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sábado, 13 de maio de 2017

Dia de entrar na História


O centenário Benfica, clube mais laureado no futebol nacional, prepara-se para um feito histórico. Ao longo dos seus mais de cem anos de vida e dos trinta e cinco títulos de campeão nacional conquistados, de campanhas nacionais históricas, de noites europeias mágicas com duas taças dos campeões europeus conquistadas e oito finais perdidas, de homens como Eusébio, Coluna, José Augusto, Toni, Humberto, Chalana e tantos outros, faltava a conquista de um quarto campeonato nacional consecutivo. Essa espera, meus amigos, está prestes a acabar.

Por cinco ocasiões na sua história, todas elas no tempo em que as vitórias valiam apenas dois pontos, o Benfica estava à beira de conquistar esse feito. Em 1938/39, num plantel onde já se encontravam os históricos Francisco Ferreira e Espírito Santo, orientados pelo magiar Lippo Hertzka, o campeonato foi perdido por apenas dois pontos para o FC Porto, com um empate na deslocação ao campo dos azuis-e-brancos na última jornada; em 1965/66, sob a batuta do regressado Bela Guttmann, Eusébio, Coluna e companhia baquearam na recta final do campeonato, quando seguiam na liderança, terminando a prova um ponto atrás do Sporting; em 1969/70, novo ciclo de três campeonatos interrompido por vitória leonina, num Benfica onde pontificavam Eusébio, José Torres e Jaime Graça; em 1973/74, no fim de ciclo de Jimmy Hagan, com jogadores como António Simões, Toni ou Humberto, foi novamente o Sporting a superiorizar-se e a impossibilitar a conquista do tetra; por fim, em 1977/78, na segunda época de John Mortimore ao leme, o Benfica termina o campeonato invicto, em igualdade pontual com o Porto, com vantagem no confronto directo, mas perde o campeonato para os dragões na diferença de golos, critério utilizado à altura para definir quem ficava melhor classificado nas situações de igualdade pontual.

E mesmo a forma como aqui chegámos, sobretudo o modo de como esta aventura começou, dá contornos de epopeia a esta história. O tetra que a esta hora poderia ser penta começou na bota de Kelvin, com um golo que fez a nação benfiquista ir do céu à depressão num ápice. Teve compensação numa final europeia perdida no último minuto e prolongamento numa final da Taça de Portugal na qual o treinador foi publicamente arrasado por um jogador. Ainda assim, com o mesmo núcleo duro que tudo havia perdido nessa temporada, o Benfica conquistou o primeiro campeonato. Revalidou-o numa luta ombro-a-ombro com o Porto de Lopetegui até à última jornada. E conquistou, passados quase 40 anos, o tricampeonato contra o treinador que ajudou a conquistar os dois primeiros e que lançou, em conjunto com o seu presidente e com o apoio do outro rival, uma campanha vil, recheada de insinuações torpes e sem fundamento, cujo objectivo era impedir, a todo o custo, a conquista de um feito histórico.

E aqui chegamos. 13 de Maio de 2017. Um dia que pode e tem de ficar na História. Façam História. Inscrevam os vossos nomes no panteão onde figuram, por direito próprio, Francisco Ferreira, Espírito Santo, Rogério Pipi, José Águas, Costa Pereira, Cavém, Mário Coluna, José Torres, Germano, Cruz, José Augusto, Eusébio, António Simões, Toni, Jaime Graça, Nené, Toni, Vítor Baptista, João Alves, José Henrique, Shéu, Bento, Pietra, Carlos Manuel, Humberto, Chalana, Diamantino, Veloso, Otto Glória, Bela Guttmann, Mário Wilson, Jimmy Hagan, John Mortimore, Sven-Goran Eriksson, Ferreira Bogalho, Fezas Vital, Maurício Vieira de Brito, Adolfo Vieira de Brito, Ferreira Queimado, Borges Coutinho, Fernando Martins, João Santos e Jorge de Brito. Leiam estes nomes e sintam o peso da História. Façam o que ainda não foi feito. E o vosso nome juntar-se-á a estes na galeria dos imortais do Sport Lisboa e Benfica.

sábado, 28 de maio de 2016

HÁ 64 ANOS O PORTO E SALAZAR PERDERAM POR 8-2 COM O BENFICA


A memória tem curiosidades que fazem da História não um conto ficcional mas a preservação da verdade. Por muito que os ignorantes continuem escamoteando uma maioria de títulos ganhos através de manobras ilegais e corruptas, reescrevendo o passado como melhor lhes convém, o tempo e os factos históricos encarregam-se de lhes ensinar o que é um facto e o que é uma mentira.

