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quarta-feira, 6 de março de 2019

Queda no Voou pelo Abismo em Lageball

Vamos ser realistas. Esta época foi preparada para na próxima entrarmos directamente na Liga Europa. Sem conquistas, sem as dezenas de milhões da Champions, sem valorização de jogadores e com decréscimo do prestígio do clube. O objectivo passava por fazer valer o lema “Si enim non facile”.

A época começou sem que se corrigissem os erros da anterior, evidenciando-se ainda mais as lacunas dos anos anteriores.

Não nos enganemos. No primeiro fim-de-semana de 2019 estávamos arrumados. Já eliminados da Liga dos Campeões era muito difícil acreditar que fossemos capazes de eliminar o Galatasaray nos 16-avos da Liga Europa, que fossemos a Guimarães conseguir a qualificação para a meia-final da Taça de Portugal e muito menos que conseguíssemos voltar à luta pelo título.

Passados dois meses fomos ao Dragão virar um resultado e garantir os 3 pontos que nos colocam na liderança do campeonato. Isso estando já em vantagem na meia-final da Taça e a disputar os 8-avos da Liga Europa.

Um Benfica em cacos, onde as vozes se dividiam entre a necessidade de mandar embora o treinador e o receio de uma chicotada psicológica em Janeiro. Uma equipa sem treinador, cheia de dúvidas e com um presidente na casa da Cristina a jogar às cartas enquanto saudoso do anterior treinador apontava os seus esforços a José Mourinho.

E neste caos há por lá um treinador interino a fazer um trabalho provisório enquanto não se arranjava alguém melhor.

Neste caos surge um homem simples, um homem do futebol que respira futebol e que adora futebol. Chega, abstrai-se de todo o circo mediático criado pelo seu próprio presidente, ignora o fraco papel que lhe foi dado, e somente se preocupa em colocar os jogadores a treinar e a jogar futebol. 

Fá-lo sem o patrão da defesa – Jardel, sem o patrão do meio-campo – Fejsa e sem o melhor avançado e jogador da equipa – Jonas. Sem reforços de Inverno. Com metade dos reforços de Verão afastados. 
E rapidamente chegou ao coração dos Benfiquistas. Tudo porque fala sobre aquilo que treina e joga – Futebol.

Bruno Lage consolidou uma nova dupla no eixo-defensivo com Rúben e Ferro; Bruno Lage criou um novo duo do meio-campo revitalizando o Gabriel e limpando o pó ao Samaris; Bruno Lage recuperou a melhor posição do médio mais criador da equipa – Pizzi – retirando-lhe obrigações defensivas e colocando-o mais próximo tanto dos criativos da equipa como das zonas de definição; Bruno Lage percebeu o Rafa; Bruno Lage deu-nos uma nova dinâmica ofensiva retirando todo o potencial que por aqui já era reconhecido ao Seferovic e dando-nos finalmente o verdadeiro João Félix; Bruno Lage apresentou-nos o substituto natural do Fejsa – Florentino; Bruno Lage até nos mostrou que afinal até há uma alternativa ao André Almeida – Corchia.

É um novo Benfica. Um novo 11, uma nova táctica mas acima de tudo um novo futebol. Um treinador que adora o treino e percebe os jogos como um reflexo do que é treinado. Mais que um Benfica com uma ideia muito positiva de jogo, temos um Benfica com processos, com dinâmica, com um guião de jogo. Uma equipa que faz sentido. Temos uma identidade cada vez mais vincada.

Em Janeiro tínhamos a sensação que podíamos perder (ou empatar) qualquer jogo, fosse na Luz ou não, fosse contra equipas de que escalão fossem.

Hoje vivemos um sentimento oposto. Hoje sentimos que podemos vencer qualquer jogo em qualquer terreno. É uma crença muito emocional mas sustentada naquilo que vemos a equipa produzir. Os jogadores transmitem uma confiança tremenda. Não daquelas confianças frágeis induzidas por life coachings mas sim daquelas inquebráveis construídas pela percepção da qualidade do trabalho e do talento que têm.

O que temos pela frente?

Jogo em Alvalade para controlar e garantir mais uma final no Jamor contra o Porto.

