempenhar no reforço dos mecanismos de fiscalização da acção político-administrativa (tanto a nível central como a nível regional e local) por parte da sociedade civil. Os arquivistas e os arquivos públicos visam uma eficaz gestão da informação no seio das organizações onde se inserem, mas tendo como fim último uma gestão responsável e eficiente da ‘coisa pública’. Encontram-se ao serviço dos cidadãos e do bem comum e nunca ao serviço de interesses particulares deste ou daquele político/ governante/ superior hierárquico. Considero que os arquivistas devem afirmar-se como agentes pró-activos da imparcialidade e da transparência na Administração Pública, numa perspectiva de reforço da democracia participada e participativa.
Saúdo a iniciativa DGARQ pois é urgente reflectir sobre o problema da falta de transparência na máquina do Estado e "avaliar o papel e a qualidade dos sistemas de arquivo enquanto meios de contribuição para uma maior cidadania participativa e combate à corrupção".
O programa está disponível aqui.
Tudo indica que se seguirão outras conversas públicas (o título é excelente!) promovidas pela DGARQ. Espero que sejam muito participadas e frutuosas.
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*Alameda da Universidade, 1649-010 Lisboa
Imagem retirada do blogue Imprensa Livre.
Posted by Cláudia Castelo at 08:30 0 comments
Labels: arquivos, combate à corrupção, transparência
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
No país esquecido
Ainda sobre o documentário, cujo trailer pode ser visto aqui, recomendo a leitura do post «Agora só falta aqui o cimento», do Daniel Oliveira.
Posted by Daniel Melo at 00:01 0 comments
Labels: cinema documental, desigualdades construídas pelo Estado, ordenamento do território, política de desenvolvimento, política de transportes, região Douro
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Nuvens negras sobre o éden português
Recentemente, vários relatórios internacionais evidenciaram uma queda de Portugal em vários indicadores importantes, de 2008 para 2009. Refiro-me ao Índice de Desenvolvimento Humano da ONU (34.º lugar, com queda de 1 lugar), ao ranking internacional de corrupção (32.º lugar, com descida de 4 lugares; ap. Transparência Internacional, ainda para 2008), ao ranking da liberdade de imprensa (40.º lugar, com queda de 14 posições, ap. Repórteres Sem Fronteiras), e ao índice global da desigualdade de género (46.º lugar, com queda de 5 lugares; ap. NoGlobal Gender Gap Index2009).
Para quem gosta tanto de estatísticas, de rankings e de «avançar Portugal», a performance foi sofrível. Nuvens negras sobre o éden português, ou muito trabalhinho de casa para o novo governo emendar.
Posted by Daniel Melo at 23:50 0 comments
Labels: combate à corrupção, desenvolvimento, governo, igualdade de oportunidade, liberdade de expressão
Um simplex engripado
Posted by Daniel Melo at 22:05 0 comments
Labels: burocracia, política de saúde, saúde pública, simplex
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Via rápida para um jornalismo diferente
Posted by Daniel Melo at 22:33 0 comments
Labels: agenda cultural, Cultura, Internet, jornalismo, Manuel da Silva Ramos, media, revista A.23
Aline Calixto, o novo sabor do samba
O que há de novo na MPB? Musicalmente, nada de novo no Reino Tupiniquim. Apenas promessas. E de promessas o purgatório está cheio. O que realmente tem aparecido de novidades são as “inhas”: meninas bonitinhas, musiquinhas redondinhas, letrinhas quadradinhas e artistas fominhas (tipo multifacetadas - aliás, elas adoram usar esta maldita expressão durante as entrevistas para os globais Jô Soares e Serginho Não Sei O Que Das Coves). Mas tudo tem uma exceção. E essa exceção chama-se Aline Calixto, que há muito deixou de ser uma promessa pra se tornar uma grata realidade.
Graças ao bom Deus, Aline não é a dita artista multifacetada. Tem coisas próprias sim, mas também grava e recria outros bons compositores. Carioca de nascimento e mineira de criação (onde vive há mais de 20 anos – tem hoje 27), Aline trouxe novo sabor, brilho e frescor ao samba.