Ao contrário do Benfica, que foi sempre um clube visceralmente livre e democrático, Sporting e Porto não poderão puxar para si galões da mesma estirpe. Os exemplos são vários e escuso-me a enumerá-los - vão ler livros com palavras, muitas, e muitas letrinhas, se estiverem para isso. Se persistem na ignorância, já não será problema dos que conhecem a História para lá dos preconceitos e falsidades atirados à parede a ver se colam.

Há 64 anos, o Futebol Clube do Porto inaugurava o seu estádio. A data de 28 de Maio não é fruto de um acaso mas a consequência das ideologias dos dirigentes do clube, que acharam por bem colar de forma indelével à História do clube a data que comemorava a revolução que deu origem ao Estado Novo. E assim nasceu o Estádio das Antas. Com pompa, circunstância e a idiossincrasia que, anos mais tarde, teria o seu apogeu na era actual que todos conhecemos. No fundo, faz sentido: um clube que decide inaugurar o seu estádio num dia que comemora o início da instauração de um estado ditatorial tem tudo para chegar até aos nossos dias tal qual chegou: transversalmente corrompido e corrupto.

Para visitante, claro, o Benfica. Uma espécie de ditadores versus liberais, com a esperança portista a residir numa humilhação aos gajos "vermelhos" que tinham eleições democráticas e tudo. O resultado não podia ter sido mais esclarecedor: 8-2 para os comunas, sem apelo nem agravo. E assim se inicia, a 28 de Maio de 1952, um ódio visceral e profundo aos que clamam pela liberdade. 60 anos depois, o ódio atingiu laivos de demência e boçalidade. Talvez um dia, quando estes corruptos que dirigem o clube morram e apareça gente nova, o Porto possa voltar a ser um clube honrado como até à década de 50. Talvez. Só depende dos adeptos a inversão de paradigma. No entanto, pela amostra geral, percebemos que muito dificilmente o clube algum dia conseguirá ser verdadeiramente grande. É que viver na sombra de outro nunca fez crescer ninguém.

8-2. E a gigante Taça foi para o Comité da Luz.


quinta-feira, 13 de março de 2014

Remembering the 1962 European Cup Semi-Final Tottenham Hotspur vs. Benfica




«On Thursday, Tottenham will meet Benfica in the first leg of their Europa League last-16 tie at White Hart Lane. 

The last time Tottenham met the Portuguese giants was 52 years ago when they were the reigning English champions.

The previous season, Tottenham had become the first English side in the 20th century to win the League and FA Cup double under the stewardship of Bill Nicholson.

To this day, this remains Tottenham’s greatest-ever side, boasting such immense talents as Danny Blanchflower, Dave MacKay, Cliff Jones, John White and Bobby Smith.

Making their first foray in to the European Cup, Tottenham strode through the early rounds, winning their first tie 10-5 on aggregate against Gornik Zabrze. After losing the first leg 4-2 they stormed back to win the return 8-1 in North London.

“Maybe we learnt more in that 90 minutes than we had learnt in 90 years before…Europe was certainly a different place,” said Nicholson after the game, as quoted in The Official Tottenham Hotspur Opus.

Tottenham proved to be quick learners and overcame the Dutch champions Feyenoord and then Dukla Prague in the next two rounds to set up their semi-final clash with Benfica.

At the end of 1961, Tottenham’s European Cup campaign had been further bolstered by the signing of the prolific Jimmy Greaves from AC Milan for the exact sum of £99,999.

In the first leg at the Stadium of Light Tottenham were overwhelmed by the brilliance of Benfica, who were seeking to defend their European title.

Tottenham fell behind after only five minutes to a goal from Simoes, before the Portuguese side doubled their lead in the 19th minute with a strike from Augusto. 

In the second half the North Londoners pulled a goal back through Bobby Smith, but Augusto soon restored their two-goal lead as the game finished 3-1 to Benfica.



“We’ll do them at Tottenham, just wait and see,” said a bullish Dave MacKay, as quoted in The Official Tottenham Hotspur Opus.

Two weeks later, White Hart Lane was crammed with over 64,000 fans confident they could still reach the final. One banner even proclaimed, "LISBON GREAVES TONIGHT."