Dois jogos com o Dinamo Zagreb para a Europa. Com Lage até já estamos a sonhar com mais uma final nesta competição.

E 10 jogos para o campeonato. 10 jogos. 10 vitórias. E eu acredito.

Belenenses (C)
Moreirense (F)
Tondela (C)
Feirense (F)
Setúbal (C)
Marítimo (C)
Braga (F)
Portimonense (C)
Rio Ave (F)
Santa Clara (C)

Uma época no lixo que pode muito bem se transformar numa época de dobradinha com brinde europeu.

Este é um dos grande méritos de Bruno Lage. Nós benfiquistas podemos novamente sonhar, viver entusiasmados. E nem sequer precisamos de ter preocupações em termos os pés nos chão. O nosso Treinador permite-nos essa extravagância pois ele próprio se encarrega de manter a equipa bem acordada enquanto nós adeptos vamos sonhando. 

Estivemos juntos ao abismo e muitos consideraram que despedir o treinador seria dar o passo em frente. E foi. 

Um passe vertical em frente a rasgar o abismo em Lageball.



segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O Treinador Rui Vitória

Um treinador de futebol é muito mas também mais que aquilo que faz no treino.

A sua imagem fica mais condicionada pelas decisões que toma nos jogos do que pela trabalho que desenvolve longe dos olhares dos adeptos.
Normalmente as discussões em seu torno rondam muito à volta das tácticas, dos titulares e das substituições.

Numa altura em que se fala tanto sobre o actual treinador do Benfica de forma tão critica e empolgada, achei por bem dar um passo atrás e analisar o seu desempenho no Benfica de forma mais serena e metodológica. 

Não vou olhar a resultados nem a conquistas. Não vou argumentar que ele é bom porque já ganhou nem que é mau porque está a perder. Quando ganhava e agora que perde, é o mesmo treinador, com as mesmas ideias e o mesmo método.
Não irei olhar a estatitisticas porque a sua viabilidade depende sempre de quem as maneja e de intenções de perspectiva. Tentarei olhar para o que precede os números.

Vou considerar que existem 8 vertentes da responsabilidade de um treinador:

- Comunicação: Externa e Interna
- Construção do plantel
- Ideia de jogo
- Modelo táctico
- Treino colectivo
- Treino individual
- Convocatória e escolha dos titulares
- Leitura do jogo e substituições.

O primeiro pecado do treinador do Benfica é logo na comunicação. Nem vale a pena alongar-me muito neste aspecto. Para dentro e para fora é um discurso baseado em chavões de auto-ajuda. Peca pela ausência de conteúdo, pela superficialidade de um discurso linear que nada acrescenta. É um discurso que encaixa bem na primeira impressão mas que cansa quando não evolui, quando não passa daquilo. Não acrescenta nada.

E perante maus resultados a comunicação do treinador Rui Vitória piora porque a esta junta-se um discurso de desculpabilização que varia entre as arbitragens e o factor sorte.
É do mais básico e desinteressante que podemos encontrar.

Um discurso que não funciona no médio e longo prazo em alta competitividade. É indesmentível que Rui Vitória proporciona um bom ambiente de trabalho para os jogadores e para o balneário. Rui Vitória leva ao seio do grupo um bem-estar óbvio. Mas isto é pouco. Até a descontracção contrai. Até a pouca pressão pressiona. Até o não incómodo incomoda. Porque os jogadores necessitam de muito mais. Liderança acima de amizade.

Quanto à construção do plantel também não há necessidade de queimar muitas linhas.
O actual treinador do Benfica parece acomodado a que esta seja feita pelos dirigentes do clube.
Orienta o plantel que o clube lhe disponibilizar. Um romantismo que em nada beneficia a sua posição de liderança, a sua condição de Treinador.

No que respeita a modelos tácticos já me posso alongar mais.

Apesar de dois anos a jogar em 4-4-2 o modelo deste treinador é o 4-3-3 que actualmente utiliza.
Chegou a um Benfica que jogava com 2 homens no centro do terreno, dois alas e dois avançados. Um 4-4-2 que se desdobrava num rápido 4-2-4. Tentou implementar o seu modelo, onde reforçava o meio-campo abdicando de um avançado e solidificando um puro 4-3-3 com dois alas bem abertos. Não resultou. Não conseguiu fazer a mudança.
Acabou por ceder à fórmula antiga e deu aos jogadores o prazer da familiaridade.
Já no decorrer da terceira época, com as fragilidades defensivas cada vez mais incomportáveis, recorreu ao 4-3-3, o seu 4-3-3.