Nascida para o samba em Vicosa (MG) e consagrada na Lapa (RJ), ela sabe como ninguém a receita exata de como fundir o samba carioca ao das rodas mineiras, com ingredientes que vão desde os mais tradicionais, como compositores do calibre de Ataulfo Alves, Geraldo Pereira, Monarco e Nelson Sargento, com o sangue novo (e bom) dos mineiros Rodrigo Santiago, Toninho Geraes, Toninho Nascimento, Affonsinho e Renegado. Seu disco bem que poderia ser chamado de “Sabores”. Tem gosto original. Não é aquela mesmice de um prato requentado servido à la carte pela poderosa industria fonográfica. Enfim, é um disco para paladares exigentes.
Para aqueles que realmente gostam de novidades na MPB, Aline Calixto é o que de melhor surgiu em Pindorama nos últimos anos. O resto são coisinhas que o tempo se encarregará de esquecê-las. Para saber mais: site, blogue, MySpace e Twitter. Como se vê, ela também é uma verdadeira WEB 2.0. Saravá!
Posted by Sappo at 13:15 2 comments
Labels: Aline Calixto, MPB, Música Brasileira
Passado e futuro nas urnas do Uruguai
Posted by Daniel Melo at 01:11 6 comments
Labels: crimes contra a humanidade, direitos humanos, ditadura militar, eleições, memória colectiva, Uruguai, voto
domingo, 25 de outubro de 2009
Festival de banda-desenhada da Amadora na 20.ª edição
Posted by Daniel Melo at 19:06 0 comments
Labels: agenda cultural, banda-desenhada, Cultura
Com que voz
«Com que voz» é um grande, um imenso documentário de Nicolas Oulman sobre o seu pai, Alain Oulman, premiado na edição de 2009 do DocLisboa. Para mim, que sabia vagamente que Alain Oulman compusera músicas e escrevera letras para Amália Rodrigues, o documentário foi a oportunidade de descobrir uma grande figura do recente passado português, europeu, universal. Fiquei a saber que Alain Oulman foi também homem de negócios por condicionamento familiar, encenador, prisioneiro da PIDE e exilado, editor em Paris de Mário Soares, Patricia Highsmith e Amos Oz. O documentário é muito bom. Não é apenas uma história bem contada, tem momentos sublimes. As entrevistas não são simples depoimentos, possuem um tom de intimidade e pudor que talvez só pudesse ser captado por um filho do biografado. Para quando uma daqueles livros volumosos com uma biografia de Alain Oulman?
Posted by João Miguel Almeida at 16:54 1 comments
sábado, 24 de outubro de 2009
E Crumb recria o Universo
E não é que o santificado ícone da cultura underground dos comics resolveu recriar o Universo. É isso mesmo. Só que não foi em 7 dias. Tudo bem que o cara é também considerado por muitos um Deus lisérgico da Banda Desenhada. Mas tem lá os seus limites como qualquer outra criatura na face da Terra.
Depois de 4 anos de intensos estudos, Robert Crumb editará no próximo dia 29 sua tão aguardada versão ilustrada dos 50 capítulos do Livro do Gênesis. O lançamento ocorrerá simultaneamente nos Estados Unidos, 10 países europeus e Brasil.
Para aqueles que esperam do criador de “Mr. Natural” e “Fritz the Cat” uma adaptação livre tipo sexo, drogas e rock 'n' roll certamente quebrarão a cara. Nesse trabalho, o autor optou por seguir o texto original sem qualquer outro simbolismo ou perversão. “Delírios ou não, as histórias do Gênesis são maravilhosas, como todos os mitos. Por que mudá-las? Um Deus mulher. E preta, porque não. E, além disso, revelo, o desenhei como me apareceu num sonho... E olha que estou sóbrio há muitos anos”, diz Crumb. Enfim, parece-me que a Bíblia está na moda.