But Benfica silenced the crowd after just 15 minutes when Aguas gave the Portuguese champions a 4-1 aggregate lead.

Tottenham kept coming at Benfica, and they were rewarded with an equaliser on the night when Smith converted a cross from John White.

Soon after the interval, Coluna brought down White in the penalty area and Danny Blanchflower converted the penalty to give Tottenham a 2-1 lead on the night.

Just one more goal for Tottenham would have taken the tie to a deciding replay in neutral Brussels, but they couldn't find it and bowed out of the competition.

Tottenham have had to wait over half a century to meet Benfica again, but they will be hoping to finally gain some form of revenge this week.», Bleacher Report


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Jesus vs. Sporting

28/11/09 - Campeonato Nacional 

Sporting - 0 
Benfica - 0 


09/02/10 - Taça da Liga 

Sporting - 1 
Benfica - 4 


13/04/10 - Campeonato Nacional 

Benfica - 2 
Sporting - 0 


19/09/10 - Campeonato Nacional 

Benfica - 2 
Sporting - 0 


21/02/11 - Campeonato Nacional 

Sporting - 0 
Benfica - 2 


02/03/11 - Taça da Liga 

Benfica - 2 
Sporting - 1 


26/11/11 - Campeonato Nacional 

Benfica - 1 
Sporting - 0 


09/04/12 - Campeonato Nacional

Sporting - 1 
Benfica - 0 


10/12/12 - Campeonato Nacional 

Sporting - 1 
Benfica - 3 


21/04/13 - Campeonato Nacional 

Benfica - 2 
Sporting - 0


10 jogos - 8 vitórias, 1 empate, 1 derrota; 18 golos marcados; 4 golos sofridos.


Ao contrário do péssimo registo que Jorge Jesus tem contra o Porto ou do medíocre histórico com o Braga - o velho problema do mister com os jogos decisivos do Campeonato -, contra o Sporting as estatísticas dos jogos do Benfica desde que Jesus é nosso treinador, não deixam lugar a dúvidas: fabuloso. Mesmo descontando as más épocas do Sporting nos últimos anos - a última foi mesmo a pior da História do nosso rival -, há que dar mérito a uma percentagem de 80 por cento de vitórias e de apenas 10 por cento de derrotas, marcando mais do quádruplo dos golos do adversário. 

Desconheço se, no histórico entre os dois clubes, terá havido um intervalo de 4 anos com tanta superioridade de uma equipa sobre a outra, mas Jesus já marcou uma era a favor do Benfica no eterno clássico e dérbi. Que amanhã venha a 9ª vitória em 11 jogos - é só o que queremos.


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Evoluir sempre, mesmo que seja Cosme Damião

No excelente texto de Alberto Miguéns sobre Cosme Damião, há um excerto particularmente interessante, e que tem uma relação perfeita com o actual momento do Benfica:

«(...) A construção do estádio das Amoreiras consumiu o "Glorioso", em termos de prioridades estratégicas e suporte financeiro, exaurindo o Clube. A capacidade competitiva da equipa de honra ressentiu-se com o Benfica incapaz de conquistar o título de campeão regional, desde 1919/20, a forma de apurar-se para a única competição nacional, o campeonato de Portugal (actual Taça de Portugal) reservada até 1926/27 aos campeões regionais. Cosme Damião justificava que o Benfica continuava a dominar nas restantes categorias (segundo ele "todas principais, porque jogam sempre para serem campeãs nos respectivos campeonatos") e que, como desde sempre (ou seja desde 1909) os futebolistas - independentemente do seu valor e experiência - que quisessem jogar no Benfica teriam de passar pelas categorias "inferiores" até ascender à equipa de honra: "O Benfica é Glorioso, não tem de andar atrás dos jogadores, eles é que devem andar atrás do Benfica!" 

 Um grupo de associados com valor firmado e "obra feita" no Clube entendeu que chegara o tempo de alterar a dinâmica do Benfica no futebol e estancar os gastos com o Estádio. A solução era criar uma lista paralela à de Cosme Damião, que queria continuar na vice-presidência, essencialmente, para definir a política desportiva para o futebol e implementá-la. Era urgente afastá-lo da organização do futebol, propondo-o para a presidência do Clube, por se pensar que Cosme Damião não queria "acompanhar o tempo", gastando muito dinheiro nas várias categorias, quando na principal o Benfica estava a ser ultrapassado não só pelos maiores clubes de Lisboa como pelos clubes médios. Impensável. Além disso, a maior figura do Benfica merecia ser presidente, ele que já fora tudo, menos presidente. 