Com Rui Vitória este é um sistema táctico claramente mais defensivo. A opção pelos três médios não é em prol de um maior controlo da bola a meio-campo para uma mais curta e elaborada construção de jogo. No seu 4-3-3 o terceiro médio surge para um maior preenchimento dos espaços no jogo sem bola. Uma tentativa de um acrescido equilíbrio no momento de defender.

4 defesas - 3 médios centro - 2 alas de rasgo - um ponta de lança. Portanto tenta povoar a zona de recuperação para rapidamente lançar os velocistas enquanto o ponta de lança prende os defesas adversários e procura zonas de finalização.

É no seguimento da análise táctica que sou obrigado a entrar na análise à Ideia de jogo.

Rui Vitória tem uma ideia de jogo. Contudo é tão arcaica, tão desinteressante e tão básica, que a este nível parece ser quase inexistente.
Reduz-se à capacidade de luta dos jogadores. Queimar linhas com passes longos e tentando ganhar as segundas bolas em zonas do terreno que deixam a defesa adversária em desequilíbrio.

A ideia de jogo deste treinador passa por defender com muitos, recuperar a bola e colocar rapidamente na zona defensiva do adversário.
Assim tem tendência por optar por um ponta de lança forte capaz receber os lançamentos longos e por dois extremos velozes que usem essa velocidade para rapidamente se aproximarem da defesa adversária, seja para recuperarem as segundas bolas, para pressionarem o receptor da bola ou para a receberem do ponta de lança.
Queima-se linhas com os passes longos, queima-se linhas com velocidade e fintas dos alas, e tenta-se ganhar a bola no terço ofensivo para surgirem os desequilíbrios.

Este é uma ideia de jogo muito britânica - Kick and Rush. Contudo em estado muito primitivo e introduzido num contexto - clube Grande e futebol português - onde não corresponde às expectativas e exigências do clube.
Estamos a falar de um campeonato onde normalmente os defesas estão bem posicionados nos jogos com os Grandes. Estamos a falar de uma equipa com jogadores de qualidade técnica desaproveitada em prol da sua capacidade física.
Daí a constatação que o treinador Rui Vitória coloca as suas equipas a praticar um futebol de clube não-grande.

Qualquer Modelo Táctico e  Ideia de Jogo nascem e crescem no Treino.

Para mim é nesta vertente que encontramos a pior face deste treinador.
Há uma táctica, há uma ideia de jogo, há uma preferência pelas características dos jogadores, mas não existe um trabalho que faça tudo encaixar e fluir.

O treino tem a sua vertente física, táctica e técnica.
Sim, os jogadores do Benfica são fisicamente capazes. Sim, os jogadores do Benfica sabem os seus lugares no terreno de jogo. Não, os jogadores do Benfica não estão integrados num processo de jogo.

O jogo é o reflexo dos treinos, resulta do trabalho diário da equipa.

Para a análise irei dividir os momentos do jogo em 4: Com bola em fase defensiva; Com bola em fase ofensiva; Sem bola em fase defensiva; Sem bola em fase ofensiva.

Em todos estes momentos notamos carência de treino.

No momentos defensivos é recorrente o recurso ao "alivio". Muitas vezes mais por necessidade do que por convicção.
Esta necessidade aparece da ausência de linhas de passe. Não há movimentos dos médios que proporcionem soluções de passe ao defesa com a bola. O centro do terreno é constantemente um vazio de atletas de encarnado.
Daí advém não só o bombardeamento de bolas para o avançado como também a constante lateralização de jogo.

Também no momento ofensivo existe esta carência de linhas de passe na zona central. Lateralização e cruzamentos.
Há um fosso no centro do terreno que não é explorado. Só Jonas vai contrariando esta tendência e sem progressão pelo centro, os desequilíbrios ficam dependentes da criatividade e velocidade individual pela linha - Rafa e Salvio.