PS. Clumb também fez a famosa ilustração da capa do disco “Cheap Thrills” (1968), da sua grande amiga Janis Joplin.
Fonte e imagens La Vanguradia (ES).
Posted by Sappo at 15:51 2 comments
Labels: banda-desenhada, comics, pop art, Religiões, Robert Crumb
«Dois homens de boa fé...»
Ontem só vi uma parte do debate entre José Saramago e o padre Carreira das Neves na SIC. Carreira das Neves teve em dificuldade de sair da pele de especialista que emprega termos inacessíveis ao grande público. E não foi capaz de explicar uma questão básica: por que é que a Igreja Católica não faz uma leitura literal da Bíblia. É que o cristianismo, em rigor, não é uma «religião do livro», como o islamismo. Antes do Corão não havia islâmicos. Quando os textos do Novo Testamento foram reunidos o cristianismo já existia há pelo menos um século. O cristianismo acredita numa pessoa – Jesus da Nazaré – que fez de outras pessoas o fundamento da Igreja. O Corão foi ditado por Alá. Cristo não escreveu uma linha da Bíblia. É à luz da passagem de testemunho sobre a vida de Cristo, da tradição e da tentativa de compatibilizar fé com razão que a Bíblia é interpretada pela Igreja Católica.
É claro que os textos da Bíblia podem ser interpretados de acordo com outras fés ou de nenhuma fé. Como tudo o resto nesta vida.
Posted by João Miguel Almeida at 12:17 1 comments
Labels: ateísmo, debate, José Saramago, Religiões
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Nadav Kander vence Prix Pictet 2009
O israelita radicado no Reino Unido, Nadav Kander, foi o grande vencedor da segunda edição do Prix Pictet para a sustentabilidade ambiental, cujo tema deste ano foi “Terra”. Kander foi escolhido pelo trabalho “Yangtze, The Long River Series (2006-07)”, que mostra as bruscas mudanças na paisagem nas localidades ao longo das margens do rio Yangtze. O anuncio foi feito hoje por Kofi Annan, ex-secretário geral da ONU e presidente honorário do Prix Pictet. Mais informação aqui.
Posted by Sappo at 17:03 0 comments
Labels: fotografia, Meio Ambiente, Nadav Kander, Prix Pictet
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Prix Pictet
Será divulgado amanhã o vencedor da segunda edição do Prix Pictet, concurso internacional de fotografia que destaca temas relativos à sustentabilidade. O tema deste ano foi “Terra” e reuniu mais de 300 trabalhos de todo o mundo. Clique na imagem pra ver todas as fotos finalistas ampliadas e detalhes sobre os respectivos fotógrfos.
Posted by Sappo at 20:29 0 comments
Labels: fotografia, Prix Pictet
Activismo Cultural
Martin Firrell é activista cultural e projecta mensagens digitais inesperadas em edifícios públicos, no caso da imagem que ilustra este apontamento, a St. Paul's Cathedral em Londres. Aqui fica!
Posted by Paula Tomé at 10:25 0 comments
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
A última peça do puzzle saramaguiano
«Saramago: Há muita coisa na Bíblia que vale a pena ler»
Nb: sobre esta polémica outonal com final feliz, entretanto a concorrência veio no nosso encalço e lá desenrascou vários posts interessantes, que recomendo - «Caim» e «Falta-lhe a pátina, ainda bem...» (jrd); «Versículos satânicos» (Ricardo Noronha); «Bíblia» (Bruno Sena Martins); «Parte do ‘manual de más práticas’ de que eu gosto» (Nuno Ramos de Almeida); «Ópio do Povo» (Zé Neves); «um herege dos pequeninos» (Pedro Vieira). A imagem reproduz um cartoon de Mel Calman e é repescada duma série de posts que publiquei no Peão, em IX/2008, e que teve início precisamente nessa «Insegurança celestial».