 A eleição de Ribeiro dos Reis para a vice-presidência (e responsável pelo futebol) bem como de Ferreira Bogalho (vice-secretário) permitiu dar um novo rumo ao Clube e recolocá-lo no "trilho" da modernidade. A capacidade dos dirigentes e o apego popular depressa conseguiram guindar o clube a um novo patamar de conquistas: em 1929/30 e 1930/31 a conquista do (Bi)Campeonato de Portugal - actual Taça de Portugal - depois de 1926/27 "aberta a clubes não campeões regionais" por isso o SLB pôde participar, mesmo não sendo campeão regional; em 1932/33 o ansiado campeonato regional de Lisboa, considerada a competição "mais difícil" de jogar em Portugal (após onze temporadas consecutivas, desde 1919/20, sem o conquistar); e entre 1934/35 e 1939/40 seis temporadas de qualidade excelsa: Campeonato de Portugal (1934/35), Tricampeonato da I Liga - depois campeonato nacional da I Divisão - (1935/36, 1936/37 e 1937/38), finalista na Taça de Portugal (1938/39) e conquista da Taça de Portugal (1939/40)

 No Benfica sacrificar a competitividade no futebol em prol da construção de obras, mesmo infra-estruturas (suportadas pelas verbas desviadas do futebol) é uma estratégia de curto prazo que está (pelo menos esteve) condenada ao fracasso. Mesmo sendo Cosme Damião o autor dessa "estratégia". No Benfica, futebol é para ganhar! Por isso o Museu Benfica Cosme Damião está "cheio". E até podia ser maior. Tendo em conta as modalidades (história e conquistas) e associativismo (amor e atitudes dos Benfiquistas/ Associados). Um piso por ano. 110 pisos! E acrescentar mais um... todos os anos!»

Um clube que vive obcecado com o medo de mudança hipoteca o futuro e perde a sua génese ganhadora.


quarta-feira, 31 de julho de 2013

A portização do Porto


"Outros entreter-se-ão a meditar sobre torneios e troféus de particulares e sobre historiais de taças latinas dos tempos dos bisavós"


A ostentação da ignorância e o orgulho boçal pelo desprezo ao passado sempre foram características singulares dos pobres de espírito. No caso dos portistas - a sua generalidade, entenda-se -, não é diferente. A pobreza de espírito advém do facto de serem uns novos-ricos. Pior: novos-ricos através de actos corruptos. O que gera este híbrido sem quaisquer mais-valias: nem tem a dignidade e a ancestralidade dos valores nem, porque é corrupto, o mérito da riqueza que angariou.

A Taça Latina tem um peso na História das Competições Europeias extraordinário. Foi ela que originou a Taça dos Clubes Campeões Europeus, foi ela que, pela primeira vez, juntou, a um nível já condizente com o prestígio que ainda hoje exibe, grandes equipas e uma competitividade nunca antes vista. O mérito da conquista, esse pertence ao Benfica (e a Barcelona, Real Madrid, Milan, Stade de Reims), mas todos os que nela participaram e todos os que a quiseram no seu museu merecem, sem sombra de dúvidas, todos os elogios e o nosso respeito. Falar em "taças latinas dos tempos dos bisavós", além de uma profunda estupidificação da alma e de um orgulho imbecil em ser-se verdadeiramente mentecapto, é faltar ao respeito ao futebol. Não surpreende, é certo: um adepto de um clube que sempre faltou à verdade desportiva compreende-se que tenha outros princípios, seguramente mais dignos e menos antiquados.

Desprezo pela História, ignorância e orgulho boçal nestas premissas. É isto o adepto portista comum. Não espanta: se o próprio clube, corrompido transversalmente por caciques corruptores, promove a ignorância e o desprezo pela verdade, seriam os novos adeptos a pugnar por outros valores? Basta o exemplo que, no fundo, explica tudo: a mentira e a falsidade são tais que até a data de fundação foi corrompida. Haveria melhor forma de explicar ao mundo o que o Futebol Clube do Porto de Pinto da Costa é?

terça-feira, 30 de julho de 2013

A portização do Benfica

Os sinais têm vindo a ser evidentes ao longo dos largos anos de miséria existencial em que está metido o Benfica. Começou no princípio dos anos 90, aumentou exponencialmente no final dessa década e atingiu o apogeu nos 13 anos de Vieira no Benfica: os benfiquistas estão cada vez mais parecidos com os portistas no que concerne à submissão acrítica ao líder e sobretudo à forma como preferem desconversar a encarar de frente actos indignos de quem dirige o clube. Dizem que assim defendem o Benfica, uma teoria tão rocambolesca ("vamos todos mentir sobre o que andam a fazer ao Benfica para os adversários não saberem") como réplica do que andam os adeptos do Porto a fazer e a dizer há 30 anos. Que nem se apercebam disso só diz do nível profundo de cegueira e incongruência em que andam inundados.