Contudo, desde o primeiro jogo oficial de Rui Vitória no Benfica, é o desempenho sem bola que mais me preocupa.

Na reacção à perda de bola temos a pressão do avançado e da velocidade dos alas. Só que assim que o adversário contorna esse primeiro momento a equipa entra imediatamente em contenção. É neste momento que entra a minha maior critica ao trabalho do treinador Rui Vitória.
O mesmo vazio central que existe com bola mantém-se quando a equipa se encontra sem ela. É nesse espaço que os adversários encontram tempo para receberem a bola, furarem as nossas linhas, pensarem e executarem já de frente para para a nossa linha mais defensiva.

Por isso com este treinador apesar de defendermos com muitos defendemos muito mal.
Os jogadores assumem as suas posições em blocos defensivos lentos e desligados. O bloco de médios aproxima-se da zona da bola, os defesas mantêm o bloco e o fosso entre sectores aumenta.

Após a linha avançada ser batida na pressão inicial, a qual é exercida sem a cumplicidade dos restantes sectores, basta um passe para bater a linha de médios, um passe central para a zona deserta entre estes e os defesas. Sem apoio próximo e sem exercer pressão, o último sector defensivo vai recuando em contenção, aumentando o fosso entre sectores, e permitindo que os avançados adversários se aproximem quase sem oposição da nossa área, imediatamente farejando as zonas de finalização.

Ao defendemos com muitos mas com os blocos tão distantes, em contenção sem pressão e recuando à necessidade de se defender sobrelotando as zonas de finalização, evidencia-se a ausência da intensidade de treino.

O que vamos sabendo e aquilo que observamos nos relvados em dia de jogo, mostra-nos uma enorme passividade desta equipa técnica na preparação e condução dos treinos.
Exercícios básicos onde não se explora a capacidade dos jogadores em reagir em espaços curtos, onde não se explora os posicionamentos defensivos e as devidas compensações. O desposicionamento defensivo nas nossas laterais é uma simples consequência de tudo isto.

Com Rui Vitória percebemos um treino descontraído, onde os jogadores formam duas equipas que disputam um jogo-treino sem rigor táctico, sem exigência, sem aquelas constantes interrupções e correcções. Sem intensidade técnica.

E quando o treino colectivo tem estas lacunas o treino individual não tem como ser muito diferente. Se os jogadores não são levados ao limite, não são moldados. Não são pressionados a evoluir.

Nestes quase 3 anos e meio de Benfica é raro o jogador no qual vemos o dedo de Rui Vitória.
Há o lançamento de vários jogadores da Formação do clube mas pouca evolução. Os miúdos crescem aquilo que os minutos de jogos os obrigam, melhoram mas não se desenvolvem. No que respeita às dezenas de jogadores contratados em nenhum vimos o seu potencial ser aproveitado e exponenciado. Os jogadores não evoluem nas suas capacidades nem se afirmam para voos superiores.

Em mais de 3 anos só conto 4 jogadores a contrariar este desperdício: Ederson, Semedo, Lindelof e Guedes.
Ainda assim só o Semedo me parece ter evoluído no treino deste treinador.

É muito muito pouco. 
Temos um poço de talento desejoso de ser lapidado para o estrelato mas correntemente estagnado no tempo.

Por fim temos a questão da escolha dos jogadores - Convocatória, titulares e substituições.

Um treinador deve optar pelos jogadores consoante uma conjugação da sua ideia de jogo com os desempenhos destes.

Esta não será uma análise segundo às minhas preferências. Assim não irei abordar a qualidade das escolhas mas sim a sua incoerências.

Rui Vitória fomenta um inexplicável carrossel da titularidade à bancada.
Tem sido frequente ver um jogador ser aposta e imediatamente deixar de o ser. Entra, não brilha e fica fora das próximas opções. Isto evidencia uma aposta não sustentada nas características do jogador nem naquilo que o treinador idealiza para a equipa.
E enquanto temos jogadores que não têm a oportunidade da continuidade, temos outros que se mantém na titularidade indiferentes às suas prestações. A uns exige-se o brilho no curto período que lhes é concedido, a outro exige-se que estejam simplesmente presentes.

