Ainda não falei sobre o assunto do momento no futebol
português (não, não é a luta pelo campeonato nacional) por isso vou despachar
isto de uma vez.
1. Não há qualquer novidade na existência da
cartilha nem qualquer surpresa com o conteúdo da mesma. Há uma podridão
instalada no seio do nosso clube que só aqueles que se recusam a ver não
enxergam.
2. O processo parece-me este: O Benfica contratou o
Carlos Janela para, juntamente com outros que trabalham no clube, criar um
documento de ataque comunicacional. Este documento serviria como guia para
todos aqueles que têm voz na comunicação social. É um documento enviado semanalmente
a vários comentadores, uns mais íntegros que outros mas todos sem coragem ou
vontade de admitir esta realidade. Acredito que alguns preferiram não acreditar
nos seus olhos e fingiram que tal não acontecia.
3. Estas cartilhas são essencialmente uma vergonha
para o Benfica. Não para os comentadores.
4. Estas cartilhas dizem tudo sobre quem lidera o
clube e pouco sobre quem as recebe.
5. Isto é só o espelho de tudo aquilo que esta
direcção já nos habituou. Seja em entrevistas, seja em AGs ou seja onde for.
Recentemente muito me tem irritado a
postura das pessoas que representam o nosso clube. Armados em senadores, vozes
da bondade e defensoras do Futebol e do Desporto. Campeões da honestidade e do
respeito. Um puro cinismo de gente que utiliza um período vitorioso para se
engrandecer. Os valores do Benfica vivem-se de forma constante, imutável e
independente de momentos, não são só periódicos nem contextuais.
Estes senadores até Janeiro de 2014 eram outra coisa. Vieram as vitórias e
inverteu-se o comportamento público. Jogam só nas sombras, onde são tão maus ou
piores que os outros.
O que mais me enoja é ver os dedos cínicos apontados aos outros por fazerem os
que eles sempre fizeram e ainda fazem mas às escondidas.
6. Apesar da maioria pouco ou nada ligar a estes
documentos, há aqueles que os seguem à risca, que vivem para estas cartilhas –
para as alimentar e servir. Para dar pancada.
Estão mais que identificados.
7. A reacção foi obviamente cobarde. Fugir ao
assunto apontando o dedo a outros. Fugir às próprias opiniões e tentar pintar a
situação.
8. Aqueles que agora aparecem mais ofendidos e a
defender o profissionalismo da cartilha são aqueles que durante meses acusaram
e criticaram os adversários por supostamente receberem disto, isto enquanto
invocavam a grandeza de não receberem tal coisa.
9. Isto são comentadores com um elástico solto a
fazer de espinha dorsal. Esta gente ter direito a tempo de antena é uma afronta
ao serviço público que os canais deveriam prestar.
10. Não há maior cartilheiro que o Pedro Guerra.
Comentador pago e sem opinião. É a voz do dono e voluntário a fazer todo o
trabalho sujo – a sua especialidade.
Ver o Pedro Guerra falar é uma montanha russa de desinformação e desonestidade.
Mais ninguém convive tão bem com as próprias e constantes mentiras e contradições.
11. A máscara caiu mas eles andam agora de cara no
chão recusando-se a deixá-la sair.
12. Sem máscara não são ninguém no Benfica. Sem
máscara não sabem nada do Benfica. Isto é gente que apareceu recentemente mas
que constrói a imagem de por cá andar há muito tempo. É gente que dá a imagem
de muita cultura benfiquista tudo às custas das cartilhas. Não sabem nada do
clube além daquilo que decoram antes de irem para o ar.
13. Pouco me
importa o que os outros clubes fazem. Agora estou preocupado com a nossa casa. A
incapacidade de discutir o nosso clube sem apontarmos aos outros não passa de
uma imensa falta de coragem de assumir os nossos erros e falhas.
14. Pelo que parece nos outros existe algo mas não
chega a este nível de podridão.
15. Por principio sou contra este tipo de contacto
entre os clubes e comentadores. Contudo aceito a vantagem e profissionalismo
que pode caracterizar a passagem de informação aos que comentam. Num tom
respeitador e informativo, comunicar aos acontecimentos, esclarecimentos e
dados oficiais é algo que até pode ser positivo e saudável. Porém neste nosso
futebol isto não tem como existir. Não há interesse na Verdade pois só importam
as guerras comunicacionais. Os clubes não têm interesse em informar, só em
manipular.
16. Hoje já não há desculpas para os benfiquistas
aplaudirem certos paineleiros. São actores de guião bem estudado. Gente sem
opinião própria e sem conhecimento. Não se importam em dizer a verdade, não se
importam com a ética, não se importam com a honestidade, falam para manipular
quem os ouve. Não assobiem para o lado.
17. A BTV é a grande arena do cartilheirismo. Alberga
as principais vozes da cartilha e funciona muito em prol das suas linhas.
Raras são as vozes independentes lá dentro. Os normais programas de debate são
programas de concordância. Todos têm a mesma opinião, seguem o mesmo guião e
ninguém tem voz critica sobre nada do que se faz no nosso clube.
Basta e ver o programa de análise ao jogo Moreirense – Benfica. 4 analistas e
um ex-árbitro. Uma hora em que se repetiram mutuamente, onde se falaram
escassos minutos sobre o jogo, onde ninguém ousou criticar a nossa exibição e
onde durante 55 minutos só se falou de arbitragem e se estranhou o esforço do
adversário. De realçar as fortes criticas à arbitragem onde nunca se falou de
nenhum lance que nos beneficiou, apesar de vários e importantes. Um ataque
veemente mas abstracto todo ele exemplificado num lance para 2ºamarelo aos 80 e
tal. Deu o mote o ex-árbitro e todos seguiram a cartilha.
18. Luís Felipe Vieira é o maior cínico do futebol
nacional. Um homem que se vende cheio de uns valores que contrariam as suas
atitudes.
Alguém capaz de utilizar os momentos mais sensíveis para vender a sua imagem.
Alguém capaz de utilizar momentos de sofrimento para se tentar valorizar, com apelos
bondosos que nas sombras contraria.
O Benfica, o benfiquismo e aqueles que mais recentemente partiram para o 4º
anel merecem muito mais, muito diferente.
19. Termino referindo-me ao outro caso da semana.
Benfica para o tetra com 6 vitórias sem o Samaris.
Agora vou é ver o Dortmund -
Mónaco. No mundo do Futebol não há nada melhor do que ver a bola rolar.