Até 2009, eu era um benfiquista como todos os outros: triste com a situação desportiva do clube, interrogando-me sobre o paradeiro do Benfica depois daquele autêntico furacão que varreu o clube nas Administrações de Damásio e Vale e Azevedo. Eu era um benfiquista agradecido a Vilarinho e a Vieira por terem recuperado algum do Benfica que estava perdido e quase morto. Estranho, não é? Eu agradecido a Vieira (esse meu ódio de estimação, segundo alguns)? Não pode ser! Pode, pode ser. A lucidez que mantive desde 2009 já a tinha antes: é isso que é difícil de compreender a quem passa o tempo mais preocupado em atacar a opinião dos outros e a defender o seu líder do que a encarar os factos de frente e a, sim, defender o Benfica. Porque defender o Benfica não é dizer que sim a tudo, não é sugerir essa ideia absurda de que "quem lá está é que sabe e merece sempre o meu apoio". Nesse caso, perguntemos a esses benfiquistas: Vale e Azevedo mereceu o vosso apoio? Provavelmente, mereceu. Hoje é que estão esquecidos e já ninguém votou nele. Um clássico que conhecerá nova saga daqui a uns tempos, quando já ninguém tiver votado em Viera. Mas agora há internet, meus caros. Cuidado, muito cuidado. Não vai dar para bicicletas.

E então o que foi que mudou em 2009? Mudou a História do Benfica. Perdeu-se a História democrática do Benfica. Vieira foi o autor do crime - não lhe tenho ódio; tenho demasiado amor ao Benfica e à sua História para conseguir aceitar um acto torpe dessa dimensão; a partir dali, para mim era simples: Vieira não merecia ser Presidente do Sport Lisboa e Benfica. Com a antecipação de eleições de forma a evitar concorrência, Vieira manchou indelevelmente a tradição democrática deste clube. Um clube que, desde a sua fundação, sofreu por manter-se fiel à liberdade de pensamento, de livre arbítrio, de respeito pelos seus sócios e adeptos, um clube verdadeira e totalmente democrático. Antecipar eleições para evitar concorrentes é o acto mais grotesco que o Benfica teve desde 1904 por parte de um Presidente. Aceitar isto como normal? Relativizar, fingir que não vi, meter o pó para dentro da gaveta? Lamento, mas não. Quem prefere não ter princípios faça bom proveito, mas deixe-se ficar no seu cantinho. Não venha querer convencer-me - muito menos com insultos, desconhecimento do clube, insinuações de gente que nunca teve educação na vida - de que estão a defender o Benfica. Estão a defender uma pessoa, não o clube. Um dia talvez o venham a perceber de forma clara.

O que faz um gesto desta dimensão? Podíamos pensar que teria sido uma falha, um pequeno acidente de percurso. Era evidente no próprio dia em que aconteceu esse atentado ao Benfica que aquilo não era um pormenor; aquilo era o princípio dos anos ditatoriais de Vieira. Como um tirano, construiu até 2009 as bases para que a partir dali, já com a lavagem cerebral a uma maioria de adeptos completada, usar o Benfica como quisesse. E foi o que aconteceu: as mentiras sucederam-se (dava-se ao luxo de, num espaço de uma semana, falar em temas estruturais do clube de forma completamente contrária à ideia primeira que tinha defendido); começou a gerar um clima de perseguição aos que discordavam da sua Direcção, atiçou os adeptos para isso (quem não se lembra dos discursos sobre papagaios, garotões, abutres?); preparou convenientemente a mudança de estatutos para tão absurdos requisitos que ele próprio - sócio há pouco mais de uma década, ao contrário do que diz (só mais uma mentira no largo rol) - não os cumpre, ao mesmo tempo que inviabilizava a possibilidade de Rui Costa poder ser candidato à Presidência. Apoiou - por duas vezes! - o corrupto Fernando Gomes para os órgãos de poder, não abdicou das relações com Salvador e Joaquim Oliveira, sentando-os na tribuna presidencial do Estádio da Luz ou indo fazer estágios para a Pedreira dias depois de os nossos adeptos e jogadores terem sido insultados e agredidos num Braga-Benfica; prometeu, prometeu, prometeu coisas - quase nada cumpriu e o que cumpriu foi sempre muito depois das datas estabelecidas - o Museu é só mais um exemplo. Nas últimas eleições, achou que os sócios e adeptos nem mereciam ter um debate entre os candidatos - claro, para quê? Ia ganhar de qualquer forma, democracia, discussão, argumentos, ideias, projectos? Não é preciso, a malta vai em força votar e dizer "Carrega, Benfica" e "é preciso é apoiar". 