É de louvar o lançamento de miúdos da formação. E nos primeiros tempos era de elogiar o modo como gerias as suas exibições e afirmações. Não poucas vezes vimos um suplente ser chamado, corresponder e manter a confiança do treinador mesmo depois do anterior titular ter recuperado. Aqui fomentava um espirito de grupo muito forte com um grande sentido de competitividade entre os jogadores. Qualquer membro do plantel sabia que dependeria só de si fazer futuras oportunidades valerem a pena. Uma equipa onde imprescindíveis eram aqueles que rendiam. Outros tempos.

Neste contexto de convocatórias considero que o mais criticável em Rui Vitória é quando notamos que as suas indecisões de escolha variam com os resultados e não com as características dos jogadores. A escolha do 11 não é muitas vezes desconexa daquilo que pede aos jogadores. Que estilo de avançado é mais favorável ao treinador? E de médios? E de guarda-redes? Com Rui Vitória a resposta parece sempre depender dos nomes presentes em momentos de vitória. 

E nada muda quando abordamos o seu papel no momento das substituições. Mais uma vez roçamos o termo "banalidade".

O que esperamos de um técnico no decorrer de uma partida? Alguém que leia o jogo e que mexa neste consoante aquilo que deseja a cada momento da sua progressão.
O treinador Rui Vitória parece abdicar do rasgo técnico-táctico, da iluminação, da abordagem e reacção a um momento especifico do jogo. Não o vemos agarrar o jogo e modificá-lo à sua vontade, contrariando ou reforçando a sua tendência.

O que vemos? Um conjunto de soluções previamente concebidas nos minutos previamente definidos.
Se a equipa tem de marcar faz substituições linearmente ofensivas. Se a equipa tem de defender então faz substituições linearmente defensivas. Se for para manter a toada então faz a chamada troca "jogador por jogador".
Com resultados negativos é aberrante a forma como perde o controlo do jogo por decidir encher o relvado de avançados.

Esta é a minha análise geral ao trabalho do Rui Vitória. E é nela que entendo o que constantemente vemos em campo. Muito além da escolha do 11 titular e da entrega e determinação dos jogadores.

É a vertente técnica do técnico Rui Vitória que me faz tremer sempre que marcamos um golo. Ao longo de 3 anos e meio já é habitual vermos um Benfica a entrar em força nos jogos, para cima do adversário, a tentar cheio de moral chegar ao golo. Mas isto aparenta surgir sempre da superior qualidade dos jogadores e da força da camisola que envergam.

Um "Vamos para cima deles" que se vai esvaziando com os minutos. E logo vemos os adversários assentar o seu jogo colocando em cheque todas as nossas fragilidades.
É recorrente vermos esse esforço inicial esvaziar-se assim que conseguimos um golo. O alivio da vantagem expõe-nos ao adversário como um reflexo de um modelo de jogo muito pautado pela emoção.

Rui Vitória é um treinador que não evolui e não faz evoluir. É um treinador que não acrescenta à voz do benfiquismo. É um treinador de fracas ideias e metodologias.

Para os voos que o clube ambiciona, para a exigência de um futebol dominador, elegante e criativo que tem de existir neste nosso Benfica, é claramente um treinador insuficiente.

Um treinador Insuficiente. 


domingo, 4 de novembro de 2018

A dita Estrutura



Foi mais ou menos há 3 anos e meio que a palavra "Estrutura" entrou no léxico benfiquista.
Nunca entendi muito bem a sua essência.

Na altura pareceu ser o resultado de uma luta de egos entre treinador e Direcção. 
A um era atribuído todo o mérito de um bi-campeonato enquanto os outros também queriam propaganda.

"Não é o treinador que ganha títulos, é a estrutura."

O mundo do Futebol é um mundo de extremos - ou estamos no topo ou na miséria.

E o ciclo de Jorge Jesus no Benfica também viveu desses extremos. O Benfica de Jorge Jesus era isso mesmo, era dele. Tudo rodava consoante as suas vontades. O Benfica era o mundo louco do Jorge Jesus. Ganhava pela sua tenacidade e pela sua loucura. Perdia pela sua teimosia e pela sua loucura.

Os jogadores entravam e saíam consoante os seus humores.
Tudo era decidido pelo próprio. Foi-lhe dada carta branca e total liberdade.