Posted by Daniel Melo at 22:40 2 comments
Labels: debate público, humor, José Saramago, literatura, polémicas, Religiões
Protestos e protestantes
Posted by João Miguel Almeida at 12:47 0 comments
Labels: José Saramago, Religiões
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Outono
E esta canção que me invadiu o espírito com as primeiras chuvas e o primeiro frio, Rod Stewart, 'In a Broken Dream' -- Song Premiere - Spinner# .
Desculpem, não ter conseguido postar de uma maneira mais eficiente.
Posted by Sofia Rodrigues at 23:55 0 comments
Labels: música
No que dão as maiorias absolutas...
Posted by Daniel Melo at 21:55 2 comments
Labels: Câmara Municipal de Lisboa, combate à corrupção, Lisboa, política urbanística, urbanismo
Debater Saramago
A visão da Bíblia como um livro repleto de violência não é nova nem é falsa. Basta pensar na personagem-narrador de Laranja Mecânica, a história de um jovem viciado na violência, na leitura do Antigo Testamento e na música de Beethoven, escrita pelo católico Anthony Burgess e levada ao cinema por Stanley Kubrick. Uma distopia em que a ambição de controlar o corpo e a mente não vem da Igreja, mas da ciência e em que a defesa do livre-arbítrio subjacente à narrativa se enraíza na formação católica do autor. Se pensarmos bem quem é que hoje em dia exerce maior controlo sobre o corpo dos portugueses: a Igreja Católica ou a ASAE?
Saramago tem toda a legitimidade para apresentar a sua visão da Bíblia, como eu tenho para o contestar. Vamos então às questões de fundo segundo o Daniel Melo: a irracionalidade das religiões e o seu carácter opressivo. A fé tanto pode ser um instrumento de dominação como de libertação. Uma das linhas narrativas fundamentais do Antigo Testamento é a libertação do povo hebraico do domínio egípcio e a busca da terra prometida. Mesmo dentro da sociedade hebraica descrita na Bíblia há uma forte tradição profética de denúncia dos abusos dos poderosos. Esta vertente libertadora das religiões não é exclusiva da tradição judaico-cristã. Recentemente os monges budistas têm desempenhado um papel importante na luta pela democracia no Myanmar, como se pode ler aqui (por acaso um site católico).
A condição humana tem um lado irracional. E as religiões, sendo vividas por humanos transportam essa irracionalidade. Há desenvolvimento religiosos patológicos, mas o que está na sua origem é uma busca de sentido. O que eu leio na Bíblia é um constante questionamento das razões de Deus – que tem um dos seus pontos mais radicais no Livro de Job – e das razões dos homens. Leio também na Bíblia uma racionalização da violência e uma apresentação das razões da não-violência. A primeira aparece de forma primitiva na lei do talião - «olho por olho, dente por dente», que era uma forma de interditar a morte ou a vingança sobre os familiares de quem partisse um dente ou arrancasse um olho a outra pessoa. O Novo Testamento vai mais longe ao propor «amar o próximo como a si mesmo» e «amar os inimigos.» Há outra frase que também se encontra por lá, da qual eu gosto muito e que não é estranha ao conceito de laicidade: «Dai a Deus o que é de Deus e a César o que é de César.»
Posted by João Miguel Almeida at 12:44 3 comments
Labels: ateísmo, Bíblia, debate, José Saramago, Laicidade, Religiões, tolerância
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O céu pode esperar
Posted by Daniel Melo at 22:14 5 comments
Labels: ateísmo, Bíblia, debate, José Saramago, Laicidade, Religiões, tolerância
Hortas no Museu do Traje
Posted by Sofia Rodrigues at 18:57 5 comments
Labels: míni horta, Museu do Traje
Uma tarde literária
Cada um falou das razões da sua escolha e do seu gosto por Agustina, da narrativa em «roda livre» para Pedro Mexia, do «fino sarcasmo» para Maria João Seixas que nos deliciou e divertiu com o prefácio e início de Fanny Owen e das evidentes ligações cinematográficas para Leonor Silveira.
Só faltou a voz de Luís Miguel Cintra que, para mim, sempre parece soar na leitura de Agustina.