As pedras da calçada, o Vale e Azevedo - este argumento valerá quantos anos mais? É que já passaram 13 -, a corrupção - que ele inquivocamente apoia - foram só três esteios da argumentação que foi difundida e prontamente aceite pelos seus admiradores. Todo o conceito filosófico está lá: preceitos ditatoriais à vista de todos. Quase ninguém via, quase ninguém queria ver, mais preocupados em atacar outros benfiquistas ou em falar nos árbitros e na corrupção - que, a propósito, não sei se já repararam, o Presidente apoia inequivocamente. Ninguém via nem queria ver - uns porque não sabiam mais; outros porque lhes interessava - desde tachistas blogosféricos a espinhas-tortas que saíram da oposição para serem comprados a troco de umas Vice-Presidências ou lugares na estrutura. Tudo isto se foi passando nestes últimos 4 anos enquanto alguns iam alertando "malta, olhem bem para a coisa, isto não é normal". Ninguém queria saber, ninguém queria ver.

Em simultâneo com a ascenção do cacique Vieira, ia-se cumprindo a incompetência extrema em termos desportivos, as negociatas estranhas (2 anos depois acordaram para o negócio Roberto? Boa para vocês, mas acho que deviam apoiar o Benfica e meter mais esta para dentro da gaveta), o enriquecimento pessoal do líder. Tudo sob o manto de um Benfica cada vez mais pujante, quase-quase a ganhar coisas. Faltava só um bocadinho. Aquele bocadinho que dá sempre para justificar com factores sobrenaturais, esotéricos, paranormais - este ano foi o minuto 92 (maldito sejas, minuto 92!, se não fosses tu tínhamos ganho tudo); o ano passado foi a arbitragem em Coimbra. No outro foram as primeiras três jornadas e antes do Jesus foi a incompetência dos treinadores - que o Vieira tinha escolhido e queimado mas isso não interessa nada. No fundo, Benfica-Benfica só existe desde 1994 se for para justificar o insucesso desportivo com o Vale e Azevedo e desde 2009 se for para justificar o insucesso desportivo com os árbitros e esse estranho esoterismo do minuto 92.

Tenho uma novidade para vocês: nasceu em 1904, tem um palmarés invejável em termos mundiais (e, espantem-se, o Vieira não tem nada a ver com isto), sempre se pautou por servir e aproveitar o amor, a solidariedade, o empenho, a dedicação dos seus associados, adeptos e simpatizantes, manteve-se fiel aos seus princípios democráticos enquanto o país era varrido por um cacique beato que até o nosso Hino e a nossa cor quis eliminar do mapa. O Benfica, o Sport Lisboa e Benfica, é um clube de uma dimensão planetária vindo de origens humildes - é essa a sua força, é essa a sua génese, é isso que o faz sobreviver. Colocá-lo sob o jugo de um tiranozinho sem noção do que é este clube é matar-lhe a alma, é aniquilar-lhe a mística, é destruir-lhe a existência. 

O Benfica hoje é um clube sem identidade - perdeu a que tinha para entrar numa espiral de equívocos, entre o completo insucesso desportivo e a imitação de procedimentos à Pinto da Costa. A portização dos seus adeptos é uma realidade evidente para quem observa a forma como uma larga maioria dos benfiquistas vai aceitando todos estes ataques à tradição democrática do Benfica. A legitimidade de crítica aos portistas por aceitarem títulos corrompidos todos os dias se perde neste colectivo devaneio em que uma larga maioria de benfiquistas entrou, defendendo as acções do seu Presidente como se nada fosse, como se tudo fosse possível. Mas não se enganem: fingindo não ver, escudando-se em desconversas, refugiando-se em argumentos sem sentido, estão a defender única e simplesmente Luís Filipe Vieira, nada mais. E, por favor, nunca digam que estão a defender o Benfica, que a História do nosso clube não merece tamanhas barbaridade e desconsideração.



domingo, 28 de julho de 2013

60 anos de Presidentes do Benfica - o sucesso desportivo.