Jorge Jesus tinha a sua própria comunicação. Jorge Jesus tinha os seus próprios comportamentos. Era tudo dele. Ou pelo menos era segundo esta premissa que ele agia.

Mas sabemos o quanto o actual presidente do Benfica precisa alimentar a sua epopeia enquanto salvador do Benfica.

E assim nasceu a disputa pelo protagonismo – Treinador vs Estrutura.

Sou totalmente a favor de uma metodologia à inglesa do treinador enquanto Manager.
O treinador cria, alimenta e alimenta-se da estrutura. Está envolvido como líder em cada processo do dia a dia do clube. E porquê? Porque este é cérebro futebolístico da estrutura, do clube.

Vejo Jorge Jesus com competências para ser um Manager? Claro que não. É um bicho do treino que não consegue ser limitado às ideias e decisões de outros mas não tem competências além treino.

No pós Jorge Jesus o Futebol passou a ser liderado e conduzido por uma Estrutura já implementada e na qual um treinador estaria limitado ao seu papel integrado nesta.

Passou assim a ser a estrutura, aquele Ser que está 10 anos à frente de qualquer rival, que iria gerir todo o futebol do clube.

O treinador não passaria de um mero funcionário, sem voz e com directrizes a seguir.
Passa a ser somente responsável por treinar e gerir os jogos. Tem de respeitar a rota traçada pela dita Estrutura. Há jogadores que tem de lançar. Há jogadores nos quais tem de insistir. Há jogadores que tem de encostar. Há uma Comunicação que tem e seguir. Há uma gestão de compras e vendas que tem de respeitar.

Tudo funciona sem o seu input. Porque há uma Estrutura que já definiu tudo e que toma todas as decisões.
Os sucessos são da dita Estrutura. Os insucessos... a Estrutura não está estruturada para responder por estes.

Que treinador aceita trabalhar nestas condições? Que treinador aceita ser só uma figura dentro de uma enorme Estrutura?
Aqueles que têm consciência que estão a competir em um nível muito superior à sua capacidade. Ou então aqueles que não têm estofo para se imporem.

Reflito sobre como esta Estrutura surgiu e como pretende funcionar mas continuo sem a entender num contexto futebolístico. Só vejo cimento, departamento de comunicação, scouting e dirigismo. E conhecimento do jogo jogado?

A dita Estrutura não deveria ser gerida por gente do Futebol? Não deveria haver um core futebolístico à volta do qual toda a Estrutura funcionasse?

É isso que não percebo na dita Estrutura.

Já que nos é vendida a sua existência como algo que guia o clube 10 anos à frente de qualquer outro, o que eu gostaria de lá ver era alguém capaz de olhar além do óbvio.
Qualquer adepto, qualquer Calado e qualquer Rui Santos, é capaz de dizer que um treinador é insuficiente quando a equipa se encontra a perder.

A equipa ganha então está tudo bem. A equipa perde então está tudo mal.

O que queria ver no Benfica era alguém capaz de ver as insuficiências de um treinador em pleno treino. Alguém capaz de ver a qualidade do treinador numa maré de derrotas. Alguém capaz de perceber a incompetência de um treinador mesmo numa sequência de vitórias.

Tem de existir na Estrutura tenha Visão para o jogo. Quem reaja, com 6 meses de antecedência, como os adeptos reagiram após o jogo com o Moreirense.

Um treinador não passa de óptimo a péssimo de um jogo para outro. Há um caminho que é percorrido jornada após jornada, treino após treino.E este caminho, este trabalho, não parece ser criticamente acompanhado e avaliado pela dita Estrutura.

Olhamos para o nosso Benfica. Todos conhecemos o nosso clube e como este é gerido. Há anos que o observamos. Há anos que o vivemos.

Se o Rui Vitória tem um papel menor na Estrutura, se o Nuno Gomes foi corrido, se o Rui Costa é pouco mais que uma mascote do presidente paga a peso de ouro, quem é que ali analisa o trabalho diário da equipa principal? Quem é que ali analisa o que de 3 em 3 dias se desenvolve nos relvados nacionais e internacionais?