Uma belíssima tarde literária que espero se volte a repetir na evocação programada para Jorge de Sena.
Posted by Sofia Rodrigues at 18:36 2 comments
Labels: CCB, literatura portuguesa
A polémica antes do romance
O problema é a inconsistência das declarações de José Saramago, que se podem ler aqui. Começa por não entender o estatuto do texto bíblico ao compará-lo ao Corão. Segundo a fé islâmica o Corão foi ditado por Deus. Os livros da Bíblia são testemunhos da fé, textos de sapiência, leis, cartas, etc. A carta de um apóstolo não tem o mesmo estatuto de um versículo ditado directamente pelo Deus. Essa é também uma das razões por que a exegese bíblica está muito mais desenvolvida do que a do Corão.
É irónico que Saramago cite Hans Küng, um dos maiores teólogos católicos, profundo conhecedor da Bíblia e que também escreveu um extenso volume sobre o Islão, para fundamentar as suas afirmações. Hans Küng pode ter dito que historicamente a ideia de Deus afastou as pessoas. Mas certamente a teologia que formulou não serve o mesmo desígnio.
Saramago ataca a ideia de inferno. Não sou eu que a vou defender. Há igrejas cristãs protestantes que não acreditam no inferno. Mas o exemplo que o escritor dá para refutar a ideia de inferno é ridículo: «Nós, os humanos somos muito mais misericordiosos. Quando alguém comete um delito vai cinco, dez ou quinze anos para a prisão e depois é reintegrado na sociedade, se quer.» Passo por alto pela hipótese da necessidade de perdão pregada pelo cristianismo ter influenciado a concepção da punição como forma de reabilitação do criminoso. Os humanos mais severos condenam, no máximo, um criminoso a quinze anos de cadeia? Então que pena é que devia ter Hitler? Ou, para citar um exemplo de Saramago, um instigador das Cruzadas? Na China, onde a influência judaico-cristã é mínima, a pena de morte é aplicada a crimes que nos parecem leves.
O romancista termina acusando de idiotia a concepção de que o mundo foi criado em sete dias, concepção que de facto se encontra na Bíblia, mas não é levada no sentido literal do termo nem pela Igreja Católica, nem pelo judaísmo, nem por várias igrejas protestantes.
Nota final: Saramago fala como se as pessoas fizessem guerras em nome de uma abstracção, de um ser nunca visto. Todas as teologias são antropologias e sociologias. E as ideologias ateias também. São concepções do homem e da sociedade que estão na origem dos conflitos. Se o trabalho intelectual pode evitar guerras ou atenuar conflitos é aí que tem de se focar.
Posted by João Miguel Almeida at 11:57 3 comments
Labels: ateísmo, José Saramago, literatura, Religiões
Forma e conteúdo
Posted by Daniel Melo at 00:52 2 comments
Labels: ateísmo, José Saramago, literatura, Religiões
domingo, 18 de outubro de 2009
Fogo acaba com acervo de Hélio Oiticica
Pelo menos 90% das obras do artista plástico tropicalista Hélio Oiticica foi destruída devido a um incêndio na noite de ontem no primeiro andar da casa da família. Lá estavam abrigadas mais de 1.000 peças do acervo do “Projeto Hélio Oiticica” e quase nada se salvou.
A expressão “Tropicália” teve origem em um projeto ambiental do então arquiteto Oiticica na exposição “Nova Objetividade Brasileira”, exposta no MAM no Rio de Janeiro em 1967. Esta mostra teve como objetivo a busca de uma linguagem estética puramente brasileira, confrontando-a com os grandes movimentos artísticos mundiais.
O vídeo “H.O” (aqui dividido em 2 partes), de Ivan Cardoso (1979), focaliza a obra de Oiticica, com texto poético de Haroldo de Campos. Participam também: Caetano Veloso, Carlinhos do Pandeiro, Ferreira Gullar, Lygia Clark, Nildo da Mangueira, Nininha e Waly Salomão. Mais.