Joaquim Ferreira Bogalho (15/3/52 - 30/3/57)

5 anos como Presidente - 4 títulos (2 Campeonatos Nacionais e 2 Taças de Portugal)

Percentagem de sucesso (títulos a dividir por anos de Presidência) na Taça de Portugal: 0,4.
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 0,4.

Percentagem de sucesso no total: 0,8.



Maurício Vieira de Brito (30/3/57 - 31/3/62)

5 anos como Presidente - 6 títulos (3 Campeonatos Nacionais, 2 Taças de Portugal, 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus)

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,4.
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 0,6.
Percentagem de sucesso na Taça dos Clubes Campeões Europeus: 0,2.

Percentagem de sucesso no total: 1,2.


António Carlos Cabral Fezas Vital (31/3/62 - 26/3/64)

2 anos como Presidente - 3 títulos (1 Campeonato Nacional, 1 Taça de Portugal, 1 Taça dos Clubes Campeões Europeus)

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,5.
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 0,5.
Percentagem de sucesso na Taça dos Clubes Campeões Europeus: 0,5.

Percentagem de sucesso no total: 1,5.


Adolfo Vieira de Brito (26/3/64 - 28/5/65 ; 3/767 - 12/4/68)

2 anos como Presidente - 3 títulos (2 Campeonatos Nacionais, 1 Taça de Portugal)

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,5
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 1.

Percentagem de sucesso no total: 1,5.


António Catarino Duarte (08/05/1965 – 17/06/1966)

1 ano como Presidente - 1 título (1 Campeonato Nacional)

Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 1.

Percentagem de sucesso no total: 1.


José Ferreira Queimado (17/06/1966 - 03/07/1967 ; 26/05/1977 - 29/05/1981)

4 anos como Presidente - 3 títulos (2 Campeonatos Nacionais, 1 Taça de Portugal)

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,33.
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 0,67.

Percentagem de sucesso no total: 0,75.


Duarte António Borges Coutinho (12/4/69 - 26/5/77)

8 anos como Presidente - 10 títulos (7 Campeonatos Nacionais, 3 Taças de Portugal)

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,375.
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 0,875.

Percentagem de sucesso no total: 1,25.


Fernando Martins (29/5/81 - 3/3/87)

6 anos como Presidente - 7 títulos (4 Campeonatos Nacionais, 3 Taças de Portugal)

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,5.
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 0,67.

Percentagem de sucesso no total: 1,17


João Maria dos Santos Júnior (27/3/87 - 24/4/92)

5 anos como Presidente - 4 títulos (3 Campeonatos Nacionais, 1 Taça de Portugal)

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,25.
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 0,75.

Percentagem de sucesso no total: 0,8


Jorge Artur Rego de Brito (24/4/92 - 7/1/94)

1,7 anos como Presidente - 1 título (1 Taça de Portugal)

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,58.

Percentagem de sucesso no total: 0,58.


Manuel Damásio Soares Garcia (7/1/94 - 31/10/97)

3,7 anos como Presidente - 2 títulos (1 Campeonato Nacional, 1 Taça de Portugal)

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,27.
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 0,27.

Percentagem de sucesso no total: 0,54.


João de Araújo Vale e Azevedo (31/10/97 - 28/10/2000)

3 anos como Presidente - 0 títulos.

Percentagem de sucesso no total. 0.


Manuel Lino Rodrigues Vilarinho (28/10/2000 - 31/10/2003)

3 anos como Presidente - 0 títulos.

Percentagem de sucesso no total: 0.


Luís Filipe Ferreira Vieira (31/10/2003 - 28/07/2013)

10 anos como Presidente - 3 títulos (2 Campeonatos Nacionais, 1 Taça de Portugal).

Percentagem de sucesso na Taça de Portugal: 0,1.
Percentagem de sucesso no Campeonato Nacional: 0,2.