É o Vieira? Um presidente que nunca percebeu nada de bola?
É o Domingos Soares de Oliveira?
É o José Eduardo Moniz?
É o Nuno Gaioso?
É o Silvio Cervan?
É o Paulo Gonçalves?
O Jorge Mendes?
O Luís Bernardo?
O Tiago Tacho Pinto?
Os cartilheiros Guerras, Boaventuras, Marinhos e afins?

Alguém que por favor me explique esta Estrutura. Por mais voltas que dê não vejo nela mais que uma ideologia forçada em resposta à omnipotência do anterior treinador.

Nela não vejo mais que uma forma enviesada dos méritos serem conduzidos à imagem do presidente.

Porque de futebol ali dentro? Estamos demasiado carentes. 


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Discutamos o Benfica dos Relvados

Ederson
Lindelof
Grimaldo
Fejsa
Pizzi
Mitroglou

Esta é a base de uma grande equipa.

Com o regresso do Jonas e a afirmação do Rafa isto fica ainda mais bonito.

Adoro o Horta mas não como o 8 num meio-campo a 2. Vejo-o como um talento que para crescer em rotação na direita com o Pizzi.

O Semedo é mais talentoso e tem mais rasgo. O Almeida traz mais estabilidade e solidez à nossa equipa. Para a titularidade aposto no segundo.

A 8 tenho enormes expectativas no Danilo. Pode ser aquilo que precisamos. Quero vê-lo a titular na Luz contra o Paços.

A maior dúvida está no parceiro do Lindelof.

O Luisão já atingiu o pico e cada ano que passa vai-se afastando mais desse momento de forma. É, contudo, o nosso maior líder em campo, o nosso central mais experiente, com maior maturidade e melhor percepção da organização defensiva da equipa. Em entrega ao jogo não fica atrás do Jardel.

O Jardel é o que menos combina com o Lindelof. É um exemplo de raça, querer e entrega. Melhorou muito e deixou de ser aquele central medíocre de há poucos anos. É bom para o contexto nacional mas um perigo com a bola nos pés.

O Lisandro já foi a minha primeira aposta para jogar com o Lindelof mas não tem crescido com a velocidade que eu esperava. Com a bola é uma delicia. Sem a bola frequentemente se precipita na abordagem aos lances e num central de topo isso não pode acontecer.

Entre Luisão e Lisandro acho que iria pelo capitão e obrigava o Lisandro a lutar por recuperar a titularidade.

Júlio César, Samaris, Cervi e Guedes também merecem destaque.

Trazem benfiquismo, talento e qualidade às nossas opções.

O Samaris está a ser injustiçado esta época.
Do Cervi espero muito. Qualidade técnica e rapidez fenomenal. Não é um génio mas é um talento.
O Guedes mexe com um jogo. Nunca vai ser craque, não tem genialidade mas tem muita qualidade. Mais solto e mais confiante está a ser e vai continuar a ser muito importante.

O Carrilo está a pagar pela opção que fez há um ano no Sporting. Está ele e estamos nós. Qualidade sem rentabilidade.

O Salvio vinha a decair antes de se lesionar. Já 100% recuperado desse calvário está longe de ser aquilo que já foi.

O Zivkovic tem ainda tudo para mostrar. Duvido que esta época chegue realmente a apresentar-se.

O Celis é uma piada de muito mau gosto.

O José Gomes entusiasma-me. Espero que não seja automaticamente encostado à B devido ao retorno do Jiménez.

Gosto muito do manager Rui Vitória mas o treinador ainda não me convenceu. Falta-lhe sal. O nosso futebol tem muito pouco conteúdo, é muito politicamente correcto, exactamente como as suas conferências de imprensa e entrevistas. Falta sumo.

A equipa é o reflexo do treinador.

Está tudo muito bem trabalhado menos os processos de jogo, principalmente os processos defensivos que são onde há maior influência de um treinador.

Temos de defender menos e melhor.

Gosto do Rui Vitória, estamos melhor com ele do que estávamos antes, respiramos melhor, somos mais Benfica, mas tecnicamente ainda não me convenceu. Ainda há muito Guimarães neste Benfica.

Este ano temos um plantel de sonho. Umas pequenas afinações e seria uma construção perfeita desta equipa.

Que seja um plantel de sonho para uma época de sonho.