Posted by Sappo at 09:23 2 comments
Labels: Arte Contemporânea, poesia brasileira, Tropicália
sábado, 17 de outubro de 2009
Importa-se de repetir? - parte II
Posted by Zèd at 14:40 0 comments
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
A pantera mais famosa do universo anda por aí...
Definitivamente, este é o mês da 'bonecada', aqui no Peão. Depois da Mafalda, Rat race, Astérix, Picha, Marge Simpson, GoRRo (este em tributo não-póstumo, a contra-corrente dos costumes lusos), eis a vez da Pantera Cor-de-rosa!! Faz 45 anos que começou a sua saga em cinema de animação, após a estreia e êxito imediato enquanto genérico do filme humorístico homónimo, no ano anterior. Este filme devia o nome ao facto do seu enredo girar em torno dum valioso diamante desaparecido, que visto à luz reflectia uma pantera.
The Pink Panther é um filme de Blake Edwards que ficou célebre por 4 razões: a comicidade do seu argumento, o desempenho do protagonista (um Peter Sellers no memorável papel dum desastrado inspector francês, o inspector Clouseau), o genérico inicial com a tal animação da Pantera Cor-de-rosa (pelo talentoso animador Friz Freleng, o mesmo dos Looney Tunes) e a fabulosa música da banda sonora, por Henry Mancini («Pink Panther Theme»).
Depois disso, a saga continuou, tanto em filme como em animação. Na animação, deu origem a 124 curtas-metragens em 16 anos. Estas foram entretanto editadas em dvd pela produtora. A partir de amanhã, e até 16/XII, o jornal Público lança em Portugal a colecção completa em 10 dvd's. Para quem não pode adquirir mas tem saudades, aqui fica um dos sites possíveis para ver, com boa imagem, uma parte da gostosa colecção do felino mais famoso do universo.
Deixo ainda outros destaques: no vídeo ao lado segue o trailler do filme original, na vez do genérico (pois está inacessível devido aos copyrights); em 2006, surgiu um novo filme da saga, desta feita com Steve Martin e também com um excelente genérico animado; por essa altura, Bobby McFerrin cantou, no seu modo único, o «Pink Panther Theme». É também imperdível esta versão ao vivo da mesma música, aqui fiel ao original, com excelentes solos de jazzmen.
Posted by Daniel Melo at 23:03 1 comments
Labels: cartoon, cinema, cinema de animação, humor, música jazz
Importa-se de repetir?
Posted by Zèd at 06:04 1 comments
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
História de Lisboa
Posted by Sofia Rodrigues at 22:52 0 comments
Labels: agenda cultural
Tck Tck Tck Tck (Beds Are Burning)
“Como podemos dançar se o mundo está virando?” “Como podemos dormir se a nossa cama está queimando?”. São com estas perguntas que a campanha “Tck, Tck, Tck, Tck” pretende sensibilizar o mundo perante as mudanças climáticas.
O Fórum Humanitário Global lançou o vídeo da sua campanha "Beds Are Burning" e conta com o apoio de mais de 60 estrelas musicais e celebridades internacionais, entre eles Duran Duran, Mark Ronson, Jamie Cullum, Melanie Laurent, Marion Cotillard, Milla Jovovich, Fergie, Lily Allen, Manu Katche, Bob Geldof, Youssou N'Dour, Yannick Noah e outros.
Toda música baixada contará como uma petição digital exclusiva com as pessoas assinando seus nomes para exigir que os líderes mundiais cheguem a uma negociação ambiciosa, justa e global na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança climática em Copenhague, que começa no dia 6 de dezembro.
Posted by Sappo at 16:09 0 comments
Labels: aquecimento global, Meio Ambiente
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
DocLisboa regressa amanhã
Da 7.ª edição do DocLisboa destaco, à vol d'oiseau, a ante-estreia da última provocação de Michael Moore (Capitalism: a love story), documentários sobre a bola (p.e., Garrincha, alegria do povo, de Joaquim Pedro de Andrade), bola e resistência (Futebol de causas, de Ricardo Antunes Martins), fotografia, memória e resistência (48, de Susana Sousa Dias) e música (o samba em Saravah, de Pierre Barouh).