Percentagem de sucesso no total: 0,3.

domingo, 7 de julho de 2013

Esse tão estranho hábito de ganhar




Duarte António Borges Coutinho. 8 anos no Benfica, 7 Campeonatos Nacionais e 3 Taças de Portugal, para além de prestações europeias de grande nível, para além da forma como substituiu a grande geração da equipa bicampeã europeia, para além de ter potenciado o associativismo ao máximo, para além de ter sempre feito evoluir o clube de todas as formas. Sim, é possível gerar riqueza, criar uma relação próxima com os sócios e adeptos e, nos entretantos... ganhar. Ganhar muito. Ganhar à Benfica. 

Infelizmente, é tudo mito. Porque, como todos sabemos, o Benfica só nasceu em 1994. E só podemos fazer comparações com Vale e Azevedo. É que comparar medíocres com heróis nunca deu jeito a ninguém.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O "Football Battalion"

Aqui temos um poster de recrutamento para o "Football Battalion", uma divisão do 17º Regimento de Middlesex, que lutou na I Guerra Mundial. O poster reproduz uma citação de uma revista alemã - «Frankfurter Zeitung» - que havia feito um desdenhoso comentário: "Os jovens britânicos preferem exercitar as suas longas pernas num campo de futebol do que expô-las ao risco de servirem o seu país". Fez-se então um delicioso apelo aos "Young Men of Britain": "Give them the lie! Play the greater game and join the football Battalion".

E assim, entre Dezembro de 1914 e Abril de 1915, cerca de 300 jogadores profissionais de futebol juntaram-se ao Regimento, comummente conhecido como "1st Football Battalion". Jogadores e oficiais de clubes como o Arsenal, Chelsea, Fulham, Clapton Orient, Millwall, Tottenham Hotspur e West Ham United alistaram-se no "Football Battalion". O poster só por si é uma pérola.



sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Convocatória de 9 de Março de 1905 em papel da Farmácia Franco

O Diogo Gomes enviou-me uma fotografia que me emocionou muito. É uma convocatória de um membro da Direcção para um jogador do clube. Não sei expressar a alegria de poder ter contactado com isto. É uma pérola, um pedaço de História do Benfica que se manteve, pelo menos no registo fotográfico, até aos dias de hoje e que quero compartilhar convosco. E diz o seguinte:

«Grupo Sport Lisboa

9-3-905 às 6h.t.

Caro amigo,

Domingo 12 do corrente match com Gilman Football Club no Campo da Charneca (Lumiar).

Deves estar antes das 10h.m. no Café Gelo - ponto de reunião com nossos jogadores.

Escusas de vir a Belém, pois tudo que estiver nosso quarto vae dentro de 1 mala grande para Lisbôa.

Não faltes! Sê pontual.

Traze calção branco e meia alta.

Lê Século ou Notícias de 10 ou 11 do corrente secção de Sport pelo nosso Captain.

(Emilio pede-te que não faltes, pois podes ter que entrar em match)»

A convocatória é feita num papel com os símbolos e nomes da Pharmacia e Drogaria Franco, Filhos - Conde do Restelo & Cª. À esquerda tem uma lista dos vários produtos do estabelecimento - "Especialidades Pharmaceuticas, privilégio exclusivo":

«- VINHO NUTRITIVO DE CARNE - autorizado pelo governo e aprovado pela Junta Consultiva de Saúde Pública de Portugal, e Inspectoria Geral de Hygiene da República dos Estados Unidos do Brazil. É muito digestivo, fortificante e reconstituinte. Um calix d´este vinho representa um bom bife.

- VINHO NUTRITIVO DE CARNE - com lacto phosphato de cal. Muito util no tratamento das escrofulas, rachitismo, nas doenças de peito e na physica pulmonar

- contra a tosse XAROPE PEITORAL JAMES. Unico legalmente autorisado pelo Conselho de Saude Publica, ensaiado e approvado nos hospitaes, e tambem approvado pela Inspectoria Geral da Hygiene da referida Republica

- contra a debilidade FARINHA PEITORAL FERRUGINOSA. Util no tratamento de todas as doenças nas affecções caracteristicas de fraqueza geral e inacção dos orgãos. Augmenta as forças dos individuos debilitados e excita o appetitde de um modo extraordinario.

- AGUAS MINERAES - nacionais e estrangeiras

- DROGAS - productos chimicos e pharmaceuticos; Instrumentos cirurgicos; sabonetes medicinaes; Tintas, vernizes; Perfumarias, etc., etc.»

No fim: «Remette-se promptamente pelo correio qualquer pedido em fracções de 3 Kilos»