Além disso, haverá um ciclo de histórias de amor (afinal, não são coutada da ficção), uma homenagem ao norte-americano Jonas Mekas e uma retrospectiva sobre o documentário pós-jugoslavo.
Para quem estiver interessado em dar uma olhada na programação pode ver «Filmes de A a Z» ou a ordenação por dias aqui.
Talvez por os organizadores do DocLisboa terem rompido com a RTP, pretextando não promover o evento, o canal 2 programou para esta semana um documentário sobre a vida e a obra do arq.º Nuno Teotónio Pereira (sáb., 21h).
Uma útil lista de festivais de cinema em Lisboa no ano 2009/2010 pode ser vista aqui.
E prontos, pessoal, aqui fica um cheirinho do que aí vem...
Posted by Daniel Melo at 22:42 0 comments
Labels: agenda cultural, cinema documental, Cultura, futebol, Michael Moore, Música Brasileira, resistência
terça-feira, 13 de outubro de 2009
A política para além da política
ERIC HOBSBAWM E AS POLÍTICAS DE IDENTIDADE
Para o debate de dia 27 de Outubro…
A MULTIDÃO DE E.P.THOMPSON
Para o debate de dia 3 de Novembro…
PIERRE BOURDIEU E O MISTÉRIO DO MINISTÉRIO
Para o debate de dia 10 de Novembro…
POLÍCIA, POLÍTICA, FOUCAULT E RANCIÈRE
Para o debate de dia 17 de Novembro…
PETER PÀL PELBART, BIOPOLÍTICA E BIOPOTÊNCIA NO CORAÇÃO DO IMPÉRIO
Para o debate de dia 26 de Novembro…
BADIOU, FILOSOFIA & POLÍTICA
Posted by Daniel Melo at 23:52 2 comments
Labels: alternativa política, ciências sociais, debate, Política, UniPop
“Picha” e “Os Mágicos Olhos das Américas” no Afro Brasil
A inédita exposição “Picha”, com obras de roteiristas e desenhistas de 16 países africanos, será apresentada no Museu Afro Brasil (São Paulo), de 15 de outubro a 8 de novembro. O evento reunirá originais de desenhos, álbuns, revistas e publicações de jornais e revistas, além de um grande banco de dados com informações sobre diversos desenhistas, chargistas e caricaturistas. Picha é uma corruptela de “picture” e quer significa “desenho” na língua suali.
Também no mesmo local, já está em andamento a mega exposição “Os Mágicos Olhos das Américas”. A mostra reúne cerca de 300 obras de artistas brasileiros e estrangeiros, destacando as potencialidades da cultura ibero-americana e a produção cultural como elo de países como Brasil, Espanha, Portugal, demais países da América Latina e da África. Mais informações no site do Museu Afro Brasil. Saravá!
Posted by Sappo at 13:13 0 comments
Labels: Arte Contemporânea, banda-desenhada, cartoon
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
No rescaldo das eleições locais portuguesas
Posted by Daniel Melo at 23:44 0 comments
Labels: Balanço, BE, debate, democratização, eleições autárquicas, esquerda, Esquerda plural, media, PCP
domingo, 11 de outubro de 2009
Um adeus saudoso (e diferente!) à propaganda de campanha
Posted by Daniel Melo at 23:40 0 comments
Labels: eleições autárquicas, humor, língua portuguesa, propaganda
Marge Simpson aparece nua na capa da Playboy
“The Devil in Marge Simpson” (O Diabo em Marge Simpson). Assim é a chamada de capa da edição norte-americana da revista Playboy que circulará em novembro. Não, não é piada. Esta é uma homenagem da revista para comemorar o 20º aniversário dos “The Simpsons”.
Ainda não foi divulgado o quanto Marge irá mostrar nas páginas da revista, mas, segundo o diretor editorial, James Jellinek, as imagens serão “muito, muito ousadas”. E tudo sem as famosas photoshopadas com que a revista destaca os atributos naturais das mulheres de carne e osso. Assim creio eu.
Fonte Abril.com
Posted by Sappo at 10:47 0 comments
sábado, 10 de outubro de 2009
50 anos dum poder local especial...
Os contornos do futuro 'banquete' foram anteontem revelados pelo desenhador Albert Uderzo e pela filha do argumentista René Goscinny, Anne Goscinny.
O pequeno mundo dos «irredutíveis gauleses» teve a sua estreia a 29/X/1959, no 1.º n.º da revista francesa Pilote. A dupla Goscinny & Uderzo prosseguiu com esta epopeia em forma de bd até 1977, ano da morte do argumentista.
Mais info no blog Astérix, e no site oficial.
Posted by Daniel Melo at 23:20 4 comments
Labels: agenda cultural, banda-desenhada, Cultura, França, tributo
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
A regra do jogo
Posted by Daniel Melo at 23:41 0 comments
Labels: democratização, eleições autárquicas, reformas
Marselha (notas das férias II)
Sair e entrar de barco pelo velho porto é de uma beleza indescritível, uma sensação de viajante do séc. XIX no seu tour pela Europa.
Agora, leio Le Clézio, Deserto, e Marselha aparece menos fulgurante e antes como uma cidade cheia de medo e de ódio: «Estão todos prisioneiros do Panier. Talvez não o saibam realmente. Talvez julguem que poderão ir-se embora um dia, ir para outro lado, regressar às suas aldeias das montanhas e dos vales lamacentos, reencontrar aqueles que deixaram, os pais, os filhos, os amigos. Mas é impossível. As ruas estreitas de velhas paredes decrépitas, os apartamentos sombrios, os quartos húmidos e frios onde o ar cinzento pesa no peito, as oficinas abafadas onde as raparigas trabalham diante das máquinas que fazem calças e vestidos, as salas de hospital, os estaleiros, as estradas onde explode o estrondo dos martelos pneumáticos, tudo os segura, tudo os cerca, os faz prisioneiros, e nunca poderão libertar-se» (p.191).
Percebo que o meu olhar de turista ofuscado não corresponde a outras tantas vivências da cidade e que Marselha não é um sítio simples.
Impossível é, também, não fazer comparações com o Terreiro do Paço, fria praça ministerial para onde não se vislumbram soluções. Talvez aqui, igualmente, o olhar dos turistas vá mitigando o olhar desiludido dos lisboetas.
Posted by Sofia Rodrigues at 18:11 0 comments
Activistas Greenpeace protestam nus no Sul de França
Com a cimeira de Copenhaga mesmo à porta, aqui fica mais uma iniciativa radical que une arte e ambientalistas num protesto que visa alertar para os efeitos do aquecimento global na agricultura.
Posted by Paula Tomé at 14:21 0 comments
Hein?!
Posted by Sappo at 10:44 6 comments
Labels: Barack Obama, Prémio Nobel da Paz
Fuck Buttons, um potente Gardenal musical
Andrew Hung e Benjamin John Power formam o dueto Fuck Buttons, banda inglesa cujo som minimalista da eletrônica noise se propaga no ar num simples girar de botões. São rajadas de sintetizadores gagos que reproduzem as mesmíssimas notas, repetidas à exaustão até que a coisa toda penetre o ciberespaço dos nossos ouvidos indefesos e acabe por se alojar em nossa medula como um invasor ET. E esta não é nenhuma crítica construtiva.
Pra quem gosta do gênero, os Fuck Buttons acabam de lançar o segundo álbum (do primeiro não tenho sequer a ideia do nome). Trata-se do “Tarot Sport”, um disco pra ser ouvido na face oculta da lua, acompanhado de uma dose cavalar de Fenobarbital (o popular Gardenal). No mínimo.
Posted by Sappo at 05:38 0 comments
Labels: música electrónica